Governo compra três navios britânicos para reforçar Marinha e defender o pré-sal

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O governo está reforçando a frota da Marinha para defender as riquezas naturais brasileiras no Oceano Atlântico, inclusive o pré-sal. Foram adquiridos neste ano três navios de patrulha oceânica do Reino Unido, que custaram ao todo R$ 400 milhões. Até dezembro, terá início um programa de compras de cerca de R$ 8 bilhões, que inclui diversos tipos de embarcações para aumentar a presença e a força de combate no mar.

O “Amazonas”, de duas mil toneladas, foi o primeiro desses navios de patrulha entregue pela britânica BAE Systems, no mês passado.

As embarcações navegarão em alta velocidade, com capacidade de passar 35 dias no mar. Quando as três forem entregues, ao menos uma estará sempre em operação.

Com um canhão e duas metralhadoras, os navios vão combater ações ilegais, desde pirataria convencional e pesca sem licença até vazamentos de óleo.

Os navios, que possuem capacidade para abrigar seis contêineres, duas lanchas e um heliponto, poderão também agir em ações humanitárias ou de resgate no mar. O governo também adquiriu a tecnologia usada nos navios. Isso significa que a Marinha pode replicá-la para outras embarcações. Pelo menos mais dois navios desse modelo seriam necessários, segundo o governo.

– Há uma tônica nacional de estímulo à formação de uma indústria militar de defesa – disse o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante de esquadra Fernando Eduardo Wiemer.

Ao lado da foz do Rio Amazonas, a área de exploração do pré-sal foi estabelecida como de “grande prioridade estratégica” pelo ministério da Defesa. Na foz do Amazonas, está a chamada Amazônia Azul, região com maior biodiversidade de toda a costa brasileira.

Frota favorecerá as relações exteriores

Os três navios de patrulha adquiridos pelo Brasil ajudarão a defender não só a costa brasileira como também as ações e os interesses econômicos do país em mares estrangeiros. O Brasil participou, este ano, por exemplo, de ação da Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano.

O chefe do Estado-Maior da Armada, almirante de esquadra Fernando Eduardo Wiemer, destaca que mais de 90% do comércio exterior passam pelo mar, mas a fiscalização é limitada nos 4,5 milhões de quilômetros quadrados de oceano pertencentes ao país. Por isso, ele defende o reaparelhamento da Marinha:

– Quem indica a fronteira marítima é a presença de navios da Marinha. Com o navio presente, quem passa por ali sabe que aquela região pertence ao Brasil e isso inibe outros países de virem aqui explorar nossas riquezas – disse Giovani Corrêa, comandante do navio “Amazonas”.

Navios foram “compra de oportunidade”, diz Marinha

Segundo Corrêa, o forte combate à pirataria no litoral africano pode fazer os piratas migrarem da costa leste para a costa oeste do continente:

– Se não estivermos preparados, eles podem vir em direção à nossa costa – destacou.

Os três navios britânicos foram, segundo a Marinha, uma “compra de oportunidade”, que ocorreu após o fracasso de uma negociação entre a empresa e o governo de Trinidad e Tobago.

O Programa de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper) prevê ainda a aquisição de cinco fragatas ou navios de escolta de seis mil toneladas, cinco navios de patrulha oceânica de 1,8 mil toneladas e um navio de apoio logístico de 12 mil toneladas.

A britânica BAE Systems também fornece navios para a Marinha Real, como é conhecida a força marítima britânica, que está entre as mais desenvolvidas do mundo e mantém relações de intercâmbio com a Marinha brasileira.

No entanto, seis outros países apresentaram propostas que cumprem os requisitos técnicos e operacionais do Prosuper: Alemanha (Thyssenkrupp), Coreia do Sul (DSME), Espanha (Navantia), França (DGN), Holanda (Damen) e Itália (Fincantieri).

Para o governo, o reforço da presença da Marinha nos oceanos favorece não só a defesa das fronteiras, mas também a dos interesses do Brasil. Os navios de patrulha poderão fazer ações em outros mares. No caminho entre Portsmouth, na Inglaterra, e o Brasil, por exemplo, o “Amazonas” passará pela costa de diversos países africanos, como forma de aproximar relações.

– A costa oeste da África tem papel muito importante, então não podemos, após recebermos um navio novo, deixar de visitar portos de países com quem o Brasil busca estreitar o relacionamento – destacou Wiemer.

FONTE: Agência O Globo

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fragatamendes

Caros amigos, na minha opinião ( se estiver errado, por favor me corrijam) a Marinha precisa construir mais 9 destes ou de outro tipo de Navio de Patrulha Oceânico, para equipar o 1º,3°,4° e 5°DN com 3 navios cada para que se tenha sempre uma unidade operando, com outro na reserva e um em manuntenção.Abraços do MENDES.

Observador

Caro Mendes:

Preferia ver mais corvetas da Classe Barroso. Na minha humilde opinião; fazem tudo o que faz um destes navios de patrulha oceânico e muito mais. E se trata de um projeto nacional, com possibilidades de modernização.

Do jeito que estão estes três primeiros, sem hangar próprio e com um armamento esquálido destes, só vão poder mesmo confrontar navios pesqueiros.

