No meio do Tâmisa tinha um cruzador, tinha um cruzador no meio do Tâmisa
No “Desafio Poder Naval 29”, mostramos uma foto que leitores rapidamente identificaram, corretamente, como o HMS Belfast, cruzador britânico que está preservado como um memorial nacional em pleno rio Tâmisa, em Londres. Agora vamos mostrar mais algumas fotos desse belo navio (tiradas no ano passado por uma colabora navegando pelo rio) e contar um pouco de sua história.
O Belfast é um cruzador “leve” da classe “Edinburgh”, embora a classificação seja mais ligada ao fato deste e de outros cruzadores do final dos anos 1930 e início da década seguinte serem armados com canhões de até seis polegadas, pois seu deslocamento era considerável: mais de 13.000 toneladas a plena carga.
Falando em canhões, essa classe de apenas dois navios surgiu como um desenvolvimento da anterior, a “Southampton” (oito unidades construídas como resposta à classe “Mogami” japonesa), sendo planejado que, ao invés de torres triplas, carregasse seu armamento principal em torres quádruplas. Mas logo ficou claro que seriam complexas demais e o arranjo triplo foi mantido. A maior diferença externa em relação à classe anterior, além das dimensões ligeiramente superiores, acabou sendo a elevação das torres de ré em um convés e o reposicionamento das chaminés mais para trás da superestrutura de vante. Isso não foi devido a qualquer grande alteração no arranjo de máquinas em relação à classe antecessora, e sim à mudança do paiol da munição de 4 polegadas e à necessidade de se criar um espaço, de um bordo a outro, para a instalação de uma catapulta fixa.
Assim, os dois cruzadores foram originariamente armados com 12 canhões de 6 polegadas (152 mm), 12 de 4 polegadas (102mm), 16 metralhadoras de 2 libras “pompom” (antiaéreas) e 6 lançadores de torpedos de 21 polegadas (533mm). O cinturão de blindagem (que pode ser visto claramente nas fotos) tinha espessura de 114mm, e a proteção das torres variava entre 102 e 52mm. As dimensões eram: 187 metros de comprimento, 19,3m de boca e calado de 6,5m. A propulsão por turbinas a vapor gerava 80.000shp com quatro eixos, permitindo uma velocidade máxima de 32,5 nós.
Completados em 1939, ambos os navios tiveram trajetórias bem diferentes. O Edinburgh viu bastante ação no início da Segunda Guerra Mundial mas acabou torpedeado (pelo U-456) na costa da Noruega, sendo novamente atacado por destróieres a caminho da Inglaterra, quando então, em 2 de maio de 1942, um destróier britânico afundou o navio já abandonado e condenado.
Já o Belfast teve um início de vida operativa pouco auspicioso: logo no início da guerra, bateu numa mina, e o estrago em sua proa foi tão extenso que só em 1942 voltou a operar. Em compensação, não faltaram operações no Ártico para o navio mostrar seu valor, especialmente a batalha de “North Cape”, considerada o último grande engajamento naval entre unidades alemães e britânicas na guerra, e que resultou no afundamento do cruzador de batalha alemão Scharnhorst.
O Belfast também fez parte da frota que apoiou os desembarques na Normandia, em junho de 1944 e, após o conflito mundial, serviu por 404 dias na Guerra da Coreia. O cruzador foi descomissionado em 1963 e, quatro anos depois, o “Imperial War Museum” iniciou gestões para que o navio pudesse se tornar um memorial, no que contou com a ajuda de seus antigos comandantes, entre eles um oficial que à época havia atingido o posto de almirante. Assim, em 1971 ele foi aberto à exposição em Londres.
São diversos conveses e compartimentos abertos ao público, que pode experimentar a sensação de fazer parte da ação, seja no interior de uma torre de canhões ou no centro de operações de combate. O Belfast está fundeado no rio Tâmisa, em pleno centro de Londres e abre todos os dias das 10h às 18h (no inverno, entre novembro e fevereiro, fecha uma hora antes), com ingressos a 14 libras (gratuito para menores de 16 anos). Para saber mais, clique aqui (site oficial, em inglês)
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“assim como o rearranjo do paiol da munição de 4 polegadas para abrir espaço, à popa, para uma catapulta fixa.”
Nunão…
vc quis “dizer que a catapulta fica à popa do paiol ou que a mesma foi instalada na popa ?
abraços
Daltonl, Usei textos de mais de uma fonte e acabei me confundindo nesse pedaço, misturando com informações de outra classe. Já consertei o trecho, que agora diz: “A maior diferença externa em relação à classe anterior, além das dimensões ligeiramente superiores, acabou sendo a elevação das torres de ré em um convés e o reposicionamento das chaminés mais para trás da superestrutura de vante. Isso não foi devido a qualquer grande alteração no arranjo de máquinas em relação à classe antecessora, e sim à mudança do paiol da munição de 4 polegadas e à necessidade de se criar um espaço,… Read more »