20 anos da Amazônia Azul: como a Marinha protege o mar brasileiro
Meios e militares garantem manutenção da soberania nacional sobre seus recursos, mas investimentos precisam ser feitos para garantir preparo constante
O Brasil possui riquezas naturais que parecem infindáveis e um posicionamento geográfico que o coloca em vantagem em relação a vários países do mundo. Por essa razão, há séculos o País definiu fronteiras e possui métodos de defesa para a Amazônia Verde e seus mais de 4 milhões de quilômetros quadrados de águas doces, reservas minerais e biodiversidade.
Assim como com a floresta, o País começa a perceber o valor estratégico do mar, batizado há 20 anos de Amazônia Azul pela Marinha do Brasil (MB).
Tal área de domínio nacional configura 5,7 milhões de km², à margem e para além da costa brasileira e, tanto é territorialmente maior que a Amazônia Verde, quanto responde por 20% do PIB nacional.
Ela também é “caminho” por onde trafegam mais de 95% de todo o comércio exterior e gera, em todas as suas atividades diretas ou indiretas, mais de 20 milhões de empregos.
Para garantir a soberania nacional sobre seus próprios recursos, a Marinha do Brasil se prepara e atua para transpor todo tipo de desafio. Quanto maiores forem eles, mais potente deve ser o Poder Naval para vencê-los.
Monitoramento
A Marinha desenvolveu o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que é uma das principais ferramentas para o monitoramento e proteção das águas jurisdicionais brasileiras. Ela integra equipamentos e sistemas compostos por radares localizados em terra, aeronaves e embarcações, além de câmeras de alta resolução e capacidades como a compilação de informações recebidas de sistemas colaborativos.
Entre essas integrações, destaca-se o Sistema de Monitoramento Marítimo de Apoio às Atividades de Petróleo (SIMMAP), o Sistema de Identificação e Acompanhamento de Navios a Longa Distância (LRIT) e o Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite (PREPS).Todos esses sistemas são baseados em rastreamento de posição via satélite. Os dados captados de posicionamento são transmitidos por meio de comunicação satelital para centrais de rastreamento e, no futuro, haverá a incorporação de sensores acústicos ao monitoramento.
A capacidade obtida com sua implementação permite que as infrações ambientais, como a poluição causada por embarcações e plataformas, sejam prevenidas e mitigadas por meio de ações de pronta resposta, inteligência e dissuasão. Em se tratando de óleo, foi criada, em 2020, uma Comissão Técnico-Científica para o Assessoramento e Apoio das Atividades de Monitoramento e Neutralização dos Impactos Decorrentes da Poluição Marinha por Óleo e Outros Poluentes na Amazônia Azul.
Meios
Em 2004, no artigo que inaugurou o termo “Amazônia Azul”, o então Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, reiterava que, na Amazônia Verde, as fronteiras do Brasil com seus vizinhos são fisicamente demarcáveis e estavam sendo efetivamente ocupadas por pelotões de fronteira e obras de infraestrutura, mas que o que define as linhas da Amazônia Azul são os navios patrulhando-as ou realizando ações de presença.
Em abril do ano passado, por exemplo, a MB precisou dissuadir um navio alemão que pesquisava, sem autorização, em águas brasileiras, em um local apontado como rico em cobalto, níquel, platina, manganês e terras-raras. Após o envio de uma Fragata para a Elevação de Rio Grande – área que compõe a Amazônia Azul –, a embarcação europeia se retirou.
Para defender toda a faixa de domínio brasileiro sobre o mar, a MB conta com seus militares e meios como navios (aeródromo, fragatas, corvetas, patrulha, entre outros), submarinos, helicópteros, drones e caças.
Treinamento
O treinamento em alto-mar e próximo à costa é fundamental para a MB, pois permite o aprestamento contínuo de suas tripulações e o desenvolvimento de seus meios navais. Essas atividades simulam condições reais de operação, testando a capacidade de manobra, a eficiência em situações de emergência e a integração entre os diversos elementos da Força Naval.
Além disso, o treinamento intensifica a prontidão operacional, a segurança das embarcações e a eficácia das estratégias de defesa, garantindo que o Brasil esteja preparado para enfrentar desafios em qualquer contexto.
