Tubarões de recife circulando bem abaixo das balsas flutuantes de sobreviventes

Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)

Épico, heróico e emocionante, baseado em fatos reais, o cruzador USS Indianapolis (CA 35) da Marinha dos EUA, durante a guerra naval no pacífico, em 31 de março de 1945, foi atingido por um ataque kamikaze. Porém, mesmo avariado, conseguiu se deslocar até o estaleiro “Mary Island” na Califórnia.

Após a conclusão dos reparos, em julho de 1945, foi escolhido para cumprir uma missão secreta. Transportar uma misteriosa carga com a maior velocidade possível até uma ilha do Pacífico. Naquele momento, os Estados Unidos da América (EUA) queriam agilizar o final da guerra com o emprego da bomba atômica.

Cruzador USS Indianapolis

USS Indianapolis (CA-35) fotografado em 10 de julho de 1945

Quem assistiu ao famoso clássico, Tubarão de 1975, dirigido por Steven Spielberg, vai lembrar da inesquecível cena onde o personagem Quint (Robert Shaw) faz um  monólogo dramático da sua fictícia experiência vivida no Cruzador Indianapolis. Durante quase quatro  minutos, ele relata para Martin Brody (Roy Scheider) e Matt Hooper (Richard Dreyfuss), a inusitada situação ocorrida com o navio. Esta foi a forma de Quint justificar o perfil do seu personagem no filme Tubarão.

 Relato de Quint sobre o USS Indianapolis no filme Tubarão (1975)

 Submarino japonês acertou dois torpedos em seu lado, chefe. Estávamos voltando da ilha de Tinian para Leyte. Tínhamos acabado de entregar a bomba. A bomba de Hiroshima. Mil e cem homens entraram na água. A embarcação afundou em 12 minutos.

Não vi o primeiro tubarão por cerca de meia hora. Tigre. 13 pés. Sabe como sabe disso na água, chefe? Você pode dizer olhando da dorsal para a cauda. O que não sabíamos era que nossa missão de bombardeio era tão secreta que nenhum sinal de socorro havia sido enviado.

Logo na primeira luz, chefe, os tubarões estão passando, então nos formamos em grupos compactos. Era mais ou menos como você vê nos calendários, você conhece os quadrados de infantaria nos antigos calendários como a Batalha de Waterloo e a ideia era o tubarão chegar ao homem mais próximo, aquele homem ele começa a bater e gritar e às vezes aquele tubarão ele ir embora… mas às vezes ele não iria embora.

Às vezes, aquele tubarão olha diretamente para você. Bem nos seus olhos. E a coisa sobre um tubarão é que ele tem olhos sem vida. Olhos pretos. Como os olhos de uma boneca. Quando ele vem até você, ele nem parece estar vivo… até que ele te morde, e aqueles olhos negros rolam sobre o branco e então… ah, então você ouve aquele terrível grito agudo. O oceano fica vermelho e, apesar de todas as suas batidas e gritos, aqueles tubarões chegam e… eles rasgam você em pedaços.

Você sabe, no final daquele primeiro amanhecer, cem homens perdidos. Não sei quantos tubarões havia, talvez mil. Eu sei quantos homens, eles em média seis por hora. Quinta-feira de manhã, chefe, encontrei um amigo meu, Herbie Robinson, de Cleveland. Jogador de baseball. companheiro de Boson. Achei que ele estava dormindo. Estendi a mão para acordá-lo. 

Ele subia, descia na água, parecia uma espécie de pião. De cabeça para baixo. Bem, ele foi mordido ao meio abaixo da cintura.

Ao meio-dia do quinto dia, um Lockheed Ventura nos avistou, um jovem piloto, muito mais jovem que o Sr. Hooper aqui, de qualquer maneira ele nos avistou e algumas horas depois um grande avião PBY desceu e começou nos salvar. Você sabe que foi a hora que eu mais me assustei.

 Esperando minha vez. Nunca mais vou vestir um colete salva-vidas. Assim, mil e cem homens entraram na água. 316 homens saíram, os tubarões levaram o resto.

De qualquer forma, nós entregamos a bomba.”

