A História Naval e o Cinema: O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966)
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
O Canhoneiro de Yang-Tsé é um drama de ação norte-americano, que se passa na China em 1926. Um filme fascinante dirigido por Robert Wise, que retrata aventura e romance na mesma história. Estrelado por Steve McQueen, estreiou em 1966 e teve oito indicações ao OSCAR, incluindo melhor filme e melhor ator.
Jake Holman (Steve McQueen) é um maquinista que se apresenta para servir numa canhoneira norte-americana (USS San Pebbles), que está em Xangai. O navio opera no rio Yang-Tsé e num afluente próximo a cidade de Changsha. A missão é defender os interesses norte-americanos na região sem provocar incidentes internacionais.
A canhoneira era um navio de guerra de pequeno porte, que poderia ser empregada na defesa de portos e patrulha fluvial. Possuía uma boa capacidade de manobra em águas rasas ou restritas. Além disso, sua propulsão era a vapor e seu armamento era constituído de canhões de pequeno calibre e metralhadoras.
A China vivia um cenário sociopolítico conturbado. Filmado em Taiwan e Hong Kong, baseado no livro de Richard McKenna, que serviu na marinha norte-americana (“The Sand Pebbles”); o Canhoneiro de Yang-Tsé possui uma fotografia magnífica e uma trilha sonora que acompanha o clima de tensão.
O filme é ambientado durante a guerra civil entre nacionalistas e comunistas na disputa pelo poder. A futura ascensão dos comunistas na China só foi possível a partir desse longo processo de disputa ocorrido a partir da década de 1920. Naquele período, o mundo também vivia uma corrida colonial, onde europeus e norte-americanos estendiam suas influências na permanente busca por matérias primas.
Importante mencionar que, a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX, a diplomacia das canhoneiras (“Gunboat Diplomacy”) foi utilizada pelas grandes potências para projetar poder na defesa da sua política externa.
A China, detentora de um grande mercado consumidor e de abundantes riquezas naturais e minerais, era uma área de grande interesse por parte das potências imperialistas. Nesse sentido, ela foi ocupada, por alguns períodos, nos séculos XIX e XX, por potências estrangeiras (Inglaterra, França, Rússia, Estados Unidos, França, Alemanha e Japão). Essa ocupação gerou atos de violência como forma de resistência.
Durante o filme, manifestantes chineses se aproximavam do navio para protestar querendo que os norte-americanos fossem embora (“Go Home”). Para repelir esse tipo de abordagem o navio empregava, principalmente, mangueiras de água pressurizada.
Jack Holman é um maquinista competente e comprometido, mas não tinha um bom comportamento disciplinar. Estes aspectos chamavam a atenção do Comandante do Navio (Capitão Collins). Um aspecto a ser mencionado é que Holman teve diversos problemas de relacionamento com os demais marinheiros, em especial, com os chineses que faziam parte da tripulação.
Este clássico do cinema, devido a sua fotografia, comprometimento com o realismo nas ações e fabulosa atuação do elenco, merece ser assistido ou revisto.
- O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966)
- Diretor: Robert Wise
- Atores Principais: Steve McQueen, Candice Bergen, Richard Crenna e Richard Attenborough
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES CONSULTADOS
- ALBUQUERQUE, Antônio Luiz Porto; SILVA, Léo Fonseca e. Fatos da História Naval. 2.ed. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha. 2006.
- https://www.papodecinema.com.br/filmes/o-canhoneiro-de-yang-tse/
- https://vortexcultural.com.br/cinema/critica-o-canhoneiro-do-yang-tse/
- Canal do youtube: movie express. O Canhoneiro de Yang Tsé. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=fOnx2QPsHBw&t=102s
- https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeirarepublica/DIPLOMACIADASCANHONEIRAS.pdf
Vixi !!! Foi lançado em 1966 o filme.
Eu tava nascendo nesse ano e a maioria do elenco já se foi .👀
Verdadeiro clássico 💪⚓️
Muito interessante o foco da trama: Potências globais com interesse em fontes de matérias primas baratas combinado com grande mercado consumidor em um país travado pela política externa de desindustrialização e com governantes entreguistas, é o retrato do Brasil de hoje.