O HMS Daring, o primeiro destróier Type 45 da Marinha Real Britânica, atingiu um marco significativo, embora infeliz. A embarcação agora passou mais tempo em manutenção e reformas do que em serviço ativo

Comissionado em 23 de julho de 2009 e declarado “em serviço” em 31 de julho de 2010, o HMS Daring serviu à Marinha Real por seis anos, nove meses e 30 dias. Durante esse período, participou de várias missões importantes, incluindo operações antipirataria no Mar Vermelho, a Operação Inherent Resolve no Golfo Pérsico e esforços humanitários nas Filipinas após o Tufão Haiyan.

No entanto, problemas persistentes com o sistema de propulsão, uma questão comum entre os destróieres Type 45, tiraram temporariamente o navio de serviço em abril de 2017. Agora, o HMS Daring está em manutenção ou indisponível há sete anos, três meses e 19 dias, superando o tempo que passou em serviço ativo.

O longo período de manutenção envolveu principalmente o Projeto de Melhoria de Potência (Power Improvement Project, PIP), um esforço abrangente para resolver os problemas de geração de energia da classe Type 45. Este projeto incluiu a substituição dos geradores a diesel originais por três unidades mais potentes, aumentando significativamente a confiabilidade e a capacidade operacional do HMS Daring.

Os trabalhos de reforma, realizados no estaleiro Cammell Laird em Birkenhead, foram concluídos no final de 2022, e o HMS Daring retornou a Portsmouth em janeiro de 2023 para os preparativos finais. Espera-se que o navio retorne à frota ainda este ano, concluindo um dos períodos de manutenção mais longos na história naval recente.

HMS Daring, destróier Type 45 britânico
HMS Daring

Os problemas de propulsão originaram-se de uma falha de design no intercooler da Northrop Grumman, anexado às turbinas a gás WR-21 da Rolls-Royce do navio. Em climas quentes, como no Golfo Pérsico, a disponibilidade de energia era significativamente reduzida, e alguns navios chegaram a perder energia durante o desdobramento.

De acordo com o analista de defesa NavyLookout, enquanto a turbina a gás WR-21 em si é confiável, a unidade intercooler possui uma falha de design significativa que ocasionalmente causa falhas. Quando isso ocorre, a carga elétrica sobre os geradores a diesel pode se tornar excessiva, levando a uma perda completa de energia.

Para resolver esses problemas, uma reforma planejada foi programada para todos os seis navios da classe, e o HMS Daring, juntamente com o HMS Dauntless, já concluíram esse processo.

Olhando para o futuro, embora o longo período de manutenção tenha sido desafiador, o Projeto de Melhoria de Potência deve trazer benefícios significativos a longo prazo para o HMS Daring e seus navios-irmãos. As atualizações, que incluem a instalação de três novos geradores mais confiáveis, melhoram a potência e a confiabilidade do navio, tornam-no mais ecológico e capaz de suportar futuros sistemas de armas.

Antes de retornar ao serviço ativo, o HMS Daring passará por testes rigorosos para garantir que as novas instalações de propulsão estejam corretamente integradas e funcionando conforme o esperado. Esses testes confirmarão que o navio está pronto para retomar seu papel.

Apesar dos desafios, os destróieres Type 45, incluindo o HMS Daring, continuam entre os navios de guerra mais avançados do mundo. Eles são os maiores e mais poderosos destróieres de defesa aérea já construídos para a Marinha Real, projetados principalmente para fornecer capacidades de guerra antiaérea de última geração, protegendo forças nacionais, aliadas e de coalizão contra aeronaves e mísseis inimigos.

FONTE: ukdefencejournal.org.uk

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Ozawa

Estão à frente de seus antecessores em tudo, até mesmo em tempo de inatividade para manutenção e reformas …
Há quem veja nisso um copo meio cheio, ou meio vazio …

Burgos

É com a tentava e erro que se aprende acertar.
Fizeram o navio para navegar em uma situação A sendo que ele também tem que navegar em situação B, C , D e assim por diante.👍

JHF

O eixo torto do porta aviões de Gales me.faz pensar que o problema da RN é mais embaixo….