Retornando ao filme, em 16 de julho de 1945, o USS Indianapolis deixou o porto de São Francisco com destino a base aérea de Tiniam (Ilhas Marianas) no Oceano Pacifico. A viagem foi realizada em 10 dias e chegou no seu destino no dia 26 de julho. O navio transportava uma carga de urânio e partes componentes da bomba atomica, que seria lançada sobre Hiroshima. O navio era comandado por Charles Butler McVay (Nicolas Cage).

Após o cumprimento da missão, o navio tinha deixado as Ilhas Marianas, passado pela base militar de Guam e estava a caminho de Leyte, nas Filipinas.

O navio estava escoteiro, não tinha sonar para detectar submarinos e possuía 1197 homens a bordo. Em 30 de julho, quando estava navegando no período noturno no Mar das Filipinas, foi torpedeado por um submarino japonês (I-58). O Comandante Mochitsura Hashimoto lançou seis torpedos, dos quais dois atingiram o cruzador. Cerca de 300 marinheiros morreram com as explosões e avarias causadas pelos dois tiros de torpedo. Em 12 minutos, o navio havia afundado.

Consta que o Comandante McVay não solicitou nenhum navio para operar como escolta[1] do Indianapolis.

Não existem evidências confirmadas que alguma unidade da marinha norte-americana ou estação rádio tenha recebido alguma mensagem de SOS do USS Indianapolis.

Submarino japonês I-58

O navio não estava cumprindo nenhum plano de zigue-zague como medida antissubmarino. A partir daquele instante, o USS Indianapolis teria seu destino revelado.

Após o afundamento mais de 800 marinheiros começariam a fase de sobrevivência no mar. Trinta minutos após o naufrágio os primeiros tubarões começaram a aparecer. Durante cinco dias os marinheiros indefesos foram atacados por tubarões, morrendo também de hipotermia e desidratação. Quando foram localizados por um avião somente 317 estavam vivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] Navio com capacidade de localizar, atacar e destruir aeronaves, navios de superficie e submarinos inimigos

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Esteves

A vida dos marinheiros pouco ou nada importou. Cumprir a missão, não revelar a localização, navegar sozinho, não desenvolver táticas anti submarino como o zigzag.

Assim como no filme O Gladiador…uma homenagem à morte e não à coragem.

Fernando Vieira

Mas aí é que tá. A missão já tinha sido cumprida, a bomba já estava entregue. O Indianapolis estava retornando para pegar uma próxima missão, poderia ter tomado mais providências para se proteger.

Esteves

Não quiseram. Ou teria havido escoltas + medidas furtivas.

  • não havia outro navio capaz
  • não havia outro capitão…e precisavam de um capitão que recebesse ordens sem pensar a respeito
  • contaram com o jogo da sorte/azar
  • sempre foi uma missão suicida

Precisa pesquisar a história do capitão, desde o ingresso e como se comportava no mar. Precisa pesquisar quem criou e quem aprovou a missão.

Se a “entrega” tivesse fracassado e/ou a bomba também talvez alguém tenha decidido que não haveria muito para contar. Mas houveram sobreviventes do ataque…que não deveriam…afinal foram 6 torpedos.

Essa é uma boa história. Faltam elementos.

Dalton

Você exagerou “um pouquinho” Esteves, não foi missão suicida, na verdade o próprio Almirante Spruance já havia navegado pouco antes a bordo dele – por conta do “Indy” ter sido nau capitania de frota – sem escolta de “destroyers” que dependendo da ocasião do mar, ficavam para trás, como por exemplo aconteceu com os “destroyers” que acompanhavam o NAe USS Enterprise quando este entrou brevemente em Pearl Harbor após o ataque em dezembro de 1941. . O livro “In harm’s way” conta também que outro cruzador pesado ligeiramente mais antigo o USS Pensacola havia sido escolhido, mas, os reparos nele… Read more »

Esteves

Ok. O texto diz isso. O texto da matéria e Dalton.

“sem escolta de “destroyers” que
dependendo da ocasião do mar, ficavam para trás…”

Então vamos investigar o perfil psicológico desses comandantes que talvez revelasse caráter psicopata ou sociopata de quem Teve o sonho de ir levar o navio e a tripulação ao Valhala desafiando o Olimpo…como Patton desejou e…sabidamente deram cabo do general antes.

