Navio das Filipinas deixa águas disputadas enquanto China proclama vitória
Um navio da guarda costeira das Filipinas deixou as águas próximas de uma área disputada no Mar do Sul da China após meses de impasse com a China. A mídia estatal chinesa comemorou o ocorrido, afirmando que o país “frustrou” os objetivos das Filipinas na região.
O BRP Teresa Magbanua, um dos maiores navios da guarda costeira filipina, foi forçado a sair do recife Sabina, nas Ilhas Spratly, após tentativas frustradas de reabastecimento, bloqueadas pelas forças chinesas. O recife fica dentro da zona econômica exclusiva das Filipinas, reconhecida internacionalmente, a apenas 120 km de Palawan.
O Teresa Magbanua foi enviado à área em abril, depois que grandes quantidades de corais triturados foram encontradas, levantando preocupações de que a China estivesse planejando construir uma ilha artificial, como fez em outros locais nos anos 2010. Dados de rastreamento de navios mostraram que o navio deixou o atol na sexta-feira e seguiu para o Mar de Sulu.
Nas últimas semanas, a China enviou grandes contingentes de navios da guarda costeira e da “Milícia Marítima” paramilitar para manter o bloqueio. Imagens divulgadas pelos dois países mostram navios chineses colidindo com o Teresa Magbanua, e as Filipinas publicaram fotos dos danos causados aos seus navios.
VÍDEO: Navio chinês abalroa o BRP Teresa Magbanua
O porta-voz da guarda costeira filipina, Jay Tarriela, afirmou que o Teresa Magbanua foi forçado a voltar ao porto devido às condições meteorológicas, falta de suprimentos e necessidade de evacuar tripulantes que precisavam de cuidados médicos. Ele negou que a retirada significasse perda de território, afirmando que o recife ainda faz parte da zona econômica exclusiva filipina.
Em uma conferência de imprensa, Tarriela detalhou as dificuldades enfrentadas pela tripulação, incluindo a escassez de água potável. Fotos mostram membros da guarda costeira sendo retirados do navio em macas, sofrendo de desidratação devido à falta de suprimentos.
Até o momento, o governo chinês não comentou oficialmente o incidente. No entanto, o jornal estatal chinês Global Times afirmou que o país teve uma “resposta bem-sucedida” ao bloquear os planos das Filipinas.
O Global Times acrescentou que a retirada do navio ocorreu poucos dias após conversas bilaterais entre os dois países sobre disputas no Mar do Sul da China. O Ministério das Relações Exteriores da China confirmou que ambas as partes concordaram em manter as linhas de comunicação abertas.
Analistas alertam que a atividade chinesa perto de Palawan representa uma nova frente na disputa territorial de longa data, além dos conflitos em Scarborough Shoal e no recife Second Thomas. A China acusa as Filipinas de tentar ocupar ilegalmente o recife Sabina, semelhante à sua alegação sobre o recife Second Thomas.
Em 2016, um tribunal internacional rejeitou as amplas reivindicações da China no Mar do Sul da China, onde ela disputa território com as Filipinas, Vietnã, Indonésia, Malásia, Brunei e Taiwan. As Filipinas têm um tratado de defesa mútua com os EUA, que o presidente Joe Biden descreveu como um “compromisso inabalável”.
FONTE: Newsweek