Licitação de quatro OPVs para a Prefectura Naval Argentina

A Argentina abriu uma licitação para adquirir 4 navios-patrulha oceânicos, também conhecidos pela sigla em inglês OPV (Offshore Patrol Vessel) para sua guarda-costeira federal, a Prefectura Naval Argentina (PNA). A informação foi divulgada na quarta-feira, 15 de novembro, pela revista Escenario Mundial, períodico argentino especializado em Política Internacional.

O objetivo de equipar a PNA com OPVs é fortalecer as capacidades de vigilância e proteção do mar territorial e da zona econômica exclusiva, num contexto de crescentes disputas por recursos marinhos.

Conforme a reportagem da revista, a licitação pública 0038/2023 inclui cláusula de transferência de tecnologia, com a construção em estaleiros argentinos de pelo menos dois dos quatro navios pretendidos. O armamento especificado é de metralhadoras de 20mm e 12,7mm em estações remotas (RWS Sea Rogue), com o reparo de maior calibre na proa.

Outro meio que repercutiu a licitação (publicada no “Boletín Oficial do dia 14 de novembro) foi o site Pucará Defensa. Segundo a matéria, a PNA busca navios com cerca de 80 metros de comprimento e, em ocasiões anteriores, havia expressado preferência por projetos do estaleiro holandês Damen (mostrado aqui nas imagens do alto e abaixo). No caso, o modelo OPV  1800 Coast Guard de 83 metros de comprimento, boca de 13,7m, velocidade de 20 nós e alcance de 4500 milhas náuticas, abrigando 70 tripulantes mais 21 passageiros, com capacidade de operar helicóptero de até 11 toneladas em seu convoo, embora não seja dotado de hangar.

A matéria também dá destaque aos projetos OPV-80 (no texto) e BOM-85 (na imagem, reproduzida mais abaixo), ambos do estaleiro argentino Río Santiago. A sigla BOM significa “Buque Oceánico Multipropósito”, sendo parte de uma família (que também inclui uma corveta) projetada pelo estaleiro, um dos maiores da América Latina.

O projeto OPV-80 tem comprimento de 79,6m e boca de 12,8m, com deslocamento de cerca de 1600 toneladas, velocidade máxima de 24 nós e alcance de 7000 milhas náuticas a 15 nós. A tripulação é de 38 pessoas, com espaço para mais 36 passageiros, sendo armado com canhão de 30mm e metralhadoras de 12,7mm, podendo operar 1 helicóptero (não é informado o porte).

Já o BOM-85, ainda segundo o Pucará Defensa, difere do OPV-80 pelo comprimento de 87m, com acréscimo de aproximadamente 100 toneladas no deslocamento e velocidade máxima menor, de 21 nós. O número de tripulantes sobe para 42 e o calibre do canhão principal para 76mm repetindo as demais características básicas do OPV-80.

A Prefectura Naval Argentina (PNA)

Atualmente, os meios de maior porte da Prefectura Naval Argentina são cinco navios-patrulha oceânicos de 980 toneladas de deslocamento, 68 metros de comprimento e 10,8m de boca (imagens abaixo de dois exemplares), com velocidade máxima de 20 nós e autonomia de 5000 milhas náuticas a 12 nós, armados com metralhadoras de 20mm e 12,7mm.

Esses navios (classe “Mantilla” / B-119 HALCON) foram encomendados na Espanha e incorporados entre 1982 e 1983, sendo baseados em Buenos Aires (2), Bahía Blanca, Mar del Plata e Puerto Madryn (1 cada).

Além deles, a PNA dispõe de pouco mais de uma dúzia de barcos-patrulha com deslocamento inferior a 100 toneladas, sendo a maior parte da classe “Mar del Plata” / Z28, incorporadas no final da década de 1970 (parte desses barcos participou da Guerra das Malvinas, com duas perdas), 4 lanchas fluviais rápidas, navio de apoio logístico, rebocador e dezenas de lanchas menores. Alguns desses meios (com destaque para a classe “Mar del Plata”) podem ser vistos nas imagens abaixo nas cidades de Puerto Madryn e Ushuaia, fotografados durante viagem deste editor à Argentina há cerca de 15 anos.

Quanto a aeronaves, a PNA também opera aproximadamente uma dúzia de helicópteros e cerca de 10 aviões, sendo os principais deles aviões de patrulha, vigilância e transporte Aviocar e King Air.

A PNA é subordinada ao Ministério da Segurança da Argentina, e o verbete da instituição na Wikipedia informa que seu efetivo é de 35.000 pessoas, o que representa mais do que o dobro do efetivo da Armada Argentina em 2018 (16.405), segundo estatísticas divulgadas pelo Governo Argentino.