Fragata australiana HMAS Toowoomba navega meio milhão de milhas náuticas – e a MB?
Marca da fragata classe ‘Anzac’ foi alcançada em 17 anos de serviço, e para colocar esses números em perspectiva, trazemos aqui um mapa diferente do comum, para reflexão, e alguns marcos de uma fragata da Marinha do Brasil, a Niterói
Na segunda quinzena de maio, a Real Marinha Australiana (RAN) divulgou nota sobre um marco atingido por uma das fragatas da classe “Anzac”, a HMAS Toowoomba: meio milhão de milhas náuticas navegadas desde seu comissionamento, em 8 de outubro de 2005, há 17 anos. Como comparação, a nota da RAN informou que essa distância equivale a 23 vezes a circunferência da Terra ou uma ida e volta à Lua.
O primeiro marco de milhas navegadas veio em apenas três anos de serviço, quando superou 100.000 milhas náuticas. A nota também destacou outros fatos da vida operativa do navio, como a modernização de suas capacidades antimíssil em 2016, com nova suíte de radares e integração dos mísseis ESSM. Mais recentemente, a HMAS Toowoomba completou outra modernização prevista para a classe “Anzac”, com melhorias nas máquinas, comunicações, entre outras.
Características da HMAS Toowoomba
O navio é parte da classe “Anzac”, de oito navios do tipo Meko 200, que foi um projeto de muito sucesso comercial, operando também em outras marinhas como da Nova Zelândia, Grécia, Portugal e Turquia, em diversas configurações de sensores e armamentos conforme o país (não confundir com a mais nova Meko A200, que é um novo navio, de linhas mais furtivas e maior deslocamento, operado inicialmente apenas pela África do Sul, e mais recentemente também pela Malásia e Egito). Segundo a RAN, estas são as características atuais do navio:
- Construtor: Tenix Defence Systems
- Batimento de quilha: 26 de junho de 2002
- Lançamento: 16 de maio de 2003
- Incorporação: 8 de outubro de 2005
- Deslocamento: 3.600 t
- Comprimento: 118 m
- Boca: 14,8 m
- Calado: 4,5 m
- Velocidade máxima: acima 27 nós
- Alcance: 6.000 milhas náuticas a 18 nós
- Tripulação: 177
- Propulsão: CODOG – 1 turbina a gás GE LM2500 e dois motores diesel MTU 12V 1163
- Armamento: mísseis anti-aéreos ESSM em lançadores verticais Mk 41, mísseis antinavio Harpoon, canhão principal de 127 mm, 4 metralhadoras de 12,7 mm, 2 lançadores triplos de torpedos antissubmarino
- Contramedidas físicas: lançadores de despistadores Loral Hycor SBROC, BAE Nulka e SLQ–25C (antitorpedo).
- Contramedidas eletrônicas: JEDS 3701 e Telefunken PST-1720
- Sensores: radares Raytheon SPS-49(V)8 ANZ, CEAFAR active phased array, Kelvin Hughes Sharp Eye, CEAMOUNT (direção de tiro), Cossor AIMS Mk XII e alças Saab Ceros 200 e Vampir NG (IRST); sonares Thomson Sintra Spherion e Thales UMS 5424 Petrel.
- Sistema de combate: Saab Systems 9LV453 Mk3E
- Helicóptero: 1 MH-60R Seahawk
O marítimo Hemisfério Sul
Entre as comissões que o navio participou, e que foram lembradas na nota da RAN, estão operações internacionais em águas distantes como Relex, Catalyst, Slipper, Resolute e Manitou – esta última da qual podemos ver algumas imagens abaixo, deu-se na região do Oriente Médio. Juntamente com os exercícios regionais e comissões de presença, tudo isso contribuiu para a marca de meio milhão de milhas náuticas navegadas.
