Lição de casa para a MB: Peru assina MoU de seu segundo navio-doca de US$50 milhões
Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
Representantes da Marinha do Peru, da multinacional Daewoo International Corporation e da Corporação de Promoção Comercial da Coreia do Sul (KOTRA) firmaram, no último dia 20 de abril, em Lima, um Memorando de Entendimento (MoU, na nomenclatura em inglês) acerca da aquisição, pela Armada do país sul-americano, de um segundo navio de desembarque de fuzileiros navais da classe Makassar – que os chefes navais peruanos denominam de “navio multipropósito”.
O navio será batizado de Pisco. Sua fabricação está programada para acontecer nas instalações da empresa Servicios Industriales de la Marina (SIMA), junto ao porto peruano de Callao, e o contrato que irá regular a encomenda deve ser assinado no prazo de 60 dias.
As unidades da classe Makassar vendidas pelos coreanos ao Peru têm 134 m de comprimento e deslocamento (a plena carga) de 11.394 toneladas. A propulsão é CODAD (Combined Diesel and Diesel) e a velocidade de cruzeiro de 15,5 nós horários (16,5 nós a máxima).
A embarcação tem capacidade Ro-Ro para embarque/desembarque rápido de veículos, dique inundável para as operações anfíbias e um convés de voo capaz de receber um helicóptero do tamanho de um Sea King (16,7 m de comprimento e 10 toneladas de peso carregado), enquanto uma segunda aeronave do mesmo porte é mantida dentro do hangar.
O ponto fraco desse projeto é o armamento de autodefesa (que pode ser modificado): um canhão Oto Melara de 76 mm na proa e duas peças 40/70 mm nos costados, para fogo antiaéreo.
De qualquer forma, os dois Makassar representarão uma verdadeira revolução para o agrupamento de unidades de assalto anfíbio da Esquadra peruana, hoje formado por dois antiquados barcos de desenho americano da década de 1950.
Custos – Seis meses atrás, a Marinha do Brasil mandou uma equipe técnica à França inspecionar o navio de desembarque-doca Siroco, da classe Foudre, que se preparava para cumprir sua última comissão com a bandeira tricolor, após 16 anos de uso.
Enquanto o classe Makassar peruano pode transportar 218 fuzileiros completamente equipados – e recolher até 518 vítimas de um desastre natural –, o Siroco carrega um batalhão inteiro (450 homens) – ou até dois, se a travessia marítima não for longa).
O navio francês pode transportar o dobro de aeronaves que o Makassar, e seu armamento é, também, muito mais sofisticado: três estações lançadoras de mísseis antiaéreos Simbad, três canhões Breda-Mauser de 30 mm e quatro metralhadoras pesadas Browing M2-HB, de 12,7 mm.
Em compensação, o grupo propulsor da embarcação – dois motores SEMT Pielstick a diesel – teve sua produção descontinuada, o que dificulta a manutenção.
A previsão oficial é de que o Paita – primeiro Makassar peruano – seja entregue à Armada sul-americana no ano que vem, após três anos de construção. O Pisco deve ficar pronto em algum momento entre o final de 2017 e o primeiro semestre de 2018.
A produção desses navios aconteceu no âmbito da chamada Parceria de Negócios Peru-Coreia (Peru-Korea Business Partnership). O valor unitário das embarcações é estimado em 50 milhões de dólares – 157 milhões de Reais aproximadamente –, mas o programa todo, que envolveu a habilitação técnica do estaleiro SIMA – a cargo da indústria naval coreana – e a qualificação do pessoal peruano, superou a casa dos 150 milhões de dólares.
Mas o Makassar, embora na minha visão seja suficiente para as atribuições da MB nos dias de hoje, passa longe da megalomania do desejo do almirantado. O próprio Siroco é considerado pequeno para ser incluído no PEMBA como definitivo e um navio novo não é considerado para ser intermediário até se conseguir verba para um maior.
