O Poder Naval e a construção da superpotência americana
Diferentemente da Grã-Bretanha, cujo papel imperial no mundo moderno se deu por força de um vácuo de poder e legitimidade e que, portanto, pode ser didaticamente descrito como um “império acidental” surgido na Europa pós-napoleônica, os Estados Unidos da América tiveram seu blueprint imperial cuidadosamente planejado por quatro homens: Theodore Roosevelt, Brooks Adams, Henry Cabot Lodge e Alfred Thayer Mahan. Neste artigo, iremos abordar as linhas gerais que deram forma ao império americano e tratar, de forma mais detida e específica, do papel preponderante exercido pelo conceito de poder naval (sea power) na história deste que é o mais bem sucedido exemplo de engenharia estratégica do mundo moderno. Ainda que não se possa falar em planejamento formal das atividades desempenhadas
por cada um dos “Quatro Cavaleiros”,1 é possível afirmar que a obra The Influence Of Sea Power Upon History: 1660–1783 (A Influência do Poder Naval Sobre a História: 1660–1783), de Mahan, forneceu o substrato intelectual de que as elites políticas, militares e econômicas dos Estados Unidos se valeram, para transformar uma República cuja expansão ocidental se caracterizava como uma potência eminentemente terrestre (land power) em um Império cujo poder e projeção passaram a se basear no poder naval(…)
Os Estados Unidos detêm hoje a única Marinha oceânica (blue water navy, ou Marinha de águas azuis) capaz de projetar poder em qualquer parte do planeta. Potências médias como Índia, Rússia, China e França dispõem de armadas capazes de realizar projeção de poder em âmbito regional, ao passo que países como Brasil, África do Sul ou Irã dispõem de esquadras cujas funções pouco extrapolam a guarnição e o patrulhamento de suas faixas litorâneas (green water navies). O Atlântico Norte segue, aos poucos, passando o título de “corredor planetário” ao Pacífico, e não cumpre descartar a possibilidade de que os EUA venham a ter sua supremacia naval contestada, em longo prazo, pelos chineses e/ou mesmo pelos indianos. Ambos os países têm investido somas de relevo na reequipagem de suas esquadras, bem como têm procurado fortalecer elementos e práticas imateriais de desenvolvimento e consolidação de uma tradição naval. Logo, é de se concluir que, para além da influência do poder naval na construção dos EUA como superpotência, e, considerando que mais de 80% do comércio mundial são realizados por rotas marítimas, dificilmente o presente século desmentirá o vaticínio mahaniano, segundo o qual o padrão constante na construção da grandeza das nações – bem como o exercício seguro, moderado e destemido de tal grandeza – está menos em seus soldados do que em seus navios, sejam eles mercantes ou militares.
Clique aqui para ler a íntegra deste interessante artigo de Lindolpho Cademartori, na revista JUCA, dos alunos do Instituto Rio Branco, nas páginas 74 a 81.
eu acho que os eua não vai ser superpotencia naval por muito tempo.
tao quebrado=D
Os Americanos assumiram quando os Britãnicos quebraram nas I e II WW, quem asumirá a defesa do ocidente contra as trevas no lugar deles em futuro não tão longíquo?
Otimo artigo, muito bem pesquisado. Aposto que havia muitos que nao sabiam que Washington havia sido invadida e a Casa Branca queimada.
Minha opiniao e de que ate pelo menos 2025 os EUA nao enfrentarao ameaca seria a sua posicao de “donos dos mares” ate porque o lado americano mais menospresado/lembrado pelos leigos e a capacidade logistica mundial americana demonstrada e adquirida desde a 2GM sendo que nenhum pais tem ou tera tal capacidade tao cedo.
Sds!
Marine, nenhum pais conseguiria construir o que a USN tem hoje em 16 anos. Isso quer dizer, se a USN conjelar no tempo hoje, duvido muito que alguem possa daqui a 16 anos vir ser superior a ela.