Uma parcela significativa dessas milhas advém da própria localização geográfica da Austrália. Acostumados com as distorções do planisfério tradicional, onde a Europa está no centro e o foco está no Ocidente, Américas e Atlântico, nós brasileiros comumente nos desacostumamos com a ideia de que compartilhamos o Hemisfério Sul com os australianos. E é um hemisfério muito mais “molhado” que o Norte.
A projeção abaixo foi proposta há alguns anos por três acadêmicos, o astrofísico Richard Gott, o matemático Robert Vanderbei e o cosmólogo David Goldberg, num formato de “disco aberto” separando os hemisférios Norte e Sul. O objetivo é corrigir as distorções de proporções (por exemplo, da Groenlândia e África) da já quadricentenária projeção de Mercator, cilíndrica, que preserva os contornos mas distorce os tamanhos. Um “efeito colateral” positivo dessa nova proposta de Gott, Vanderbei e Goldberg é que ela mostra de forma bem clara a diferença entre as porções de terra e de água do Norte e do Sul, que nem sempre as pessoas levam em conta ao pensar em sua posição no Globo.
O Sul do planeta Terra apresenta longos trechos de mar dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, entremeados por relativamente pequenas porções de terra, tendo a Antártica ao centro. Olhando essa projeção, podemos perceber que Brasil e Austrália (assim como o Sul da África) compartilham dos mesmos problemas de relativo isolamento em relação ao Norte, com longas distâncias a navegar até áreas mais conturbadas das relações internacionais.
Pensando um pouco “fora da caixa”, pode-se dizer que, em rotas que sejam traçadas um pouco mais próximas da Antártica, do que do Equador que costumamos usar como referência, o Brasil está mais “perto” da Austrália do que se imagina normalmente, mesmo ficando cada país de um “lado” do mundo na visão tradicional. Quando pensamos em hemisférios Norte e Sul, a verdade é que estamos do mesmo “lado”.
De qualquer forma, são longas distâncias a navegar para marinhas de ambos os países quando participam de exercícios no mais conturbado Hemisfério Norte. É um mapa que faz parar para pensar sobre a posição dos países do Hemisfério Sul no mundo, e também sobre o que podem compartilhar em experiências e oportunidades, extrapolando a tradicional divisão Leste – Oeste quando se pensa nos “lados” do mundo.
Uma comparação com a fragata Niterói
Meio milhão de milhas navegadas é muito ou é pouco, para um navio com 17 anos de serviço no Hemisfério Sul? Tudo depende do quanto sua marinha é ativa e participa de exercícios não só em suas águas. Vale fazer uma comparação com uma fragata icônica da Marinha do Brasil (MB), a Niterói, que deu nome à classe que forma a espinha-dorsal da força de superfície da MB há quase 50 anos.
A Niterói, quando oficialmente desativada em 28 de junho de 2019, havia acumulado quase 43 anos de serviço desde sua incorporação em 1974 e navegado 597.772,38 milhas náuticas. Isso é quase 100.000 milhas apenas a mais do que a fragata australiana HMAS Toowoomba em 17 anos.
Mas os números podem enganar quando vistos nesse total, pois escondem uma razoável redução na atividade da fragata (e da MB em geral) neste século. Pois, numa parcela de seus primeiros 20 anos de serviço, a Niterói acumulava números não muito diferentes do navio australiano.
Segundo o site NGB – Navios de Guerra Brasileiros, a fragata Niterói foi incorporada em 20 de novembro de 1976 e, cinco anos depois, em novembro de 1981, superou a marca de 21.000 milhas. Pouco, se comparado às primeiras 100.000 milhas em três anos da fragata australiana. Porém, ao longo dos quatro anos seguintes, esse número cresceu e atingiu, em meados de 1985, a marca de 138.760 milhas navegadas. Ou seja, entre 1981 e 1985 foram adicionadas mais de 110 mil milhas ao serviço da Niterói, o que não difere muito do ritmo inicial da Toowoomba.
