Submarino italiano ‘Archimede’: a última missão no Atlântico Sul

Em abril de 1943, o submarino italiano Archimede foi afundado por aeronaves norte-americanas na costa brasileira. A tragédia marcou o fim de uma das mais longas patrulhas da Regia Marina no Atlântico Sul durante a Segunda Guerra Mundial
Um submarino de longo alcance
O Archimede, construído em 1939 no estaleiro Tosi, em Taranto, fazia parte da classe Brin, projetada para missões oceânicas de longo alcance. Com 72,5 metros de comprimento e deslocamento de 1.000 toneladas na superfície, era equipado com dois motores diesel de 1.500 hp e dois motores elétricos de 550 hp, permitindo velocidades de até 17,3 nós na superfície e 7,8 nós submerso. Seu armamento incluía oito tubos de torpedos de 533 mm (quatro na proa e quatro na popa), um canhão de convés de 100 mm e metralhadoras antiaéreas de 13,2 mm.
A missão fatal

Em 15 de fevereiro de 1943, o Archimede partiu de Bordeaux, França, para sua 12ª missão, com destino à costa brasileira, nas proximidades dos Rochedos de São Pedro e São Paulo. Após mais de um mês sem avistar embarcações inimigas, em 15 de abril, foi localizado por um hidroavião PBY Catalina da Marinha dos EUA, baseado em Natal. O submarino tentou reagir com fogo antiaéreo, mas foi atingido por bombas que danificaram suas escotilhas dianteiras e sistemas internos, impedindo-o de submergir.
Cerca de 45 minutos depois, outro Catalina atacou, lançando bombas que atingiram o compartimento traseiro, provocando explosões nos torpedos armazenados. O Archimede afundou de popa, com a proa erguida a cerca de 50°, desaparecendo às 16h25 na posição 3°23′S 30°28′W. Nas fotos abaixo, o ataque ao Archimede.
Sobreviventes e resgate
As aeronaves avistaram entre 30 e 40 sobreviventes na água e lançaram três balsas salva-vidas. No entanto, um avião enviado no dia seguinte não conseguiu localizá-los. As balsas derivaram por vários dias; no sétimo dia, os sobreviventes avistaram um navio, mas não foram resgatados. A maioria morreu devido a ferimentos e falta de água. Após 29 dias à deriva, uma balsa chegou à Ilha de Bailique, próxima à foz do rio Amazonas, onde um único sobrevivente foi encontrado delirando por pescadores brasileiros.

Legado
O afundamento do Archimede destaca a presença da Marinha Italiana no Atlântico Sul durante a Segunda Guerra Mundial e a atuação das forças aliadas na proteção das rotas marítimas. A história do submarino é lembrada como um episódio marcante da guerra naval na costa brasileira.
Tem algum livro ou filme sobre o ocorrido?
SANDER, Roberto. “O Brasil na mira de Hitler”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.