A Ásia está ‘rapidamente deslizando para a guerra’ e os EUA são os culpados, diz professor chinês

41

Artigo argumenta que a região está se tornando um “barril de pólvora” e destaca os esforços de Washington para estabelecer uma rede de alianças para conter Pequim

A Ásia corre o risco de se tornar um “barril de pólvora” que poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial, segundo um renomado acadêmico chinês que culpou os Estados Unidos e seus aliados.

Zheng Yongnian, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong no campus de Shenzhen, alertou que a China estaria “no olho do furacão” à medida que os EUA mudam o foco estratégico da Otan, enquanto as tensões nucleares na península coreana também poderiam desencadear uma crise. “Apesar das alegações dos EUA de alcançar a paz na Ásia sob sua liderança, a realidade é bem diferente – a Ásia, sob domínio dos EUA, está rapidamente deslizando para a guerra”, escreveu ele em um artigo publicado na semana passada na plataforma pública WeChat.

O comentário foi publicado poucos dias antes da visita do conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, à China para “diálogos estratégicos” com o Ministro das Relações Exteriores Wang Yi. Zheng argumentou que a região Ásia-Pacífico estava destinada a ser o campo de batalha de qualquer futura guerra mundial, pois continha todos os elementos-chave: interesses econômicos, envolvimento dos EUA, esforços para criar um equivalente asiático à Otan, modernização militar e nacionalismo.

Embora EUA e China tenham tentado evitar que as tensões se agravem, ainda há profundas divisões em questões que variam de comércio e tecnologia ao espaço, enquanto o Mar do Sul da China e o Estreito de Taiwan permanecem como potenciais pontos de conflito. Pequim vê Taiwan como parte de seu território que deve ser reunificado com o continente, pela força, se necessário. A maioria dos países, incluindo os EUA, não reconhece Taiwan como independente, mas Washington se opõe a qualquer tentativa de tomar a ilha à força e é legalmente obrigado a armar a ilha para ajudar em sua defesa.

Desde o “pivô para a Ásia” dos EUA no final de 2011, eles formaram pelo menos sete alianças “mini-multilaterais” todas voltadas para conter a China, acrescentou. Ele não especificou quais pactos se referia.

Zheng também disse que uma das principais prioridades dos EUA era desencadear uma “mudança estratégica” no pensamento da Otan para fazer da China um foco importante, o que exigia que os principais países europeus a percebessem como uma ameaça. A relação da China com a União Europeia deteriorou-se nos últimos anos devido a grandes divisões em questões como subsídios para veículos elétricos, direitos humanos e os laços cada vez mais profundos de Pequim com a Rússia.

Ele também alertou que a paz regional na Ásia era frágil devido a ressentimentos históricos e disputas atuais, o que proporcionava uma alavancagem extra para os EUA. Zheng disse que o nacionalismo crescente aumentava ainda mais o risco, argumentando: “Historicamente, o nacionalismo tem sido frequentemente um motor-chave de conflitos e guerras entre nações. Na era das redes sociais, os tomadores de decisão estão mais suscetíveis aos sentimentos nacionalistas, o que pode levar a decisões irracionais.”

FONTE: South China Morning Post

Subscribe
Notify of
guest

41 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Burgos

A ONU pelo visto se tornou um órgão meramente simbólico, somente para se dizer que tem e não faz simplesmente nada 🤔
Tomara que ambas as partes cheguem a uma resolução do problema e que não venha essa 3ª Guerra Mundial 👍

Ozawa

Caro, Burgos. Infelizmente desde a origem é um órgão meramente simbólico, ou pouco tempo após ela.

A ONU é apenas um órgão que: ou referenda decisões do Conselho de Segurança (Permanente) ou é vetado por este …

sergio 02

A Onu de hoje e a liga das naçoes de ontem.
Se vc para analisar a historia e ver que grandes guerras são ferequentes, acho que e so questão de tempo, ou uma conjunção de fatores , o equivalente hoje da primeira grande guerra ja esta acontecendo, espero não ver o equivalente hoje do que foi a segunda ontem.

Charle

Mas nesse caso a “culpa” não seria da ONU. Estaria nas mãos daqueles que não respeitam o Direito Internacional (seja de que lado for) e ou quer chegar ou se manter como eterna potência hegemônica mundial.

Last edited 20 dias atrás by Charle
Leandro Costa

O que torna uma reforma do CS cada vez mais importante para que a ONU reestabeleça sua legitimidade. E vou te falar que os cachorros grandes do CS vão xiar muito, mas acho que no final, a maior resistência será Chinesa.