Falta pragmatismo no planejamento da Marinha.
onde saiu PEMBA, Lê-se PEAMB.
Fazem dois anos que venho falando nesta classe.
Mas aqui, terra do jabá… é melhor comprar outra sucata scargot e pagar o dobro do preço pela ferrugem.
Marinha com mais de cem navios… mas que navegam e cumprem a missão não passam de três.
Parabéns aos peruanos…. colombianos…. chilenos…. fazem muito com pouco.
Sds.
Claro! O governo, lá, não é do PT!!
Como dizia um famoso narrador esportivo……..
” Bobeou, vc vai lá e PEMBA na gorduchinha” rsrsrsrsrs…..
Mas essa informação que o motor do Siroco não é mais construído é uma novidade para mim………… imaginava que fosse um motor civil adaptado para uso militar, mas com a linha de produção ainda aberta……….
Abraços.
Não só você, Baschera.
Makassar e Valour são as “queridinhas” de muita gente aqui no Naval.
Poderíamos ter uma MB muito mais eficiente se ela focasse em navios mais simples, baratos e de outras origens que não o Reino Unido e a França.
Mas para que ter os pés no chão se a MB pode sonhar com navios modernos e acordar com navios velhos, ineficientes e caros?
À algum tempo venho falando aqui neste espaço que os reais interesses dos nossos chefes navais passa muito maIs muito longe de uma Marinha operativa. A vaidade por exemplo está à frente desses interesses! Garanto a voês que a qualquer momento teremos uma baita tragédia em algum meio da esquadra. é uma questão de tempo! Notém, não digo se vai acontecer? Estou afirmando que é uma realidade basta saber quando vai ser! Os meios estão todos muito cançados, 40 50 até 60 anos de serviço! Fiquem de olho no NT Marajó! Fiquem de olho no G – 30. O que… Read more »
No caso da MB, um tipo apenas desse navio atende a doutrina? Não seria interessante mais de um tipo, mantendo o Sirocco e Makassar para missões distintas?
E no caso do Sirocco compensaria trocar os motores por não ser uma embarcação tão velha como o NAe São Paulo? Ou essa nossa experiência com o NAe São Paulo que mesmo quase saindo de graça demonstra que suas modernizações podem fazer o barato sair caro?
Ninguém sabe qual é a visão estratégica geral da MB. As FA continuam a ignorar a necessidade de expor seu pensamento. Simplesmente alegam interesse nacional, Defesa nacional, etc, sem fundamentar as prioridades. Diferente dos EUA e parte da Europa, onde a aquisição de equipamento passa pelo debate de sua real utilidade e emprego. Então o debate sobre a adequação deste ou daquele navio é ignorado até mesmo pela parcela mais instruída da sociedade, se resumindo a troca de ideias de poucos entusiastas e profissionais do ramo (inclusive neste prestigioso fórum). É um dos motivos de não termos defesa nacional. Ou… Read more »
Bom dia, Penso, como o RJ e o Rafael Oliveira, que, nesse momento de crise econômica, a Marinha deveria se concentrar em navios menores e de custos mais baixos — modernos mas, eventualmente, não tão complexos quanto as grandes unidades projetadas para as principais potências marítimas. Foi isso o que eu quis dizer quando chamei a atenção para as oportunidades em grandes estaleiros da Coreia do Sul, da China e de Singapura. Sei, perfeitamente, que a Marinha conhece essas opções (de “navios asiáticos”), que não são vendidas em Euros, ou Libras Esterlinas. Mas a verdade é que a resistência a… Read more »
Caro Roberto, Acompanhei suas últimas reportagens sobre o tema e extraí sua simpatia por essa opção oriental. De fato, 1 Makassar e 3 Incheon resolveria os problemas de curto prazo da MB com um valor relativamente módico de US$ 1 bilhão. se compradas de prateleira. Isso daria fôlego para um planejamento melhor de médio e longo prazo ou mesmo para “dobrar a aposta” dentro de mais alguns anos, tendo 2 Makassar e 6 Incheon, o que seria um grande salto operacional para MB em termos de qualidade e disponibilidade. As opções estão à mesa, cabe à MB tomar sua decisão… Read more »
