Estrutura integra a Escola de Guerra Naval e realiza jogos em âmbito nacional e internacional

Desde a criação da Escola de Guerra Naval (EGN), em 1914, os jogos de guerra representam um instrumento essencial no preparo dos Oficiais da Marinha do Brasil (MB). A ferramenta foi desenvolvida para fins militares, mas, atualmente, tem sido utilizada por diversos setores da sociedade. O objetivo é aprimorar a capacidade de avaliação, decisão, treinamento, aprendizado, exercício do trabalho em equipe e aprimoramento de procedimentos e planos, que se estendem além do campo de aplicação estritamente militar.

“Os Jogos de Guerra consistem em um conjunto de situações, fictícias ou não, caracterizadas por conflitos de interesses e apresentadas cronologicamente aos jogadores na forma de desafios, cuja superação implica no emprego simulado da expressão militar do Poder Nacional, condicionado por fatores ambientais diversos, tais como aspectos geográficos, psicossociais, conjunturais e informacionais”, explica o encarregado do Centro de Jogos de Guerra da EGN, Capitão de Mar e Guerra Marcelo William Monteiro da Silva.

O Centro de Jogos de Guerra, implementado em 1985, possui recursos materiais e humanos voltados para o apoio ao ensino, a capacitação de pessoal e o aprimoramento de planos de emprego, atendendo aos cursos ministrados pela EGN e às demandas de outras organizações militares e órgãos governamentais. A estrutura é equipada com um sistema computacional de apoio à simulação, o Sistema Simulador de Guerra Naval, desenvolvido pelo Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV).

Em relação aos participantes dos jogos, o Comandante William observa que há diferentes tipos de atores: o “patrocinador”, organização militar ou instituição que demanda a montagem de um jogo de guerra, sendo responsável por discutir e definir as especificações da atividade e o “gerente”, designado para ser o responsável pela condução geral do projeto. “Cada jogo é tratado como um projeto desde as fases de especificação e montagem. Nas fases posteriores são incorporados outros participantes, como os peritos, os integrantes da célula de montagem, o Grupo de Controle, o grupo de apoio e, claro, os jogadores”, completa.

Dentre os diversos jogos já realizados pela EGN, destacam-se aqueles voltados para: o Plano de Emergência Externo para a Central Nuclear de Angra; a segurança das Olimpíadas do Rio/2016, solicitado pelo Comando do 1º Distrito Naval, Organização da MB sediada no Rio de Janeiro; o Programa Integrado de Proteção de Fronteiras, para o Gabinete de Segurança Institucional; o Centro de Operações de Paz de Caráter Naval; e a Receita Federal, como parte prática do Programa de Capacitação em Operações Interagências. Em 2022 e 2023, também foram conduzidos jogos voltados para a simulação de ações inerentes ao Plano Nacional de Contingência para o Derramamento de Óleo em Águas Jurisdicionais Brasileiras. A atividade foi solicitada pela Diretoria de Portos e Costas da MB.

Jogos didáticos e internacionais

Os jogos didáticos voltados para os alunos da EGN são: o “CARIMBÓ”, destinado aos Oficiais-Alunos do Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários; o “MAHJID”, para os Oficiais-Alunos do Curso Estado-Maior para Oficiais Superiores, objetivando a aplicação do processo decisório no Comando do Teatro de Operações; e o “Jogo de Crise” voltado para os Oficiais-Alunos do Curso de Política e Estratégia Marítimas.

Outra atividade didática de grande importância é o “AZUVER”. Conduzido de forma conjunta pela EGN, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR), o jogo reúne Oficiais-Alunos e instrutores das três escolas de altos estudos militares.

A EGN participa também, a cada ano, dos jogos de guerra internacionais Multilateral War Game (MWG), Inter-American War Game (IAWG) e o Trilateral. O primeiro reúne delegações das Marinhas de alguns dos países do continente americano, incluindo representantes diplomáticos. Durante a simulação, os jogadores são confrontados com problemas inerentes ao emprego de uma Força-Tarefa Naval Multinacional ― considerando os níveis decisórios político-estratégico e operacional-tático ― em um cenário que envolve aspectos de interesse comum entre as Marinhas participantes. O IAWG é um jogo realizado entre Escolas de Guerra Naval do continente americano. Já o jogo de guerra Trilateral é conduzido por delegações das Escolas de Guerra Naval da Argentina, Brasil e Uruguai e tem como propósito promover a interação entre Instrutores daquelas três Escolas.

“Os jogos de guerra são ferramentas valiosas não só para a capacitação do pessoal, mas também como fonte de subsídios para o preparo da Expressão Militar do Poder Nacional, contribuindo para a identificação de lacunas de recursos, capacidades e conhecimentos. Também possibilitam antecipar potenciais problemas e, por conseguinte, a investigação das possíveis soluções em tempo hábil, sem o risco de perdas materiais e humanas”, conclui o Comandante William.

