A História Naval e o Cinema: ‘Maré Vermelha’ (1995)
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
“A guerra é a continuação da política por outros meios”.
Carl Von Clausewitz [1]
Maré Vermelha (“Crimson Tide”) é um filme estadunidense de ação, drama e suspense, de 1995, estrelado por Gene Hackman e Denzel Washington. O filme, baseado numa história fictícia, foi dirigido por Tony Scott com trilha sonora de Hans Zimmer, que ganhou um Grammy.
O filme começa com uma crise política internacional, com origem na Rússia, durante uma rebelião de caráter separatista na Chechênia, que se espalha pelas repúblicas vizinhas no Cáucaso. A Rússia, que está à beira de uma guerra civil, responde à crise bombardeando as forças rebeldes.
O Presidente norte-americano perplexo com a perda de vidas humanas e acompanhado pelos líderes do Reino Unido e da França suspenderam toda ajuda externa à Rússia como forma de retaliação pelos ataques.
O líder ultranacionalista Vladimir Radchenko considera a pressão norte-americana um ato de guerra, que ameaça a soberania russa. Ele lidera uma revolta contra o atual Presidente da República Russa para instalar um regime extremista hostil aos EUA. Ele afirma que a hipócrita e brutal intervenção norte-americana não vai ficar sem resposta. Radchenko e seus aliados tomam uma base de mísseis nucleares e ameaçam empregá-los contra os EUA e o Japão.
Além disso, ocupam uma base naval no leste da Rússia perto de Vladivostok. Em função da escalada da crise e para evitar uma guerra nuclear, o governo dos EUA envia para a região um submarino de propulsão nuclear com mísseis balísticos da classe Ohio, o USS Alabama (SSBN-731). A missão é patrulhar uma área marítima no litoral da Rússia a fim de conter um lançamento de mísseis por parte dos dissidentes russos e realizar um ataque nuclear preventivo, caso necessário.
A despeito da crise, o filme aborda, em especial, a relação entre o comandante e o imediato do submarino. O Comandante do Alabama é o Capitão Frank Ramsey (Gene Hackman) e o Imediato é Ron Hunter (Denzel Washington). Os dois oficiais tem características distintas, o que dificulta a relação entre ambos.
Ramsey é um líder autocrático, inflexível, experiente, não escuta seus assessores e é objetivo. Ele é um defensor do seguinte pensamento: “Estamos aqui para preservar a democracia e não para praticá-la”.
Hunter é um líder democrático, flexível, equilibrado e ouve opiniões. Ele possui uma visão filosófica da guerra, trabalha em sintonia com o grupo e toma decisões coerentes com a realidade.
Um dos momentos de maior tensão no filme é quando a ordem de lançamento de dez mísseis Trident, contra a base dos russos rebeldes, é seguida de uma mensagem incompleta recebida no submarino. Poderia ser o cancelamento da ordem anterior? Por outro lado, os rebeldes estariam prontos para lançar misseis contra os EUA. Naquele momento, o USS Alabama começa a ser atacado por um submarino russo da classe Akula, o que dificulta ainda mais o recebimento da mensagem completa.
A partir daquele instante se estabelece um conflito entre o comandante, que deseja fazer o lançamento, e o imediato, que acha prudente aguardar a confirmação por outra mensagem para o lançamento dos mísseis. Vale ressaltar que, os mísseis só podem ser lançados com a concordância do comandante e do imediato.
Finalmente, quando o submarino recebe a mensagem completa, Hunter estava certo, pois a mesma dizia que o lançamento dos mísseis havia sido cancelado e que os russos rebeldes haviam se entregado.
O filme termina com a seguinte decisão: a partir de Janeiro de 1996, a autoridade para lançar mísseis nucleares já não está mais nas mãos de um comandante de um submarino nuclear dos EUA, mas sim do Presidente dos Estados Unidos da América.
‘Maré Vermelha'(1995)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES CONSULTADOS
- https://www.academia.edu/35060212/Resumo filme_maré_vermelha
- https://www.papodecinema.com.br/filmes/mare-vermelha/
- https://filmow.com/mare-vermelha-t654/ficha-tecnica/
- https://pt.frwiki.wiki/wiki/USS_Alabama_(film)#google_vignette
- https://pt.frwiki.wiki/wiki/USS_Alabama_(film)
- https://discover.hubpages.com/entertainment/Crimson-Tide-The-Real-Story-Behind-The-Movie
[1] Filósofo e militar prussiano (1780-1831)
Grande Filme, Talvez agora com a China em ascensão, esse filme merece um remake ou parte 2, dessa vez no Pacífico, talvez nesse novo filme entre os SSBN Type 96 e SSGN Type 95 da China, e ao invéz de ser um SSBN Ohio, vai ser um SSBN Columbia.
