Os navios classe ‘Garcia’ na Marinha do Brasil
A classe “Garcia” de escoltas oceânicas da US Navy entrou em serviço na segunda metade da década de 1960, derivada da classe “Bronstein”, com o objetivo de fazer frente à crescente ameaça submarina soviética. Eram navios que deslocavam no máximo 3.400t, atingindo velocidade de 27 nós, movidas por um sistema de propulsão a vapor com um só eixo, empregando caldeiras pressurizadas.
As caldeiras pressurizadas mostraram-se de difícil operação e manutenção na US Navy, por isso na classe seguinte (“Knox”), voltou-se a adotar caldeiras convencionais.
Os dez navios da classe “Garcia” foram feitos para serem mais baratos e rápidos de se construir, aproveitando inclusive os canhões Mk.30 de 5 polegadas dos antigos destróieres da Segunda Guerra desativados.
Após o descomissionamento na Marinha dos EUA no final da década de 1980, os navios Bradley (FF-1041), Davidson (FF-1045), Sample (FF-1048) e Albert David (FF-1050) foram transferidos para a Marinha do Brasil, como Pernambuco (D-30), Paraíba (D-28), Paraná (D-29) e Pará (D-27), respectivamente. No Brasil, foram classificados como contratorpedeiros classe “Pará”.
Os navios classe Garcia foram adquiridos durante a gestão do almirante Henrique Saboia (15/03/1985 – 15/03/1990). A aquisição desses navios visou preencher a lacuna entre a entrada em serviço das corvetas classe “Inhaúma” e a desativação dos antigos contratorpedeiros das classes “Fletcher”, “Allen M. Sumner” e “Gearing”.
Mais tarde, na gestão do almirante Ivan da Silveira Serpa, (08/10/92 – 01/01/95), foram adquiridas as fragatas Type 22 de procedência britânica, no lugar de fragatas americanas da classe “Knox”, anteriormente avaliadas.
O melhor sonar da Esquadra
Os contratorpedeiros classe Pará tinham o melhor sonar da Marinha do Brasil e com maior alcance (20km normal e 35km máximo), o AN/SQS-26, “pai” do AN/SQS-53 padrão da US Navy, com capacidade de “zona de convergência” e “salto de fundo”.
Zona de convergência (CZ)
Salto de fundo
Eram equipados também com um lançador óctuplo de foguetes antissubmarino ASROC, com alcance de 10 km. A MB chegou a nacionalizar os motores dos ASROC e a lançar vários foguetes em exercícios. Com o fim do Pará, a MB deixou de contar com um armamento antissubmarino embarcado de longo alcance para quaisquer condições meteorológicas e reação rápida, já que as fragatas classe “Niterói” também perderam os mísseis Ikara na modernização.
Os navios eram dotados também inicialmente com um convoo e hangar para operar um drone antissubmarino DASH, que depois foi usado para operar um helicóptero SH-2 Seasprite. No Brasil, os classe Pará embarcavam um helicóptero Super Lynx ou Esquilo.
A mostra de desarmamento do contratorpedeiro Pará – último navio da classe “Garcia” em operação –, ocorreu em 12 de novembro de 2008, encerrando a era dos contratorpedeiros na Marinha do Brasil.