NBS

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o principal objetivo de evitar conflitos futuros e promover a paz e a segurança internacionais. As principais razões para a criação da ONU incluem: Prevenção de Guerras Futuras: Promoção da Paz e Segurança: Cooperação Internacional: Proteção dos Direitos Humanos: Descolonização e Autodeterminação: Promoção do Desenvolvimento Sustentável: Ainda no começo, os desafios para a ONU não foram pequenos. Houve avanços, mas nunca o suficiente para cumprir esses objetivos na plenitude. E logo ficou claro o protagonismo dos fundadores mais poderosos. A gota… Read more »

Andromeda1016

Se eles não reclamassem para eles o domínio exclusivo do mar da china meridional este tipo de tensão seria bem menor. A China tem pesadelos sempre que lembra das invasões das potências européias por mar e quer evitar a todo custo que isso se repita, e nisso tomam atitudes beligerantes que incitam o aumento das tensões na região. Que os gringos fazem sua parte para aumentar as tensões isso é verdade, mas a China faz o mesmo e isso é estrategicamente ignorado por eles.

Last edited 20 dias atrás by Andromeda1016
Rodolfo

Exato. Taiwan, Japão, Filipinas, Vietnam e Singapura querem presença da US Navy no Pacifico para garantir que os chineses não os ameace. E o apoio ao regime Norte Coreano também ameaça a relação comercial com a Coreia do Sul, que cada vez mais se alinha com a OTAN.

Jagder#44

Há dois dias atrás o Poder Naval publicou uma matéria sobre o “Big Stick” norte americano no caribe, no início do século passado.
Guardadas as devidas proporções, a China faz o mesmo na região do mar meridional da china, relativamente a Vietnam, Filipinas, Taiwan, Brunei Malásia, Indonésia etc.

Rodolfo

A diferença é que o Caribe era dominado por potencias europeias, nao eram nações independentes no Caribe… dentro da doutrina Monroe era o objetivo americano eliminar potências europeias do seu quintal.

Carlos Campos

Boa, quero ver ele falar quem ainda manda na malásia por exemplo, Brunei e etc

adriano Madureira

Brunei é um protetorado inglês, conta com a ajuda da Rainha…

Franz A. Neeracher

Brunei é desde 1984 um país independente.

Foi um protetorado entre 1888 e 1984.

Bosco

O fortão encrenqueiro que assusta e espanca todo mundo reclama quando alguém resolve ficar do lado dos fracotes.
O poste mijando no cachorro.

Heinz

A China é muito “cara de pau”, vivem tacando canhão de água nos navios filipinos, invadindo sua ZEE e agora a culpa é somente dos EUA, só pode ser piada.
Eu não dou 10 anos para a China se meter em um conflito na Àsia, ninguém investe tanto no campo militar para fazer apenas desfiles bonitos. Aguardem. The war is coming!

Underground

Se os estadunidenses do Norte resolverem acompanhar navios filipinos, aguardando a coragem do adversário.

Maurício.

“a Ásia, sob domínio dos EUA.”

Aí é que está, o que os EUA fazem na Ásia? Por que eles não se retiraram da região?
É o tal dos interesses?
Não dizem que para a guerra na Ucrânia acabar, basta a Rússia se retirar?
Os americanos não estão muito, mas muito longe de casa?
Por mim, que ambos entrem em guerra e que se destruam mutuamente, até porque, são farinha do mesmo saco, mas, como são potências nucleares, só vão ficar nessa ladainha, uma espécie de guerra fria 2.0 e nada mais.

Dalton

Rússia e Ucrânia estão em guerra, China e EUA não estão e talvez nunca venham a estar então porque os EUA depois de mais de um século de presença no Pacífico abandonariam parceiros e aliados, oportunidades econômicas, etc, criando um vácuo que seria preenchido pela China e também pela Rússia ? . Talvez outra pergunta deva ser feita: Será que nações como Austrália, Coreia do Sul Filipinas, Índia, Japão e Vietnã gostariam que os EUA se retirassem da região ? . Houve no passado uma proposta de uma Ásia para Asiáticos sob liderança do Japão que terminou mal em 1945… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Lembrei que se despontou um ‘Asia para Asiáticos’ é porque, até então, Ásia não era pros asiáticos mas pros bárbaros loiros ou ruivos do ocidente. Claro que um erro não justifica outro mas, possivelmente, antes dos desastres totalitários se consumarem (pra gáudio do capitalismo), a promessa de descolonização fosse humanamente tentadora e mesmo necessária…