EDITADO:
COMENTÁRIO BLOQUEADO DEVIDO AO USO DE MÚLTIPLOS NOMES DE USUÁRIO.
Apesar das boas cenas, excelentes atores e um clima de tensão que prende o público; o filme possue alguns erros muito bobos. Nenhum CO, pelo menos na USN, escolhe ou é perguntado se aceita fulano, beltrano ou sicrano como o XO. Cachorros não são levados a bordo de um submarino. Em caso de crise ou de guerra contra um país qualquer, nenhum SSBN irá fazer “patrulha” perto da costa do país inimigo….pelo contrário, ficará o mais longe possível, porém dentro do limite do alcance dos mísseis. Para destruir somente uma base militar inimiga, os EUA nunca lançariam 10 Tridents….os quais… Read more »
10 Tridents e 140 ogivas, né? – Outra liberdade artística inconsistente com a realidade diz respeito ao lançamento simultâneo de 2 torpedos Mk-48. Torpedos de corrida reta podem ser lançados em rápida sequência mas não os torpedos guiados. O ruído emitido pelo torpedo da frente iria interferir no sonar do torpedo vindo logo atrás. Há de se ter um maior espaçamento entre eles ainda que incialmente sejam guiados por fio. Também o método de lançamento dos torpedos é bem menos dramático do que mostrado. Um torpedo pesado de propulsão térmica como o Mk-48 é ejetado sem a produção de bolhas… Read more »
Oi Bosco
Sim, me atrapalhei nas contas rsrsrs…..um máximo de 140 ogivas e não 114….ainda estou com sono!!
Franz, Fazendo elucubrações a respeito do tema SSBN/SLBM , há algumas vantagens de se ter mísseis ICBMs em plataformas móveis como submarinos (no caso o ICBM recebe a designação de SLBM) porque ao contrário dos mísseis baseados em silos subterrâneos os submarinos podem se mover para mais perto do alvo de modo a reduzir o tempo de reação da defesa. Numa situação de patrulha de dissuasão tradicional sem dúvida os SSBNs ficam o mais longe possível do país inimigo , de preferência na próprio litoral de modo a não ser alvo de bisbilhotamento alheio por parte de navios e aviões… Read more »
Grande Bosco Concordo com tudo o que vc falou; o que para mim não é nenhuma novidade, porém acho que existe muito exagero no “tempo de reação”…..o alcance e a velocidade dos mísseis atuais é tão alto, que não creio que alguns minutos a mais ou a menos fariam alguma diferença para um eventual adversário…. Como nunca (ainda bem) aconteceu um ataque por SLBM ou ICBM , é tudo muito hipotético….ninguém sabe como um país realmente reageria… Haveria confusão ou pânico? Esperariam ordens vindas “de cima” Esperariam para ver se não é um alarme falso, o que já aconteceu algumas… Read more »
Não que faça muita diferença Franz, mas, mais de 10 anos se passariam até o “Alabama”
operar com o “Trident II” este sim capaz de suportar até 14 “ogivas” pois na época (1995) se tinha o “Trident I” capaz de “apenas” 8 “ogivas” nos tais veículos de reentrada.
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O que me incomodou também é que o “Alabama” como todos os demais foi construído na costa leste, mas, tão logo comissionado foi enviado para o Pacífico de onde nunca saiu e à ação se passa no Atlântico.
Grande Dalton Vc tém que dar um desconto a esse pobre velho!! Já nem me lembro mais desse detalhes que vc corretamente pontuou…ví o filme logo que chegou nos cinemas….coisa de 28 anos atrás!! Quanto ao Alabama; é o destino de quase todos os SSBN da USN. Construídos no ATL, alguns vão para o PAC onde ficam até o fim da vida….o único que mudou do PAC para o ATL, foi o USS Alaska!! Tinha em mente que o filme acontece no PAC, tanto é que no fim, aparece uma cena no HQ do PAC na base de Pearl Harbor,… Read more »
Por isso mesmo escrevi que não “faz muita diferença” Franz e se não me engano o estranho foi recrutar um submarino do Pacífico para ir para o Atlântico o “Alabama” corretamente estava no Pacífico.
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Caso não lembre na época – 1995 – ainda havia uns poucos SSBNs casse “Lafayette” construídos na costa oeste, provavelmente os últimos entre “SSBNs” e “SSNs” construídos na California.
Sim, eu sei….estava me referindo somente aos SSBN da classe “Ohio”…
A memória também me traiu Franz, pesquisando um pouco à ação se passa na costa leste russa, mesmo o texto informando sobre Vladivostok. 🙂
Uma amigo meu sempre diz: Quer a verdade, assista Documentário!
