A ONU condicionou a aprovação do submarino nuclear do Brasil a inspeções rigorosas, segundo matéria da Folha de São Paulo. Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que o Brasil só terá autorização para operar um submarino de propulsão nuclear se concordar com um regime de inspeções estritas pela AIEA, abandonando sua resistência histórica a inspeções detalhadas de suas instalações atômicas. A autorização para o submarino nuclear Álvaro Alberto pode demorar até cinco anos.

Grossi diferenciou a situação do Brasil da Austrália, que também busca operar submarinos nucleares sob o acordo militar Aukus. Ele prevê negociações difíceis para o Aukus devido a tensões internacionais, especialmente no Indo-Pacífico.

A AIEA está preocupada com o combustível dos submarinos, já que navios militares passam meses no mar sem controle. Ambos os países precisarão aceitar um controle rigoroso, incluindo um procedimento especial de contagem de material nuclear antes e depois de missões, com acesso a áreas sensíveis.

O Brasil, signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), sempre se recusou a aderir aos Protocolos Adicionais de 1997, que facilitam o acesso dos inspetores da AIEA. O país enfrenta desafios, incluindo a origem e a certificação de seu combustível nuclear. Apesar de dominar o ciclo completo de produção, o Brasil não tem capacidade atual para produzi-lo de forma certificada.

O Álvaro Alberto é parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), iniciado em 1979, com previsão otimista de operação em 2033. Grossi planeja visitar o Brasil neste ano para debater a questão. A reportagem não obteve resposta do programa nuclear da Marinha ou da missão brasileira na AIEA.

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