China se une a pacto de escolta com Japão e Índia para combater pirataria
China está colaborando de perto com navios da Marinha japonesa e indiana para combater a pirataria na Somália. Esse é um sinal da disposição do país em trabalhar em conjunto com outras nações para proteger o comércio global apesar dos sentimentos contraditórios entre os cidadãos chineses em relação a seus maiores rivais na Ásia.
A Força de Auto-defesa Marítima do Japão se tornou no último domingo a Marinha líder do pacto que permitirá aos três países sincronizar patrulhas e alocar os recursos de escolta de cada um da melhor forma, segundo o porta voz do Ministério da Defesa chinês, Yung Yujun, declarou a repórteres.
Analistas dizem que o pacto de escolta é um sinal do aumento da autocinfiança da China em sua força naval, que reduziria as chances de um confronto em águas próximas ao território chinês, onde as marinhas japonesa, americana e de outros países cada vez mais mais de perto. De acordo com especialistas, com a China expandindo sua capacidade naval e afirmando seus interesses, é importante que os almirantes de Pequim comecem a trabalhar mais junto às suas contrapartes estrangeiras.
“A colaboração chinesa com outras marinhas deve ser bem recebida. A esperança é que essa cooperação terá um efeito normativo positivo nas lideranças militares e civis”, afirmou o especialista da U.S Naval College, Toshi Yoshihara.
A China se juntou às patrulhas anti-pirataria do Golfo de Aden na segunda metade de 2008, apresentando o resultado do aumento de 500% nos investimentos em defesa ao longo dos últimos 13 anos, e que permitiram à Marinha chinesa adquirir submarinos, navios de superfície e aeronaves de última geração, junto com um porta-aviões atualmente em fase de testes no mar. No golfo, o país costuma revezar esquadrões, geralmente compostos de dois navios de guerra e um de apoio, acompanhados de soldados de forças especiais.
Para começar, o contingente chinês esteve em contato com outros na flotilha multinacional, passando da escolta de navios próprios para proteger embarcações de todas as nacionalidades. As três nações asiáticas implementaram as patrulhas coordenadas este ano, com a China e a Índia se revezando como líderes até passarem a função à Marinha japonesa em 1º de julho. A Coréia do Sul demonstra interesse em se juntar ao acordo.
O pacto mostra como o crescente alcance global da China está projetando suas Forças Armadas em novos papéis, às vezes em colaboração com rivais ideológicos ou inimigos tradicionais como o Japão, que invadiu e ocupou brutalmente o território chinês durante a Segunda Guerra Mundial.
O sentimento anti-japonês permanec forte em muitos cidadãos chineses, e também é mantido pelo sistema educacional e a mídia estatal do páis, assim como pela aliança entre Japão e Estados Unidos e as disputas territoriais no Mar Oriental da China.
Enquanto isso, Pequim enxerga o seu vizinho gigante, a Índia, como um rival pela influência, e os dois países ainda tem pendente uma disputa que resultou em uma guerra curta, porém sangrenta, em 1963.
A decisão de cooperar com tais rivais reflete um pragmatismo novo à medida que Pequim busca expandir o papel de suas Forças Armadas no exterior, o que também incluiu enviar um navio para dar segurança a cidadãos chineses na Líbia ano passado, e despachar um navio-hospital para a América do Sul. Sem nunca ter operado uma marinha de alcance global, as forças navais da China querem reforçar suas capacidades e polir sua reputação, afirma o diretor do Centro de Estudos de Guerra Naval de Rhode Island, Barney Rubel.
“É necessário para eles ‘ir no embalo para se dar bem’, o que inclui cooperar com o Japão”, explica Rubel
No entanto, esse pragmatismo tem limites. Rubel e Yoshihara afirmam ser pouco provável que a colaboração multinacional resulte em uma Marinha chinesa mais plácida no que se refere ao que o país entende como “interesses centrais” de sua soberania, particularmente nas águas próximas ao seu território. “Não vejo isso acontecendo em um futuro próximo, mas certamente vale o esforço para moldar as normas e percepções dos chineses”, diz Yoshihara
E quaisquer os progressos que sejam feitos com o Japão e a Índia, a relação da Marinha chinesa com a dos Estados Unidos permanecerá problemática, particularmente com os planos de Washington de enviar 60% de sua frota internacional na região do Pacífico até 2020.
Durante visita do comandante das forças militares estadunidenses na Ásia e no Pacífico a Pequim semana passada, o ministro da Defesa chinês, Liang Guanglie demonstrou preocupação com as manobras americanas na região e reclamou das missões de vigilância norte-americanas perto da costa da China.
Os Estados Unidos “continuam a construir um círculo estratégico para conter a China”, teria declarado o professor da Universidade de Defesa Nacional, Li Daguang, segundo o Serviço Oficial de Notícias chinês.
FONTE: NavalToday.com