Todos loucos.

Dalton

Não é o que li Esteves. O comandante do “Indy” era bem estimado pela tripulação e foi defendido por eles quando da corte marcial que
buscava – como muitas vezes acontece – um bode expiatório.
.
Patton já havia sido colocado “de lado” quando vítima daquele estúpido acidente, aliás, alguém relativamente próximo a mim, quando ainda muito jovem, foi a única vítima de um acidente parecido
então, são coisas que acontecem mesmo.

Leandro Costa

Eu queria ver um filme sobre o USS Marblehead. Dalton, conhece algum livro que conte a longa jornada que possa recomendar?

Dalton

Infelizmente não Leandro, fora o pouco que li em livros genéricos sobre cruzadores e no passado até comprei um modelo de metal do líder da classe o “Omaha” por achar essa relativamente pouco conhecida classe de navios, tive que contentar-me com o que encontrei na internet mesmo.
.
Outro livro que poderia recomendar é sobre o afundamento do “Juneau” onde pereceram os 5 irmãos Sullivans “Left to die”.

Leandro Costa

Dalton, eu já ficaria grato pela recomendação. Muita gente ou esquece, ou não sabe que, durante a Batalha por Guadalcanal, a Marinha Americana perdeu mais gente que o Corpo de Fuzileiros Navais. Talvez muito disso seja culpa da Batalha da Ilha Savo, mas foram inúmeros embates entre IJN e USN e o Juneau foi uma das vítimas que levou à tragédia da família Sullivan.

Alex Barreto Cypriano

Faltou um mapinha:
comment image

Alex Barreto Cypriano

Da mesma Britannica: “Many survivors of the tragedy believed that McVay had been scapegoated by the U.S. Navy. They contended that the captain had been ordered to zigzag only at his discretion and that poor visibility before the attack made that inadvisable. At the court-martial, the commander of the Japanese submarine I-58 testified that zigzagging would not have thwarted the torpedo attack. In addition, McVay’s request for a destroyer escort had been denied. It later came to light that the U.S. Navy had known that Japanese submarines were operating in the area, but McVay had not been warned (perhaps to avoid revealing that the Japanese navy’s secret… Read more »

Esteves

Culpado. Não suportou o silêncio. Culpado.

A US Navy conhecia muito bem o capitão e que poderiam contar com esse sentimento.

Todos culpados.

Gerson Carvalho

A missão deles era super secreta e deveria ter ordens para não fazer nenhum contato.

Salomon

Porque teriam disponibilizado exatamente um cruzador pesado para essa missão? É apenas uma pergunta.

Esteves

Chute.

Precisavam garantir a entrega. Rápido. Contaram com um navio poderoso batendo mais de 30 nós.

Alex Barreto Cypriano

Destroyers eram mais rápidos porém com menor poder de fogo e autonomia. Cruisers são pra isso mesmo, longas missões solitárias, e usar um encouraçado, disponíveis em número menor que o de cruzadores, talvez fosse visto como exagero e um alvo ainda mais sedutor. Uma missão secretíssima, ninguém a bordo sabia da bomba – era só um pacote.

Dalton

Como escrevi acima Alex, uma grande vantagem do cruzador além do espaço maior para carga e autonomia era que podia sustentar altas velocidades em mar pesado enquanto “destroyers” muitas vezes ficavam para trás.
.
Cruzadores existiam em maior número que encouraçados então naturalmente havia maior disponibilidade deles e nesse caso o maior poder de fogo quando comparado com o de um “destroyer” era irrelevante pois não havia mais unidades de superfície na marinha japonesa, ao menos que pudessem navegar tão distante e mesmo à ameaça submarina era pequena.

Alex Barreto Cypriano

Sim, mestre Dalton, destróieres eram, pelo seu desenho e deslocamento, muito mais vulveráveis ao estado de mar do que CVs, BBs e CAs, com eventos de exposição dos propulsores e leme e necessitando reduzir velocidade, alterar curso ou adquirir lastro extra com água do mar (o que significava misturar água no óleo combustível). Isso foi retratado no “A Nave Da Revolta” de modo espetacular. Curioso observar que o deslocamento do USS Indianápolis (cruzador pesado classe Portland) era de 10 a 13 mil toneladas, colocando-o entre um Burke e um Zumwalt.

