NDCC ‘Almirante Saboia’ já está no Rio
Atracou ontem, ao meio dia, na Base Naval do Rio de Janeiro, na Ilha de Nocanguê, na Baía de Guanabara, o navio de desembarque de carros de combate (NDCC) Almirante Saboia. Incorporado à Marinha do Brasil em maio de 2009, o navio fêz uma longa travessia até o Rio: saiu de Falmouth, na Inglaterra, com escalas em Lisboa (Portugal), Tenerife (Espanha), Fortaleza, Maceió e Arraial do Cabo.
Em 14 de novembro de 2008, nas dependências da Comissão Naval Brasileira em Londres, foi realizada a assinatura do Contrato de Compra (Sales Agreement), entre a Marinha do Brasil e o Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD-UK), do ex-RFA Landing Ship and Transport “Sir Bedivere”, futuro Navio de Desembarque de Carros de Combate (NDCC) “Almirante Saboia”.
O ex-RFA Sir Bedivere foi transferido para a reserva da Marinha Britânica em fevereiro de 2008. A sua reativação foi realizada nas instalações do estaleiro “A & P Group Falmouth”, situado na cidade de Falmouth, à sudoeste da Inglaterra.
MISSÃO:
A missão do NDCC “Almirante Saboia” é realizar o transporte de carga e tropa, transbordos de pessoal, Movimento Navio-Terra (MNT), por superfície ou helitransportado, abicagens e Operações Aéreas, podendo ainda realizar, com restrições, lançamentos e recolhimentos de Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf), a
fim de contribuir para a realização de Operações Anfíbias, Ribeirinhas e de Apoio Logístico Móvel.
EMPREGO:
O NDCC “Almirante Saboia” poderá ser empregado para realizar as seguintes tarefas:
– Transporte e desembarque de pessoal e de material (viaturas anfíbias, carro de combate, contêineres e outros) em proveito de Operações de Guerra, em especial, as de Operações Anfíbias, com emprego de rampas na proa e popa;
– Transporte e desembarque de fuzileiros navais para adestramento em Operações Anfíbias;
– Transporte para Apoio Logístico Distrital (APOLOG) aos 2o, 3o, 4o, 5o e 8o Distritos Navais;
– Transporte de pessoal e de material, em apoio ao emprego de força, para garantia da lei e da ordem;
– Transporte de pessoal e material em Operações Humanitárias e em Operações de Paz;
– Contribuir para o adestramento e formação do pessoal; e
– Realizar ações de presença em portos que atendam às necessidades da política externa brasileira.
O NDCC “Almirante Saboia” será operado e mantido pelo Comando-em-Chefe-da-Esquadra, por intermédio do Comando do 1º Esquadrão de Apoio.
HISTÓRICO
O RFA Sir Bedivere (L3004) foi um Navio Logístico e de Desembarque da classe “Round Table”. Foi construído originalmente para servir ao Exército Britânico, sendo transferido para a “Royal Fleet Auxiliary” – RFA – em 1970.
O navio foi lançado ao mar em 1967 e desde então desempenhou suas tarefas em diversas operações navais da Grã-Bretanha. Seu porto sede era “Marchwood, Hampshire”, que é o maior porto do Reino Unido genuinamente militar.
Sir Bedivere participou de seu primeiro combate na Guerra das Malvinas (Falklands) de 1982, juntamente com os demais navios anfíbios da “Royal Navy”. Em 24 de maio de 1982, sofreu danos ligeiros causados por aeronaves argentinas “Skyhawk”, quando operava em águas da Baía de “San Carlos”.
Em 1991, foi destacado para o Golfo Pérsico, em apoio à Operação “Granby”. Teve uma participação muito mais tranqüila do que durante a Guerra “Malvinas” (Falklands), contando desta vez, com o apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Em 1994, sofreu uma modernização, na qual teve sua vida útil estendida – “Ship Life Extended Program” (SLEP) -. Dentre outras alterações, o navio foi aumentado em 12 metros, teve sua superestrutura totalmente alterada para uma de concepção mais moderna, os dois motores da propulsão foram substituídos, bem como o “Bow Thruster”, para propulsores mais potentes e modernos.
Após voltar ao serviço em 1998, foi enviado para a Serra Leoa, em 2000, quando o Reino Unido lá interveio.