Acho que os ganhos em termos de modernidade tecnológica e capacidade operacional para a MB seriam, realmente, fantásticos. Rafael. Como você sabe, as chances de a Força de Fuzileiros da Esquadra realizar adestramento de desembarque no mar (para iniciar a movimentação rumo à terra) estão, praticamente, reduzidas a zero. Nesse momento, mantemos somente a capacidade de transporte de fuzileiros por helicóptero e de abicagem na praia para a desova de viaturas e pessoal. Mas tudo isso depende de uma revisão de gastos já programados e em vias de serem confirmados (como o da reforma do “São Paulo”), e da disponibilidade… Read more »
Olá Roberto, bom dia! Compartilho do mesmo entendimento, acredito que este é o momento para o país de modo em geral, quebrar alguns paradigmas, dentre eles alguns pré-conceitos e assim tirar o maior proveito das oportunidades que se apresentam. Já algum tempo atrás o Baschera vem dizendo sobre esta classe, lá no FBM eu também venho fazendo coro no mesmo sentido. Quando eu digo que asàs FFAA são participes do governo, independente de quem ou qual esteja no poder, e como tal algumas premissas devem ser objetivadas, como corpo integrante da política de relações internacionais, comércio exterior e desenvolvimento tecnológico… Read more »
Complementando o raciocínio, é claro que existem equipamentos que não podem ser atendidos por fornecedores mais em conta (menos caro, ou mais barato, tanto faz), estes devemos recorrer aos fornecedores tradicionais, o que coloco e proponho é que sejamos mais diversificados quando a situação permitir e for prudente fazer. Essa estória de comprar de fio a pavio de uns poucos fornecedores, já não tem maos guarida nos dias de hoje.
Até mais!!! 😉
Boa tarde, Wellington. Você toca na Estratégia Nacional de Defesa (END), e esse é um ponto muito importante das nossas últimas discussões, porque os defensores da modernização do navio-aeródromo “São Paulo” se escudam nas recomendações da END para argumentar que o navio precisa ser mantido a todo custo. Mas, como você não desconhece, a Marinha liderada pelo Almirante Leal Ferreira e pelo atual Almirantado está revendo muita coisa. Veja, por exemplo, a pauta dos assuntos tratados na última reunião do Almirantado, quinta-feira da semana passada (dia 28.05): a) Revisão da END e do PAEMB; b) Programas Estratégicos (PROSUB, PROSUPER e… Read more »
O problema não é manter relação carnal com outro país. O problema é qual país. Sempre que o Brasil recebeu equipamento e treinamento francês na história, deu m. Não olvide-se o Exército caça-cangaceiro da Missão Militar Francesa… Quando a MB se inspirava na Royal Navy e adquiria um monte de equipamentos de ponta dela, tinha uma Marinha relativamente poderosa. Por bastante tempo teve uma Marinha de meios ingleses, a mais poderosa do continente. Não sou contra a MB em tempos de penúria adquirir naus coreanas, chinesas ou de quem quer que seja. Mas as coisas tem que ser feitas às… Read more »
A verdadeira lição de casa desse case não é a aquisição do Peru, mas a venda pela Coreia do Sul, que passou, a pouco tempo, por um inteligente e eficiente processo de modernização e industrialização e hoje é dos grandes players internacionais; e não me refiro apenas ao ramo específico naval ou militar.
Depois de pesquisar sobre o Makassar, nota-se que ele pode ser a salvação do segmento NDD da Marinha. O SiRola é dor de cabeça na certa.