FONTE: Agência Marinha de Notícias

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Command: Modern Operations: A ferramenta indispensável para militares e analistas de defesa

 

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Underground

Truco!!!!

Jagder#44

Deve ter uma churrasqueira e um freezer.

Heinz

Nestes jogos, é considerado nossa capacidade atual frente a hipotéticos inimigos corretos?
Se, sim, fica claro que para os almirantes que somos totalmente incapazes de nos defender sozinhos de uma potência militar pelo mar.

Fábio CDC

Eu diria que eles já sabem disso muito bem desde várias décadas atrás.

Almeida

E mesmo assim continuam gastando em pensões e coquetéis…

leonidas

Eu já tinha notado isso em 1989 ( e olha que de lá para cá as coisas pioraram) sem gastar dinheiro publico para ficar reunido com outros caras… rs

Willber Rodrigues

1- queria saber como é feito, em detalhes, esses jogos. Será que a MB os filma e os disponibiliza?
2- adoraria saber como eles “jogam” considerando nossos atuais meios num cenário de guerra aberta…

Leandro Costa

Willer até onde eu sei não filmam ou disponibilizam. Existem documentos que definem precisamente o que você quer saber, como o escopo do jogo, qual cenário, forças opostas e sua ordem de batalha, bem como uma espécie de ‘after action report’ de cada movimento e relatório final contendo o que aconteceu, resultados, etc. Geralmente esse tipo de informação não é divulgada em detalhes. Existem outras simulações feitas em diferentes instituições, claro, não apenas na EGN, e não lembro agora se existem ‘think tanks’, ou o equivalente desses aqui no Brasil (existem alguns núcleos de estudos de Defesa em algumas universidades),… Read more »

leonidas

O jogo deve ser mais ou menos assim: – Temos uma força vindo ao norte de nosso litoral, precisamos detê-la! R: Não dá. – Temos uma força vindo ao sul do nosso litoral, precisamos detê-la! R: Não dá. – Precisamos distribuir nossas forças ofensivas para evitar um ataque. R: Não temos forças ofensivas em número suficiente que possam ser distribuidas…rs Enfim, deve parecer reunião médica para discutir um caso avançado de enfisema pulmonar, não há muito o que discutir a não ser qual dose de sedação seria suficiente para impedir que o paciente acorde e passe pela tortura de sufocar… Read more »

Alex Barreto Cypriano

E, claro, ninguém trapaceia no jogo como James T. Kirk no teste Kobayachi Maru. Não acredito num cenário sem vitória, diria Kirk; vixe, peguei a USS Kelvin, diria um dos nossos jogadores…

Leandro Costa

Blearght…tinha que mencionar a Kelvin? Esses filmes novos me dão asco.

Alex Barreto Cypriano

Desde que o oponente não tenha acesso a um Narada… hehehe. Mas ST 2009 é bonzinho: boa música (Giacchino), boa produção artística, bom elenco, boa estória, e a NCC-1701 USS Enterprise mais bonita que nunca. Ah se naviozim pudesse ficar taum bunitim assim.

Leandro Costa

O de 2009 é o menos pior. Eles precisavam ‘rebootar’ tudo para terem liberdade criativa para explorarem a tripulação, etc. Porém jogaram tudo fora nos filmes seguintes, e da pior maneira possível. Então aconteceu a mesma coisa que depois repetiram com Discovery. Elenco excelente, valor e produção excelentes, mas roteiros péssimos! Pééééééssimos! Quando puseram o Kahn no segundo filme e inverteram os papéis com o Kirk morrendo (que quase induziu meu vômito), eu já sabia que a Enterprise iria explodir no terceiro filme. Porque foi exatamente o que aconteceu nos filmes originais. Esses filmes novos não tiveram pé nem cabeça.… Read more »

carvalho2008

Vcs estão com o coração peludo…gosto de todas…..mas de fato, Strange New Worlds acertou a mão e reinstalou a tematica classica para os dias atuais…acho que talvez as outras Discovery e os ultimos de cinema, tenham tentado resgatar a garotada que estava acostumada com star wars e as guerrinhas e combates….trazendo um pouco mais o publico, permitiu resgatar a tematica classica em Strange New Worlds…….

E tão bom quanto Strange New Worlds, foi a STNG e Star trek Enterprise, com o capitão Jhonathan Archer…..aquela foi pecado encerrar na 4a. temporada…tinha historia a bessa a explorar ainda….