O Presidente norte-americano perplexo com a perda de vidas humanas…
Rí alto aqui!
Olá. Ha uma curiosidade nunca comentada sobre o nome do submarino, Alabama. Rosa Parks se recusou a ceder o assento para um branco em um ônibus na década de 50, na cidade de Montgomey no Alabama, disparando um processo de desobediência civil contra as leis de segregação nos EUA. Claro que o confronto entre o imediato e o comandante do submarino nada tem de racial, mas há uma leitura subliminar em torno desta questão. Também é curioso que Gene Hackman tem um papel destacado como o agente do FBI em “MIssissipi em Chamas” em torno do assassinato de 3 ativistas… Read more »
O confronto entre ambos não tem nada de racial, mas há um sutil toque nessa questão quando o Comandante e o XO debatem sobre uma raça de cavalos da Península Ibérica.
Caro. Não há confronto étnico entre os dois. Isso é claro no filme, O que existe é mensagem semiótica que relaciona de um lado uma resistência á autoridade e do outro o próprio exercício da autoridade. Por isso, a referência do nome do navio é “USS Alabama”.
Sobre diálogos metafóricos, um dos melhores que conheço é em “Spartacus”, quando o comando romano Crasso (Laurence Olivier) conversa com o escravo (Tony Curtis) sobre os sabores de comidas fazendo uma óbvia alusão sexual. Filme magnifico (roteiro de Trumbo e direção de Kubrick). 4 Oscars.
O mesmo tema de Fail Safe representados por brancos práticos (Gene Hackman) como o ex presidente e empresário Bush Pai e, negros frios e matemáticos (Denzel Washington) como o presidente da época Bill Pinton, ops, Clinton. Em 1995 os EUA enfrentaram terrorismo interno. O atentado em Oklahoma matou 168 pessoas. Republicanos brigando com o Congresso. Alan Parker havia feito 3 bons filmes. O Expresso da Meia Noite, Coração Satânico e Mississipi em Chamas. Deve ter recebido uma grana boa para reeditar o conflito racial de Glory de 1989. Sempre chamam Denzel para esses filmes. Gene Hackman, o eterno Jimmy Popeye… Read more »
O futuro NAe SÃO PAULO tem uma “ponta” no filme.
O então Foch foi cenário para o que seriam as reportagens da CNN sobre o conflito na Rússia. Ele teria ganhado este papel em virtude de a USN ter se negado a contribuir para a produção do filme.
https://www.youtube.com/watch?v=0TVhxwmNIKQ
Esse Reporter ai parece o “Gavião Bueno”
É um dos poucos filmes com o Denzel Washington que eu gosto. Realmente vale à pena assistir apesar dos exageros.
Olá Leandro. “Dia de treinamento” é sensacional, mas é barra pesada. Talvez o melhor que ele já fez.
A cena no carro, quando o hoyt – ethan hawke – vacila, o olhar dele pelo retrovisor, sabendo que o “calouro”, jovem, inseguro e apavorado nas maos daquele psicopata, recuaria, é aula de interpretação pura! Sou fã. Admito.
Ethan está esplêndido.
“DIa de Treinamento” é um dos melhores, e mais horríveis, filmes que assisti.
Recomendo sempre para quem ainda não assistiu.
Eu sempre revejo os filmes que eu gosto. Até o “Grito”, versão japonesa, já revi várias vezes. “Dia de treinamento” ainda não consegui criar coragem. O filme me abalou profundamente.
Eu gostei de todo filme que ele fez apesar daquela boquinha chupadinha que virou sua marca e que me irrita pouco.
“…todos os filmes…”
” Um dos poucos filmes com o Denzel Washington que eu gosto”. Poxa, vou dar uma de maluquinho de twitter contigo. O cara só fez filmao! É um monstro. Dia de treinamento – especialmente a nós, brasileiros- é assustador de tão bom. Aquele tira corrupto é realidade pura! Não a toa foi agraciado com o Oscar. A trilogia O protetor, descontada a violência extrema faz você torcer pelo herói torto dele. Robert Mcall é o cara! Não me leve a mal.
Déjà Vu, Malcolm X, Colecionador de Ossos, Chamas da Vingança…
Tempo de glória…outro top
Não percam !!!
Em Breve nos streaming de navegação mais próximo de vc !!!
“O protetor” capítulo final.😬
E é só !!!
Não gosto de dar spoiler 👍
Exatamente. Excelente ator e com um currículo invejável
Vale pontuar que o NAe São Paulo fez uma ponta no filme como figurante.
Sugiro o filme ‘k19’