A História Naval e o Cinema: ‘Comandante’ (2023)
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
Comandante é um drama de guerra Italiano, lançado em 2023, baseado no livro homônimo de Sandro Veronesi e co-escrito por Edoardo de Angelis. O Longa, protagonizado pelo ator Pierfrancesco Favino, foi inspirado numa história verídica. Ela diz respeito a vida de bordo no submarino italiano, Comandante Cappellini, em patrulha durante a Guerra Aeronaval no Atlântico na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Sou Italiano, tenho 2.000 anos de
civilização sobre meus ombros.
Afundamos o navio inimigo, mas o
homem? O homem nós salvamos”.
A história se passa em 1940, quando o submarino Cappellini, comandado por Salvatore Todaro (1908-1942), identifica o navio mercante belga Kabalo, que participava de um comboio transportando material bélico para os britânicos. O navio mercante possuía um canhão, estava nas proximidades da Ilha da Madeira e navegava com as luzes apagadas. Mesmo assim, ele foi atacado e afundado com tiros de canhão do submarino Cappellini.
Após o afundamento, o Comandante Todaro decide, de forma inusitada, resgatar, por meio de embarcações salva-vidas, 26 náufragos. Com essa decisão, ele é forçado a navegar na superfície durante 3 dias, pois estava rebocando as embarcações salva-vidas. Dessa forma, transportaria os sobreviventes para o porto seguro mais próximo (Vila do Porto, Ilha de Santa Maria – Portugal), porém tornava o seu próprio submarino mais vulnerável as múltiplas ameaças, em especial, aos bombardeiros britânicos.
Posteriormente, ele faria o mesmo ao afundar o Navio Mercante Shakespeare, ou seja, resgataria náufragos, que, neste caso, foram levados para Cabo Verde.
O Almirante Karl Dönitz, Comandante da Força de Submarinos da Marinha Alemã, discordava das ações humanitárias do Comandante Salvatore Todaro e o chamava de “Dom Quixote do Mar”.
O filme é intenso e o ambiente de pressão a bordo é percebido no comportamento da tripulação. A liderança do comandante é marcante. O Comandante Todaro era culto, diferenciado e possuía características de um líder carismático. Ao longo da história, apesar de criticado por sua conduta nos diversos salvamentos dos náufragos inimigos, a Marinha Italiana o condecorou e o homenageou ao denominar uma corveta (F550) e um submarino (S 526) com o seu nome.
- Filme: Comandante (2023)
- Diretor: Edoardo de Angelis
- Atores: Pierfrancesco Favino, Johan Heldenbergh, Massimiliano Rossi
Referências Bibliográficas e Sites Consultados
- BELOT, R. de. A guerra aeronaval no Atlântico. Rio de Janeiro: Record, 1972.
- https://www.youtube.com/watch?v=-QJu9PQsvmI&t=17s
- BATALHA DO ATLÂNTICO: O COMANDANTE QUE SALVOU OS INIMIGOS
- https://c7nema.net/entrevistas/item/124649-kustendorf-nas-aguas-de-comandante.html
- https://www.youtube.com/watch?v=pzAz4UUYyUo Trailler Legendado
Deixo aqui minha sugestão: The Silent Service, série da prime video. Infelizmente conta com legendas apenas em inglês.
Os serviços de streaming revolucionaram o serviço de mídia.
Não lembro a última vez que assisti um Jornal Nacional.
No mínimo fazem uns 10 anos. No mínimo.
Não tenho tido tempo de assistir de modo constante.
Finalmente consegui finalizar Godfather of Harlem. Um obra prima do gênero.
Gosto e priorizo biografias.
Agora vou começar a assistir os que ainda não conhecia postado aqui no Trilogia.
Filme com tema guerra/militar e ainda verídicos normalmente caem como uma luva.
E fica um agradecimento a redação pelo trabalho de seleção.
Revolucionou e eu tb não assiso mais tv mas muita coisa está se perdendo. Torrents estão com poucos seeders vários sites te armazenamento caíram. Se vc gosta de um filme mais ou menos raro eu recomendo que salve em um hd externo ou pendrive.
Realmente eu tinha muitos filmes gravados em DVD e salvei séries e filmes mais recentes e alguns mais antigos em HDexterno
Com muita justiça a Itália tem hoje uma classe de submarinos conhecida como classe Todaro de 4 unidades.