Dalton

Alex não tem essa de loiros e ruivos, no velho oeste, tribos desalojavam outras de suas terras, escravizavam e matavam, não a toa o exército empregava batedores índios inimigos de determinadas tribos que se iria combater. . A China foi explorada também por japoneses, que não são ruivos muito menos loiros e o Japão aproveitou-se de uma guerra civil entre nacionalistas e comunistas e mesmo após o 7 de dezembro de 1941 muitas vezes ao invés de unirem-se contra o invasor lutavam entre si ou deixavam de se apoiar e pelo que li os comunistas faziam isso com mais frequência.… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Mestre Dalton, falei apenas pr’aquela circunstância imediatamente anterior aa guerra, onde os próprios asiáticos, nacionalistas, chamavam o homem branco europeu de ‘bárbaro’, fosse ele inglês, americano, holandês português… A cartada racial, abominável, serviu como justificativa aos horrores asiáticos da mesma maneira que serviu aos horrores ocidentais (em Africa, por exemplo, mas mesmo dentro da Europa sob Hitler). Quando interesses materiais e políticos desejam algo, e já se considerou meras populações como bem vindos recursos ‘naturais’, rapidamente adotam causas de empréstimo pra desencadear matanças que lhes abra caminho. Foi assim também nas guerras de religião na Europa, as quais foram realmente… Read more »

Maurício.

Então basicamente tudo se resume em interesse, mas repito, os EUA estão muito longe de casa, alguns gostam de falar em “quintal”, os americanos estão em um quintal alheio, bem distante, depois quando (o que eu duvido muito) der uma m*, não vão poder se fazerem de vítimas.

Dalton

Nós não compreendemos bem os deveres e direitos de uma super potência e não é tão simples como você faz parecer, talvez para nós brasileiros não faça mesmo sentido. . O engraçado é que o “mundo” já beneficiou-se dos EUA se meterem no quintal dos outros, a última vez quando Saddam invadiu o Kuwait e apesar da enorme coalizão formada, basta ver com o que cada nação contribuiu, os EUA entraram com mais da metade do poderio. . Repito também, os EUA tem interesses e aliados na região e não irão entregar tudo de graça para a China. . Os… Read more »

Jonas

A paz dos cemitérios é a resposta oferecida.
E não falta anti-“estadunidense” que se submeta a quem os despreza, nações megalomaníacas que em delírio psicótico coletivo que se consideram no direito de subjugar a Europa ou, no caso, se impor como Império do Meio.

Alex Barreto Cypriano

A janela pra passar o rodo no truque na China se fechou faz tempo. Os EUA, declinante, só pode brandir fazer uso dos seus meios imperiais (armas e dinheiro) que sequer mais conseguem garantir a pax-americana como os próprios admitem pelo ressurgimento de contestadores aptos (portadores de armas e dinheiro). Como ficamos? Ameaças de parte a parte e pavorosos conflitos Proxy, inferno na Terra, ao menos até um dos disputantes piscar o olho, cair exausto (overstretched) ou ter uma síncope cardíaca (secessão). Curiosamente, aprendemos da história que nestes períodos de transição sempre ocorrem horrorosas rebeliões, mas não hoje: reina uma… Read more »

Andromeda1016

Pessoalmente torço por uma secessão na China. Nos Estado Unidos isso é algo impensável, mas na China que é um amarrado de diversas etnias unidas à força isso é mais plausível. Adoraria ver o fortalecimento da Ásia interior como no passado.

Franz A. Neeracher

Praticamente impossível de acontecer.

90% são da etnia Han.

Andromeda1016

Não é a etnia que mantém a coesão da China comunista, mas sim o porrete. Além do mais existe tanta instabilidade social e étnica dentro do país que um problema isolado tem o potencial de despertar outros problemas latentes dentro do país, e isso é um dos piores pesadelos que os comunistas temem enfrentar. Além do mais, com tantos desafetos que os comunistas adoram criar ao longo de suas fronteiras, muitas pessoas, grupos e países esperam ansiosamente por um deslize dos chineses para agir contra ela. A China está sentada num barril de pólvora que só não estourou ainda por… Read more »

Alexandre Galante

Na China são 56 etnias. Andromeda1016, é mais fácil acontecer uma secessão nos EUA, pois a qualidade de vida só piora lá, enquanto na China só melhora. Os chineses nunca tiveram tanta prosperidade e liberdade como têm hoje. Em 2019, 155 milhões de turistas chineses viajaram pelo mundo e voltaram pra China.

https://www.statista.com/statistics/1068495/china-number-of-outbound-tourist-number/

Last edited 19 dias atrás by Alexandre Galante
Andromeda1016

Esses números todos não invalidam meus argumentos. Estamos falando de coisas diferentes.