Rui Mendes

Como diz na matéria, o erro de design é da unidade de intercooler da Northrop-Grumman.

Salomon

Que boa compra de oportunidade!
🙁

Marcelo CE.

Que grande oportunidade da Royal nave se livrar disso kk

juarez

Que nave que a Royal tem, né ?

Regis

Não dá ideia não, amigo. Vai que os caras da MB e do Ministério da Defesa estão acompanhando o blog.

Marcelo

Não estão à venda, são a espinha dorsal da defesa aérea da RN e vão operar por décadas ainda com eles. E se estivessem à venda seriam caras demais para a MB, operando o ASTER 30.

Jardel

Essa mesma classe de navios nas mãos dos italianos apresentaram os mesmos problemas?

Heli

Na verdade não é a mesma classe. Os italianos e franceses continuaram no projeto conjunto da classe Horizon, do qual a Inglaterra saiu, e este usa as turbinas LM2500 e não apresentou problemas de confiabilidade.

No One

Compartilham um certo parentesco com as ORIZZONTE e em menor grau até com a FREMM, pois a experiência adquirida e algumas soluções do programa Orizzonte foram aproveitadas para desenvolver as fragatas ítalo-francesas. No papel a RN( que queria liderar o programa , através das suas empresas gerenciando aspectos chaves do programa e estabelecendo requisitos mais ambiciosos) tem uma frota de destroyers maior e mais capazes, mas na prática a disponibilidade e a confiabilidade ( apesar das maiores capacidades ) foi tão baixa que o resultado foi quase igual ao das outras duas marinhas que graças a colaboração no Orizzonte conseguiram… Read more »

No One

O tiro saiu pela culatra. A situação da sua força submarina também não foge do péssimo quadro geral. O que um dia já foi uma das melhores, mais prestígiosas e poderosas marinhas, hoje tem dificuldade até de manter a própria liderança na Europa.

Jjj

Que sirva de lição, para cobrarmos o poder político para os problemas da defesa

Cristiano ciclope

Que liderança da Europa?
Perderam a tempos para a França e Alemanha. Começou a perder no quesito econômico e comercial, para o político e militar foi um pulo.
Hoje estão no mesmo nível ou até abaixo de Espanha e Turquia.

No One

Não mesmo, não é minimamente comparável a Espanha ou Turquia. Porém a “liderança” que eu aponto é no poder naval europeu. A Royal Navy ainda è a maior marinha européia ( excluindo a Rússia da Europa) por deslocamento agregado e a 4ª a nível mundial, superando por pouco a JMSDF, mas esse dado é um pouco artificioso, mais de metade desse deslocamento total se deve a RFA que é uma frota ” civil ” bem mais econômica e basica em relação as reais toneladas da marinha japonesa. Em outras palavras, as toneladas japonesas são mais caras ( e reais) do… Read more »

Atirador

Esqueceu dos subs nucleares, com certeza muito mais dispendiossos

No One

Não esqueci, ter essa deterrencia nuclear ( sobretudo os SSBN) custa caro e obviamente prejudica a projeção do poder militar convencional se os recursos disponíveis são limitados. O que mais importa porém nessa comparação( do poder naval ) são os SSN, os SSBN são recursos estratégicos que serão usados apenas em casos extremos e não em eventuais escaramuças, projeção de força e confrontos navais. A Rússia é uma potência nuclear e isso não mudou de uma vírgula o conflito na Ucrânia ( ainda bem, pelo menos nisso se mostraram lúcidos, no obstante os berros e anúncios apocalípticos). Dos 6 SSNs… Read more »

