Triste fim do Programa de Submarinos TR-1700 da Armada Argentina
Segundo o @FORONAVAL no X, a Armada Argentina planeja descomissionar o submarino Santa Cruz, armazenado no CINAR, e sucatear seções e componentes do Santa Fe e Santiago del Estero, nunca concluídos e armazenados desde a década de 80, encerrando definitivamente o programa TR-1700.
No Jane’s Fighting Ships de 1984-85, o famoso anuário sobre as Marinhas de Guerra de todo o mundo, o submarino TR-1700 que a Armada Argentina estava recebendo naquele período era um dos destaques do conteúdo e também da publicidade da fabricante alemã, a empresa Thyssen-Krupp Nordseewerke GMBH.
O submarino TR-1700, muito mais capaz que o IKL-209 (mas que na época despontava como o submarino alemão de maior sucesso em encomendas), foi projetado para atender aos requisitos da Armada Argentina, que planejava obter 6 unidades da classe “Santa Cruz”, da qual o ARA San Juan (perdido com toda sua tripulação em acidente em novembro de 2017), era a segunda unidade: dois construídos na Alemanha e quatro na Argentina. Eram os maiores submarinos construídos pela Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.
O aprofundamento da crise econômica na Argentina impediu que os planos da Armada Argentina se realizassem e a força acabou ficando com apenas 2 submarinos TR-1700, o Santa Cruz e o San Juan (ambos construídos na Alemanha). Dos quatro submarinos adicionais planejados, o ARA Santa Fe teve sua construção terminada em 70% do total e o ARA Santiago Del Estero em 30%. Desde a interrupção dos trabalhos nessas unidades, há cerca de 20 anos, várias vezes foram anunciadas retomadas na construção dos submarinos, sem sucesso.
Praticamente à mesma época que a Argentina, a Marinha do Brasil iniciava um programa de construção de submarinos de origem alemã, mas optou pelos mais consagrados e menores IKl-209, um dos quais foi construído na Alemanha e outros quatro (o último deles de um tipo aperfeiçoado) no Brasil.
Entretanto, enquanto o programa argentino parecia caminhar bem, o deslocamento maior, a grande autonomia e a grande capacidade de armas da classe “Santa Cruz” (TR-1700) preocupava os possíveis inimigos da Argentina (leia-se Reino Unido e Chile) e também atraía a atenção de outras marinhas interessadas em submarinos semelhantes.
A empresa canadense ECS, na época da entrada em serviço do TR-1700, chegou a oferecer a instalação de um plug no casco com um pequeno reator nuclear de baixa potência ECS AMPS[N] (Autonomous Marine Power Source [Nuclear]), o que daria ao submarino uma capacidade de propulsão independente da atmosfera (AIP). Ver desenho abaixo:
Teriam a maior frota submarina do hemisfério sul, somando-se ainda os 2 209 já existentes. Realmente foi o maior fracasso de programa militar da AL. Essa versão do TR1700 “nuclear convencionalmente armado” traria implicações fantásticas ao Brasil… na época a relação com eles era como a do futebol…
Por mais estranho que pareça em 1990 o Peru contava com 10 submarinos sendo 6 “IKL 209” de origem alemã, 3 “Abtao” de origem americana construídos exclusivamente para a marinha peruana na década de 1950 e um mais antigo Guppy também de origem americana. . Se os argentinos teriam condições de manter 8 submarinos – 6 “1700” e 2 “209” por conta dos “1700” serem mais caros de operar jamais se saberá, mas, provavelmente não, se falava em “descartar” os 2 “209” com 20 anos não valendo a pena estender a vida deles ainda mais com 6 “1700” mais caros… Read more »
A melhor maneira de vencer uma armada é evitar que ela seja construída (e mantida).
Ao analisarmos a realidade argentina e a nossa, constatamos que estamos à frente em alguns aspetos. É crucial questionar se teremos o mesmo destino que a armada argentina teve em relação aos seus submarinos. Falta muito pouco para que as construções dos nossos sejam concluídas. E aí? Haverá um segundo lote ou podemos decretar o fim de todo o investimento e da dispersão de mão de obra qualificada? Haverá a repetição dos erros cometidos no passado? Bom.
