O Ural SSV-33 (em russo: «Урал» ССВ-33; designação OTAN: Kapusta) era um navio de comando e controle com propulsão nuclear operado pela Marinha Soviética desde 1988. O SSV-33 era imenso, com 265 metros de comprimento (quatro metros a mais que o porta-aviões francês Charles de Gaulle), e destacava-se por seu enorme radome sobre o passadiço. Ele abrigava uma tripulação científica e equipamentos muito avançados para realizar alertas antecipados antinucleares, com capacidades de inteligência eletrônica, rastreamento de mísseis, rastreamento espacial e funções de retransmissão ou bloqueio de comunicações para monitorar os Estados Unidos durante a Guerra Fria.

No início dos anos setenta, a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética aumentou com o desenvolvimento cada vez mais eficaz de novos mísseis balísticos com capacidade de destruir o inimigo por meio de guerra nuclear. Os militares americanos criaram o conceito de “ataque de decapitação”, um ataque nuclear preventivo rápido direcionado diretamente para destruir as capacidades de comando e controle soviéticas.

No final de 1979, os Estados Unidos anunciaram o desdobramento de 572 mísseis Pershing II com carga nuclear em diferentes países da Europa, o que aumentou ainda mais a pressão sobre a União Soviética, além de ter que aumentar os esforços para monitorar lançamentos potenciais e novos desenvolvimentos de mísseis, de qualquer ponto do planeta. A inteligência soviética queria monitorar o atol de Kwajalein, uma base americana no Oceano Pacífico a 3.900 quilômetros ao sul de Honolulu, que era um campo de testes para pesquisar sistemas de defesa antimísseis, mísseis balísticos intercontinentais LGM-30 “Minuteman” e os novos LGM-118A “Peacekeeper”.

A falta de bases ou instalações de vigilância soviéticas no Pacífico levou os líderes soviéticos a autorizarem a construção de um navio com capacidades de espionagem e rastreamento, com uma autonomia de navegação muito alta e um tonelagem muito elevada. Esse desejo deu origem ao programa com o nome em código: projeto 1941 “Titã”, aprovado pela Comissão Industrial-Militar do Comitê Central do Partido Comunista e pelo Ministério da Defesa da União Soviética em 1977, que resultou no navio SSV-33. Tendo a quilha batida em junho de 1981 e lançado ao mar em maio de 1983 nos estaleiros de Leningrado. Uma vez finalizado e testado no mar em 1988, o Ural entrou em serviço em 30 de dezembro como o navio capitânia da seção de reconhecimento da Frota do Pacífico.

Durante sua primeira navegação oficial de 59 dias, ele se dirigiu ao oeste da ilha de Okinawa enquanto testava seus equipamentos. Localizou a 1.000 quilômetros de distância o lançamento dos Estados Unidos do ônibus espacial Columbia e de dois satélites de espionagem eletro-óptica pertencentes ao programa militar Iniciativa de Defesa Estratégica, conhecido como “Guerra nas Estrelas”.

No entanto, sua navegação coincidiu com o fim da União Soviética e a escassez de recursos, além de diversos problemas no funcionamento complexo dos sistemas, começando a perder suas capacidades operacionais, além de ainda não contar com a infraestrutura construída para poder ser atracado no cais na base da Marinha Soviética do Pacífico, Vladivostok, e acabaria ancorado definitivamente no estaleiro Zvezda de Bolshoi Kamen.

Em 1990, um cabo defeituoso desencadeou um incêndio na praça de máquinas da popa e, em 1992, seus reatores foram finalmente desligados. A partir de então, até 2001, quando foi desativado, o navio serviu como alojamento para oficiais da frota com uma tripulação mínima e praticamente sem manutenção. Em 2010, foi finalmente dado baixa e começou a ser desmontado.

O casco do navio foi projetado e construído nos estaleiros do Báltico, com base no trabalho realizado nos cruzadores de batalha da classe Kirov, que eram movidos por dois potentes reatores de água pressurizada (PWR), modelo KN-3, capazes de gerar até 171 MW para fornecer uma potência de 140.000 cv, capazes de manter uma velocidade de cruzeiro de 22 nós de forma constante.

O sistema principal de reconhecimento e rastreamento chamava-se “Korall” (coral), que o Instituto de Desenvolvimento Científico Vímpel vinha elaborando desde 1975. O navio contava com dois tipos de computadores: “Microprocessadores Elbrus” e vários computadores ES EVM modelo “EC-1046”, análogos aos ocidentais IBM System/370, mas com melhorias na potência de cálculo.