Leandro Costa

Enterprise demorou à engrenar. Muito porque o propósito da série foi desvirtuado no início. A idéia era mostrar bem antes do Kirk, pouco antes da formação da Federação. Foi uma premissa interessante, mas começou errado, com a tal Guerra Fria Temporal. Os primeiros três anos de Enterprise foram basicamente sacais por causa disso, mas entrelaçados com alguns episódios muito bons. Os personages amadureceram e a série definitivamente entrou nos eixos na quarta temporada, que na minha opinião foi fantástica. Realmente uma pena terem cancelado justo naquele momento. Discovery cometeu o mesmo crime. A série simplesmente não fazia qualquer sentido. Eu… Read more »

leonidas

Só há uma série Star Treck, a clássica.
O resto é só um monte de releitura profanando o legado dela…rs

Alex Barreto Cypriano

De acordo, leonidas. Mas não existe releitura que não profane o original. É que a releitura não é pros olhos de quem leu o original, mas justamente pros olhos de quem nunca antes lera aquele. Mas como não dá pra proscrever quem leu das releituras fica sempre aquela multidão de ressentidos com as profanações. Suas reclamações, crispadas de zeloso apego ao original, dão uma polida extra na maçã da indústria cultural pós-moderna.

Marcelo Baptista

Lower decks é ótima, adoro ficar catando referencia. heheheh

TJLopes

Antigamente o site Red Team publicava uns jogos de guerra que eles faziam, vocês conhecem algum site, nacional ou não, que tava isso atualmente?

carvalho2008

Lembro…..eles fizeram um Brasil x Venezuela para avaliar A-7 no Nae Sp…..foi muito bom e bem feito…..

Aéreo

Regra número 1: Você como oficial da MB é um príncipe. E como tal pode contar sempre com um praça a quem transferir a culpa.

AMX

Fiquei surpreso ao saber que a EGN é tão antiga assim.
Considerando que a IGM estava começando, mostra que mesmo pro Brasil da época, a MB não ficava atrás nesse quesito. Outra, por exemplo, é a de que a Força de Submarinos é anterior à IGM.
Fazer piadas, tb faço, faz parte de ser brasileiro. Mas sentar o pau o tempo todo e tomar isso como critério, é um atestado de desinteresse pelas coisas – nesse caso, as FAs – do Brasil.

109F-4

Pelo mapa na parede parece que a ação se desenrola na vista da Namíbia.

109F-4

Costa*

carvalho2008

eu sinto falta….muita falta mesmo, de wargames nas forças mas focados em hipoteticos equipamentos alternativos e não existentes….

foco em hipoteses de equipamentos que deveriam existir, mas não existem ainda na industria….

trocando em miudos…quem ensaiou ou deveria ter ensaida o inferno de vida com os drones???? uma pomba zumbi com piolhos suicidas….não importa o que seja….importa é prever equipamentos e doutrinas que possam derrubar as doutrinas atuais…..isto é o que deveria alavancar tanto novas doutrinas, quanto novos desenhos de produtos….

leonidas

Isso ai tem a mesma razão de ser do Centro Espacial do Senegal…

Leandro Costa

E… por que você acha isso? Eu ia responder que era o comentário mais ignorante que li essa semana, mas quero te dar o benefício da dúvida para explicar o por que de você achar isso.

leonidas

Se você não sabe a razão, seria uma perda de tempo explicar.
A realidade material e funcional não só da marinha como das demais forças estão para livre consulta e concluir qual a eficiência delas na guerra moderna idem.
Então e completamente desnecessário eu explicar minhas considerações para quem ainda não se apercebeu da nossa realidade seja ai por inocência ou ignorância sobre a realidade militar do mundo atual…

Rinaldo Nery

E por isso osoficiais da MB não devem treinar a condução das suas forças, mesmo que sejam 10 lanchas com motor Evinrude? “Vou contribuir com minha marreta hoje”.

leonidas

Ah meu deus do céu…rs
E claro que devem treinar até como usariam suas canoas.
Minha citação é força de expressão para expor o tamanho de nossa incompetência em termos de capacidade de cumprir com a defesa nacional.
Mas você quer levar ao pé da letra né? rs
Então fica tranquilo, concordo com os treinamentos relativos a lanchas, canoas, caiaque, ou até como se deve usar os coletes salvas vidas e suas boias… rs

Leandro Costa

Então o que você postou não faz o menor sentido. Se você concorda que devemos treinar com quaisquer meios que nós possamos ter, então que a gente treine e considere o maior leque possível de cenários para que a gente possa ter alguma coisa pronta, em termos de ações imediatas e noção do que se fazer, caso algum desses cenários surja no horizonte, ou mesmo algo semelhante. É o tipo de coisa que traz ensinamentos às forças e custa uma fração do que um exercício de mar (que também é extremamente necessário) custaria. De fato, esses jogos podem moldar os… Read more »

leonidas

Meu comentário era uma ironia, entende o significado de uma ironia?
Porque todo mundo agora resolveu ficar linear para parecer inteligente? rs
Ironias tendem a ridicularizar a condição de algo ou alguém, mas não é uma pregação contra a existência de algo ou a favor da morte deste alguem…rs
Tenha dó…rs

AMX

Pessoal nunca sabe o que quer.
Se tem, é ruim, não presta, não era pra ter.
Se não tem, é ruim, deveria ter.

Muitos escrevem só mesmo pra se aparecer.

Almeida

Só jogando mesmo, porque os meios para combater de verdade no mundo real não tem.

Roberto Santos

Mais uma piada pronta !!! há há há há há