Marinha Russa treinou para alvejar alvos na Europa com mísseis nucleares, revelam documentos secretos
A Marinha Russa foi treinada para atingir alvos estratégicos no interior da Europa usando mísseis com capacidade nuclear em um potencial conflito com a OTAN, de acordo com arquivos secretos acessados pelo Financial Times.
Os documentos detalham mapas de alvos, incluindo regiões tão distantes quanto a costa oeste da França e Barrow-in-Furness, no Reino Unido, apresentados a oficiais russos antes da invasão em larga escala da Ucrânia.
Esses arquivos, datados de 2008 a 2014, revelam que Moscou planejou uma série de ataques devastadores em toda a Europa Ocidental, indicando a preparação da Rússia para um conflito com o Ocidente que iria muito além da fronteira imediata da OTAN. Os documentos foram apresentados ao FT por fontes ocidentais.
As informações contidas nos arquivos incluem uma lista de alvos para mísseis que podem carregar ogivas convencionais ou nucleares. Os oficiais russos destacam as vantagens de realizar ataques nucleares em fases iniciais de um conflito.
Os documentos também indicam que a Rússia manteve a capacidade de transportar armas nucleares táticas em navios de superfície, uma capacidade que especialistas consideram apresentar riscos significativos de escalada ou acidentes.
Analistas que revisaram os documentos afirmam que eles são consistentes com a avaliação da OTAN sobre a ameaça de ataques com mísseis de longo alcance pela marinha russa e a rapidez com que Moscou provavelmente recorreria ao uso de armas nucleares.
Entre as opções consideradas pelos russos, estava a realização de um “ataque de demonstração” nuclear em uma área remota, antes de um conflito real, para intimidar os países ocidentais. Embora tal prática não seja oficialmente reconhecida pela doutrina russa, os documentos indicam que essa estratégia visa mostrar a disposição da Rússia para usar armas nucleares e forçar o Ocidente a ceder.
Esses arquivos sugerem que a capacidade da Rússia de atacar em toda a Europa coloca alvos em todo o continente em risco imediato, à medida que suas forças engajam as tropas da OTAN em países de fronteira como os estados bálticos e a Polônia.
As revelações trazem à tona as estratégias de guerra total que a Rússia consideraria em um confronto com a OTAN, destacando a importância das armas nucleares como um elemento central na doutrina militar russa para compensar seus recursos convencionais inferiores.