Se ficar em navios deste tipo, nossa MB vai virar uma guarda-costeira bem rápido.

jcsleao

Observador, Concordo que o Brasil precisa de mais escoltas, sejam elas corvetas, fragatas ou destroiers. Mas fazer o trabalho a que se destinam os NaPaOc com corvetas é muito caro. Afinal, a missão dos agora classe Amazonas, é sim de “guarda costeira”. Eu sinceramente não vejo mal nenhum nisso (MB realizando serviço de guarda costeira). O que é triste e todos nós comentamos aqui com frequência, é o sucateamento dos meios e obsolecência da frota de combate. Por isso concordo com o Mendes. Precisamos de uma quantidade maior de NaPaOc (não apenas os 5 programados) para que cada DN tenha… Read more »

daltonl

Realmente…uma “Barroso” é mais cara de adquirir e manter, portanto
estes NaPaOcs são mais do que adequados para a função que irão exercer dentro da nossa ZEE, liberando navios mais capazes para outras funções.

Nenhuma necessidade de fragatas ou corvetas armadas com misseis antinavios e helicopteros igualmente armados…não há nada lá que exija isso.

abraços

Observador

Caros Jcsleao e Daltonl:

Concordo com vocês. Estes navios, para a função de guarda-costeira, são mais baratos.

Hoje a função é feita até mesmo pelas fragatas, ou de forma improvisada (e nem por isto menos profissional) por navios menos capazes, como foi o caso da Corveta Cabloco no desastre aéreo do voo 447 da Air France, cuja tripulação cumpriu da melhor maneira possível a missão.

O problema é que, como sabemos, o cobertor é curto. Temo que, se a MB investir muito neste meio, não terá dinheiro para outros mais adequados para a função de dissuação.

Observador

Caros Jcsleao e Daltonl:

Concordo com vocês. Estes navios, para a função de guarda-costeira, são mais baratos.

Hoje a função é feita até mesmo pelas fragatas, ou de forma improvisada (e nem por isto menos profissional) por navios menos capazes, como foi o caso da Corveta Cabloco no desastre aéreo do voo 447 da Air France, cuja tripulação cumpriu da melhor maneira possível a missão..

O problema é que, como sabemos, o cobertor é curto. Temo que, se a MB investir muito neste meio, não terá dinheiro para outros mais adequados para a função de dissuação.

Observador

Caros Jcsleao e Daltonl:

Concordo com vocês. Estes navios, para a função de guarda-costeira, são mais baratos.

Hoje a função é feita até mesmo pelas fragatas, ou de forma improvisada (e nem por isto menos profissional) por navios menos capazes, como foi o caso da Corveta Cabloco no desastre aéreo do voo 447 da Air France, cuja tripulação cumpriu da melhor maneira possível a missão..

O problema é que, como sabemos, o cobertor é curto. Temo que, se a MB investir muito neste meio, não terá dinheiro para outros mais adequados para a função de dissuação.

jcsleao

Pois é amigo Observador, o cobertor é curto mesmo, Mas por outro lado eu penso que por ter pouco dinheiro disponibilizado a MB corre o risco de não ter uma coisa nem outra. Veja que pelo custo de uma corveta dá para comprar uns 3 talvez 4 NaPaOc (é isso ou estou muito errado?). Ter uma corveta a mais não nos ajudará muito em termos de dissuasão. Mais 3 “Amazonas mod” (com hangar pelo menos) já melhora um pouco a missão de cuidar da nossa ZEE. Mas só isso também não resolve a situação totalmente. O que resolverá mesmo é… Read more »

fragatamendes

Caro OBSERVADOR, concordo em parte contigo, na minha opiniao(me corrijam se estiver errado)o melhor seria colocar no casco de uma BARROSO um motor convencional possante, um canhao automatico de 76mm mais dois de 40mm e um hangar para helicoptero, mas o problema e que a transformaçao do projeto da BARROSO com estas transformaçoes leva tempo e mais dinheiro e nos estamos precisando destes navios o mais rapidamente possivel, acho que estes dao para o gasto e nosso AMRJ esta capacitado para colocar neles um hangar retratil e colocar um canhao de calibre maior no primeiro PMG que eles tiverem que… Read more »

giltiger

Como compra de oportunidade a configuração atual das três primeiras unidades dos NaPaOcs da classe Amazonas são como se diz “as is” quando foram adquiridas. Una configuração “Trinidense Tobaguense” destinada a cumprir a missão daquela nação caribenha. Com certeza a configuração atual é apenas (na melhor hipótese) limitadamente adequada a missão da MB. Como a compra inclui a aquisição dos planos técnicos e licença de construção da classe no Brasil, o LÓGICO é que nos próximos 2 anos será re-desenvolvida com base neste projeto adquirido uma nova variante dentro dos requisitos específicos de missão e com seus componentes substituídos para… Read more »

Joker

Giltiger,

o senhor sabe, pois acompanha a muito mais tempo que eu, que a lógica não funciona atrelada aos investimentos orçamentários, especialmente, quando se fala em investimentos de defesa brasileiros. Esse “kit de expansão” que proporcionaria a modularidade da embarcação é um conceito do próprio projeto que pouco necessitaria que re/engenharia tupiniquim…

No mais, deixa pra lá.