O sistema utilizava os avançados computadores Elbrus e ES EVM, além de sete poderosos sistemas radio eletrônicos, para rastrear lançamentos de mísseis, determinar o tipo de foguete, alcance, local de lançamento, coordenadas do alvo, peso da carga útil e telemetria, incluindo até a composição química do combustível utilizado no míssil. Além disso, o Korall era capaz de localizar qualquer alvo, monitorar canais de comunicação, rastrear satélites e identificar características de naves espaciais a uma distância de 1.500 quilômetros.

O navio tinha uma tripulação de quase 1.000 pessoas e, além de suas funções militares e científicas, possuía salas de bilhar, instalações esportivas, cinemas, duas saunas e uma piscina.

O navio contava com três mastros principais e, na popa, possuía um convoo e hangar com capacidade para embarcar um Kamov Ka-32. Ele carregava apenas armas defensivas leves, incluindo dois canhões AK-176 de 76 mm, quatro canhões AK-630 de 30 mm e quatro montagens de mísseis 9K38 Igla quadruplos.

Características principais
Deslocamento 34.640 toneladas
Comprimento 265 m
Boca 30 m
Calado 7,8 metros
Armamento – 2 canhões AK-176 de 76 mm,
– 4 canhões AK-630 de 30 mm
– 4 lançadores quádruplos de mísseis 9K38 Igla
Propulsão 2 x reatores PWR KN-3 de 171 MW, 140.000 hp
Velocidade 22 nós
Autonomia 180 dias de navegação
Tripulação 1.000 tripulantes
Aeronave helicóptero Kamov Ka-32

Modelo do Ural SSV-33

FONTE: Wikipedia

LEIA TAMBÉM:

Os cruzadores de batalha nucleares classe ‘Kirov’

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Victor

1.500 km de distancia para um navio de comando e controle é muita coisa? esse trambolho é imenso e não conheço nada parecido até hoje.

BVR

Alvo de alto valor. Possivelmente em situação de conflito deveria contar com escoltas, se não…

Macgaren

Soviéticos tinha fixação em fazer esses monstros gigantescos. kkkk

Rafael

Sem falar no design…parece um navio militar com a superestrutura montada no casco de um navio de passageiros dos anos 50.

Rogério Loureiro Dhierio

Até hoje é assim.
Não conseguem fazer um Caça que não seja um trambolho.

Até mesmo o Su-47 é bem grandão, quase um Flanker Stealth ou Stealthy seja lá o que for.

A única coisa mais dentro do padrão se for sair do papel para dizer que fizeram algo perto da modernidade com tamanho e especificação técnica credível ao que se faz jus, será o Checkmate quando e se voarem.

Um Simples Brasileiro

E os EUA também, e é assim até hoje e não só em equipamentos militares…

Putin olhando pra isso deve ser igual aqueles tiozão olhando sua foto quando era adolescente: Tempo bom que não volta kkk

Rafael

Talvez tenha ganho do NAe São Paulo no título de maior desperdício de dinheiro por milha navegada.

Fábio CDC

Acredito piamente que é seguro dizer que até o fim da Humanidade e do Planeta Terra, a Marinha do Brasil jamais terá pelo menos 1 embarcação com 25% das capacidades desse navio. E estou sendo otimista.

Aéreo

Os EUA e seus aliados, geograficamente conseguem espalhar estacoes de rastreamento e inteligência de sinais em nível global. Os soviéticos não tiveram as mesmas possibilidades geográficas, além de seus territórios. Estas classes de navios foram pensadas para ajudar nesta lacuna.

Mas são meios caros para a função, algo que a atual Rússia não pode se dar ao luxo.

Rogério Loureiro Dhierio

“No final de 1979, os Estados Unidos anunciaram o desdobramento de 572 mísseis Pershing II com carga nuclear em diferentes países da Europa”….

E há quem diga que o protesto americano por meia dúzia de mísseis em Cuba foi legítimo.

Viva a demagogia.. ops.. democracia.

Miguel

Falta acrescentar que o desdobramento feito foi a resposta dos EUA e nato à colocação de mísseis soviéticos nos países satélites junto à fronteira da nato. Um pouco mais de leitura da história seria bom para todos

Bigliazzi

Foi um ótimo alvo enquanto boiou por aí.