Contratados os dois primeiros de sete navios para a renovação da Marinha Italiana
Fincantieri recebeu contrato inicial de um programa que inclui seis novos navios patrulha oceânicos multipropósito, com opção para mais quatro, e um navio de apoio logístico. Contrato assinado em 7 de maio, de 372 milhões de euros, cobre o primeiro navio patrulha e o de apoio, mas todas as sete unidades deverão custar 3,5 bilhões e o programa completo poderá checar a 5,4 bi
–
Na quinta-feira, 7 de maio, a empresa italiana Fincantieri informou ter assinado com a OCCAR (Organização conjunta de cooperação de armamento) um contrato inicial no escopo do Programa Naval 2014 da Marinha Italiana. O contrato completo prevê seis novos navios patrulha oceânicos multipropósito (PPA – Pattugliatori polivalenti d’altura) com opção para mais quatro unidades, e também de um navio de apoio logístico (LSS – Logistic Support Ship, chamado em italiano de Nave logistica). A execução está a cargo de um consórcio (Raggruppamento Temporaneo di Impresa – RTI) formando pela Fincantieri e pela Finmeccanica (subsidiária Selex ES).
Além desses navios, o programa de renovação da Marinha Italiana também inclui um navio anfíbio do tipo LHD (com doca para embarcações de desembarque e convoo para helicópteros), e as verbas totais do Programa Naval 2014 da Marinha Italiana podem chegar a 5,4 bilhões de euros. O contrato para o LHD ainda precisa ser finalizado.
O valor do contrato para sete unidades (seis PPA e um LSS) foi divulgado em cerca de 3,5 bilhões de euros (aproximadamente 2,3 bi para a Fincantieri e 1,2 bi para a Finmeccanica), e está dividido em diversas fases de ativação. O contrato assinado no dia 7 cobre a construção do primeiro PPA e do LSS, num valor total de 372 milhões de euros (220 para a Fincantieri e 152 para a Finmeccanica). Espera-se para os próximos meses a ativação das próximas fases, segundo a nota da Fincantieri.
Entregas entre 2019 e 2025 – A entrega do navio de apoio logístico está programada para 2019, enquanto a do navio patrulha oceânico multipropósito está prevista para 2021. O planejamento para as demais unidades do PPA prevê uma entrega por ano até 2025, com exceção do ano de 2024, para o qual se programou dois navios.
Ainda segundo a Fincantieri, as três classes de navios (PPA, LSS e LHD) do plano foram concebidas para maior eficiência e flexibilidade no cumprimento de diferentes missões, sendo todos de duplo uso (militar e proteção civil). O sistema de propulsão que inclui motores elétricos foi projetado para menor emissão de poluentes, havendo também um sistema de controle de dejetos.
Conforme o chamado “Programa Naval de 2014” da Marinha Italiana, a capacidade de “duplo uso” dos navios será intrínseca, ou seja, podeão ser empregados prontamente em usos militares ou civis sem necessidade de novos investimentos ou modificações estruturais. Os novos navios serão caracterizados por um menor custo de gestão (operação) e economia de escala (produção, treinamento, manutenção), podendo realizar amplo conjunto de missões e atividades complexas e/ou de longa duração. Isso inclui também o fornecimento de água potável e energia elétrica a populações em terra, no auxílio após calamidades naturais.
Flexibilidade e inovações – No caso do PPA, suas missões abrangem desde a patrulha oceânica até o salvamento e operações civis, havendo duas versões, uma “leve” (FOC L) que incorpora alguma capacidade de autodefesa e a “completa” (FOC F), equipada para capacidade total de defesa. Destes primeiro seis exemplares, somente um será desta versão completa. Os navios também operarão botes semi-rígidos de até 11 metros de comprimento por turcos laterais ou rampa na popa. Na proa, pode-se perceber um formato inovador para “furar ondas”.