Já em novembro de 1991, ao completar 15 anos de serviço ativo, a marca era de 235.000 milhas navegadas e aos 20 anos, em novembro de 1996, o total alcançado foi de 374.853,7 milhas navegadas. Daí para a frente, houve um período maior de inatividade durante o programa Modfrag e o ritmo das operações foi reduzido ao ponto de, quando da desincorporação cerca de 23 anos depois, apenas somar pouco mais de 200 mil milhas às quase 380 mil acumuladas nos primeiros 20 anos.
Percebe-se, assim, que até a metade de sua vida operativa, com destaque para o período entre 5 e 20 anos de serviço (início dos anos 1980 a meados dos anos 1990), o ritmo de operações e milhas navegadas pela Niterói não foi tão menor assim que o atingido pela fragata australiana objeto desta matéria – sendo que a Marinha Australiana participa de mais exercícios internacionais em mares distantes que a Marinha do Brasil.
De fato, é percepção deste autor e de outros editores do Poder Naval que a década de 1980 e a primeira metade dos anos de 1990 foram períodos de muitos exercícios por parte da MB, com visitas a portos, como Santos – SP, de forças-tarefas compostas por diversos navios de escolta. Dentre eles, a Niterói, hoje uma saudosa fragata do nosso Hemisfério Sul.
E qual o seu palpite para o futuro? Com que “milhagem” estará a futura fragata Tamandaré quando completar 17 anos de serviço? Mais perto da Niterói em sua época ou da Toowoomba hoje?
Há algumas décadas atrás,: conversando com um chefe na época, engenheiro naval. da dificuldade dos cálculos de estática na engenharia civil; Disse ele : ” Estática é fácil, difícil mesmo é o cálculo dinâmico, utilizado em projetos da enge
“engenharia naval” O casco é submetido a brutais esforços, balanços constantes, sob ondas gigantes, vento, corrosão e se tiver sorte de não participar de uma guerra e batalhas , a vida nos oceanos e mares não é fácil….
Não tem nada de fácil no cálculo de estruturas civis apenas porque são ‘estaticas’, assim como não há nada particularmente difícil em calcular estruturas navais apenas porque elas se movem. De fato, o edifício ou ponte não saem do lugar mas são castigados por efeitos de cargas dinâmicas, como vento, cargas acidentais móveis como veículos, terremotos e até vibrações induzidas por equipamentos com aceleração (elevadores, guindastes, etc). Num navio, que sai do lugar, caturra, deriva, rola em mar de estados variados e ainda tem de suportar efeitos instantâneos de detonações próximas, sua estrutura permanece a mesma e as normas fornecem… Read more »
Corrijo: onde se lê intervias, leia-se inércias. Grato .
Esse negócio de elementos finitos contra a experiência permitiu baratear e simplificar muitas estruturas que verificou-se serem superdimensionadas. Porque claro, toda vez que você vai fazer algo de cabeça, o fator de segurança que você usa vai ser maior. Análises computacionais vieram para ajudar, hoje solucionamos equações de forma numérica que eram impossíveis antes com um grau de precisão bem maior, fazemos as famosas análises de elementos finitos que seriam impraticáveis sem o uso de computadores. Mas a expertise do engenheiro ainda é necessária, você não pode botar o computador para rodar uma simulação e confiar cegamente nos resultados obtidos… Read more »
Concordo totalmente, mestre Fernando. A expertise ou experiência que supervisiona os resultados computacionais é aquela mesma que vem desde o tempo em que se amarrava cachorro com linguiça e é baseada em matemática simples (juro por Deus, desde os sessenta do XX, graças a novos modelos físicos de comportamento estrutural revelados empiricamente, equação de segundo grau substituiu, em alguma passagem do cálculo de estruturas de concreto armado, as equações de terceiro e quarto graus, e com vantagens pois dispensava consultar ábacos e tabelas) sobre modelos de comportamento físico igualmente simples mas suficientemente aderentes à realidade das estruturas civis. O refinamento… Read more »
Pensei que o SPS-49 havia sido retirado. Bom, as Anzac logo darão baixa, então, pensando no óbvio, como estarão elas estruturalmente após essa milhagem elevada?