Vader… mais como curiosidade para quem tem paciência de ler o que escrevo se formos pensar mais a fundo, a marinha brasileira sempre “dependeu” mais dos EUA. Os 2 encouraçados, 2 pequenos cruzadores e 10 cts adquiridos dos britânicos a partir de 1910 rapidamente tornaram-se obsoletos e a marinha brasileira perdeu a primeira posição durante os anos 20 e 30 para a Argentina com encouraçados construídos nos EUA e cruzadores italianos e cts igualmente construídos por britânicos mas mais modernos que os brasileiros. Mesmo os 6 cts encomendados à estaleiros britânicos antes do início da II Guerra só o foram… Read more »
Roberto, além do desembarque no mar de fuzileiros, o Makassar pode servir como navio “oficial” tanto do Seahawk para missões antissubmarino, quanto do futuro Caracal para missões antinavio. Digo isso por não acreditar muito na volta do NAe SP, e também em razão das limitações dos outros navios usados na operação desses helicópteros (Ceará e etc). Antonio M, Siroco e Makassar tem as mesmas funções, sendo as principais diferenças o tamanho e os sistemas de armas. Quanto ao tamanho, melhor ter 2 Makassar novos em vez de 1 Siroco usado. Em relação ao armamento, ele pode ser acrescido ao Makassar,… Read more »
Caro Dalton: leio sempre suas postagens e o que tenho a dizer é um muito obrigado. Gostaria de lembrar que os melhores e mais efetivos equipamentos que nossa MB possui são os submarinos alemães. Maldita a hora que um p en t elho resolveu acabar com o programa ja maduro e em processo de otimização com o projeto/fabricação/incorporação e operação bem sucedidos do Tikuna. Quanto aos meios de superfície assino embaixo: um retrospecto ao século passado tem muito a ensinar. Ao final entendo que temos competencia demonstrada e certificada para desenvolver nossas proprias soluções com apoio profissional e respeitoso de… Read more »
Grato rommelge ! mas, faço um parêntese quanto ao seu comentário de “apoio mínimo dos americanos”. Na verdade eles tem pouco a oferecer…os navios lá são muito grandes e custosos de operar e manter e também não há muita coisa de segunda-mão que eles queiram ou possam livrar-se. Mesmo dois LSDs da classe Whidbey Island que despertaram interesse quando a US Navy ameaçou o Congresso de retirar de serviço por falta de verbas, eles na verdade iriam para a reserva pois a US Navy está abaixo do que ela considera necessário e tal patamar ainda está alguns anos de ser… Read more »
É revoltante, eu tento não ficar mais lendo nada relacionado as forças, contamos piadas de portugueses, mas acho que a história é oposta. Como alguns aqui ja citaram, não me lembro bem os valores, mas os alemães colocaram na mesa subs por algo em torno de U$700 milhões se não me falhe a memória, ja tínhamos a expertise em montar aqui ja, nunca tivemos problemas, eram subs confiáveis, enfim.. não tinha porque mudar, gastou-se R$ 20 bilhões (me corrijam ai) em submarinos que deram problemas em algumas armadas pelo mundo, e um projeto nuclear que sabe-se lá o que vai… Read more »
diogetsutsumi
5 de junho de 2015
Resposta à sua pergunta:
Sim!
Será o famoso “Cubão”!
🙂
AHAHAHAHAHAH boa Vader.
ABS!
Não temos capacidade nem corpo técnico para comprar um projeto de navios e MONTAR / Integrar sistemas em Banânia?
Me desculpem a ignorância, me recuso a creditar que não temos capacidade de pegar um projeto e construir o que quer que seja.
Bom dia a todos os confrades a quem me dirijo respeitosamente.
Anderson,
depois que o estaleiro EISA pediu ajuda estrangeira para tentar construir navios patrulha de 500T, pois não tinha a tecnologia aqui (e olha que navios iguais tinham sido feitos num país muito próximo, chamado Ceará) passei a acreditar que não temos condições de fabricar mais nada.
Tem que comprar de prateleira mesmo. Senão sai porcaria.