Daqui a ums 50 anos, quem sabe.
não é impossivel, os alemães contruiam 17 submarinos por mes na segunda guerra mundial !!!
Gostei do artigo, muito bem feito. Aliás, a revista como um todo tem artigos bem interessantes. Dei uma passada de olho em vários outros artigos, e me pareceram bem interessantes também. Eu não sei se é porque eu sempre estive, de algum modo, ligado aos EUA (seja pelo jazz, seja pelo basquete…a literatura americana também gosto muito, enfim…), mas não consigo ver essa “decadência americana” que muitos comentam aqui no blog (a começar por aquela teoria louca do prof. russo). Sinceramente, não acho que os EUA deixarão de ser a grande potência que são ainda neste século. O que pode… Read more »
Hornet, Nao vou tentar advinhar o futuro mas concordo com vc um certo equilibrio maior e normal mas dai a deixar de ser potencia podem tirar o cavalinho da chuva… E a historia do PIB da China ultrapassar o dos EUA, vc pode falar com qualquer economista de respeito e vera que isso nao vai ocorrer tao cedo, serao decadas de crescimento sustentavel especialmente lembrando que a China precisa de no minimo 5% ao ano apenas pra criar empregos suficientes para a sua enorme populacao que entra no mercado de trabalho todos os anos… A USN e USAF vao ser… Read more »
Guilherme !
Se os alemaes construiam 17 submarinos por mes durante a Guerra, os americanos construiam muito mais.
No prazo de apenas um ano, eles construiram 40 porta-avioes de escolta da classe casablanca.
Hoje isto é impossivel, pela complexidade e preço dos armamentos, sem falar que um submarino ou um aviao de caça levam muito mais tempo para serem construidos devido a complexidade.
abraços
Embora os Eua tenham a Marinha mais poderosa, não concordo
que a Rússia esteja no mesmo nível que Índia,China e França.
Quanto às forças convencionais tudo bem, mas quanto às estratégicas
os russos foram os primeiros, antes dos americanos, em várias coisas, como por exemplo, o primeiro ICBM lançado de submarino.
A China vai ultrapassar o PIB dos EUA muito rapidamente, visto que,hoje, o PIB da China já ultrapassou o PIB da Alemanha, tendo portanto, a 3ª maior economia mundial e com crescimento anual entre 9 e 12%. Por contrapartida, os EUA , estão a muito tempo com crescimento de não mais de 2%, ou então, tem diminuição do PIB.
Um abraço!!!
NÃO ACREDITO QUE TÃO CEDO QUE A CHINA ULTRAPASSE O PIB DOS EUA, MAS TAMBÉM NÃO ACREDITO QUE OS EUA CONSIGAM MANTER SEU ORÇAMENTO MILITAR POR MUITO TEMPO, NÃO SÓ POR ESTA CRISE, MAS PORQUE OS EUA VEM TENDO BAIXO CRESCIMENTO ECONÔMICO DURANTE MUITOS ANOS E ESTA CRISE APROFUNDA MAIS ESTE PROBLEMA, ALÉM DO ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO QUE CONSUMIRÁ BOA PARTE DO ORÇAMENTO COM APOSENTADORIA, ACREDITO QUE EM 10 OU 12 ANOS A MARINHA AMERICANA REDUZIRÁ EM PELO MENOS 1/3 E A MARINHA CHINESA PODERÁ ATÉ DOBRAR DE TAMANHO.