Dalton

Isso que se tratava de um modelo já considerado “antigo” construído
antes da guerra, segundo deslocamento previsto em Tratados Navais pois os “Baltimores” que começaram a entrar em serviço em 1943 eram bem maiores.

PY3TO - Rudi

Com permissão do Mestre Dalton…..existe outro filme do Indianapolis, bem mais antigo , achei ele bem mais realista e mais afinado com a Historia. Saudações a todos!

Dalton

Só não gostei quando na dublagem desse filme, “magazine” virou “revista”, 🙁 , mas, concordo, entre os dois prefiro o antigo.

PY3TO - Rudi

acho que é este…….Missão Tubarão: A Saga do Navio Indianápolis 1991

Fernando Vieira

Eu vi esse filme uma vez numa tarde qualquer no “Cinema em casa” do SBT

Esteves

Alguém sabia de tudo e sabia que podia contar com um comandante maníaco-depressivo para afundar o navio na volta.

Esteves

“O navio transportava uma carga de urânio e partes componentes da bomba atomica, que seria lançada sobre Hiroshima.” “O navio estava escoteiro, não tinha sonar…” “Consta que o Comandante McVay não solicitou nenhum navio para operar como escolta.” “Não existem evidências confirmadas que alguma unidade da marinha norte-americana ou estação rádio tenha recebido alguma mensagem de SOS do USS Indianapolis.” Para fazer o trajeto de 9.135 km em 10 dias o navio deve ter mantido velocidade constante de 20 nós e…por que o navio levava 300 tripulantes adicionais? Talvez esperassem que parte da tripulação adoecesse por contaminação radioativa; assim o afundamento… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Foi uma mistura explosiva de azar e autoconfiança, apenas isso. Se o navio tivesse se recuperado do ataque haveria uma investigação e um relatório mostrando tudo o que aconteceu mais os quem e porquê. Por exemplo, se o ataque teria danificado geradores ou sistemas de comunicação. Sem maiores conspirações (que demandaria, inclusive, combinar com o inimigo o afundamento de um incômodo navio seu).

Esteves

Esse Cage…todo filme com ele é filme que reconta o que não querem contar ou contam o que contariam diferente do que foi contado antes.

Assim como ConAir.

Tem que haver uma explicação fantástica.

Alex Barreto Cypriano

Por falar em explicação fantástica, temos aqui um arrazoado do formidável Norman Friedman sobre a perturbadora ambiguidade (o lado negro da versatilidade…) dos cruzadores que suscita confusões e metros à prosa até hoje:
https://www.usni.org/magazines/naval-history-magazine/2015/october/fleets-ambiguous-versatile-warships

Esteves

“Os cruzadores também eram essenciais para ataques ao comércio inimigo. Mesmo que a campanha alemã de U-boats da Primeira Guerra Mundial tenha se mostrado extremamente eficaz, parecia improvável que os EUA A Marinha conduziria uma campanha semelhante contra o Japão. O medo era que, assim como as mortes indiscriminadas de americanos e o naufrágio de navios americanos durante ataques de submarinos trouxeram os Estados Unidos para a Grande Guerra, uma campanha submarina dos EUA contra o Japão também poderia atrair a Grã-Bretanha, uma única aliada de Tóquio e a maior potência naval do mundo, para uma guerra. Isso deixou o… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Boa pergunta, Esteves. Preccisa ver qual era a dos inglese no entreguerras. De toda forma, depois de separados claramente os competidores em campos opostos, os EUA não titubearam em afundar os navios comerciais/logísticos do Japão…

Esteves

Alex,

Isso atormenta o Esteves. Por que os ingleses foram capacitar os japoneses mantendo fortemente uma aliança no início dos anos 1900.

Tem história.

Dalton

Não consigo enxergar “problema” nisso, a relação entre Grã Bretanha e Japão antecedia ao século XIX , mesmo antes dos EUA existirem e durante a Grande Guerra foi particularmente benéfica porque o Japão queria ilhas no Pacífico que pertenciam à Alemanha e ofereceu ajuda
para manter as rotas comerciais no Índico e Pacífico abertas.
.
Depois da guerra o Japão experimentou forte recessão, os militares tomaram conta e a relação esvaneceu gradualmente.