A Niterói, pela sua idade e comissionamento, deve ter percorrido umas 100 vezes a terra kkkkk.
O Brasil abriu os portos em 1988. Muito do que navegamos foi por aqui.
O mar nosso é grande.
Sim somos um país com dimensões continentais onde só do fato dessas fragatas da classe Niterói irem fiscalizar o Nordeste e o Norte saindo do Rio de Janeiro já percorre milhas náuticas enormes e o Sul também. Acho que elas também já participaram de ações conjuntas com outras marinhas no pacífico e mais as missões de paz no Haiti e Líbano.
Sem dúvida.
O segredo para ficar ais de 40 anos na ativa é navegar pouco e muita manutenção! kkk
Elas navegaram bastante e o fato de ficarem fazendo manutenção é periódico para atualizações. Elas são excelentes para suas funções.
Excelente matéria. “O objetivo é corrigir as distorções de proporções (por exemplo, da Groenlândia e África) da já quadricentenária projeção de Mercator, cilíndrica, que preserva os contornos mas distorce os tamanhos.” Rapidamente, Esteves comentou uma publicação da NASA dando dimensões exatas dos continentes. Diferente do Mapa de Mercator, a América do Sul e o Oceano Atlântico aparecem maiores enquanto a América do Norte é mostrada menor. Pela NASA. Mercator, Gerhard pertenceu ao ano 1569. Por motivos que pertencem às nações dominantes ainda contam essa historinha. O que interessa é que somos maiores do que ensinam e uma das consequências é… Read more »
O auge, segundo dito, foi década de oitenta, começo de 90. O que aconteceu nessa época? Constituição de 88: muitos direitos e poucas obrigações. O Estado ficou amarrando. Não se fez mais nada. AMX, como exemplo foi desenvolvido e entregue em plena crise econômica.
Até e antes da CF de 1988 as despesas militares foram bastante maiores chegando a abocanhar 2/3 da despesa pública. Anos da guerra fria. Rompemos o acordo militar com os norte-americanos em 1978. Tínhamos que mostrar nossas razões para fazê-lo encomendando navios modernos como foram as Niterói.
Na CF de 1988 surgiu o %. Surgiram as obrigações constitucionais com a municipalização dos serviços (saúde e educação), as autonomias dadas aos entes federativos como autarquias, municípios, estados, legislativo e judiciário.
A crise de hoje vêm de 2012. Os motivos…isso é com Professor Camargo.
Triste o estado da nossa armada de superfície. E o pior, as quatro fragatas que virão, vão suprir apenas uma parte da necessidade atual, que já é grande.
Consequência direta de 2% ou 3% para investimentos.
Tem a possibilidade de virem mais duas fragatas no contrato o que iguala a quantidade atual e acredito em um segundo lote delas.
Há outro motivo para termos navegado pouco. Até 1992 prevaleceu a reserva de mercado. Contra ou a favor desse período que Teve o objetivo de privilegiar a indústria e a tecnologia nacional, o Brasil isolou-se.
Isolado, pouco fez de notável.
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2013/05/29/fim-da-era-da-reserva-de-mercado/
As fragatas Tamandaré concerteza terão total capacidade de superar essa marca da Niterói. A preocupação mesmo fica em relação a quantidade pois está mais do que óbvio que vamos precisar de mais fragatas e corvetas também.