Segundo a OCCAR, a primeira entrega será de um navio na configuração FOC L, e a unidade FOC F será entregue em 2023. A Fincantieri informou que os navios patrulha serão construídos em suas instalações de Riva Trigoso e Muggiano.
Já o LSS terá, além das funções logísticas, um hospital totalmente equipado no padrão NATO Role 2 LM(salas de cirurgia, radiologia e análises, consultórios dentários e leitos para até 12 pacientes em situação grave). Quanto às capacidades logísticas, segundo a OCCAR estas incluem o apoio a uma Força Tarefa Conjunta. O navio transportará combustível para navios e aeronaves, água potável, mjunições, lubrificantes, comida, sobressalentes e contêineres. Também será capaz de realizar reparos e manutenção em alto mar em prol de outros navios. Os sistemas de defesa são limitados à capacidade de comando e controle em cenários táticos e dissuasão, utilizando meios não letais. Porém, o navio será capaz de embarcar sistemas de defesa mais complexos e, assim, atuar como uma plataforma de inteligência e guerra eletrônica.
Além da construção, a Fincantieri deverá fornecer apoio logístico nos primeiros dez anos do ciclo de vida dos navios, incluindo treinamento, sobressalentes, documentação e manutenção. A Selex ES (da Finmeccanica) fornecerá os sistemas de combate, sensores como o radar mjultifuncional e terá responsabilidade pelos subsistemas fornecidos pela OTO Melara, WASS, MBDA e Elettronica. Um sistema inovador incorporoado aos navios é o chamado “cockpit”, que integra o gerenciamento de operações de navegação e combate usando realidade aumentada, para que ambas as funções sejam realizadas com menos operadores.
Características do PPA (navio patrulha oceânico multipropósito)
- 129 metros de comprimento
- Velocidade superior a 31 nós
- Tripulação de 171 pessoas
- Propulsão CODAG (motores diesel e turbina)
- Capacidade de fornecer água potável e até 2.000kw de eletricidade para terra
- Possibilidade de embarcar módulos para acomodação e saúde
- Duas zonas modulares na popa e no centro do navio para embarcar diversos módulos do tipo contêiner, para operações, logística e de saúde – em especial a área na popa poderá receber até 5 módulos de contêiner ISO 20″ e a zona central até 8 do mesmo tipo
Características do LSS (navio de apoio logístico)
- 165 metros de comprimento
- Velocidade de 20 nós
- Tripulação de 200 pessoas (incluindo especialistas)
- 4 estações de reabastecimento nos bordos e 1 à popa
- Capacidade de fornecer água potável e até 2.500kw de eletricidade para terra
- Possibilidade de embarcar até 8 módulos para acomodação e saúde
- Capacidade de realizar salvamento no mar, com guindaste estabilizado para 30 toneladas
- Base para operações de resgate com helicópteros e embarcações especializadas
IMAGENS via OCCAR, Fincantieri e Naval Analyses
Um navio que foge do conceito tradicional de “corveta de patrulha”. Interessante capacidade de carga e operacional. Muito inovador e bonito o patrulheiro.
Navio Patrulha com 8 mísseis anti-navio e lançador vertical de misseís de defesa aérea ? Parece equivalente (ou até mais capaz) às corvetas do programa CV-03. Existe a informação do deslocamento da versão completa e da leve?
Realmente achei o design muito bonito e futurista. Design italiano !
Os italianos sempre preocupados com design e velocidade! Mas minha primeira impressão é de um Zumwalt com erro de “paint”. Virou uma fragata de patrulha para OTAN e ONU, isso sim.
“Marcelo em 8 de maio de 2015 às 14:43”
Marcelo, a versão mostrada nas imagens, com todo esse armamento, é a que o texto denomina como FOC F, que é a completa – nos primeiros seis encomendados, apenas um será nessa configuração. Os outros cinco deverão ter armamentos mais compatíveis com OPVs mesmo.