A participação da Esquadra em exercícios nacionais, como “ASPIRANTEX”, “ADEREX” e “Lançamento de Armas”, bem como os internacionais, como “GUINEX”, “UNITAS” e “Fraterno”, realizados em conjunto com outras Marinhas, contribuem para manter o preparo constante de meios e militares e promovem maior presença da MB no entorno estratégico brasileiro e garantem a soberania do País sobre suas águas, além do estreitamento de laços com nações amigas, em apoio à política externa.
Nessas ocasiões, são favorecidos o intercâmbio de informações e de conhecimento e a perspectiva de cooperação no combate a atividades ilícitas, como tráfico de armas, de drogas e de pessoas, pesca ilegal e crimes ambientais no Atlântico Sul.
São, ainda, oportunidades de treinamento entre os diferentes meios da própria Esquadra e com meios das demais Forças Armadas, aumentando sua integração. É um esforço perene e que exige detalhada coordenação entre diversos patamares do Poder Naval.
Recursos
O político, jurista e escritor Rui Barbosa já dizia: “esquadras não se improvisam”. Neste sentido, há uma preocupação premente da MB em retomar a “era de ouro” da construção naval, onde as prioridades eram garantir prontidão do pessoal e dos meios da Marinha. Estes, aliás, estão defasados, com previsão de baixa em ao menos 40%. Para o Comandante da Força, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, o País carece de “vontade política e estratégia de longo prazo” que assegure ao Estado brasileiro essa condição.
O País provisionou nos últimos dez anos, em média, o correspondente a 1,32% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, enquanto outros países em desenvolvimento seguem avançando, como a Índia (2,4%), a Colômbia (3%) e o Chile (1,8%).
Atualmente, tramita no Senado uma proposta de Emenda ao artigo 166 da Constituição Federal, que pretende estabelecer o orçamento anual mínimo de 2% do PIB para ações e serviços de Defesa Nacional. O documento condiciona 35% das despesas discricionárias do Ministério da Defesa, isto é, aquelas que não são obrigatórias, para o planejamento e execução de projetos estratégicos, priorizando a indústria nacional. Inclui, ainda, uma regra de transição, para que o valor aumente gradualmente até alcançar o seu patamar.
O texto da PEC, conforme apresentado pelo Senador Carlos Portinho, observa o incremento percentual gradual (0,1%/ano) e está em sintonia com o cenário geopolítico atual, que tem incentivado grandes e médias potências a elevarem seus investimentos para renovar seus sistemas de Defesa.
A PEC justifica a proposta com dados do Banco Mundial, que apontaram a média global de investimento com despesas militares, no ano passado, correspondente a 2,3% do PIB. Ela também compara os investimentos do Brasil com outros países da América Latina: “Assim, as despesas brasileiras no ano de 2022, consideradas em percentual do PIB, foram inferiores às do Peru (1,2%), da Bolívia (1,5%), do Chile (1,8%), do Uruguai (1,9%), do Equador (2,2%) e da Colômbia (3,0%)”.“Uma visão imediatista pode encobrir ou atenuar a percepção de ameaças e seus riscos associados e influenciar a alocação de recursos em defesa, reduzindo essa prioridade. Essa realidade é perigosa e traz consequências graves.
A presença de potências extrarregionais no entorno estratégico brasileiro deve ser motivo de preocupação para o Estado. A existência de cooperações e parcerias entre tais potências e países de nosso entorno geram a necessidade de constante avaliação do cenário geopolítico, incluindo, nessa análise, a própria capacidade de dissuasão da Força”, analisa o Comandante da Marinha.
Com foco na vertente soberania, esta é a quinta e última matéria da série “20 anos da Amazônia Azul”. Para ler as quatro primeiras reportagens, clique aqui.
FONTE: Agência Marinha de Notícias
Como a MB protege o mar brasileiro?
Simples, não protege.
Seria cômico se não fosse trágico. Mas podemos ficar tranquilos agora, tem 4 novas corvetas (sim, é uma corveta) para proteger mais de 7000 km.
Por enquanto tem uma em testes no mar. Uma.
Se estão falando da fragata Tamandaré, ela está em acabamento. Não entrou na fase de provas de mar.
Vichi.
Por que “vichi”?
