Kure: O passado e o presente da indústria naval militar japonesa em um passeio imperdível

Por Carlos H. Miyagi
Especial para o Poder Naval
A cidade de Kure, localizada a menos de uma hora de trem de Hiroshima, é um destino imperdível para os entusiastas da história naval. Famosa por ter abrigado uma das maiores bases navais do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, a região foi o berço do lendário encouraçado Yamato, a maior belonave já construída pela Marinha Imperial Japonesa.
Atualmente, os visitantes podem explorar essa rica história através de uma série de museus e passeios, entre eles o “Bay Ship Tour”, um cruzeiro que oferece uma visão privilegiada da atual indústria naval e das embarcações da Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF).
Museus e memórias da Segunda Guerra
A primeira parada obrigatória para os visitantes é o Museu Yamato, que fica a apenas 10 minutos de caminhada da estação de trem de Kure. O espaço conta com uma impressionante maquete em escala 1/10 do Yamato, além de exibições sobre a engenharia e história do navio. Entre os destaques estão um caça Zero e um mini-submarino Kairyu, que ajudam a contextualizar a estratégia militar japonesa da época.
Mais informações: Yamato Museum
Ao lado do Museu Yamato, está localizado o Museu da JMSDF, que oferece uma visão sobre as operações navais contemporâneas do Japão. A principal atração é o submarino Akishio, que pode ser visitado por dentro, proporcionando uma experiência única de imersão na vida de um tripulante submarinista.
Mais informações: JMSDF Museum
O passeio de barco “Bay Ship Tour”
Para aqueles que desejam explorar ainda mais a história e a modernidade da indústria naval japonesa, o “Bay Ship Tour” é uma excelente opção. Com duração aproximada de 20 minutos, o passeio parte de um pier próximo aos museus e é guiado em japonês. Durante o trajeto, os visitantes passam pela doca onde foi construído o Yamato, atualmente operada pelo estaleiro Japan Marine United Corporation (JMU), e pelo antigo arsenal da Marinha Imperial Japonesa.
O passeio segue em direção às embarcações da JMSDF, proporcionando vistas impressionantes de diversos destroyers, fragatas e submarinos. Com um pouco de sorte, os visitantes podem avistar o recém convertido porta-aviões DDH-184 Kaga, um dos maiores navios da atual frota japonesa, baseado em Kure.
O passeio é uma oportunidade única para conhecer de perto tanto a história quanto a modernização da Marinha Japonesa. Seja para entusiastas da história naval ou curiosos em geral, Kure se firma como um destino imprescindível para quem visita a região de Hiroshima.
É até curioso quando você lembra que a IJN foi “cria” da Royal Navy, antes de ambos estarem de lados opostos na guerra…
Sobre o Yamato, por mais icônico, imponente e famoso que ele tenha sido, e ainda seja, no fundo, ele foi talvez a mais cara e mais inútil arma já criada.
O problema do Yamato foi o mesmo de todos os encouraçados: o porta aviões.
Cruzadores e encouraçados se tornaram alvos grandes demais. Destroires se tornaram os pilares de defesa antiaérea. E mesmo hoje, o maior navio que está na ativa é um destróier/cruzador Type 055 deslocando 13 mil toneladas. Os portas aviões seguem sendo a nau principal desde os anos 40.
Os americanos “Zumwalt” e o russo “Pyotr Velikiy” são ainda maiores que os 055 da China.
Mas isso é somente um detalhe!
O “irmão” dele, Almirante Nakhimov já foi totalmente modernizado e está em testes de mar. Deve retornar à ativa no ano que vem e o Pyotr Velikiy deve ser aposentado.
28.000 toneladas de deslocamento. Mais que o Dobro do Type 055 chinês.
Pegando um gancho no comentário a tendência para a próxima década é ter algumas classes de navios bem maiores que os precedentes seja para substituir os atuais, caso da F-126 alemã e T-83 britânica no lugar respectivamente das F-123 e T-45s ou para complementar os Arleigh Burkes FIII como o DDG(X).
Verdade. Tem também os novos DDX italianos que parece que terão deslocamento de cerca de 13.000 toneladas. Os DDG(X) americanos deverão ter deslocamento de 13.500 T. Já as Type 83 britânicas e as Fragatas F126 alemãs terão cerca de 10.000 t de deslocamento. Ainda assim ficam muito distantes das 28.000 t dos Kirov. O Nakhimov totalmente modernizado deve ter ficado muito poderoso, é um monstro com 176 mísseis de longo alcance + mísseis de Médio e curto alcance. Mas acho que construir um navio novo com este tamanho não deve compensar. Para os russos talvez tenha sido um bom investimento… Read more »
Exato, mas não era tão óbvio na época que os porta aviões iriam assumir a supremacia.
