Navios da Marinha do Brasil dão início à 42ª Operação Antártica (OPERANTAR)
OPERANTAR garante a presença brasileira no continente gelado e o aprimoramento técnico-científico do País
Neste domingo (8), o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” e o Navio Polar “Almirante Maximiano” deram início à 42ª Operação Antártica (OPERANTAR), uma das mais complexas e extensas operações realizadas, anualmente, pela Marinha do Brasil (MB), que busca apoiar a presença e as pesquisas brasileiras no continente austral, no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).
Os navios, que devem voltar ao Brasil somente em abril de 2024, partiram da Base Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, que recebeu os amigos e familiares dos tripulantes para uma despedida.
Nesta edição da OPERANTAR, os militares darão apoio logístico a projetos de pesquisa, participarão do lançamento e recolhimento de acampamentos científicos e atuarão no levantamento hidrográfico, em proveito do “Plano de Trabalho de Hidrografia 2020-2023”, da Diretoria de Hidrografia e Navegação da MB.
Realizadas durante o período de verão, as pesquisas científicas são desenvolvidas a bordo dos navios da MB, na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em acampamentos isolados e em estações estrangeiras, por meio de cooperação entre os países.
O Comandante do Navio Polar “Almirante Maximiano”, Capitão de Mar e Guerra Dieferson Ramos Pinheiro, destacou alguns dos desafios que envolvem a missão. “Algumas das dificuldades que devemos encontrar são as condições meteorológicas adversas, fatores psicossociais e o desgaste dos equipamentos do navio. Como estamos em um ano de El Nino, já estamos monitorando previamente a possibilidade de uma maior quantidade de gelo desprendido, o que representa um risco à navegação. Mas, a situação está sob controle”, afirmou.
No mar, um dos mais conhecidos desafios da missão é a travessia do Estreito de Drake. A região é conhecida pelas piores condições meteorológicas marítimas do mundo, onde é comum encontrar ondas com mais de dez metros de altura.
Para o Comandante do Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, Capitão de Mar e Guerra Marco Aurelio Barros de Almeida, o comando no mar durante a OPERANTAR representa a maior realização profissional da sua carreira. “A possibilidade de navegar em três diferentes oceanos, Atlântico, Pacífico e Antártico, além de cruzar pelo sempre tormentoso Estreito de Drake irá aflorar em mim o verdadeiro espírito dos homens do mar”, declara.
Grupo-Base
O início da 42ª OPERANTAR também marca a troca do Grupo-Base (GB) que atua na EACF. O GB é composto por quatro Oficiais e 13 Praças, responsáveis pela operação e manutenção de todos os sistemas da Estação, além de prover apoio à pesquisa científica.
Os navios da MB partiram hoje com os 17 militares que integrarão o novo GB durante um ano. Esses militares passaram por um rigoroso processo seletivo com avaliações psicológicas, avaliação psicossocial, inspeção de saúde e, ainda, participaram do Treinamento Pré-Antártico.
“O GB realiza, no período de nove meses, uma preparação completa visando guarnecer de forma segura e eficiente a ‘Casa do Brasil na Antártica’. Em fevereiro do próximo ano, a Estação completará 40 anos, sendo um motivo de orgulho pessoal fazer parte dessa longa história de sucesso, quanto à presença brasileira no sexto continente”, destaca o futuro Chefe do Grupo-Base 2023/2024 da EACF, Capitão de Fragata Wagner Oliveira Machado.
Parceria com a Biblioteca Nacional
Em uma parceria inédita, o “Ary Rongel” está levando uma seleção de 700 livros da Biblioteca Nacional para a EACF. O projeto visa levar cultura e entretenimento aos pesquisadores brasileiros que trabalham no continente antártico.
PROANTAR
O Programa Antártico Brasileiro busca promover a pesquisa científica diversificada e de alta qualidade na região antártica, com o intuito de compreender os fenômenos que ali ocorrem, que tenham repercussão global e, em particular, sobre o território brasileiro. Essas pesquisas também garantem ao País a condição de Membro Consultivo do Tratado da Antártica, que assegura a participação do Brasil nas decisões sobre ao futuro do continente antártico.
Anualmente, o PROANTAR apoia, em média, cerca de 20 projetos de pesquisa em diversas áreas como oceanografia, biologia, glaciologia, geologia, meteorologia, entre outras. Os projetos são selecionados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Além dos Navios “Ary Rongel” e “Almirante Maximiano”, participam do planejamento, coordenação e execução das OPERANTAR, a Força Aérea Brasileira; os diversos Projetos de Pesquisa selecionados pelo CNPq; o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC); o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); o Ministério das Relações Exteriores; as Estações de Apoio Antártico no Rio de Janeiro e em Rio Grande; e a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recurso do Mar (SECIRM).
Reforço para as futuras OPERANTAR
Em um futuro próximo, o apoio logístico prestado pela MB por meio das OPERANTAR ganhará um importante reforço. No último mês de maio, foi iniciada a construção do Navio Polar “Almirante Saldanha”, nas instalações do Estaleiro Jurong Aracruz, em Aracruz (ES). A embarcação, que deve ser concluída em 2025, substituirá o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, mas contará com maior autonomia, mais funcionalidades e recursos técnicos aprimorados, como os sistemas de navegação e de controle, que facilitarão maior aproximação da praia para desembarque de pessoal e material, em segurança. O novo navio permitirá também a redução do tempo de reabastecimento da EACF, em função dos guindastes com maior capacidade de carga e manobra, e será melhor equipado para o lançamento de acampamentos.
FONTE: Agência Marinha de Notícias