O S-2 Tracker, suas armas e equipamentos

O Grumman S-2 Tracker, conhecido por sua designação original como S2F, desempenhou um papel crucial na guerra antissubmarino (ASW) durante a Guerra Fria, sendo o primeiro avião projetado desde o início com essa função específica pela Marinha dos Estados Unidos.

Antes, do Tracker, a Marinha dos EUA usava dois aviões para a função, com uma aeronave (o AF2-W) carregando o equipamento de detecção para encontrar o submarino e direcionar a segunda aeronave, o AF-2S, que carregava armas para atacar e destruir o submarino. O Tracker combinou ambas as funções em uma só aeronave, economizando espaço no convés a bordo dos porta-aviões e tornando as operações mais eficientes.

Introduzido no início dos anos 1950, o Tracker veio em um momento de crescente tensão global, onde a ameaça de submarinos nucleares soviéticos exigia uma resposta eficaz das forças navais da OTAN e aliados.

Durante a Guerra Fria, vários porta-aviões da classe Essex foram designados porta-aviões de guerra antissubmarino (CVS), operando com aviões S-2 Tracker e helicópteros
Esquadrilha de Trackers lançando cargas de profundidade

O S-2 Tracker compôs os grupos aéreos dos porta-aviões antissubmarino, inserindo-se nos Grupos de Caça e Destruição com a missão de detectar, rastrear e, se necessário, destruir submarinos inimigos. Equipado com sonares, boias sonoras, equipamento de detecção magnética (MAD) e armado com torpedos, cargas de profundidade e, eventualmente, foguetes antissubmarino, o Tracker foi uma peça central na estratégia ASW da Marinha dos EUA e de seus aliados.

Operado por uma tripulação de quatro pessoas – piloto, co-piloto/navegador, operador de sistemas táticos e operador de sonoboias – o S-2 se destacava por sua capacidade de realizar longas patrulhas sobre o mar, graças ao seu design de asa alta e fuselagem robusta, que também facilitava operações a partir de porta-aviões. Seu desempenho foi fortalecido por dois motores radiais que lhe conferiam uma combinação ideal de alcance, tempo de permanência na área de operação e confiabilidade.

Grumman Tracker S-2E da Marinha Real Australiana com o domo do radar e MAD estendido
Dois destróieres cercam um submarino mergulhado enquanto um S-2 Tracker dá um rasante com o MAD (Detector Magnético de Anomalias) estendido para confirmar a posição do submarino

Durante a Guerra Fria, o S-2 Tracker serviu não apenas na Marinha dos EUA, mas também foi operado por várias outras forças navais ao redor do mundo, incluindo Austrália, Brasil, Canadá, Itália, Japão e Turquia, entre outros. Essa ampla adoção internacional ressalta sua eficácia e versatilidade como uma plataforma ASW. Alguns países realizaram atualizações e modificações nos seus Trackers para prolongar sua vida útil operacional e adaptá-los a novas tecnologias e necessidades operacionais.

As principais características operacionais do S-2 Tracker, como sua capacidade de levar uma ampla gama de armamentos antissubmarino e equipamentos de detecção, aliadas à sua robustez e confiabilidade, tornaram-no um elemento indispensável nas estratégias de defesa marítima durante várias décadas. Apesar de muitos terem sido retirados do serviço ativo com o surgimento de aviões mais modernos, como o S-3 Viking, o Tracker deixou um legado significativo na guerra antissubmarino, demonstrando a importância de plataformas aéreas especializadas na manutenção da segurança marítima global contra a ameaça subaquática.

No Brasil

P-16A Tracker na catapulta do NAeL Minas Gerais

Entre 1961 e 1996, a Força Aérea Brasileira (FAB) operou 13 aviões S-2A (P-16A) e oito S-2E (P-16E). Entre 22 de junho de 1965 e 13 de agosto de 1996, o 1º Grupo de Aviação Embarcada registrou 1.382 dias no mar com suas aeronaves, tendo realizado 14.072 pousos diurnos e 2.674 noturnos a bordo do Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais (A11).

Os P-16 foram aposentados em 1996 e as atividades de patrulha marítima e de guerra antissubmarino foram assumidas pelos aviões P-95 Bandeirante Patrulha e P-3AM Orion, ambos baseados em terra.

Grumman P-16E Tracker do 1° Grupo de Aviação Embarcada, da Força Aérea Brasileira, pousando no NAeL Minas Gerais
P-16 Trackers a bordo do NAeL Minas Gerais, em 1982

VEJA TAMBÉM:

Como era caçar um submarino a bordo de um avião S-2 Tracker?

https://www.aereo.jor.br/2024/01/22/52-anos-do-primeiro-voo-do-lockheed-s-3-viking/

 

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