Se lembro, as instalações serão usadas para a construção dos navios patrulha de 500 tons.
Além do sub nuclear.
“Haverá um segundo lote ou podemos decretar o fim de todo o investimento e da dispersão de mão de obra qualificada? Haverá a repetição dos erros cometidos no passado? ” tudo indica que provavelmente sim os erros serão repetidos pelo mesmo motivo de que foram cometidos originalmente… nada mudou porque esperar resultado diferente?
Eu acho que o Brasil encomendou esses 4 submarinos convencionais pra treinar os operarios a fabricarem cascos maiores. A partir de agora o Brasil vai passar a construir somente submarinos nuclreares e barcos menores em Itaguai como os Napa
Penso quase assim.
Talvez Itaguaí tenha capacidade de construir navios maores.
O elevador foi projetado para 8 mil ton
Pode construir até lancha de patrulha. Se quiser pode construir veleiro pra participar da Americas Cup ou da Volvo Ocean Race. O importante é que a linha não pode parar para não perder a mão de obra que foi muito cara.
Se construir veleiros para a Americas Cup e Volvo Ocean Race fica mais condizente com a vocação de nossa marinha.
Gostaria de acreditar em nosso país como acreditava quando novo.
Vivi a época em que em plena ditadura militar o governo construiu Angra I e II.
O professor e engenheiro nuclear de maior conhecimento da área foi preso e morreu na cadeia pelo seu conhecimento.
Preso pelos militares.
Estamos Anos-Luz a frente dos Argentinos no tocante a Submarino, infinitamente aliás. Agora, Vosso questionamento realmente é desnecessário, se me permite dizer, porque tanto o Senhor com nós sabemos o que vai acontecer. Ficaremos nos 4 e a “Fábrica de Subs” vai fechar e ponto final, até meu gato sabe disso.
Aí, vc, falou bonito. Estamos anos luz, a frente dos Argentinos.
olhem essa notícia:
Marinha do Brasil quer porta-aviões nuclear até 2040
https://marsemfim.com.br/marinha-do-brasil-quer-porta-avioes-nuclear-ate-2040/
Também li, surreal.
Querer ,é poder ?
Não, mas só o fato disso ser debatido seriamente lá dentro(se for realmente o caso), já faz necessário o questionamento sobre a sanidade desse pessoal. Qualquer um sabe que a MB não tem a mínima condição de operar um porta-aviões, muito menos um nuclear.
A Velha à Fiar. Deu certo com o Minas.
Caro Dorian,
Pelo meu entendimento essa matéria não tem novidade alguma e só requentaram notícias de vários meses atrás (algumas das fontes com alto teor de sensacionalismo) e que já foram exaustivamente debatidas aqui.
Simplesmente não dá para levar a sério essa matéria.
Eles falam que a Marinha também quer comprar o Prince of Wales. Provavelmente a fonte disso foi matéria aqui do Poder Naval publicada em 01/04/24
Tinha pensado isso também, caro Fernando. Mas uma das fontes citadas na matéria, que cita o interesse pelo Prince of Wales, é de meados de março.
Mas não duvido que alguém não leu a brincadeira do PN até o final e usou de confirmação nas matérias mais recentes rsrsrsrsrs
Daria para aproveitar esses submarinos? Digo por outro país interessado que tiver condições de termina-los?