Precisamos fazer filhos, nem que seja da vizinha. O Brasil teve pela 1a. vez redução da natalidade. Na minha cidade elas já atingiram 75% e os marmanjos ficam se blogando!! ou atirando uns nos outros pela droga. Tem-se que nascer, pois talvez resolveremos alguns problemas: Aumentar o PIB e ai teremos grana para gastar com armas ou melhor fazê-las. Teremos também maiores possibilidades de pela massa critica, aparecerem uns pensadores, tais quais os amigos da nota tiveram e aí novamente vem a situação de desenvolvimento de CULTURA, não a do “Bolsa isso ou Bolsa aquilo”, mas enraizada,para ficar ( tipo… Read more »
Caro Iuri… Vc esta enganado. O primeiro SLBM, já que ICBM sao lançados de terra, foi o polaris, americano, lançado a partir do USS George Washington. Hoje a marinha americana conta com 14 submarinos armados cada um com 24 SLBM Trident II. A marinha russa conta com aproximadamente 12 submarinos, mas estao passando a maior parte do tempo no porto devido a falta de orçamento. Apenas 7 patrulhas foram feitas pelos submarinos estrategicos russos no ano passado. França e Inglaterra possuem 4 submarinos armados com 16 misseis cada e a China conta com 2 submarinos embora de padrao um pouco… Read more »
Do artigo, critico apenas a comparação da MB com a Marinha do Irã, que é notoriamente “brown water” (praticamente uma marinha de submarinos costeiros e de embarcações de “guerrilha marítima”).
Caro Dalton …
… the meantime, the Navy had built its first ballistic missile submarine, the USS George Washington with a completely new center section with 16 missile launch tubes. The first successful underwater launch of a Polaris missile was accomplished by this ship on 20 July 1960.
A União Soviética lançou o 1º slbm em 1959
Iuri… Polaris was the first true submarine-launched ballistic missile (SLBM), developed under RADM William F. Raborn starting in November 1955. The Polaris missile and a new class of nuclear-powered ballistic missile submarines to carry them were developed together based on new technology for warheads, propulsion and the nuclear submarine. Nao considerei o sovietico, pois o submarino precisava vir a superficie para o disparo e apenas dois a tres misseis eram transportados.O alcance do missil era bem menor e o polaris ficou pronto primeiro, apenas os sovieticos lançaram o missil deles primeiro. Só em 1967 com a classe Yankee os sovieticos… Read more »
Dalton Obrigado pelas informações. Mas só fazendo uma correção : 1) 1960 Sept. 10: The first launch of the Soviet ballistic missile from a submerged submarine (da Russian spaceweb) O alcance do Polaris também era pequeno : 1200 milhas. 2)No primeiro post eu disse ICBM por querer. Pois os soviéticos foram os primeiros a lançar um missil de alcance intercontinental de um submarino. A razão é que eles usavam combustível liquido nos SLBM e já estavam bem avançados nessa tecnologia.(Salvo engano quem projetou foi o bureau Makeyev) Os americanos, que optaram desde o inicio pelo sólido, tiveram dificuldade em conseguir… Read more »
Iuri Eu que agradeço, pois realmente nao sabia que os sovieticos tinham lançado um missil com sucesso de um submarino imerso em 1960 poucos meses depois do americano USS George Washington, mesmo sendo apenas um teste, pois nao foi empregado operacionalmente de imediato. Acabei descobrindo também, que este teste foi o terceiro, os dois primeiros falharam. Mas como escrevi, só em 1967, os sovieticos com a classe de submarinos “Yankee” passaram a contar com um sistema realmente eficiente e equipados com os misseis SS-N-6 de combustivel solido. Como o amigo deve saber, os novos “bulava” estao em fase de testes… Read more »
” Diferentemente da Grã-Bretanha, cujo papel imperial no mundo moderno se deu por força de um vácuo de poder e legitimidade e que, portanto, pode ser didaticamente descrito como um “império acidental” surgido na Europa pós-napoleônica ” O artigo já começa com uma bobagem digna da atual diplomacia brasileira…só poderia ter vindo do IRB, antes um centro de formação, hoje um anexo do PT… Não entro em detalhes. Mas dizer que o Reino Unido teve um “império acidental” é uma das maiores bobagens geo-políticas já escritas. A Inglaterra consolidou-se após a vitória sobre a Invencivel Armada espanhola. Daí houve as… Read more »