MB na Guerra Fria: submarino soviético na UNITAS XXIV
Durante a Operação UNITAS XXIV, em outubro de 1983, com a participação do submarino nuclear americano USS Skipjack SSN-585, o submarino brasileiro Bahia (S12) foi testemunha de um fato inusitado. Durante o exercício, o operador de sonar do submarino Bahia que estava de serviço na PAC (Plotagem de Alvos e Acompanhamentos) informou um contato submarino com mais de 30 nós de velocidade!
O contato ultra-rápido não era o submarino americano e foi dada ordem para o submarino brasileiro subir à superfície em emergência. O USS Skipjack foi atrás do contato, mas o submarino intruso mergulhou para uma profundidade maior e aumentou a velocidade, fazendo com que o americano o perdesse. Logo após foi restabelecida a condição normal do exercício.
Mas o evento ocorrido em 1983 não tinha sido o primeiro. Em 1980, durante a UNITAS XXI, entre os portos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, os aviões Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira, operando a partir do NAeL Minas Gerais, obtiveram um registro atípico no seu sistema de sonoboias Julie/Jezebel, fora dos padrões dos submarinos nucleares americanos presentes no exercício.
Um P-3 Orion da Marinha dos EUA que participava da operação foi chamado e confirmou: tratava-se de um visitante não convidado, um submarino soviético.
NOTA DO PODER NAVAL: se você leitor conhece mais histórias como essa da MB durante a Guerra Fria, envie e-mail para alexgalante@naval.com.br com o relato.
FOTO: submarino nuclear americano USS Snook (SSN 592), da mesma classe do USS Skipjack, em visita ao Rio de Janeiro, em 6.1.1984, durante a Operação UNITAS XXV.
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uia, um Alfa por aqui ???????
MO, acho que eram da classe Victor.
A BOMBA esta em SANTOS !!!
Em resumo: quando a coisa complica, ou nem tanto, chama os americanos.
Grumman S-2E Tracker (P-16E) da FAB eram recém-chegados em 1980? Cancei de vê-los em Recife em 1975. A menos que a minha memória esteja sentindo a idade, hehehe.
É vero, Guppy, eles começaram a chegar em 1975, mas só começaram a operar no NAeL em 1980, quando este saiu da reforma de 4 anos.
Já ouvi histórias parecidas com a da matéria só que de supostamente submarinos nucleares americanos acompanhando a esquadra brasileira em exercícios. Quando descobertos, fugiam em alta velocidade. Mas nada que comprove existe.
Outro dia estive pensando: será se quando eu viajava no Ary Parreiras-G21, a 13 nós, algum submarino nuclear, seja soviético, seja americano, não iniciava os procedimentos de lançamento de torpedo, como exercício? Isso em 1976.
“Marcos disse:
3 de julho de 2012 às 19:55
Em resumo: quando a coisa complica, ou nem tanto, chama os americanos.”
Discordo…
Não era uma “guerra” nossa… era uma guerra dusamericanos… então eles q resolvam… Não se meter, eu considero, um ato de neutralidade, não de covardia.
Alfredo Araujo
Não era uma “guerra” nossa… era uma guerra dusamericanos… então eles q resolvam… Não se meter, eu considero, um ato de neutralidade, não de covardia.
Perfeito!
Como na II Guerra. Ficamos neutros até que o número de baixas brasileiras chegou ao insustentável. Aí chamamos “usamericanu”.
Não sei de quem foi esta idéia maravilhosa, mas estou adorando esta Histórias, que venham mais logo……
Parabéns PN.
A maioria dessas histórias, são histórias de pescador”. Acredite se quiser!!! Kkkkkk
Alfredo Araujo disse:
3 de julho de 2012 às 21:19
Caro Alfredo:
Discordo de você.
Se o submarino estava em águas brasileiras sem ser convidado, era assunto nosso sim.
E o fato levanta algumas questões:
Por que o submarino brasileiro veio à tona?