Last edited 3 meses atrás by No One
Dalton

Longe de querer faze-lo mudar de ideia caro No One mas, quando você menciona os 6 SSNs britânicos e sua baixa disponibilidade veja que o quinto “Astute” apenas recentemente foi declarado 100% operacional enquanto o segundo “Suffren” da França ainda não está “exatamente” na mesma situação. . Os “Astutes” são bem maiores que os novos submarinos franceses e mais 2 deverão ser entregues em 2025 e 2026 enquanto os franceses irão incorporar outros 4 até 2030. . Dos 5 SSNs franceses 3 são antigos e pequenos enquanto que dos 6 britânicos apenas 1 é mais antigo apesar de bem maior… Read more »

No One

Nobre Dalton, seus comentários são sempre bem-vindos e esperados, é ótimo poder ter uma perspectiva diferente( ainda mais a sua ) e é irrelevante se isso irá mudar ou reforçar ainda as minhas opiniões. O monólogo é tedioso.

ABS

Alberto

Turquia não é Europa. E por sinal a mais poderosa marinha europeia é a francesa, seguida da inglesa, alemã, italiana e espanhola. E comparando a marinha turca com as europeias, está no mesmo nível da alemã e italiana.

Mercenário

Jardel,

As Type 45 tem IEP (propulsão elétrica integrada), sendo mais complexa e com turbinas que não as tradicionais LM 2500 americana.

Mas, ao final, serviu como aprendizado, pois a classe Queen Elizabeth tem IEP e não há indicativo de problema.

Nos porta-aviões, a turbina é a RR MT30, que também foi adotada por EUA (Zumwalt), Japão, Coréia do Sul e Itália (Trieste).

Vale dizer, ainda, que a matéria em si não menciona que parte desse período em que a Daring não esteve ativa, ela serviu como harbour training ship, até pela falta de pessoal.

Alex Barreto Cypriano

Navio de propulsão elétrica precisa ter reserva de energia pra quando os geradores principais caírem por qualquer motivo. Quando os turbogeradores das WR-21 saem de linha, os geradores diesel não dão conta da demanda e tudo apaga como num prosaico curto-desarme doméstico – a partir disso, de onde virá a faísca pra startar os motores? 😅😅😅

Last edited 3 meses atrás by Alex Barreto Cypriano
Rogério

Motor a diesel não depende de faísca

Fernando "Nunão" De Martini

Acho que ele está falando das turbinas. Acho.

Alex Barreto Cypriano

Grato, Nunão. Os diesels da Type 45 (originalmente 2 de 2 MW) não tinham potência pra alimentar a soma de demanda dos motores elétricos, da carga hotel, de sensores e armas, etc. Atualizaram pra 3 de 3 MW fazendo uma cesariana invertida nas bonitinhas. Curiosamente, não mexeram nos intercoolers recuperators, apodados pivô do melé. Acredita quem quiser. O problema está na arquitetura do IEP das Daring class que quando caem os turbogeradores acoplados nas WR-21, o navio todo apaga, não tem redundância nem reserva. Cito o verbete Type-45 da Wikipedia: “The Rolls Royce WR-21 gas turbine itself is of a… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Em compensação não têm potência pra alimentar o IEP em média-alta demanda, daí os circuitos desarmam. Mas você está certo, não se trata de faísca pra restart mas de protetores de circuito…

Alex Barreto Cypriano

As Type 46, lindonas, têm coração fraco, precisam de marcapasso… Aumentar potência dos geradores diesel não resolve o problema essencial, apenas afasta o apagão súbito, isso se a demanda for menor que o que os diesel podem entregar… No limite, teria que igualar a potência dos diesels com a das turbinas. Tem jeito? 🤔😅
Era melhor ter feito a propulsão mecânica tradicional ou ter posto um banco de baterias pro restart (mas os sovinas…)😅😅😅

Alex Barreto Cypriano

Olha: se pra fazer os 32 nós precisava os 43 MW das WR-21, pra fazer 16 nós (velocidade de cruzeiro), precisa algo como 5,4 MW (43 : ((32 : 16)^3)) simplesmente mais do que os originais 2 diesel de 2 MW podiam entregar, e isso sem contar com a demanda de outros sistemas… Deu pra entender que mesmo com 3 de 3 MW a coisa ainda fica ruim se as WR-21 resolverem tirar uma ‘siesta’?