Sobre o deslocamento, algumas fontes falam em 4.500 toneladas (se não me engano, para a versão completa). Também falam em boca de 16m.
Combinação interessante de um canhão de 127 mm e um de 76 mm.
Quem pode, pode!!!
Bosco, nunca é demais lembrar que trata da mesma combinação da versão de emprego geral da FREMM italiana (se bem que, na ilustração do alto, aparecem dois de 76mm sobre o hangar, mas creio que as outras duas concepções, com um só naquela posição, é a correta).
Realmente Nunão.
Havia me esquecido. Inclusive já foi discutida aqui.
É que toda vez que vejo essa combinação eu me espanto. rsrsss
Essa combinação inusitada só encontra paralelo nas nossas Amazonas, que combina canhões de 25 e 30 mm.
rsrsss
Bosco, os italianos gostam dessa combinação desde uns bons anos antes do Cid Moreira dar o seu primeiro “Boa Noite” no Jornal Nacional. A classe Impavido de CTs de meados da década de 1960 trazia um par de canhões de 5″ (127mm/38) em torre no convés de proa (mesmo tipo usada nos Sumner e Gearing da USN na Segunda Guerra) e quatro de 3″(76mm) a meia nau, estes em reparos singelos. Antes dos canhões de 76mm para emprego antiaéreo, os italianos utilizavam 40mm, mas mudaram para o calibre maior por acharem mais adequado às ameaças aéreas de então, e continuaram… Read more »
A FOC F é praticamente uma fragata então.
Nunão…
só complementando…os italianos receberam alguns Fletchers da US Navy por exemplo, armados com canhões de 127 e 76 mm da mesma forma como ocorreu aqui com o Pernambuco D 30.
Exatamente, Dalton. O Geniere (ex-Prichett) era praticamente igual ao nosso Pernambuco com os três reparos duplos de 76mmL50. Mas outros dois Fletchers incorporados pela Marinha Italiana e renomeados Fante (ex-Walker) e Lanciere (ex-Taylor) foram recebidos com aquela interessante modificação que incorporou morteiro antissubmarino Alpha na posição B, com a superestrutura à ré da segunda chaminé modificada para dois reparos duplos 76mmL50 mais espaçados e com diretor de tiro entre eles, deixando apenas dois reparos singelos de 127mmL38 sobre o convés e instalando-se reparos triplos de torpedos ASW entre as chaminés http://upload.wikimedia.org/wikipedia/it/2/2a/FanteD561.jpg http://it.wikipedia.org/wiki/Lanciere_(D_560)#/media/File:LanciereD560.jpg http://it.wikipedia.org/wiki/Fante_(D_561)#/media/File:MM_Fante.jpg Depois os italianos desenvolveram suas próprias versões… Read more »
Não há dúvidas que a combinação de canhões de 127 , 76 mm era comum, aliado aos de 40 e 20 mm, mas no passado, em projetos da década de 60, na infância da tecnologia de mísseis. Mas hoje a combinação do 127 mm com o 76 mm é no mínimo inusitada. Os dois canhões têm boa capacidade de apoio de fogo, inclusive podendo disparar o projétil Vulcano, guiado de longo alcance, que existe nos dois calibres. A capacidade antimíssil do 76 mm é muito bem vinda, principalmente se for na versão Strales, com projétil guiado Dart (não sei se… Read more »
Uma pergunta que até hoje tenho mas não encontro um entendido no assunto,na Segunda Guerra Mundial existiu muito navios com blindagem entre o 305,460 e 650 milímetros,como os couraçados Fuso, Yamato e Iowa. Embora é difícil alguém falar sobre os destroyers da época se tinham blindagem ou eram de papel. Minha pergunta é se os navios de hoje em dia tem blindagem,e quanto de espessura.
Ops, que para os destroyers modernos deslocarem o peso de um cruzador,na mínima deve ser blindado.