Não ficou mais vulnerável nesta posição?
Não participou da perseguição por que não tinha velocidade ou por que não tinha armamento suficientes?
Ou veio à tona para não ser confundido com o invasor?
A maior velocidade que encontrei para um “Victor” foi 33 nós, mas
como o Galante, também acredito que teria sido um “Victor” e não um
“Alfa” até pela quantidade de submarinos existentes .
Apenas 5 dos 7 Alfas estavam em operação na época. O primeiro já havia sido retirado de serviço devido a problemas insoluveis com o reator e um segundo que também passou por problemas estava na época sendo reparado e só retornou à ativa em 1991.
Prezado Observador;
O procedimento para a vinda à superfície do S Bahia deve ter sido pelo risco de colisão e também para abrir caminho para a perseguição do contato pelo USS Skipjack.
O Bahia não tinha velocidade (máximo de 15 nós submerso, por curtos períodos) para a companhar o contato e o armamento também era inadequado, porque o torpedo Mk.37 em uso já era obsoleto e lento (fazia no máximo 26 nós).
Os “Skipjacks” já não eram mais o suprassumo da força submarina da US Navy na época, imagina então o ” velho ” Bahia S-12…ainda válido
para alguns tipos de missões mas não lidar com um moderno SSN.
Será que, ao detectar o sub nesta velocidade, o “Bahia” percebeu que seria inútil ir atrás do mesmo, e talves até quiz preservar sua integridade, pois nesta velocidade só nucs mesmo (correto?).
Sem falar que, se um sub está fazendo exercícios com outra força, é porque estas são amigas, portanto nada mais lógico que “pedir ajuda” ao Amigo.
Será que o “Victor” seguiu o Americano, ou espionava águas brasileiras?
Fabio ASC, o submarino russo provavelmente cumpria missão de SIGINT (signals intelligence) e ELINT (Electronics Intelligence). Esse é o tipo de missão que os submarinos mais fazem em tempo de paz, que consiste em coletar informações de sensores (frequências de operação, coleta de dados, análise de criptografia etc) de radares e sonares. Um submarino pode geralmente gravar o ruído dos hélices dos navios e outros submarinos em operação para posterior análise e armazenamento na biblioteca de alvos. Em caso de guerra, quando um navio inimigo sai do porto, aquele ruído gravado anos atrás ajuda a identificar e rastrear o contato.… Read more »
Dúvida. O exercício foi em águas internacionais ou o Victor invadiu?
Giordani, não temos essa informação da posição exata do submarino russo, se estava em nossas águas ou não. Mas acho que os russos não se preocupavam muito com esse detalhe…rs
Galante disse: 4 de julho de 2012 às 10:22 Caro Galante, É, foi o que eu imaginei quando fiz as perguntas acima. O S-12 não tinha velocidade suficiente para alcançar o submarino e nem armamento adequado; assim, o melhor era ir à superfície e sair do caminho dos americanos. Aí se vê as limitações de um submarino convencional para fazer frente a um submarino nuclear: o primeiro só representa perigo se esperar silenciosa e pacientemente segundo entrar no seu alcance. É a estratégia do jacaré: ficar estático, submerso, só com os olhos (sensores) de fora, esperando que a caça venha… Read more »
Caro Observador… não sei se este incidente ajudou a justificar nosso SSN, afinal estes jogos de gato e rato eram muito comuns entre americanos e sovieticos e o russo provavelmente quis ser “ouvido” e o americano mordeu a isca. SSNs eram e continuam sendo muito barulhentos quando em alta velocidade e hoje a tendencia é que SSNs sejam um pouco mais lentos e mais furtivos vide os novos “Virginias” quando comparados com os “Los Angeles”. Um SSN teria que se preocupar com um SSK moderno, o que não era o cado do Bahia S-12, um “barco” da II Guerra, modernizado… Read more »
Melhor emergir do que ser um alvo. O pobre Bahia não tem chance contra qualquer SSN.