A história militar pelas lentes do cinema
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Como filmes de guerra contribuem para a mentalidade de defesa; confira entrevista com o Capitão de Fragata Sérgio Vieira Reale
Não é de hoje que o encontro entre a história naval e o cinema contribui para o conhecimento desta parte da história militar e marítima; tanto para os que já são familiarizados com o tema, quanto para aqueles que passaram a se interessar pelo assunto.
Divulgar a história naval, por meio de filmes e séries de televisão, tornou-se a missão do Capitão de Fragata Sérgio Vieira Reale, que desde 2023 escreve, principalmente, sobre a guerra naval para diferentes periódicos eletrônicos. Reale analisa cada filme com o conhecimento de quem comandou dois navios na MB ‒ o Navio Balizador “Mestre João dos Santos”, entre 2000 e 2001, e a Fragata “Independência”, entre 2011 e 2012. Ele também foi instrutor da Escola de Guerra Naval por três anos. Nesta entrevista à Agência Marinha de Notícias (AgMN), ele conta um pouco sobre a história desse trabalho. Confira!
AgMN – De onde surgiu o interesse por escrever sobre as histórias militares contadas pelo cinema?
Capitão de Fragata Reale – A ideia nasceu da observação de livros e trabalhos acadêmicos que abordavam a relação entre uma determinada área de conhecimento e o cinema. Um bom exemplo é o livro “Os Advogados Vão ao Cinema”, que reúne artigos de filmes inesquecíveis sobre o mundo jurídico. A psicologia também é um exemplo, pois está presente nos personagens de cada filme. Nesse sentido, considerei que produzir artigos, principalmente, sobre a história naval e o cinema, baseados em séries ou filmes de guerra, poderiam despertar a vontade de assisti-los ou revê-los, bem como serem utilizados como fonte histórica no meio acadêmico.
AgMN – O senhor sempre teve interesse por filmes de guerra mesmo antes de escrever sobre eles? De todos os filmes sobre os quais escreveu, qual foi a história que mais o marcou e por quê?
Capitão de Fragata Reale – Sim, os filmes de guerra, de modo geral, abordam temas relevantes, têm uma narrativa atraente e misturam cenas de ação com elementos emocionais. Além disso, são acompanhados por uma trilha sonora empolgante. Vale mencionar a magnífica trilha sonora do filme “Top Gun” de 1986. De todos os que escrevi, considero “O Barco ‒ Inferno no Mar” um clássico da guerra naval. O filme retrata, de forma eletrizante e bem realista, a vida a bordo de um submarino alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
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AgMN – Por que o senhor considera importante o uso de filmes como fonte de pesquisa histórica?
Capitão de Fragata Reale – Os filmes ou séries são uma fonte histórica dinâmica. Eles também podem ser usados em sala de aula das escolas militares como mais um recurso didático. Porém, o cinema, como é arte e entretenimento, tem liberdade para promover algumas mudanças na narrativa dos filmes e das séries. Dessa forma, podem se afastar, em maior ou menor grau, da verdade documental.
AgMN – Nem sempre os filmes refletem a realidade com precisão. Como é para o senhor assistir a esses filmes sob esse olhar de alguém, cuja vida profissional foi dedicada inteiramente à Marinha e que tem conhecimento detalhado sobre a temática militar?
Capitão de Fragata Reale – O cinema é arte e entretenimento. Dessa forma, possui uma liberdade artística para se afastar, em maior ou menor grau, da verdade documental. Por outro lado, existe uma responsabilidade de quem leva a história para o cinema. Muitas pessoas não farão uma pesquisa sobre aquele fato ou personagem histórico e ficarão somente com o poder da imagem e da narrativa daquele filme.
AgMN – De que forma o senhor acredita que o emprego de filmes pode contribuir para a formação militar e também para ampliar a mentalidade de defesa da sociedade?
Capitão de Fragata Reale – Vivemos em um momento em que há o predomínio da linguagem imagética. Nesse sentido, filmes bem selecionados e que trazem bons exemplos sobre a vida militar são sempre bem-vindos para contribuir na formação dos militares. Quanto à importância da defesa nacional, esta já é diariamente estimulada junto à nossa população. O cinema é uma inegável potência cultural. Os artigos, que envolvem a história militar, certamente também contribuem para ressaltar a importância da defesa nacional. O objetivo deles é contribuir para a divulgação de fatos, em especial, da história naval, militar e da guerra aérea; bem como reavivar o interesse daqueles que já são conhecedores do tema e incentivar os que passaram a se interessar pelo assunto.
FONTE: Agência Marinha de Notícias
Leia algumas matérias do Comandante Reale:
A guerra naval no filme ‘Mestre dos Mares – o lado mais distante do mundo’ de 2003
A guerra naval no filme ‘O Barco – Inferno no Mar’ (Das Boot)
A guerra naval no filme ‘USS Indianapolis – Homens de Coragem’ (2016)
A História Naval e o Cinema: ‘Rebelião em Alto Mar’ – The Bounty (1984)
A História Naval e o Cinema: ‘The Caine Mutiny Court-Martial’ (2023)
A História Naval e o Cinema: O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966)
A História Naval e o Cinema: ‘O Soldado que Não Existiu’ (2022)
A História Naval e o Cinema: O agente secreto 007 e a Marinha Real Britânica
A História Naval e o Cinema: ‘Almirante Isoroku Yamamoto’ (2011)
A História Naval e o Cinema: ‘A Batalha do Rio da Prata’ (1956)
A importância da Batalha Naval de Hampton Roads na Guerra da Secessão
A História Naval e o Cinema: ‘O Mar é o Nosso Túmulo’ (1958)
A História Naval e o Cinema: ‘Greyhound’ – Na Mira do Inimigo (2020)
A História Naval e o Cinema: ‘O Afundamento do Laconia’ (2011)
No filme geralmente haverá sempre alguma alteração de maior ou menor escala em relação a história ou de algum livro escrito que relata também essa história. Até na F44 mesmo quando de “Pau”de timoneiro estávamos em uma área controlada em Guerra “As”, tinha observado um grande trânsito de mercantes. Tinha sugerido o Oficial do quarto no Passadiço de fazermos uma passada pela popa (esteira) do mercante mais próximo, mas a manobra e varredura estava no COC, lembro também que ele tinha pedido permissão ao COC para realizar tal manobra, mas o oficial do COC não autorizou. Resultado: Quando afastamos do… Read more »
Boa tarde Senhor Burgos, história fascinante! A propósito, qual foi o Submarino?