Esteves

Não um problema. Mas uma relação estratégica.

Dalton

E isso “atormenta” o Esteves ? A relação entre os países era ótima e eventualmente o Japão ajudou no patrulhamento de rotas comerciais contra navios alemães no Índico e Pacífico diminuindo o fardo sobre a Royal Navy na Grande Guerra. . O cruzador de batalha “Kongo” foi construído pelos britânicos com grande transferência de tecnologia, sendo o último grande navio da marinha japonesa a ser construído no exterior, mas, isso foi em 1910 quando a relação ainda era ótima, só em meados da década seguinte é que as relações passariam a ser mais “frias”, mas, não era algo que se… Read more »

Esteves

Ainda penso que isso esbarra na revolução bolchevique. E que capacitar o Japão ‘contra” a Rússia além dos interesses nas ilhas do Pacífico Teve a intenção de fazer diminuir o poder militar russo. A Europa “fervia” bolchevismo desde os anos 1860. Um, sem poder evitar a revolução restou que ela acontecesse lá longe perto do mar pronto para uma guerra com o Japão aliado. Dois, como evitar o alastramento do bolchevismo em uma Europa atiçada? Fazendo guerra no Pacífico. O Japão foi preparado para renegociar as ilhas e invadir a Rússia. Vamos lembrar a surpresa de Hitler quando encontrou o… Read more »

Dalton

Por que os EUA conduziriam uma campanha submarina contra o Japão entre 1917 e 1918 ? E a Rússia era uma aliada só deixando a guerra em 1917 para cuidar de seus próprios interesses, em outras palavras, a Revolução.
.
Devo ter perdido “alguma coisa” nessa conversa entre vocês 🙂

Esteves

Interesses no Pacífico somente? Ou a Inglaterra capacitou o Japão para conter a Rússia?

Dalton

A Rússia então era aliada da “Inglaterra”, Japão e Rússia é que já tinham seus problemas vide a guerra russo japonesa de 1904.

Esteves

A Rússia aliada foi a Rússia dos Cesares.

Dalton

E não é sobre essa Rússia que se está falando ? Esteves escreveu mais acima “início dos anos 1900” !

Dalton

Não levava tripulantes adicionais Esteves a não ser que se considere que o aumento do número de canhões AA ao longo da guerra e outras melhorias exigiram um aumento natural de tripulantes, como “adicionais” e estes “300” foram os que afundaram com o navio não tendo chance de abandona-lo antes que afundasse.

Esteves

Por que o navio navegava com 1100 tripulantes se as enciclopédias informam que a tripulação seria 800?

Colocaram mais 300 e 300 foram os sobreviventes. Esse navio Estava condenado.

Dalton

Era o complemento inicial do navio e em tempo de paz, mas, à medida que mais equipamento foi adicionado aumentou-se o número de tripulantes e isso ocorreu com muitos outros navios e marinhas ao longo da guerra.

Santamariense

Por que estava condenado? Por acaso o Comando norte-americano sabia que um submarino japonês iria torpedear o navio? E o que isso tem a ver com 300 tripulantes a mais ou a menos??

Esteves

Não seja azedo. Primeiro, boa noite. Preciso construir uma conspiração para entreter-me com essa história. Por que 300 mais? Dalton disse que o navio foi recebendo adições. Ok. Por que o navio após entregar o pacote voltou sem escoltas, não executou navegação furtiva e não se comunicou pelo rádio? Esse navio foi fazendo 20 nós em média. Qual a velocidade na volta e por que o capitão nipônico afirmou que não faria diferença…ele Estava esperando o USS Indianápolis? Tem que ir lá. Medir se há radiação no navio. Falar com o psiquiatra que tratou o McVay durante sua carreira na… Read more »

Dalton

Esteves o que o “capitão nipônico” quis dizer é que tivesse o “Indy” adotado a navegação em “zigue-zague” , não teria feito diferença, ou seja ele teria torpedeado o navio assim mesmo. . Foi recomendado – não ordenado – à Mc Vay esse tipo de navegação que já era considerado por muitos como de pouco valor mesmo com tempo bom/claro e houve motivos para que ele tivesse interrompido o “zigue-zague” ,mas, a US Navy queria e conseguiu um “bode expiatório” para tentar justificar erros cometidos por ela mesma como a demora em saber sobre o paradeiro/condições do navio. . O… Read more »

Esteves

Os erros cometidos pela US Navy foram somente em razão do paradeiro do navio ou sempre foi uma missão suicida?

