Por Brent Ramsey*

O presidente eleito Donald Trump fez declarações recentes a favor da necessidade de uma Marinha muito mais forte. Aqui estão algumas recomendações essenciais que ele deve considerar:

Apoiar integralmente a Comissão sobre o Futuro da Marinha: É urgente estabelecer um requisito base atual para que a Marinha compreenda qual é sua missão, quais são as deficiências existentes e o que precisa ser feito para estruturar a Marinha necessária para defender a nação. A Comissão deve conduzir “um estudo abrangente sobre a estrutura da Marinha e as premissas políticas relacionadas ao tamanho e à composição da força da Marinha, a fim de: (I) fazer recomendações sobre o tamanho e a composição da frota de navios; e (II) fazer recomendações sobre o tamanho e a composição da aviação naval.”

A Marinha de 2025 é significativamente menor do que em qualquer período desde o início da Segunda Guerra Mundial, com aproximadamente 296 navios de força de combate. Em contraste, no final da Guerra Fria, durante a presidência de Ronald Reagan, a Marinha contava com 592 navios de força de combate.

Crescimento naval da China: A República Popular da China (RPC) aumentou maciçamente o tamanho de sua Marinha do Exército de Libertação Popular, ao ponto de agora ser maior do que a Marinha dos EUA. Um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso (Congressional Research Service), publicado em agosto de 2024, destaca essa disparidade crescente.

Devido aos compromissos globais e às deficiências causadas por manutenção e capacidade industrial, os EUA atualmente conseguem manter apenas 50 a 70 navios na 7ª Frota do INDOPACOM, em comparação com os 400 navios da RPC. A República Popular da China (RPC) deixou claro seu objetivo de dominar o Indo-Pacífico, incluindo todos os seus vizinhos, como Taiwan e aliados com tratados, como Japão, Filipinas e Coreia do Sul.

Espera-se que a Comissão recomende fortemente uma Marinha muito maior. O último relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso (Congressional Research Service) sobre o crescimento da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN) pode ser acessado no link indicado.

