Royal Navy vai desativar navios de assalto anfíbio e navios-tanque como parte de cortes orçamentários no Reino Unido
O secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, anunciou uma série de cortes que incluem o descomissionamento dos antigos navios de assalto anfíbio HMS Albion e HMS Bulwark, além de uma fragata Type 23 e dois navios-tanque da classe Wave. Esses cortes, parte de uma estratégia de economia, têm como objetivo economizar £150 milhões nos próximos dois anos e até £500 milhões em cinco anos, atribuindo as medidas a um “legado desastroso” deixado pelo governo anterior.
Os drones Watchkeeper, considerados obsoletos após uma década em serviço, também serão retirados, assim como 14 dos mais antigos helicópteros Chinook e 17 helicópteros Puma, alguns com mais de 50 anos de operação. Healey enfatizou que o foco é modernizar a capacidade militar do Reino Unido, substituindo equipamentos desatualizados por tecnologias mais avançadas, embora as decisões sejam consideradas difíceis.
Healey declarou que HMS Albion e HMS Bulwark já estavam efetivamente fora de serviço devido a decisões de governos anteriores, mas ainda consumiam £9 milhões anuais em manutenção. Embora os dois navios sejam os únicos da Marinha Real capazes de realizar operações anfíbias, ele garantiu que a lacuna será preenchida por navios de suporte multiuso (MRSS), cuja entrada em serviço está prevista apenas para 2033.
A decisão foi criticada por alguns parlamentares, como Sir Julian Lewis, que classificou o anúncio como um “dia sombrio para os Royal Marines”. Healey rejeitou essa visão, argumentando que a Estratégia de Defesa e Revisão Estratégica (SDR) reforçará o futuro da força de elite dos Marines, mesmo com a retirada dos navios de assalto anfíbio.
O impacto dos cortes foi amplamente debatido no Parlamento. O secretário-sombra de defesa, James Cartlidge, destacou que os navios poderiam ser reativados em caso de guerra, questionando se a remoção definitiva dessa capacidade comprometerá a eficácia operacional dos Royal Marines. Ele também criticou o fato de as decisões serem tomadas antes da revisão estratégica prometida pelo Ministério da Defesa.
Outras críticas vieram dos Liberais Democratas, com Richard Foord questionando os prazos para a substituição dos helicópteros e dos navios de suporte, destacando que os novos helicópteros de médio porte devem entrar em operação apenas na próxima década. Foord alertou sobre lacunas nas capacidades operacionais até que os novos equipamentos estejam disponíveis.
Apesar das críticas, Healey afirmou que nenhum membro das Forças Armadas será demitido e que o pessoal afetado será realocado ou treinado para novas funções. Ele também anunciou novos incentivos de retenção para os militares, buscando amenizar os impactos das medidas e apoiar o pessoal em serviço.
Especialistas em defesa, como Matthew Savill, do RUSI, consideram que muitas das capacidades cortadas já estavam perto de se aposentar ou em baixa prontidão. Ele destacou que os cortes refletem as restrições orçamentárias enfrentadas pelo Ministério da Defesa, apesar do cenário internacional desafiador, e colocou em foco a necessidade de definir o futuro dos Royal Marines e a sustentabilidade da capacidade da frota.
No contexto de pressões econômicas e desafios geopolíticos, as decisões de Healey sinalizam uma tentativa de equilibrar a modernização militar com as restrições financeiras, mas deixam questões em aberto sobre como as lacunas na capacidade operacional serão gerenciadas no curto e médio prazo.
FONTE: Forces News