Por enquanto, e diferentemente de vários outros programas, a construção da Tamandaré está muito próxima do cronograma original e dos prazos normais para um navio cuja construção começou há pouco mais de dois anos.
https://www.naval.com.br/blog/2022/09/12/cerimonia-de-corte-de-chapa-da-fragata-tamandare-e-realizada-em-itajai-sc/
Cronograma divulgado na época da assinatura do contrato, em março de 2020, que coincidiu com o início da pandemia, dilatando o período dedicado a desenvolvimento:
Cronograma divulgado em agosto deste ano:
Ficou comum afirmar que o tamanho da esquadra depende do tamanho do litoral. É um equívoco. O tamanho do litoral determina o tamanho da guarda costeira, que no Brasil é feito pela MB com os meios distritais. A Esquadra é um conjunto de meios de guerra organizados para atuar em outro cenário, ainda que possam ser usados para guarda costeira em tempos de normalidade. O tamanho da Esquadra é dimensionado pela tamanho da ameaça estratégica. Históricamente, a MB opera algo entre 7~13 navios de combate que passaram a ser chamadas de “escoltas”. Fragatas, corvetas, contratorpedeiros… talvez sejam poucos, talvez sejam… Read more »
Se o tamanho da esquadra é determinada e dimensionada frente à ameaça estratégica devemos retornar aos estudos que determinaram as doutrinas e posteriormente as estratégias.
Como definimos amigo/inimigo?
“Ficou comum afirmar que o tamanho da esquadra depende do tamanho do litoral.”
Mesmo porque, se essa desculpa realmente fosse verdadeira e válida, então seria AINDA mais vergonhoso pra MB, já que temos 4 submarinos pra uma costa e ZEE desse tamanho, enquanto a Grécia, com uma costa e ZEE minúscula, tem 12 subs….
A Grécia tem a Turquia…reforçando a argumentação do Professor Camargo.
Nós Tivemos os russos por imposição da época. Hoje?
Nem tanto à terra nem tanto ao mar O contexto geográfico influencia e obriga determinadas escolhas, como ter uma ou 2 esquadras e é algo notório, até a MB reconhece, que o ideal seria ter uma segunda esquadra no norte do país, mas obviamente a realidade orçamentária, a falta de visão estratégica e a ausência de uma ameaça perceptível para a sociedade brasileira, impede esse passo. Assim como determina quantidades, tipologia e características das unidades para operar em um determinado ambiente. O ambiente/habitat sempre irá determinar quais são as características necessárias para que um organismo consiga sobreviver e evoluir, quando… Read more »
“O tamanho da Esquadra é dimensionado pela tamanho da ameaça estratégica.”
E quando as ameaças ocorrem? Quando os interesses se chocam. Para um país subserviente a todos, não há ameaças. Simplesmente abaixamos a cabeça para os interesses dos outros.
Ia responder isso. Vc respondeu primeiro.
Até onde a vista alcança…(e olhe lá).
Rsrs
Típica matéria de agência oficial de notícias … É como o livro de “Crônicas da Marinha”, parafraseando a literatura bíblica: só relata os pontos positivos, os feitos, as glórias, mas os pecados e os desvios da sua queda de meios e de orçamento sequer aborda. Não existe defesa da Amazônia Azul com orçamento no vermelho! Simples assim. Não há investimentos (em equipamentos) com gastos de folha salarial como existe hoje com, por exemplo, “morte ficta”, “aposentadoria aos 50 anos”, “excesso/inutilidade de contigente”, alguns dos quais serão, após longa e árdua negociação como dizem os noticiários recentes (precisou ser longa e… Read more »
Não sei quanto a você, mas me da um misto de raiva, desdém e revolta ler esses textinhos “mela-cueca” da MB sobre “Amazônia Azul”, e insistir nessa mentira estatística de que “gastamos pouco do PIB com Defesa”.
Alguém, fora do “círculo encantado da MB”, leva esses textinhos mequetrefe a sério?
Somos dois, então.
Como a MB protege o mar? Desdentada.
“Como a MB protege o mar?”
Simples: não protege.
Mais alguma pergunta?
Você ainda não entendeu que as instituições no Brasil não funciona.
Será que esse cara com o binoculos não deve sentir calor? Cheio de pano na cara e nas mãos.
Ainda mais se estiver no RJ 45 graus.
Se o faz me rir $$ estiver caindo na conta todo mês certinho tenho certeza que ele nem lembra desse detalhe (calor).