No One

Para efeito de comparação, 99 milhões de turistas estadunidenses viajaram pelo mundo em 2019 . Agora seriam interessante ver a porcentagem sobre o total da população e o poder aquisitivo desses turistas.

Franz A. Neeracher

A China, como qualquer país, tb tem os seus problemas.

Alguns bem grandes, outros menores.

Mas essa de “existe tanta instabilidade social e étnica dentro do país” e essa outra “países esperam ansiosamente por um deslize dos chineses para agir contra ela” não é verdade.

O tal do porrete existe e cai nas cabeças das pessoas que “causam problemas” aos olhos do Partido Comunista Chinês.

A China é o principal parceiro comercial de muitos países; nenhum tem interesse numa China desestabilizada.

Andromeda1016

Uma China fragmentada em diversos paises menores representa uma chance mágica de negócios poucas vezes vista antes na história da humanidade. Seria algo comparável com a descoberta das riquezas da Asia, Africa e America todas juntas pelas potências europeias no passado. Acredite, muita gente gostaria de ver a China fragmentada para garantir lucro fai fácil.

Alexandre Galante

Fizeram isso no passado, é conhecido na China como Século de Humilhação. Por isso a China virou potência militar para não permitir que isso volte a acontecer.

Andromeda1016

Isso é verdade. Mas a história da China foi sempre pautado por desgraça e violência, seja ela algoz ou vítima disso, por isso a constante beligerância de sua política de vizinhança. O teu comentário reflete muito bem a opinião de muitas pessoas de que a pose de dragão invencível da China é mais para esconder seu medo de ser vitimizado de novo, do que reflexo de poder e capacidade (na verdade hoje ela tem estas duas qualidades, mas não na mesma intensidade que tenta fazer parecer).

Alexandre Galante

Recomendo que você viaje para a China e comente quando voltar de lá.

No One

Viajar ou turistar? São duas coisas diferentes. Você pode ir e voltar 10 vezes, turistando qualquer país, sem ter compreendido nada daquele povo, daquelas pessoas, daquela cultura, daquelas histórias, dos anseios, ambições e paranóias da população. Para aprender algo, é necessário um olhar crítico e analítico, não simplesmente absorver narrações e admirar o cartão postal da localidade.

Dalton

Não foi todo o século XX, na década de 1920, iniciou-se uma guerra civil entre comunistas e nacionalistas ou seja lutaram entre si e o Japão aproveitou-se dessa fraqueza até ser derrotado em 1945 e com o enfraquecimento dos nacionalistas os comunistas triunfaram.
.
A “nova China” surgiu em 1949 e foi responsabilidade chinesa tudo o que seguiu-se, Mao ainda é festejado como “inovador” e talvez nós ocidentais tenhamos dificuldade de compreender que as dezenas de milhões de mortos foram necessárias, segundo o Partido.

No One

A cartilha que repete o partido.

Bosco

A China virou uma potência militar porque ela que ser a potência dominante e hegemônica no mundo e para isso terá que lutar com os outros globalistas (os ocidentais e os islâmicos) ou pelo menos terá que dissuadi-los a não lutar e aceitar serem coadjuvantes (capachos).
Direito dela tentar e direito dos outros tentarem impedí-la.
Um problema sério a se resolver caso a ambição chinesa se concretize já está praticamente resolvido, que é a queda de podre da Rússia, que em tese será sua aliada junto com outras pujantes “democracias” e “repúblicas” na sua cruzada contra o Ocidente.

Andromeda1016

Se a Rússia for mesmo para o papel de coadjuvante, se aliará à China a contragosto e de forma parcial, pois a China não é uma aliada de confiança, vide a coreia do norte que apesar de todo o problema que enfrenta hoje não é aliada plena da China, e o gordo kim Jong un já chegou a confidenciar aos gringos que a presença deles na Coréia do Sul é que impede os chineses de avançarem dentro da Coreia do Norte. Duvido que a Rússia se torne mera coadjuvante no futuro e nesse caso a Otan e a China deverão… Read more »