Já era, sim, como os Fleet Exercise ou Problem provaram. Até os japoneses sabiam. O que aconteceu é que eles não podiam construir e repor seus porta-avioes e aeronaves perdidos em ação. Encouraçado, como a Batalha Decisiva, na IIGM já era coisa da I GM. E não era só o encouracado japonês, lento e gigante, era todo encouraçado, mesmo os fast battleship dos EUA. A reativação temporária dos Iowa nos 1980 foi uma reação defensiva improvisada. A guerra mudou. Muito. Já nos anos 1950. Imagine hoje. Não há nenhuma semelhança, a não ser mera nomenclatura, entre a guerra e seus… Read more »
Aqui, uma visão geral dos Fleet Problems ou Exercises dos 1920 e 1930: https://cimsec.org/the-fleet-problem-exercises-an-investment-in-the-future/ Aqui, como os CVs provaram serem superiores ao BBs: https://www.usni.org/magazines/naval-history/2025/february/rekindling-innovation-naval-exercises-fleet-problem-0 Cito um trecho do artigo acima: “According to common understanding, the so-called battleship admirals dominated the interwar Navy and resisted any attempt to implement carrier aviation. But the fleet problems demonstrated not only an interest in carrier aviation, but also an intense desire to determine the best ways to use it. Over the course of the annual exercises, carrier doctrine developed from operating as mere support to the battleship line, into leading the carrier task forces… Read more »
O Yamato ou o Musashi não me lembro bem foi afundado por submarinos.
Ambos foram torpedeados por submarinos durante suas curtas vidas, mas os danos foram reparados. O que de fato os afundou foram bombardeiros de NAes.
Apenas o terceiro navio da classe, que nunca foi completado como encouraçado mas sim como porta-aviões, o Shinano, foi afundado pelo submarino USS Archerfish.
Eu acho que ele foi mal usado.
Se o Almirante Kurita não tivesse recuado na Batalha do Golfo de Leyte, talvez hoje não você não diria que o Yamato foi uma arma inútil. Até hoje não compreendo a decisão do Almirante, o plano japonês foi concebido para surpreender a frota de invasão americana, sacrifícios foram feitos, e o plano deu certo, mas depois de um ataque inicial, Kurita desiste!
Em algum livro aqui em casa lembro de ter lido que o Almirante Yamamoto disse que o “Yamato” era tão útil em uma guerra moderna como uma espada de samurai.
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Quanto à “retirada de Kurita” há também àqueles que o defendem…
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https://www.usni.org/magazines/naval-history-magazine/2004/october/understanding-kuritas-mysterious-retreat
Texto excelente. Chamou minha atenção a personalidade perversa de Ugaki: supersticioso (tomou uma águia sobre o mastro do Yamato, que comandava no tempo da Batalha de Leyte, como um bom augúrio) e suicida (depois da ordem de rendição, tomou de alguns aviões e foi pra morte certa numa frívola ação kamikaze). Parece bater com descrições da personalidade autoritária bem estudada por Adorno. Mas também pode ser uma ficção de liberdade – é que compôe um bonito quadro o deboche e desprezo, respectivamente, dos marinheiros e mecânicos (experientes, realistas e estoicos), a massa comandada, contra as excentricidades de Ugaki, um representante… Read more »
O curioso de todo esse poderio atual, a Marinha Japonesa começou a “encostar” alguns navios por não ter tripulação ou que tenha que complementar a de outros navios.
O que será que está acontecendo ? 🤔
Excesso de baixas ?!
Muitos pedindo reserva ?!
Ou deve ser quantidade demasiado de meios sem haver um processo de chamamento/ engajamento para recrutar militares da ativa ?! 🤷♂️
–Foi apontado que o ambiente de trabalho na MSDF, especialmente em seus navios, é tão severo que é difícil atrair pessoas. No caso de navios de superfície, eles podem ficar no mar por até quase meio ano. Tudo o que vocês podem ver todos os dias é o mar, e viver juntos em um espaço pequeno pode ser estressante. Existe um termo chamado “mágica dos 100 dias” usado durante viagens de treinamento de longa distância. Por volta do 100º dia de viagem, há um período em que até mesmo aqueles que antes eram bons amigos percebem que seus relacionamentos ficam… Read more »
Coincidentemente ao procurar outra coisa “trombei” com esse artigo dias atrás, talvez ajude.
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https://japannews.yomiuri.co.jp/editorial/yomiuri-editorial/20250111-232518/
Obrigado Dalton; Segue mais ou menos o que falei lá no post acima acrescentando os baixos salários cargas de trabalho elevada (muito tempo em alto mar) condições insalubres de trabalho além de não ter uma sala de recreação para algum momento de lazer. Obs: eu fui em uma missão de paz pela ONU (8 meses e 27 dias total da missão), a gente tinha salão, alimentação boa, Dentista a bordo Capelão dando orientação a todos, salário pago pela ONU por estar em desmembramento no exterior. Não foi fácil não. Sem contar que o local é um barril de pólvora a… Read more »
Parabéns, Burgos.
Qualquer dia, lá no Centro Nerd do Dalton…magnífico, com patrocínio do PN, você faz um relato bacana de um de seus momentos bacanas servindo uma MB bacana?
Tu fala e escreve com paixão. Parabéns.