Tecnicamente sempre dá, desde que o vaso de pressão tenha sido conservado. Se ocorreu algum tipo de corrosão, perdeu tudo. Como o projeto é antigo, seria necessário revisar o projeto e avaliar o que teria que ser trocado por dispositivos atualizados. Sobre outro país ter este interesse, acho improvável… quem tem condições de construir um submarino novo, vai preferir isso (como por exemplo o Scorpene ou o 214 alemão). Se o país não tem condições de construir um submarino novo nem comprar um submarino novo feito em outro país, também não vai ter dinheiro para terminar um submarino velho. No… Read more »
Não obstante o pesadelo das dúvidas quanto a efetiva continuidade do projeto Gripen de forma integral, o editor nos lembras (elucidando ) ao trazer este artigo, do projeto dos nossos Subs. Não suficiente um mais dois pesadelos, e ter (dinheiro) e não poder, é quando todo um país se faz pequeno em detrimento a alguns grupos previlegiados.
O país. O país. Que país é esse?
Estamos importando carros do Vietnam. Tenho a impressão que o Brasil além do atraso cultural e tecnológico virou uma mistura de sucatão com Acari.
Se comparado com os carros fabricados no Brasil eu só posso fazer como o saudoso Robin Williams e gritar “Good Morning Vietnam!”
A indústria automobilística brasileira precisa ser refundada ou ser destruída. Produzem carroças, vivem as custas de subsídios estatais, estão sempre chorando mas pegam um modelo de uma geração anterior na Europa, tiram tudo que pode tirar dele e vendem pelo dobro do preço antes de impostos.
Consequências? O modelo de desenvolvimento industrial é esse que a MB defende: empregos&impostos. Uma ou outra nacionalização chamada ToT para bancos e tapetes. Quando precisa de uma peça para radiador vem do Canadá ou da Inglaterra. Será assim com as Tamandares. Os problemas com o Gripen e outras construções afetadas pelas moedas internacionais…o governo precisa fazer caixa, provoca a subida depois faz leilão. Quem importa paga mais caro. O governo faz caixa para o Tesouro. A China não é um desafio somente pela expansão naval. A China criou consumo…ofertas e demandas internas com muita moeda local e externa. Com dinheiro… Read more »
Triste 😢 Só que não 😃
Isso daí tem 2 soluções:
1) Alguém vai comprar vai fazer tecnologia reversa e vai aprimorar o projeto;
2) pode ser que vá parar em Aliaga na Turquia (ferro velho)
Vai ficar como está.
Boa tarde Istivis;
Não foi diferente com o Brasil, não será para os Lós Hermanos😏
Abs
Lembro que alguns anos atrás eles tinham começado um estudo para verificar a possibilidade de ser desenvolvido um reator nuclear de baixa potência para esse casco, alguns comentaristas ficaram preocupados e alguns outros até sugeriram que o Brasil pudesse ajudá-los nisso.
O custo da construção do Álvaro Alberto é estimado pela MB em R$26 bilhões…a construção vai se arrastar trocentos anos (novidade para projetos militares caros no Brasil…) e pode ter o mesmo fim dos 2 TR-1700…
Tem certeza que é esse valor apenas pelo Álvaro Alberto? Acho que esse valor é pela Base,4 sub convecionais + 1 nuclear.
Não, o estaleiro e a Base Naval custaram R$16,391 bilhões, os submarinos convencionais R$15,003 bilhões, o programa nuclear com o reator ao todo custará R$6,383 bilhões. E ainda há a construção no Alvaro Alberto que custará R$25,8 bilhões.Valores apresentados em fins de julho do ano passado.
O Programa Nuclear é um. O reator é outro. A integração com 1 Scorpene modificado é outra.
São 3 fases distintas. A MB gosta de unificação.
Nesse valor estão inclusos o estaleiro novo (ICN), base nova, os 4 subs da classe Riachuelo, a adequação do centro de Iperó, o protótipo do reator e o próprio SN-10. Definitivamente não é de 13 bi por subnuc.
O Labgene (protótipo de reator em terra) e o próprio reator são esforços nacionais. Os franceses não têm nada com isso. A ICN em Itaguai nasceu em 2009 bastante depois da inauguração das instalações em Iperó/Aramar nos anos 1990.
Me refiro ao valor do programa inteiro. Não afirmei em parte alguma que era parte da Naval Group. A construção da base de Itaguaí também é toda feita por empresa nacional e nem por isso deveria ser excluída da conta.