Esteves

Deu mas…tu tá respondendo tu mesmo?

Alex Barreto Cypriano

Minha mãe diz que sou doido, que falo sozinho… 😉

Tiago

Americanos sempre ferrando os ingleses!!!

Camargoer.

Ainda bem que os ingleses enviam astronautas para a estação espacial usando foguetes russos. riso.

Emmanuel

As vezes é melhor fazer o básico bem feito que querer recriar a roda.
A roda pode acabar saindo igual a bola quadrada do Quico.

Alfredo Araujo

Sabe o q me parece esse tipo de situação nesse tipo de marinha ? Não que o problema mecânico não exista… Mas me parece “mais barato” fazer uma manutenção loooonga, aquela de freio de mão puxado, do que bancar navio em plena operação… Ao menos fica mais barato, politicamente, fazer manutenção longa que admitir q não tem dinheiro para bancar todas as unidades a plena. Ou não tem marinheiro o suficiente para tripular todos os vasos… ou… etc
.
É apenas uma impressão… rsrs

Last edited 3 meses atrás by Alfredo Araujo
BraZil

Nada é perfeito, mas ruins sempre, questionáveis sempre e problemáticos sempre, são os equipamentos Chineses, Russos, .N. Coreanos, Iranianos etc. O Ocidente é ótimo em propaganda e tem muita “massa” a ser mantida em estado de animação……

Alfredo Araujo

Errado, como sempre, ao se comparar Ocidente x China e/ou Russia… A questão não é se equipamento X ou Y é bom ou ruim. Se o ocidente propagandeia q algo é bom, uma série de “especialistas” independentes tem acesso aos mais diferentes dados, se desclassificados é claro, e podem, livremente, dar sua opinião a respeito. Ao contrário de Russia, China e Coréia do Kin… Que não existe liberdade de expressão, ainda mais para criticar X ou Y que tenha vindo do estado. O que se tem de informações desses lugares, é o que o Partido, ou o Estado, querem q… Read more »

Fernando Vieira

Greta Thumberg diria: “How Daring you?” (desculpe)

Interessante que na segunda foto, com o HMS Daring no mar, ao fundo tem outro navio se deslocando de ré. Só uma curiosidade que notei.

Por último, não podemos falar muito, não deixamos uma fragata 10 anos em PMG e levamos 12 para construir uma corveta?

Dalton

Oi Fernando, o navio não está deslocando-se de ré, trata-se de um navio de apoio logístico cuja superestrutura fica a ré dando essa impressão. . Os reparos nos T-45s sofreram mais atrasos devido a COVID e também melhorias na infraestrutura para repara-los (dique seco) mas são navios muito capazes que receberão reforço no armamento na forma de 24 mísseis Sea Ceptor além de 8 excelentes mísseis anti navio “NSM”. . A Royal Navy assim como a US Navy está passando por transições e sinceramente não a vejo inferior à outras marinhas europeias como muitos acham o que há as vezes… Read more »

No One

Verdade, mas é a MB não é uma marinha de primeiro nível ( pode doer mas é a realidade), ninguém espera muito das marinhas africanas e da América Latina .

Burgos

B dia Fernando; Eu ampliei a foto e não tá navegando de ré não, parece ser o sonho da MB para o futuro quem sabe (Um classe Wave). E os 12 anos aí que vc se refere, acredito ser o CV Barroso ela levou quase 14 anos para ser finalizada e mais alguns meses de testes e ser entregue ao ciclo operativo da esquadra após Diasa/Ciasa para verificar as condições operacionais do navio. Mas o casco em si ficou anos parado no AMRJ que eu me lembre 8 anos aguardando a finalização do navio👍 Os 10 anos a que vc… Read more »

Last edited 3 meses atrás by Burgos
Dalton

De fato é um “Wave” Burgos e trata-se de foto já antiga.

José Rodrigo

Hhummm olha a oportunidade Brasilia, junto com aquelas bombas de aluminio Americans.

Marcelo Andrade

pior que o bicho é bonito pra burro!