Istivis;
Bom dia;
Foram 30 anos 8 meses e 27 dias.
Tem muita história pra contar, tanto boas como ruins.
“Sou marinheiro e outra coisa não quero ser”
Marquês de Tamandaré
Burgos, vamos marcar uma live no nosso canal Forças de Defesa.
Grande Galante;
Sim qualquer dias desses vamos realizar uma live geral aí com a galera do blog com grande satisfação.
Só vou pedir um time no dia 11/03 e 13/03 tô levando a Dona Encrenca no médico foi diagnosticada com câncer no seio e fibromialgia e tá fazendo alguns exames preventivos e esqueci de falar, Sou vovô agora pela 3ª vez as coisas tão um pouco corridas aqui em casa, mas vamos fazer sim 🙌.
Grande abraço a todos
Torcemos para que tudo corra bem com sua esposa. Abs!
Fibrose na mama tira no bisturi. Câncer…tira e bota silicone. Fica 10.
Saúde eterna pra vocês. Estarei mentalizando.
Burgos, que tudo fique bem meu caro. Estou na torcida.
Votos de pronto restabelecimento para sua esposa.
Pelo amor do Deus Pai.
Teve aquela live com o Salles e o Nunão…cachorro latinho, conexão caindo, criança chorando, som sumindo, chixxxiiiichiado, porta batendo.
Se vão fazer live…façam live ensaiada, com pauta, com som e imagem bacanas, sem parente por perto e importante:
Galante e Poggio devem tomar um pré treino com taurina, arginina, b12, b6, vitamina C, cafeína, vitamina E, ginseng e…e…acho que tá bom.
E foco na câmera. Atenção com quem Está assistindo.
Por isso que pedi um time até as coisas se estabilizarem aqui em casa 😰🤣
E bem assim mesmo que tá aqui em casa, nenê chorando o cachorro late direto lá no portão de casa meu genro louquinho correndo na cozinha pra fazer as coisas 😰
tá uma loucura só 🤪
Quando todo mundo levantar âncora aqui em casa a gente faz uma live legal sem cortes ou interrupção e sem comerciais 👍
Genro dentro de casa…na cozinha!
Burgos…volta pra MB.
Bem que eu queria 😰
Mas não dá mais, tô todo pembado de Saúde.
Acho que nem me aprovam para tempo de tarefa certo (TTC)🤷♂️
Na Prefeitura aqui da cidade onde moro recebi convite pra ser assessor de Secretário de assuntos comunitários, mas aí eu tô fora, não é pra mim.
Dizem que nessa cidade tem os melhores lugares para comer o famoso Curry da Marinha.
Sim, a refeição do marinheiro japonês, seja da IJN ou da JMSDF, sou neto de marinheiro japonês.
Sim, inclusive passando lá vc pode até experimentar os pratos servidos a bordo..
https://daisetsuzan.blogspot.com/2018/12/kures-submarine-alley.html
A cidade ‘de Kure’…? → The Cure: Friday I’m in Love
Ela aprece no desenho animado “Nesse Canto do Mundo” de Katabuchi Sunao, baseado no gibi de Kno Fumiyo. Tem uma versão com atores de carne osso também e conta a história de uma jovenzinha de Hiroshima que se casa justamente quando o Japão entra na Segunda Guerra Mundial e vai murar justamente em Kure. Dá pra assistir sem medo pois nada tem a ver com os desenhos nada animados que fazem sucesso hoje.
Bela obra de arte
No quesito beleza, as Marinhas Japonesa e Italiana são as maiores potencias mundiais
Fantástico. Lindo.
O Yamato . Imaginem a carga emocional e histórica deste grande e poderoso navio.
Caramba que quantidade impressionante de canhões navais e anti aéreos tinha o Yamato e acredito que o Musashi também tinha por ser da mesma classe do Yamato.
Ambos tiveram as torretas laterais com 3 canhões de 6,1 polegadas removidas, mas apenas o “Yamato” recebeu 12 canhões extras de 5 polegadas A/A enquanto o “Musashi” teve que contentar-se com um número maior de canhões de 25 mm.
A doutrina japonesa era ter a maior emelhor frota em todas as categorias de navios. lembrar que: japoneses já sabiam da importância dos porta aviões. Já tinham ótima esquadra destes navios quando atacaram pearl harbor e midway estavam caçando mesmo era os porta aviões os encouraçados já estavam prontos ou em término. porta aviões começaram a ser vistos como armas realmente perigosas foi depois do ataque inglês a Taranto O maior problema japonês era ter uma marinha mercante que não acompanhou as perdas e a doutrina deles de atacar e atacar e deixar seus mercantes dando mole. Pouco se fala,… Read more »
Os dois museus parecem fantásticos realmente…na minha futura viagem ao Japão (2027), eu solicitei à patroa apenas um dia (somente um dia) de livre arbítrio justamente para visitar Kure… Ela permitiu, pq afinal tem lojinha…
https://daisetsuzan.blogspot.com/2016/10/the-yamato-museum-of-kure.html
Agradeço o relato…