Quem acompanha o ZM sabe que o Santa Cruz não navegava a anos, só era usado, no cais, pra submergir e emergir, e as duas “carcaças” acima acumulavam poeira e maresia a 40 anos, jamais serviriam pra fazer subs com eles.
Então, é anunciado algo que já era sabido.
Aos utópicos de plantão: O Brasil nunca mas nunca vai ter equipamentos militares de ponta seja no exército, na marinha ou na força aérea enquanto não reduzir o gasto com pessoal. Percentualmente o gasto do Brasil com pessoal é o triplo dos EUA.
Com atual legislação não muda nada, o tal direito adquirido, 78% do orçamento para soldos e pensões. !!!! Os oficiais generais das FFAA as faliram!!!
Equipamentos de ponta temos, mas não no número mínimo adequado.
“… nunca vai ter equipamentos militares de ponta …”
F-39, KC-390, classe Tamandaré, Riachuelo, Centauro 2, Guarani…
Acredito que são equipamentos militares de ponta.
O que faltam são mais recursos para aumentar a quantidade de unidades.
Países sul-americanos têm fortíssima “tradição” em abandonar projetos e começar do zero novamente cada 20 anos.
O que deixa como a compra de prateleira é melhor negócio, seja financeiro, seja para ter o meio a disposição mesmo.
Tiveram a faca e o queijo nas mãos. Fossem sérios terminariam este programa.
Tudo continua impressionante…. 37 comentários e zero analise técnica, mesmo quando os editores se esforçam em lembrar aos debatedores que ja frequentam aqui a anos, informações sobre o que é um TR-1700 e sua diversidade sobre um IKL-209, o papel de um TR-1700 com arma efetiva nas malvinas/Falklands, ou o impressionante projeto de custo beneficio de reator canadense AMPS acoplado a um casco comum de pequeno e barato submarino….um caminho ou atalho para um subnuke puro sangue? E nem percebem a sequencia…aos 95% de mensagens derrotistas….a noticia do corte de Chapa do Alvaro Alberto….logo ali ao lado… A mensagem é….continua… Read more »
Me soa raro uma empresa canadense, país da Commonwealth, oferecer a instalação de um reator nuclear. Acredito que seria para possíveis clientes da classe, nunca para os argentinos, não?
Não, o oferta foi real e hipotese continua em pé como um sistema AIP viavel, em especial, ao Brasil
Triste fim para quem? pro Brasil que não foi né? Na época ainda havia certa rivalidade geopolítica regional. Não era bom para o Brasil ver a Argentina despontar tanto assim, até porque eles já possuiam um Porta Aviões melhor que o do Brasil, uma aviação naval superior, duas fragatas com defesa de area (Type 42 com Sea Dart) coisa que a MB nunca operou e pelo andar da carruagem continuará sem operar, pois escolheu uma “Corveta Anabolizada” como carro chefe das forças navais para os próximos anos.
O Brasil ficará a frente da Argentina se conseguir concluir o SCPN Alvaro Alberto em 2034. Mas vai gerar um corrida armamentista regional, acho que já começou com os F16 da Argentina.
Nós JÁ ESTAMOS á frente da Argentina com os Scorpène-BR até porque a força dr submarinos da ARA já não existe mais depois do episódio San Juan. Quando concluirmos o Álvaro Alberto estaremos muito á frente deles.
Que façam. Não dá mais para a Argentina. Se o Brasil investir o quê tem que investir, não dá para a Argentina ou qualquer outro da América do Sul concorrer sem que deixe buracos fiscais em outros pontos.
Um programa paralisado há 20 anos (talvez mais), melhor que acabe mesmo, porque mesmo parado, drena recursos públicos, para um armamento que, se um dia fosse entregue, o seria obsoleto. Não que eu seja defensor de todas as ideias amalucadas do Senhor Milei, mas ajuste fiscal se faz assim mesmo: corta tudo o que não serve para nada!