“Sou Italiano, tenho 2.000 anos de civilização sobre meus ombros. Afundamos o navio inimigo, mas o homem? O homem nós salvamos”. Essa fidalguia ou, em última análise, humanidade, não era característica do povo, mas do homem em comando, e só. É difícil afirmar quem, nas mesmas circunstâncias, agiria de tal ou qual forma. Podemos apenas nos envergonhar ou nos orgulhar sobre o que fizemos, mas não teorizar sobre o que iremos fazer. A título de ilustração daquela guerra, do “lado civilizado”, como a história escrita pelos vencedores descreve, o USS Wahoo, um submarino da classe Gato, com seis estrelas de… Read more »
Grande Ozawa, quanto ao Morton, muitas vezes o modo de agir de um inimigo pode causar insensibilidade – na falta de palavra melhor – e os japoneses estavam sendo particularmente cruéis, como no livro “Blood and Bushido” que de tão interessante o li em um único dia, que trata da morte de náufragos civis por submarinos japoneses após o torpedeamento dos navios. . Morton acreditava que tropas japonesas que sobrevivessem – ele não sabia sobre prisioneiros indianos – alcançariam a terra e voltariam a combater ceifando vidas de soldados e fuzileiros navais dos EUA e aliados. . Vivemos em um… Read more »
Dalton, eu confesso que me des-sensitivizei em relação à combate no Pacífico. Após ler inúmeros livros, sejam de experiências pessoais como os que inspiraram a série “The Pacific” (embora eu ache o livro do Leckie um tanto proseado demais, mas ainda bem válido), tanto quanto por livros mais acadêmicos como os três livros do Richard B. Frank (“Tower of Skulls,” “Guadalcanal” e “Downfall” – Excelentes, por sinal), é difícil não entender (mesmo discordando em princípio) ações como essas. Para a maioria dos soldados, marinheiros e fuzileiros dos EUA e nações aliadas em combate na região, os Japoneses só seriam vencidos… Read more »
Do “Leckie” ainda tenho o “Desafio no Pacífico” e acho que você acertou quanto ao “proseado” é uma característica dele igual a outro livro que tive.
.
A Guerra no Pacífico é um assunto muito abrangente e fascinante, batalhas navais, aéreas, terrestres, desembarques anfíbios, bravura e sacrifício de ambos os lados e episódios obscuros também.
.
E pensar que agora mesmo um navio japonês com o nome de um dos NAes que atacou Pearl Harbor encontra-se em San Diego para testes com o F-35B 🙂
Grande Dalton! Seu comentário só será mal interpretado por alguém com muita desonestidade intelectual.
E um adendo ao meu comentário, como você certamente sabe, Morton não sobreviveu à guerra, afundando com toda sua tripulação e seu barco em 1943 ao largo de Hokkaido, cujos destroços quase intactos foram recentemente descobertos.
Ele, aliás, foi um dos consultores técnicos do filme Destino Tóquio, 1943, com Cary Grant.
Não muda nada! Todos nós somos criminosos e fazemos atrocidades para ganhar a guerra! Porque? Porque somos humanos e nunca entendemos a paz!
Interessante, mas poderia falar também onde podemos assistir o filme
Pelo o que vi, em nenhum lugar. Geralmente esses serviços de streaming só tem em catálogo o que eles querem mostrar, quase nunca o que a gente quer ver. Acho que só comprando em algum dvd ou blu-ray importado.
Muito interessante. Será que fizeram filmes sobre Otto Kretschmer e sobre o lendário Lothar von Arnauld de la Perrière também?
Eu li que um submarino alemão ao resgatar sobreviventes de um navio torpedeado foi atacado por aviões aliados, mesmo portando bandeiras brancas e tendo avisado do resgate. Tal fato enfureceu o comando, que proibiu os submarinos alemães de resgatarem vítimas.
Foi o Incidente ‘Laconia’. Inclusive tem um excelente filme/minis-série (2 capítulos) sobre isso.
Detalhe interessante é que um dos submarinos destacados para ajudar no resgate dos sobrevivente, tinha vindo direto da costa do Brasil. Foi o submarino que fez a limpa por aqui e nos levou à declarar guerra.
Obrigado. Qual o nome da minissérie?
De nada.
É o “The Sinking of the Laconia”
Muito obrigado. Vi que é da BBC
Eu queria que fizesse um filme do Submarino Italiano que afundou na costa do Nordeste. Acho que o nome era Arquimedes
Assistido agora por conta da matéria, excelente recomendação, obrigado!