Esses panos sao para o proteção contra o sol,maresia e manter o rosto do MacGyver (militar) em sigilo.
Quando eu batí o olho no título, e quando eu batí o olho nas palavras “Amazônia Azul”, eu já tinha 99% de certeza de ser um texto da MB. Ler o primeiro parágrafo só aumentou minha certeza. Terminar o texto e ver a fonte, apenas cimentou minha certeza. Uma MB inchada, que passou décadas sem conseguir colocar um barco-patrulha na água, que se recusa assumir a responsabilidade pela aviação de patrulha, alegando falta de grana ( mas aquela meia-dúzia de A-4 eles operam, ein? ), que conta com uma quantidade de meios irrisórios, enquanto passou as últimas décadas gastando tempoe… Read more »
De Nota Oficial também se vive.
Sem dúvidas devemos valorizar o quanto a MB com o que tem e opera se esforça o máximo para defender a nossa soberania marítima e nossa posição como potência regional,para que a Marinha exerça essa função com maestria,devemos adquirir mais fragatas classe Tamandaré,mais submarinos convencionais classe Riachuelo,se possível um número razoável de submarinos nucleares e meios de patrulha distritais para todos os DNs exercerem suas funções de patrulha costeira, principalmente para o 3DN que possui a maior extensão da costa marítima e arquipélagos e também o 4DN que atua na foz do Rio Amazonas e o 2DN.
– Comandannnnnnnnte. Comandannnnnnnnte. – Vamos publicar nota. Publicarão façanhas da Marinha. – Meu Deus. A impressora não. Não permita o uso da impressora. – Comandante. A nota precisa de aprovação. Uma versão impressa. – Versão impressa? O Comandante e o Ajudante de Ordens respiram pausadamente refletindo sobre os riscos de uma impressora. – Ajudante de Ordens…a tal impressora tem memória? – Tem buffer. – Buffet…isso combina com champanhe e camaroes. – Não, Comandante. É buffer. Tudo que imprimem fica no buffer. É a memória. – Acho isso arriscado. Não confio em nada que pensa. Temos mimeografo? – Deve haver um… Read more »
Amazonia Azul. Esse termo foi cunhado no inicio dos anos 1990 pela MB e a Petrobras em defesa dos pocos gigantes de petroleo descobertos na Bacia de Campos na ocasiao. Hoje o termo “Amazonia Azul” eh um dos cavalos de batalha da MB quando a usa como argumento para aquisicao de recursos ou justificativa de compra de meios. Esse argumento/justificativa anda junto com um outro: “Desastres Naturais” para os mesmos propositos. A meteria da Agencia de Noticias de MB eh perfeita para a sua audiencia pricipal:os tomadores de decisao que em geral sao desconhecedores dos assuntos e interesses da MB.… Read more »
Protege como? Sem navio?
Os países vizinha não servem como parâmetro de ameaça militar, mas servem como referência para despesa militar???? Kkkkkkkk
O pior que muitos vão aceitar, e como dizia vovô: “enquanto existir otário, malandro não passa fome”
O “duplipensar” das FA’s BR é um negócio fascinante. É sério.
Quer mais um exemplo, além do seu?
As FA’s, ao mesmo tempo que usam a desculpa de “pro nosso T.O tá bom” pra defender velharias como Cascavel NG, é a memsma que defende coisas como subnuc…
Ué, pra quê subnuc, se qualquer velharia tá bom pro nosso T.O?
Em resumo continuem rezando para que nada ocorra , pois se depender de meios estamos derrotados.
Alguns anos atrás (creio que em 2018 ou 2019) houve o misterioso caso das manchas de óleo encontradas em boa parte do litoral brasileiro. Não apenas manchas isoladas, mas verdadeiros “depósitos” de óleo cru encontrados desde o litoral do nordeste até o litoral fluminense. E não tinha sido a primeira vez, ressalte-se. Se não me engano, na Bahia a coisa atingiu níveis de tragédia ambiental, atingindo mangues, estuários e deltas de rios na região. Milhares de pássaros, crustáceos e répteis morreram intoxicados. Em outros estados (creio que Ceará ou Pernambuco), era tanto óleo que foram necessários escavadeiras e máquinas pesadas… Read more »