As FCT vão ter de navegar muito, não por conta de um eventual aumento das atividades de nossa atual marinha de águas marrons, mas por conta da situação catastrófica que induziram a força de superfície, nos últimos 15 anos. No meu entendimento, a MB vai ser obrigada a “moer” estes navios ao longo da próxima década, extrapolando a logística estabelecida, já que a força sequer tem em seu horizonte uma alternativa barata para manter presença no Atlântico Sul: novos NPaOc. . Os três NPaOc classe Amazonas, adquiridos na última década tem navegado um bocado, já que é o que se… Read more »
Olha…se esse é o horizonte radar, usar as Tamandarés para todas as necessidades, então o que vêm é catastrófico.
Se tivesse navegado na mesma proporção da australiana, não estaria aí até hoje.
A MB é tipo eu com o último copo de suco na hora do almoço: tem que economizar e ir bebendo de golinho em golinho pra chegar até o final da refeição.
No meu caso é falta de vergonha na cara misturada com preguiça de espremer mais algumas laranjas… no caso da MB é só falta de vergonha na cara ou rola uma preguiça também de fazer o que deve ser feito?
Até as Niterói tínhamos navios de segunda mão. As Niterói foram rompedoras na tecnologia. Chamaram a atenção do mundo.
Combinação: fim da guerra fria, guerra nas Malvinas, CF de 1988, nova realidade à partir dos anos 1990 com os famosos 80%.
O único fator perene é o submarino nuclear e o reator do submarino nuclear. Esses 50 bilhões nesses 50 anos afundaram de vez a esperança de novos navios.
Com 50 bilhões na mão…que Marinha teríamos?
https://www.naval.com.br/blog/2011/03/08/as-fragatas-classe-niteroi-1%c2%aa-parte/
O problema não é só numerário mas essencialmente civilizacional: a civilização brasileira não conquistou a industrialização ampla quando era tempo e, agora, rebaixou-se à desindustrialização e reprimarizacao paralelas à precarizacao do trabalho (e do Estado, com vistas a acolher o tropel de empreendedores delinquentes ultra direitistas, direitistas e até esquerdistas), financeirizacao e rentismo, que são os sintomas de um capitalismo suicidario. Como ter MB sem complexo industrial militar que a equipe, pra quê MB se o Brasil se torna apenas um território colonial?
Mahan concordaria.
Até hoje as Niterói são excelentes fragatas se atualizadas com a devida manutenção. As Tamandaré poderiam vir em quantidade maior e depois coloca as Niterói como navios de patrulha regionais para outros distritos navais junto com a Corveta Júlio de Noronha igual faz a França.
Augusto, Pelo amor do Pai. Para com isso. Deixa disso. As Niterói acabaram. Navio velho. Só tem tinta e ferrugem. Somente Marinhas muito acanhadas mantém navios velhos como primeira linha de defesa. As Tamandarés, as Tamandarés vieram na conta da capitalização de 10 bi feita na Emgepron. A MB não tem grana para encomendar navio novo. A MB não tem grana pra pagar as Tamandarés. A MB pagará as Tamandarés no modo que mostraram na excelente matéria do Nunão. Um exercício matemático financeiro das Arábias sem a grana das Arábias. Augusto, acorda Augusto. Tu parece que Tava em coma e… Read more »
Quinhentas mil milhas náuticas não é o que os reatores nucleares de um Nimitz entregam em 25 anos de operação (a trinta nós?)? Vou procurar o número que é interessante justamente por demonstrar que motores diferentes entregariam uma mesma milhagem…
Isso é bom. Os homens aqui não compararam isso…ainda.
Não tenho uma resposta boa, mas num GAO da vida, lê-se que o unrefueled range (correspondendo a uns 23 anos de operação, já que o RCOH levaria uns 4 anos e o lifespan do bote seria de 50 anos, sem considerar manutenções intermediárias) de um Nimitz é de 1,5 milhões de milhas (náuticas), portanto uns 3 milhões de milhas durante os 50 anos de lifespan. Aqui começo a especular: mas a qual velocidade de navegação média e em qual o tempo de navegação? Sem dúvida que navegar a 30 nós demanda exaurir a energia estocada no urânio dentro do reator… Read more »
Só pra ajudar (ou não…) algumas informações sobre o CVN Enterprise, que serviu por 51 anos e navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, em 25 comissões com duração de mais ou menos 6 meses cada ao longo da vida útil (separadas entre si por mais ou menos 6 meses de manutenção/ treinamento).