Em 2002, o RFA “Sir Bedivere” deixou o Reino Unido em setembro de 2002, demandando o Mar Mediterrâneo, em cumprimento a Operação “Argonauta 2002”. Durante sua travessia, recebeu ordens para alterar o destino para o Golfo Pérsico acompanhado por quatro navios varredores britânicos. Após a finalização da operação de varredura de minas , o RFA passou a operar em apoio a tropas da “Royal Marines” até 2003.
Retornou ao Reino Unido em 29 de maio de 2003, transportando equipamentos e militares do 539° Esquadrão de Assalto da “Royal Marines”.
Seu mais recente “deployment” foi o apoio à Operação “Telic” em 2003, quando operou como comandante do Grupo-Tarefa de navios britânicos e americanos de contramedidas de minagem.
Em 2006, o “Sir Bedivere” foi reenviado à Serra Leoa, onde tomou parte da operação “Sail”.
Em 18 de fevereiro de 2008, o RFA “Sir Bedivere” foi colocado na Reserva Naval da “Royal Navy”
A partir de novembro de 2008, após a assinatura do acordo de venda entre a Marinha do Brasil e o Ministério da Defesa do Reino Unido, o Ex-RFA “Sir Bedivere” iniciou um período de reativação, realizando um extenso programa de manutenção em seus sistemas e de treinamento da tripulação, visando o seu retorno à vida operativa no mar.
Nasce então, em 21 de maio de 2009, o Navio de Desembarque de Carros de Combate Almirante Saboia.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Deslocamento máximo 6.700 t
Comprimento 137,50 m
Boca 18,30 m
Calado 4,80 m
Raio de ação: 9.200 Mn a 15 nós
Velocidade (cruzeiro/máxima.): 14/17 nós
Propulsão: 2 MCP Wartisila diesel Bow-Thruster
Armamento: 2 metralhadoras 20mm
Tripulação: 150 militares
FONTE: Agência Brasil/MB
NOTA DO BLOG: O NDCC “Almirante Saboia” é a segunda unidade em atividade na Marinha do Brasil que participou da Guerra das Falklands/Malvinas em 1982 e está entre as dez unidades mais antigas.
Leia também o excelente artigo do sobre as experiências da incorporação do NDCC Garcia D’Ávila de autoria do Capitão-de-Corveta Ricardo Silveira Mello, originalmente publicado na Revista Passadiço da MB.
Só um comentário: o local da foto parece ser Falmouth, onde já passeei com o GTS Millenium. O lugar é lindo!
Bronco, eu o vi pessoalmente na chegada…realmente o aspecto externo está muito melhor que o do Garcia d’avila, parece novo! mas deve-se levar em consideração que o GD ficou anos encostado sem tripulação (a info é de militares que foram busca-lo, eles encontraram tapumes bloqueando as entradas)enquanto o Sabóia ficou apenas alguns meses desativado (e segundo me contaram, quando fez sua última comissão e foi desativado e colocado em um canto da base, já se sabia que ele viria pro Brasil!)então…. Alguém pode me esclarecer se é proposital a omissão do 9ºDN no seu emprego??? ou ele não pode navegar… Read more »
Não
Caro Bronco,
o problema aqui é que tem alguns camaradas que pensam que moram num país rico. Para estes, o melhor seria não comprar nada. Eles pensam que a população apoiará a qualquer custo a compra de meios novos. Não conseguem ver que a Índia compra meios novos porque a elite não está nem aí para os pobres – estes aceitam a situação, pois é o darma deles. Fazer o quê?
Eu, por mim, penso que se não temos cão, podemos caçar com gatos.
Um abraço.
Pode até ter sido lançado ao mar em 1967; pode até ter participado de 3 guerras e algumas operações de paz; Pode até ter sido avariado nas Malvinas; pode até ser um dos 10 navios mais antigos da MB… Mas que o bicho na foto tá bonito pra caramba e parece até que saiu do estaleiro agora, a isso parece! Como é um navio que faz muitas fainas de reabastecimento, “roda” em vários portos e trabalha com fainas complicadas como pessoal e material, era de se esperar que o aço estivesse mais castigado, que ele estivesse mais “amarrotado”. Está com… Read more »
Pergunta de Leigo…
Este Navio não é pequeno demais para o que se propõe ?