Leandro Costa

Nunca foi uma missão suicida, Esteves. Acredite houveram comandantes que cometeram erros crassos que levaram à perda de sua embarcação e até outras, mas nunca foram realmente punidos assim. Não existe muito esse papo de missão suicida. Haviam missões muito arriscadas, com até previsões de grandes perdas, mas não exatamente suicida. A própria missão de Doolittle em 18 de Abril de 1942 não era considerada suicida, pelo menos não até lançarem as aeronaves antes do planejado, mas mesmo assim foi um risco calculado, tanto que ‘funcionou.’

Esteves

Alguém voltou?

Leandro Costa

Da de Doolittle? Sim, a maioria voltou. Perderam todas as aeronaves tiveram alguns capturados (e desses, salvo engano 3 foram executados pelos Japoneses) mas a maioria voltou.

No caso do Indianápolis os caras estavam em Guerra. Afundamentos acontecem. Eu costumo comparar o caso do Indianapolis com aquelas operações bem atrás das linhas inimigas nas quais os ‘alvos’ não estão esperando ser atacados. Pode acontecer, mas é improvável. Mantém-se a guarda, mas o nível de alerta não é exatamente alto.

Longe de ser uma missão suicida, parecia ser corriqueira até demais.

Dalton

Nunca foi uma “missão suicida” ! Os EUA estavam vencendo a guerra não necessitando de estratagemas desesperados e mesmo culturais como a prática “kamikaze”.
.
Erros acontecem o tempo todo e é sempre fácil aponta-los depois que
algo deu errado.

Esteves

Isso não teria com práticas suicidas tipo kamikaze.

Isso teria com o retorno de um navio contaminado.

Alex Barreto Cypriano

companheiro de Boson’. Em inglês, boson mate. Boson é uma corruptela de Boatswain, E o resto é pesquisar o que este companheiro do Bozó fazia a bordo…

Dalton

Não que faça muita diferença, mas para aqueles que apreciam pequenos detalhes a foto mostra o “Indy” sem a catapulta de boreste – ainda me é difícil não escrever “estibordo” pois cresci com esse termo e também “starboard” – uma medida para aliviar o peso adotada também em outros cruzadores construídos antes da guerra por conta de melhorias como aumento de canhões AA, radares, etc.

Fernando Vieira

Mas no Brasil se usa boreste não é? Justamente porque estibordo e bombordo são palavras que podem ser confundidas quando gritadas em um convés. Ao menos foi o que me ensinaram.

E já que está falando dos detalhes, o que são aquelas grandes portas na segunda superestrutura, voltadas para a proa? Hangar de hidroavião?

Dalton

Exatamente Fernando, quando aqui comecei a comentar muitos anos atrás, um pessoal mais conservador e/ou da marinha chamou minha atenção, então em respeito a eles, mudei, o que foi difícil depois de décadas até por conta do hábito de ler em inglês a palavra “starboard”.
.
E você acertou, são os hangares ao redor da segunda chaminé que davam excelente proteção às relativamente frágeis aeronaves e até 4 podiam ser armazenadas com uma opção de ter outras duas em cada catapulta, mas, com o avançar da guerra se diminuiu a necessidade delas, embarcando 3 ou mesmo duas.

Alex Barreto Cypriano

Pra quem tiver curiosidade, aqui um estudo bem completo sobre o USS Indianapolis, com direito a booklet plans:
https://naval-encyclopedia.com/ww2/us/portland-class-heavy-cruisers-1931.php

Alex Barreto Cypriano

O Indianápolis começou a afundar pela proa, elevando a popa no ar. Os torpedos podem ter atingido algum paiol e detonado munições que mataram os marinheiros nas vizinhanças. Pelos desenhos (e eu só estou aqui no Naval por causa da curiosidade sobre os arranjos internos de navios de guerra), à vante dos boiler room ficavam, além das torretas dos canhões triplos, tanque de gasolina de aviação, depósitos e paióis além das acomodações de tripulantes…
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Esteves

Eu..eu…pensava que você Estava no Naval por…por…deixa pra lá.