Desses 51 anos, cerca de 5 foram consumidos numa grande modernização e reabastecimento entre 1990 e 1995, e houve também alguns outros períodos entre um ano e dois en que o navio ficou parado, sem fazer comissões.
https://gcaptain.com/1000000-nautical-miles-years/
http://www.uscarriers.net/cvn65deploy.htm
https://www.globalsecurity.org/military/systems/ship/cvn-65.htm
https://www.navsource.org/archives/02/65.htm
Grato, mestre Nunão. Preciso olhar com cuidado suas fontes recomendadas e cotejar os deployments com as distâncias navegadas. Possivelmente poderíamos encontrar pra cada Nimitz estas informações, como encontrei pro USS Harry Truman aqui: https://www.airlant.usff.navy.mil/Organization/Aircraft-Carriers/USS-Harry-S-Truman-CVN-75/Command-History/ onde cada deployment (supondo de 6 a 9 meses a cada 2 anos) equivalia a umas 40 a 50 mil milhas navegadas, o que daria uma média de 20 a 25 mil milhas navegadas por ano. Vejo que a informação que dei sobre o unrefueled range (que encontrei em: Navy Aircraft Carriers – Cost Effectiveness Of Conventionally and Nuclear-Powered Carriers, Table 1.1 p.23, USGAO (1998)) difere… Read more »
O certo, o coreto, Alex. Eles deveriam montar tabelas e apresentar isso aos comentaristas devidamente Excelciado. O que Eles fazem? Colam Links. Os leitores e comentaristas querem links? Talvez. Esteves quer resultado. Link…hahaha, Esteves busca melhor e mais rapidamente. Ai, Alex…Eles ficam doidinhos perguntando de onde veio e onde Tava tal link. Editor edita. Editar é produzir. Editar é acender a luz. Iluminar fazeno (os apresentadores de TV sepultaram o DO; agora tudo é ENO) gráficos e tabelas devidamente simplificados para mostrar comparações e logo em seguida…o result. Links…Eles e os link’s. Dava nome de livro de ficção. Do jeito… Read more »
A história se repete, e a histeria sobre FANIs (o novo acrônimo pros OVNIs), também. Lembrei do Sheb Wooley, um talento ianque da música e ator (o Wilhem scream original, usado à exaustão em Hollywood, é dele), quem cunhou The Purple People Eater mais tarde cantado por uma meio bêbada Judy Garland numa versão saborosa, que retrata jocosamente o espírito do seu tempo na matéria. Essa aqui: https://youtu.be/jxuDc3ZFk7k O Kid Abelha tem a No Meio da Rua, que, dizem, foi feita pela jovem Paula Toller inspirada na reclamação indignada de um mendigo sobre o barulho que sua banda fazia. Disco… Read more »
Pois é, geograficamente a Austrália é Sul mas politica-cultural e economicamente, não. Teria sido possível o Brasil ter oferecido uma parceria à Austrália no desenvolvimento de SSNs? Nossa inteligência e diplomacia foram burras ou burros somos nós em acreditarmos em SSN brazuca?
