Vimos de perto a produção de sonares para os futuros submarinos da Marinha
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Mas você vai ter que confiar na nossa palavra, pois fotos não eram permitidas – pelo menos, você pode ver acima o local onde sistemas desses sonares estão sendo produzidos: a fábrica da Omnisys no ABC paulista
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Na última quinta-feira, 30 de agosto, visitamos em São Bernardo do Campo (SP) a fábrica da Omnisys, braço industrial do grupo francês Thales no Brasil. Na visita às áreas de desenvolvimento, produção, manutenção e testes, que se seguiu a uma coletiva de imprensa para apresentar os novos executivos da Thales no país (veja matéria no Poder Aéreo), havia uma surpresa interessante: estavam sendo montados módulos dos equipamentos de sonar que equiparão os próximos submarinos da Marinha do Brasil (S-BR) derivados do francês Scorpène.
Infelizmente, porém compreensivelmente, não foram autorizadas fotos dos sistemas em montagem. Mas o presidente da Omnisys, Edgard Menezes, que guiava a visita pela fábrica, falou um pouco sobre o assunto com o Poder Naval. No total, são oito equipamentos de sonar sendo produzidos para os quatro submarinos diesel-elétricos do programa PROSUB (dois por submarino).
O que pode ser dito é que há uma divisão de trabalho e um repasse progressivo de atividades locais na fabricação dos sistemas dos sonares. Partes produzidas no Brasil são integrados na França e partes produzidas na França são integradas no Brasil, ampliando-se gradativamente os trabalhos sob a responsabilidade da subsidiária brasileira da Thales, assim como o treinamento dos engenheiros brasileiros envolvidos no programa.
A imagem abaixo mostra pessoal da linha de produção de módulos de radar na fábrica da Omnisys, do outro lado da ampla sala onde os sistemas eletrônicos dos sonares estão sendo montados (evidentemente, esses sistemas não estão enquadrados na foto).
A Omnisys, que desde 2006 faz parte do grupo francês Thales, tem experiência não só com radares, mas com diversos sistemas navais. Menezes (foto abaixo), citou os sistemas de Medidas de Apoio a Guerra Eletrônica (MAGE) instalados em navios escolta da Marinha do Brasil. A empresa espera, após a notícia de que quatro novas corvetas classe “Barroso” poderão ser produzidas, fornecer também o sistema MAGE dessas unidades. Outro programa da Marinha a cargo da empresa é o desenvolvimento da cabeça de busca (seeker) do novo míssil antinavio, o MANSUP (veja link abaixo).
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É um modelo interessante de transferência de tecnologia à moda brasileira: a Thales, francesa, transfere para a “brasileira” Omninys, que é de propriedade da Thales. O mesmo modelo que pratica a Elbite e AEL, a Eurocopter e a Helibrás… Discordo ideologicamente do general Heleno, mas ele tem razão, muita razão, quando diz que tecnologia não se transfere, cria-se. Nada contra a cobertura do Poder Naval, que é informativa e tem credibilidade.
Marcio Macedo, De fato, são pontos que vale muito discutir, quando se fala em transferir tecnologia “da matriz para a subsidiária”. Eu não gosto muito do termo “transferência de tecnologia”, que costuma ser um saco de gatos. Quando se fala em “absorção de tecnologia”, a coisa começa a ficar mais lógica, pois para se absorver é necessário estar capacitado para tanto, seja adquirindo esse conhecimento aqui ou lá fora, desenvolvendo em conjunto o “know how” ou, principalmente, o “know why”. Tudo tem sua especificidade e seu preço. Mas não creio que se possa generalizar ou simplificar como um “modelo” único.… Read more »
Quanto tempo passará até que esses sonares passem a operar nos nossos subs? Não estarão obsoletos?
Mas a absorção de exatamente o que???
Tecnologia é algo parte de um processo, mas c/ prazo de validade.
A própria produção do radar LP-23 ilustra isto, um modelo do tempo do Dacta I, continuamente remendado, ainda sendo produzido.
Mas que não quer dizer que seja a tecnologia mais atualizada, recente, fresca, disponível.
O mesmo vale p/ a cabeça de busca do míssil MANSUP, que de maneira alguma deveria estar a cargo do que é de fato uma empresa estrangeira.
Desde que a VW se instalou no Brasil e começou a produzir o Fusca, lá na década de 50 do século passado, a coisa parece que não saiu do lugar.
E tem gente que acha o máximo!!!
ahhhh sim, verdade teve gete que em 2017 achou o maximo reativar a produção do fusca … eh assim agente sifu …
Bonitonho né!!! vamso ve funcionar e o mais importante:
MANTER E SUPRIR COM LOGISTICA DE PÓS VENDA….
o tempo dirá….
