A História Naval e o Cinema: ‘A Batalha do Rio da Prata’ (1956)
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
“A Batalha do Rio da Prata” é um filme de guerra britânico, lançado em 1956, que retrata uma das primeiras ações de guerra naval na Segunda Guerra Mundial.
Esta batalha ocorreu no Atlântico Sul, em 1939, no litoral do Uruguai entre o encouraçado de bolso Admiral Graf Spee da Marinha Alemã e três cruzadores da Royal Navy.
O filme foi dirigido por Michael Powell e Emeric Pressburger, onde os principais atores foram: John Gregson, Anthony Quayle e Peter Finch. O Graf Spee era um encouraçado de bolso com grande poder de fogo e boa velocidade. O navio tinha uma bateria principal com seis canhões de 280mm, uma bateria secundária de oito canhões de 152mm e seis de 105mm. Possuía oito tubos de torpedo, oito motores a diesel e velocidade máxima de 28 nós. Além disso, o navio possuía um hidroavião para reconhecimento aéreo. Durante aquele período, o Graf Spee afundou nove navios mercantes britânicos.
No início do filme, em novembro de 1939, o Graf Spee, cuja missão era atacar os navios mercantes das forças aliadas, ataca e afunda o navio petroleiro inglês Africa Shell no Oceano Índico. O comandante do navio afundado, Patrick Dove, é levado por uma lancha para o Graf Spee e feito prisioneiro. Ele é o autor do livro “I was Graf Spee’s Prisoner”. Este livro, publicado em 1940, também serviria de referência para a realização deste filme.
Vale salientar que os navios que aparecem no longa são verdadeiros, como o cruzador USS Salem que foi usado para retratar o Admiral Graf Spee.
Quando o Salem foi emprestado para a produção, a Marinha dos EUA impôs algumas restrições. O cruzador não podia ostentar a bandeira da Kriegsmarine, nem poderia exibir quaisquer ícones da era nazista.
O Alto Comando Naval da Alemanha decidiu que seria pela guerra de corso (conduzida pelo mais fraco no mar), atacando o tráfego marítimo comercial que a Grã-Bretanha e seus aliados seriam derrotados. Os alemães tinham os seguintes meios para atacar o comércio marítimo: a mina magnética, os submarinos, os corsários de superfície e a aviação.
Antes do início da Segunda Guerra Mundial, o Comandante Hans Langsdorff, do encouraçado alemão Graf Spee, e outros corsários de superfície já tinham recebido ordens para se dirigirem para determinadas áreas de operação. O Graf Spee se dirigiu para o Atlântico Sul. Para aumentar sua autonomia tinha o navio de apoio logístico no mar Altmark.
Em 1939, o Graf Spee continuou sua guerra de corso na costa sudoeste da África e afundou mais navios britânicos: Doric Star, Tairoa e o Streonshath, que levava uma carga de trigo da Argentina para a Inglaterra. Em resposta a essas ameaças, os britânicos criaram forças navais que seriam responsáveis por proteger suas linhas de comunicação em determinadas áreas geográficas. Para o Atlântico Sul foi enviada a “Força G” que era composta pelos seguintes Cruzadores: Exeter, Ajax, Achilles e Cumberland. O Cruzador Cumberland, que estava em manutenção nas ilhas Falklands, iria se juntar a essa força-tarefa posteriormente.
No dia 13 de dezembro de 1939, britânicos e alemães protagonizaram a “Batalha do Rio da Prata”, que foi realizada entre o encouraçado Graf Spee e os três cruzadores, Exeter, Ajax e Achilles. Desta forma, o Graf Spee teve que dividir seu poder de fogo para combater os inimigos. Após o confronto, o Graf Spee saiu vitorioso, apesar dos 37 mortos e 57 feridos. Entretanto, o navio sofreu avarias.
A cozinha foi destruída, o casco foi perfurado e a caldeira de purificação de óleo Diesel também foi avariada (sem esta caldeira não se poderia processar o combustível para os motores). Assim sendo, o comandante decidiu se deslocar para o porto de Montevidéu, no Uruguai, aproveitando-se da condição de porto neutro. Pressionado por Londres, o governo do Uruguai concedeu permissão para que o navio alemão permanecesse somente 72 horas em seu território a fim de realizar seus reparos. Além disso, empresas de manutenção do Uruguai se recusaram a prestar serviços aos alemães.
O tempo era insuficiente para o reparo das avarias. O representante diplomático da Alemanha solicitou ao governo do Uruguai de 15 a 30 dias para que o navio pudesse fazer todas as manutenções necessárias para voltar ao mar. Porém, a decisão do governo do Uruguai manteve as 72 horas para a manutenção do navio em Montevidéu. Este fato foi decisivo para as ações finais do Graf Spee e o destino do seu comandante. Considerando que o navio ainda não tinha condições de combater os navios de guerra britânicos, que estavam fazendo um bloqueio naval na saída do porto, o Comandante Langsdorff tomou uma difícil decisão para evitar que o Graf Spee caísse nas mãos dos seus inimigos.
- Filme: A Batalha do Rio da Prata (1956)
- Diretores: Michael Powell e Emeric Pressburger
- Atores Principais: John Gregson, Anthony Quayle e Peter Finch.
- Disponível em: canal You Tube
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES CONSULTADOS
- ALBUQUERQUE, Antônio Luiz Porto; SILVA, Léo Fonseca e. Fatos da História Naval. 2.ed. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha. 2006.
- BELOT, R. de. A guerra aeronaval no Atlântico. Rio de Janeiro: Record, 1972.
- https://www.blitzkrieg.com.br/post/graf-spee-sua-fama-e-sua-hist%C3%B3ria
- https://www.cafehistoria.com.br/explosoes-suicidio-diplomacia-o-graf-spee-no-uruguai/
- Humble, Richard. A marinha alemã. A esquadra de alto mar. História Ilustrada da Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Renes, 1974.
- https://www.blitzkrieg.com.br/post/graf-spee-sua-fama-e-sua-hist%C3%B3ria