  • A Administração Trump deve rapidamente propor, e o Congresso deve financiar, um grande aumento nos fundos para a construção de navios de combate a fim de construir as embarcações que a nação urgentemente precisa. Há muito tempo reconhece-se que a base industrial dos EUA sofreu uma grande erosão desde o fim da Guerra Fria. Em reconhecimento a esse fato, alguns membros do Congresso e o próprio Departamento de Defesa (DOD) têm defendido a reconstrução da base industrial. Esforços foram iniciados, mas eles têm sido lentos e insuficientes. É urgentemente necessário fortalecer a base industrial de defesa para construção naval, fabricação de aeronaves e produção de mísseis de todos os tipos. Nossos estoques e capacidades de produção de navios, aeronaves e mísseis estão degradados, colocando-nos em risco de não sermos capazes de defender a nação. Para seu crédito, o DOD documentou essa necessidade na forma de um Plano Nacional de Desenvolvimento da Base Industrial Estratégica de Defesa, mas esse esforço não tem sido tratado como uma prioridade e está seriamente subfinanciado. É urgente aumentar os investimentos na reconstrução da infraestrutura crítica da base industrial dos EUA. Mais informações sobre o que o DOD propõe podem ser encontradas no link indicado.
  • O financiamento e as instalações para manutenção de navios são gravemente insuficientes para manter a atual frota de aproximadamente 296 navios de combate. Até 40% dos submarinos americanos estão aguardando manutenção e não podem ser mobilizados. A Marinha enfrenta uma séria falta de docas para reparos em submarinos nucleares. Os EUA já foram uma potência na construção naval, mas essa capacidade foi negligenciada e entrou em declínio. Há diversas propriedades abandonadas que poderiam ser reparadas e reutilizadas. É urgente aumentar o financiamento para reparo e manutenção de navios da Marinha. O almirante responsável pelo Comando das Forças de Frota admitiu que a Marinha está aquém de seu objetivo de colocar 75 navios em operação rapidamente para atender a uma crise nacional, principalmente porque muitos navios estão em manutenção de longo prazo ou aguardando reparos antes de poderem ir ao mar. O GAO detalhou essas deficiências em seu relatório de 2024, disponível no link indicado. O financiamento para manutenção de navios deve ser substancialmente aumentado.
  • As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio esgotaram seriamente os estoques dos EUA, particularmente de mísseis. O Congresso deve aprovar imediatamente um aumento substancial de fundos para reabastecer suprimentos vitais de mísseis e aumentar ainda mais esses estoques para estar pronto para enfrentar a China em um futuro próximo. A China ameaça seus vizinhos no Pacífico e, segundo relatos de declarações feitas pelo presidente Xi, planeja tomar Taiwan até 2027. As provocações da China contra Taiwan estão aumentando rapidamente, incluindo o recente corte de cabos submarinos que fornecem comunicações para Taiwan. Os EUA precisam reforçar seus estoques de todas as variantes do míssil Standard, do míssil de ataque terrestre Tomahawk e de mísseis ar-ar como o Sidewinder. A Força Aérea e o Exército também enfrentam escassez de mísseis. A Heritage Foundation relatou essa grave deficiência, e o relatório completo pode ser encontrado no link indicado.
  • Os EUA enfrentam uma desvantagem extrema em relação à China na questão dos metais de terras raras, essenciais para tecnologias avançadas, especialmente na indústria de defesa. A China domina tanto a exploração quanto a mineração de terras raras em seu território e ao redor do mundo. Além disso, lidera na fabricação e aplicação industrial desses materiais, particularmente em sistemas de armas. A maioria dos sistemas de armas avançados usados pelas forças armadas dos EUA depende de componentes críticos que contêm metais de terras raras. Por exemplo, o F-35, o caça furtivo mais avançado do mundo, utilizado pelos EUA e por 18 nações parceiras, possui muitos componentes que dependem de terras raras. Segundo o Departamento de Defesa (DOD), “o F-35, por exemplo, requer mais de 900 libras de elementos de terras raras. Cada destróier da classe Arleigh Burke (DDG-51) exige 5.200 libras, e um submarino da classe Virginia precisa de 9.200 libras.” A China já começou a restringir o acesso dos EUA a determinados elementos de terras raras, e essas restrições só devem aumentar conforme as tensões entre os dois países se intensificam. O Congresso precisa agir para incentivar a exploração e mineração de terras raras nos EUA e a criação de uma cadeia de suprimentos capaz de fornecer esses materiais críticos para as indústrias de defesa. A gravidade desse problema é abordada em detalhes no link indicado.
  • A Defesa contra Mísseis Balísticos (BMD) nos Estados Unidos é inadequada. A República Popular da China (RPC) está expandindo rapidamente seu arsenal de mísseis balísticos, incluindo sistemas de entrega hipersônicos avançados. Rússia e Coreia do Norte possuem tecnologias de mísseis e ogivas que também podem ameaçar os EUA, especialmente considerando a instabilidade política em ambos os países. O Irã é conhecido por perseguir o desenvolvimento de armas nucleares e já desenvolveu mísseis balísticos que podem ser potencialmente usados contra os EUA. A tecnologia dos EUA está atrás da China e da Rússia no que diz respeito à tecnologia hipersônica. Além disso, os EUA estão investindo pouco dinheiro no avanço de seus sistemas de BMD. Por exemplo, o orçamento proposto para o ano fiscal de 2025 destina apenas US$ 28 bilhões para BMD. Em contraste, a administração Biden no ano fiscal de 2024 alocou US$ 1,4 trilhão para gastos em meio ambiente, clima e infraestrutura. A justificativa dada por muitos “especialistas” para o investimento mínimo em BMD é que a destruição mútua assegurada (MAD) continua sendo um dissuasor válido para a guerra nuclear. Esse cenário impensável de holocausto nuclear é frequentemente usado como explicação para investir pouco em sistemas reais de defesa contra mísseis balísticos. Contudo, em um mundo cada vez mais instável, a MAD ainda é válida? Podemos confiar que estados como o Irã, ou uma Rússia, China ou Coreia do Norte desesperadas, não usariam mísseis balísticos nucleares contra os EUA? O presidente e o Congresso devem avaliar o estado da ameaça representada por inimigos cada vez mais instáveis e determinar se os fundos destinados ao BMD são suficientes. Não podemos nos dar ao luxo de errar nesse cálculo, ou centenas de milhões de cidadãos americanos pagarão o preço.

