Liu Huaqing: O ‘Pai do Porta-Aviões Chinês’ e a visão que transformou a Marinha da China
O general/almirante Liu Huaqing é considerado o “Pai do Porta-Aviões Chinês”, sendo a figura visionária por trás da presença naval da China no Pacífico e da criação do primeiro porta-aviões do país, o Liaoning.
Liu passou grande parte de sua vida dedicado ao desenvolvimento e fortalecimento da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA Navy), defendendo incansavelmente a expansão naval chinesa. Se estivesse vivo, Liu certamente se orgulharia dos porta-aviões Liaoning, do Shandong e do Fujian, que simbolizam a concretização de seu sonho.
Nos últimos dias de vida de Liu, em janeiro de 2011, diversos comandantes navais foram visitá-lo. Ele expressou seu último desejo: “Não consigo fechar meus olhos sem ver o porta-aviões.” Os comandantes prometeram que fariam de tudo para que o primeiro porta-aviões fosse comissionado no ano seguinte, o que permitiu a Liu fechar os olhos em paz.
Sua dedicação a essa visão começou em 1970, quando, como vice-chefe de operações navais, ele propôs pela primeira vez que a China analisasse a necessidade de ter porta-aviões. Na época, muitos consideraram sua ideia impraticável, pois o país mal possuía destróieres e enfrentava as consequências da Revolução Cultural, com a população passando por grandes dificuldades.
Liu, porém, não se intimidou. Ele enfatizou que um terço do território chinês era composto por mares circundantes e questionou como o país poderia defendê-los sem uma força naval moderna. Ele relembrou o passado de invasões e desmembramentos sofridos pela China nas mãos de potências ocidentais, o que reforçou a necessidade de uma estratégia naval focada na proteção das águas territoriais.
Logo após essa reunião, Liu criou uma força-tarefa dedicada ao estudo de porta-aviões, incluindo modelos, estratégias de operações e tecnologias necessárias. Ele também iniciou programas para formar cientistas e especialistas em tecnologia naval. Em 1975, Liu passou uma semana apresentando suas propostas a Mao Zedong e, cinco anos depois, visitou os Estados Unidos como chefe da Marinha. Durante essa visita, ele embarcou nos porta-aviões americanos USS Kitty Hawk e no USS Ranger, experiência que o marcou profundamente. Em suas memórias, ele relatou: “Lágrimas encheram meus olhos. Fiz uma promessa ao meu país de que a China teria um porta-aviões antes que eu morresse.”
Liu também foi pioneiro na criação de um programa de treinamento para comandantes de porta-aviões e foi crucial na aquisição do porta-aviões ucraniano Varyag, que viria a ser reconstruído e renomeado como Liaoning. Essa compra representou um marco na estratégia naval chinesa e consolidou a visão de Liu para a Marinha.
Sua determinação e visão moldaram a doutrina naval da China moderna, estabelecendo o conceito de “teoria das águas territoriais”, que fundamenta a defesa e expansão da presença naval chinesa nas águas do Pacífico. Liu acreditava que, sem uma Marinha forte, a China não poderia garantir sua soberania nas águas circundantes.
Graças à visão e ao legado de Liu Huaqing, a China agora opera com o Liaoning e o Shandong, dois porta-aviões que simbolizam o poder naval crescente da Marinha chinesa, enquanto testa o novo Fujian, que deverá entrar em operação em breve. O sonho de Liu de ver a China como uma potência naval foi mais do que realizado, e sua influência continua a moldar a estratégia marítima do país até os dias de hoje.
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