Reino Unido cancelou missão de ataque ao porta-aviões argentino ARA ’25 de Mayo’ em 1982, no último minuto
Em 8 de junho de 1982, durante a Guerra das Falklands/Malvinas, em uma reviravolta de última hora, o Reino Unido cancelou uma missão planejada para atacar o porta-aviões argentino ARA Veinticinco de Mayo no porto. A operação envolveria dois aviões de ataque Buccaneer da RAF, guiados por uma aeronave Nimrod e reabastecidos por aviões-tanque Victor da Ilha de Ascensão, utilizando mísseis Martel AJ-168 e oito bombas de 1.000 libras.
Durante uma visita aos Arquivos Nacionais do Reino Unido, o “mergulhador de documentos” Chris Gibson descobriu uma série de documentos intrigantes enterrados em uma pasta aparentemente inócua sobre reabastecimento aéreo durante o conflito das Malvinas. O primeiro detalhava o uso potencial dos Buccaneers da RAF para realizar um ousado ataque ao ativo naval mais importante da Argentina em seu porto de origem.
O plano detalhado previa destruir o radar do porta-aviões à distância, para depois avançar e torná-lo inoperante, antes de os Buccaneers seguirem para o Chile. Embora a viabilidade e a necessidade de tal missão fossem questionáveis, o ataque teria representado uma vitória moral significativa para o Reino Unido.
No entanto, no último momento, as autoridades britânicas decidiram que a missão não era necessária, optando por cancelar o ataque planejado. A decisão refletiu uma mudança estratégica, talvez influenciada por considerações políticas e militares, evitando uma escalada adicional no conflito.
Sobre o míssil Martel
O Martel era um míssil anglo-francês antirradiação (ARM). O nome Martel é uma contração de Míssil, Antirradiação, Televisão, referindo-se às opções de orientação. Existem duas variantes, o guiado por radar passivo (AS 37) e o guiado por vídeo (AJ 168).
As aeronaves que utilizaram esses mísseis foram o Blackburn Buccaneer (até três variantes TV ou quatro ARM), o SEPECAT Jaguar (dois), o Mirage III/F1 (um ou dois) e o Hawker Siddeley Nimrod (pelo menos um). O Martel era adequado para ataques antinavio com sua ogiva pesada e de longo alcance.
Não havia, na época, um pequeno míssil teleguiado por radar como o AGM-84 Harpoon com radar ativo, então a única solução viável era uma TV ou sensor ARM. Tinha um alcance relativamente longo (60 km), uma carga útil pesada e uma velocidade subsônica.
Foi possível adaptar o Martel ARM para ser usado contra radares de diferentes comprimentos de onda. Foi uma melhoria em comparação com os primeiros mísseis ARM Padrão, que tinham apenas um sensor de banda estreita. Mas o sensor ARM só era selecionável em solo, não em voo e por isso antes da decolagem era necessário saber que tipo de radar deveria ser atacado.
O Reino Unido usou os dois tipos, os franceses apenas a variante equipada com radar. O Martel foi construído pela Hawker-Siddeley no Reino Unido e pela Matra na França.
FONTE: @RDPHistory, no X