*O Capitão Brent Ramsey, (USN, reformado), escreveu extensivamente sobre questões de Defesa. Ele é oficial do Calvert Group, membro do Conselho Consultivo do Center for Military Readiness e do STARRS, além de integrar o Grupo Consultivo Militar do congressista Chuck Edwards (NC-11).

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Zorann

Eu achei que era a Rússia que estava sem mísseis…. mas parece que os EUA é que estão.

Em breve a marinha chinesa terá o dobro de navios dos EUA.

Vai lá Trump conversar com o Putin pra ver se ele te dá umas dicas sobre como reativar fabricas fechadas.

NBS

Certamente, o desejo dos militares norte-americanos de expandir seus meios torna-se, a cada dia, um desafio monstruoso em função da crescente dívida nacional, que hoje está em US$ 35 trilhões e continua aumentando. Trump, inclusive, sinaliza que não deseja um teto para a dívida — algo muito valorizado por economistas e pelo mercado nacional. Ele age assim devido à excepcionalidade do dólar como moeda de reserva de valor. Certamente, a emissão de dólares aumentará a fuga da moeda como reserva de valor e influenciará as compras entre os bancos centrais. Esse déficit tem suas raízes na desindustrialização, globalização, juros da… Read more »

ChinEs

Com o ritmo acelerado de crescimento da PLA Navy, é bem provavel que alcance os 800 ships até 2035, mais o foco da China é a dissuasão nuclear e as armas hipersônicas, sem isso a China não vai fazer nenhuma invasão a Taiwan, primeiro a China vai atingir as 1500 nukes em 2030, e construir pelo menos 6 SSBN Type 096 Tang, ou seja a China vai operar 14 SSBN (8 Type 094 + 6 Type 096) com capacidade de lançar até no máximo 192 SLBM JL-3 com pelo menos 6 a 8 MIRVs cada, o que totaliza pelo menos… Read more »

Joanderson

E ae que a gente ver que a Rússia ainda é uma potência militar de primeira grandeza, enquanto até 2030 a china quer ter 1500 ogivas nucleares,a Rússia já tem isso desde dos anos 70,e se tratando de meios para usar na Rússia não falta,
Fora os submarinos nucleares Rússos que não devem nada a sub americanos.

Diego

E.U.A. vão deixar Taiwan na mão assim como deixaram todos os seus aliados desde o Vietnã, eles estão transferindo fábricas de semi-condutores para o país como loucos no intuio de poder ter auto suficiência em Chips fabricados em solo nacional, uma vez isso feito Taiwan estará por conta própria. A economia chinesa e americana estão muito interligadas e uma guerra não é interessante para elite tanto americana quanto chinesa.

Rodolfo

Reconstrucao da base industrial naval é importante mas leva tempo, e um dos problemas dos estaleiros americanos tem sido retenção de mao de obra qualificada. Sem alteração da lei que proíbe a US Navy encomendar embarcações em estaleiros no exterior (Coreia do Sul, Japao, Italia), o gap em relação a Marinha Chinesa só vai continuar a aumentar até o fim da decada.

André Macedo

Expectativa: Trump vai acabar com as guerras dos EUA no mundo, causadas pelos democratas malvados

Realidade: Trump ameaça anexar território de dois parceiros da OTAN sem razão alguma, e ainda nem estamos falando do lobby kkkkkkk