Pré-sal exige estrutura de portos que o país não tem
Francisco Góes e Marta Nogueira
Os portos do país serão insuficientes para atender os fornecedores das companhias de petróleo com o crescimento da produção no pré-sal. Só o campo de Libra, o primeiro a ser leiloado, na segunda-feira, no regime de partilha de produção, deverá requerer entre 12 e 15 plataformas de produção. Cada uma é atendida por quatro barcos de apoio marítimo que transportam insumos e mantimentos. Assim, Libra deverá demandar mais 48 embarcações que vão se juntar à frota de apoio marítimo hoje em operação, formada por 453 barcos.
Estima-se, com base em números da Petrobras, que até o fim da década essa frota possa chegar a 750 embarcações. Mais barcos exigem mais portos. Há um número considerável de projetos para construir terminais portuários privativos especializados em serviços para a indústria de petróleo e gás. Esses projetos se estendem de Vitória, no Espírito Santo, até Angra dos Reis, no sul fluminense. E incluem empresas como Bram Offshore, LLX, BR Offshore, DTA e Technip. Boa parte deles está focado em atender as demandas futuras do pré-sal nas bacias de Campos e de Santos.
“Hoje já há falta de portos. A maior demanda por navios ‘offshore’ vai exigir mais terminais”, disse Cezar Baião, presidente da Wilson, Sons. A empresa tem projeto de expansão de terminal no Rio, na Baía de Guanabara, no qual prevê investir R$ 100 milhões para expandir berço de atracação de navios de apoio marítimo. O terminal pertencia à Briclog, empresa adquirida pela Brasco, subsidiária da Wilson, Sons.
Outros executivos da indústria concordam com a opinião de que a capacidade portuária atual não será suficiente para atender o crescimento do pré-sal e falam da necessidade de novos investimentos. Marcus Berto, presidente da LLX Logística, disse que o porto do Açu, controlado pela empresa, está preparado para operar como base de apoio marítimo. “Podemos ajudar a desengargalar outros portos”, disse Berto. A LLX, antes controlada por Eike Batista, passou às mãos do grupo americano EIG. A francesa Technip planeja ampliar o cais de acostagem e a retroárea no Porto de Angra dos Reis também para atender a indústria de óleo e gás.
FONTE: Valor Econômico, via Sinopse da MB