Vamos manter o foco.

soldado imperial

Parabéns pela iniciativa. Divulgar filmes e fazer comentários sobre a história real e os exageros de holywood da vida pode ser bastante útil e esclarecedor debater.
Que venha mais reportagens como está.

Alex Barreto Cypriano

Já que você falou em exageros de Hollywood, aquele do discurso do Quint é notável. Não estavam voltando, estavam completando a viagem até o Golfo de Leyte e os tubarões não levaram ~600 marinheiros dos ~900 em cinco dias, mas ‘apenas’ ~150. O restante morreu por exposição ao sol. Hollywood é assim…

Esteves

O Sol…mais tarde Spielberg fez O Império do Sol.

Excelente filme.

Alex Barreto Cypriano

Corrigindo e melhorando a resposta: o restante morreu por afogamento, exaustão, desidratação, ingestão de água salgada, queimaduras e fraturas. No site NHHC (Naval History and Heritage Command) tem documentos completos sobre a perda do Indianápolis, tanto na investigação de época quanto no achado do navio em 2017 (onde se confirmou muito do que foi relatado). Vale a pena conferir. Abaixo, o esboço em escala do ataque do I-58, feito por Hashimoto:
comment image

Esteves

Obrigado ao Dalton. E aos editores. E ao Alex. Fernando também, obrigado. Ontem reprisaram um curta de 2009 sobre o Arnaldo Baptista. Alguém no filme contou que Arnaldo queria construir uma nave espacial… Tal nave teria, sem dúvida, Dalton no comando máximo, Alex no comando mínimo, os editores na propulsão e Esteves na elaboração das conspirações. O USS Indianápolis foi sabotado, a tripulação havia sido motivada com forte doses de metanfetamina, a contaminação radioativa alastrou-se pelo navio, a localização do submarino nipônico era conhecida e assim levaram o navio norte-americano até a morte. E, claro, a culpa sempre do McVay… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Por falar em nave espacial, tem um lançamento recentíssimo de um vídeo da banda L7 em que a letra da música ‘Cooler Than Mars’ versa sobre os bilionários querendo construir naves espaciais pra ir pra Marte e viver à parte da mixórdia que aqui fizeram. Música bem chinfrinzinha: pro L7 é o fim. Age Capsizing.

Esteves

Eu não conhecia L7, Alex. Parece que tocam para poucos. Essa novidade de tocar para muitos veio da Inglaterra na despedida do Cream…1967.

Eu não sei o que vai se passando com o Esteves. Esses dias peguei-me assistindo Jao e Liniker. Ando meio desligado. Sem os pés no chão.

Quero ir pra Marte. Tenho uma certa predileção por esse planeta. Caso Istivis fique com a Lulu, vamos ver quem fica.

Sexta-feira marquei um terapeuta. Não terei pena nem serei simpático. Vou contar a história do USS Indianápolis.

Rara. Ra.

Fernando Vieira

L7 é aquela banda grunge só de mulheres?

Leandro Costa

Que por sinal eu gosto muito hehehehe

Mas antes de sair do tópico, vou me fingir de morto aqui antes que a moderação apareça.

Esteves

Tá na praia.

Fernando "Nunão" De Martini

Não, parte da “moderação” estava no interior, trabalhando em pleno domingo na Academia da Força Aérea, e agora está publicando matérias e vídeos a respeito e respondendo a comentários no Poder Aéreo.

Você palpita muito, e errado, do que sabe pouco.

Alex Barreto Cypriano

‘fingir de morto’, hehehe.

Leandro Costa

Não deu para resistir hehehehe

Alex Barreto Cypriano

Sim, elas mesmas, Fernando.

Esteves

E o médico à bordo?

E os relatórios médicos? Quantos marinheiros foram contaminados? Quantos marinheiros morreram à bordo…aí tem uma explicação para os 300 marinheiros adicionais.