Acho que uma parceria do tipo seria podada mais rápido do que foi a dos australianos com os franceses, e que nem se tratava de submarinos nucleares. Pouca probabilidade de êxito, não sei se dá pra colocar a culpa em inteligência e diplomacia num cenário de baixíssima viabilidade. Seria interessante, mas pouco plausível até como hipótese. Quanto a acreditar em SSN brasileiro, tem um quê de sebastianismo que assola todos nós em alguma medida (ou wishful thinking, pra ser mais chique) e um quê de realizações de fato: há um estaleiro pronto para iniciar a construção, há um projeto detalhado… Read more »
Pode a Austrália Estar ao Sul. Mas é britânica e consequentemente norte-americana. Assim como os norte-americanos frequentemente criticam nossa iniciativa vegetativa de construir e operar SSN, pior seria aguardar deles qualquer coisa mais do que fizemos sem eles. Talvez…na hipótese de construirmos uma inimizade com os tangos abaixo de nós e quem sabe receber uma estrela de sheriff do Atlântico Sul. I shot the sheriff But I did not shoot the deputy I shot the sheriff But I did not shoot the deputy All around in my own town They’re trying to track me down They say they want to… Read more »
Essa estória de atirar em sheriff ou deputy é ‘so uncivilizaded’ (Obi Wan depois de fritar o general Grievous) que é melhor ficar com a versão bufa em português: ‘comprar biscoito pra tomar com chá’.
Corrigindo: so uncivilized. Quem escreve lê duas vezes, ainda mais com corretores impertinentes.
Alex,
Abraço.
Comparativo interessante. Comparando um navio pelo outro navegamos bem menos, mas a costa australiana é bem maior que a brasileira. O quê a MB precisa verificar é o custo de milhas navegadas ou dias de mar pelo orçamento. A MB está aplicando seu recurso orçamentário de forma efetiva comparado a outras Marinhas?
O navio australiano navegou mais na média geral pq eles realmente usam os seus navios. Participam de exercícios mundo afora, se deslocam para operações, passam somente o tempo necessário parado para manutenções/atualizações etc. Apesar de ter algumas amarras ao longo do tempo aqui no BR, nós fazemos mais ou menos o contrário. Encostamos o navio na época do PMG por tempo indeterminado, entramos em operações da ONU rezando pra cair fora logo, não tem grana pra fazer o navio rodar mais, etc. Temos aquele famoso corolla 2002 que só sai da garagem no domingo para ir ao mercado e à… Read more »
Pra repetir o que o texto informa, não precisa. Presta atenção: “Percebe-se, assim, que até a metade de sua vida operativa, com destaque para o período entre 5 e 20 anos de serviço (início dos anos 1980 a meados dos anos 1990), o ritmo de operações e milhas navegadas pela Niterói não foi tão menor assim que o atingido pela fragata australiana objeto desta matéria” Uma característica nossa e nisso os orçamentos tem grande responsabilidade é que fazemos pouco uso do mar. Gostamos de Powerpoint e de apresentações. Fazemos ilustrações e mapas da ZEE e Amazul. Na hora de sair… Read more »
“Maquinas movidos por óleo diesel precisam de uso contínuo. Em baixa velocidade qualquer motor diesel tem problemas no arrefecimento e com depósitos de resíduos nos tanques.” Esteves, O conceito de propulsão marítima com 4 motores diesel em arranjo CODAG, acoplados a caixas de transmissão, é que os motores operem em sua melhor faixa de rotação. Não existe essa história de estragar o motor usando “em baixa velocidade” nesse tipo de arranjo. Em baixa velocidade de cruzeiro do navio, só um motor estará operando em sua melhor faixa de rotação, acoplado à caixa de transmissão e acionando ambos os eixos e… Read more »
Boa tarde, Nunão.
Como está a vida aí em Roland Garros? O jogo já vai começar.
Esteves foi genérico.
https://www.sindimotor.org.br/mostra_noticiatec.php?id=4
Em outro link que pesquisei há comparativo entre MTU, MAN e Wartsila. Faixas ideais de rotação, consumo, arrefecimento e giro ideal para manter o arrefecimento, vida útil e dezenas de outros itens.
São medições feitas em história de máquinas diesel diferentes dessa combinação CODAG. Para cada propulsão e combinação, resultados diferentes.
E?
Em breve.