Não sei porque, eu não entendo p….a nenhuma de suibmarino, ma algo me diz que sentiremos muiiita falta da logistica da HDW……
Grande abraço
Juarez, como assim algo te diz q vamos sentir falta da HDW…??? explica melhor…. já q mudamos tudo em matéria de sub justamente por causa da relação de ódio q se criou entre alemães e nós, com as molecagens q eles faziam no fornecimento de sobressalentes, com uma peça do tamanho de uma caixa de sapato custando o preço de um carro e dos grandes! Isso já foi mostrado aki no blog, na entrevista de algum Almirante submarinista ( Se não me engano, Liberatti). abçs, ericdolobo. p.s. Subs da MB querem ver o oco dos alemães, como se diz na… Read more »
Tão importante como produzir tecnologia é o controle da tecnologia, para que num caso de conflagação como a Guerra das Malvinas, que opôs uma nação de terceiro mundo a um país da Europa, não fiquemos na mão. Com relação ao radar LP-23 em questão é um equipamento velho que foi atualizado com a participação mínima da engenharia nacional. Talvez a discussão que esteja precisando ser feita seja: qual é o modelo de absorção de tecnologia que nos interessa?
Continuando… há muita diferença na relação da Eurocopter com o Brasil e da empresa com Coréia do Sul. No Brasil, a Helibrás é uma simples apertadora de parafusos, ganhando com isso uma reserva de mercado nas áreas militar e civil. Na Coréia, associada a grandes grupos locais, gerou tecnologia própria, produzindo uma aeronave que atenda às necessidades do país asiático.
Qnto a um possível saudosismo da logística da HDW, veremos qndo do 1º PGM do submarino ora em construção, na França, qndo este for feito aqui no Brasil.
Creio então, que não teremos que esperar até 2030, p/ tanto.
uarez, como assim algo te diz q vamos sentir falta da HDW…??? explica melhor…. já q mudamos tudo em matéria de sub justamente por causa da relação de ódio q se criou entre alemães e nós, com as molecagens q eles faziam no fornecimento de sobressalentes, com uma peça do tamanho de uma caixa de sapato custando o preço de um carro e dos grandes! Isso já foi mostrado aki no blog, na entrevista de algum Almirante submarinista ( Se não me engano, Liberatti). abçs, ericdolobo. p.s. Subs da MB querem ver o oco dos alemães, como se diz na… Read more »
Complementando o post:
Meu nobre Aericzz! Como diria o personagem do Capitão Nascimento, este é o “SISTEMA”, ele se altera, busca novas “oportunidades”, novos “parceiros”, se modifica ao sabor dos ventos e das “opções, mas como finaliza o Capitão da PM:
TUDO ISTO CUSTO MUITO CARO E TEM ALGUÉM QUE PAGA A CONTA, penso que todos nós saibamos que são….
Grande abraço e bom domingo a todos….
Aproveitando a “inspiração”, é por estas e outras que pagamos por um Uno Mille Way com ar e direção hidráulica aqui no Brasil o que custa um Camaro top no Estados Unidos…..sem xiar……
Grande abraço a todos…..
“aldoghisolfi disse: 31 de agosto de 2012 às 20:49 Quanto tempo passará até que esses sonares passem a operar nos nossos subs? Não estarão obsoletos?” Aldo, Se for levar a ferro e fogo, todo novo navio já é ou está se tornando obsoleto no momento em que é terminado, independentemente do fato de ser brasileiro, norte-americano, russo, francês, inglês etc. Isso porque o desenvolvimento tecnológico não para. Mas, antes que o leitor do parágrafo acima entre em desespero achando que nossos futuros submarinos estariam fadados a uma obsolescência precoce, é necessário primeiro diferenciar o que é um equipamento cuja tecnologia… Read more »
Prezado Juarez, obg pela “paciência” em se dignar a me responder… adoro isso aki justamente por isso!!! mas sou obrigado a dizer q não concordo em tudo sobre o q vc disse… mas veja bem, isso não quer dizer q somos inimigos e não duvido q não exista o q vc diz q aconteceu ou acontece! rsrsrsrsrs. olha, quem conhece um pouco o sistema de compras e abastecimento da MB, e nisso os moderadores deverão concordar, sabe q existe um órgão encarregado de aquisições especificamente para a Europa, a CNBE, e q ao longo do tempo procurou-se adaptar-se ao sistema… Read more »
portanto até aonde eu sei… sei intermediários, tipo a finada casa mayrink veiga, q alguns sempre lembram por aki.
Quis dizer: sem intermediários,
Grande Nunão! Obrigado pela paciência. Realmente, concordo com tudo o que dissestes. A minha pergunta era para puxar alguma discussão sobre o que eu acho de mais importante nessa história toda: a nossa falta de eficiência tecnológica causada pela absurda falta de pesquisa, especificamente em relação aos eletrônicos em geral.
Mais uma vez, gracias.
Caro Aericzz! Eu sei que o nobre é da “casa”, portanto sabe muito bem como ela “funciona”, mas como diria o poeta Jaime Caetano Braun: “Em Bruxas yo no creio, pelo que los hay, los hay”…….
Grande abraço