Londres examina ameaça da Venezuela às bacias petrolíferas da Guiana
Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
O Foreign Office (Ministério do Exterior) do Reino Unido alertou o Ministério da Defesa, em Londres, acerca do potencial de problemas representado pelo decreto presidencial nº 1787, editado a 27 de maio último pelo governo de Caracas.
O dispositivo legal inclui entre as quatro Zonas de Defesa Integral Marítimas e Insulares (ZODIMAIN) da Venezuela, a chamada “Fachada Atlântica”, que engloba três áreas de exploração petrolífera cedidas pelo governo da República Cooperativa da Guiana à multinacional americana Exxon.
Recentemente, a Exxon anunciou a descoberta de petróleo em uma dessas bacias, em um ponto situado a cerca de 200 km da costa guianense, defronte à foz do rio Esequibo.
O assunto já foi tema do envio de diversos comunicados do Alto Comissário Britânico na Guiana, James Gregory Quinn (ex-vice-chefe da Embaixada Britânica no Casaquistão), a seus superiores na Inglaterra.
Quinn assumiu seu posto em Georgetown, a capital guianense, há apenas quatro meses. Ele nunca serviu na América do Sul, mas já experimentou dias de tensão, entre 2007 e 2009, quando esteve no Iraque, como agente de ligação da diplomacia britânica com representantes do Departamento de Estado.
Na tarde da última segunda-feira, Quinn declarou ao portal guianês iNews que “não há nenhum fundamento no direito internacional que justifique a reclamação da Venezuela do que consideramos ser as águas territoriais da Guiana”.
Brasília – De acordo com uma fonte do Ministério das Relações Exteriores brasileiro ouvida pelo Poder Naval, a Divisão do Caribe do Departamento da América Central e do Caribe do Itamaraty já recebeu informes sobre o assunto procedentes tanto da embaixada do Brasil em Caracas quanto da representação diplomática que o Itamaraty mantém em Georgetown.
O governo do presidente guianês David A. Granger – um oficial reformado do Exército que estudou no Centro de Instrução de Guerra na Selva do Exército brasileiro em Manaus – e do Primeiro-Ministro Moses Nagamootoo já solicitou a Londres, por meio de James Quinn, que as autoridades britânicas considerem o envio de aviões de reconhecimento e de um navio de guerra à Guiana, caso haja uma violação do mar territorial guianês por parte de embarcações venezuelanas.
Em outubro de 2013, o navio-patrulha Independencia, da Marinha venezuelana, deteve o navio de sondagens petrolíferas MV Teknik Perdana, de bandeira panamenha, acusado de operar em águas territoriais venezuelanas. O motivo real do apresamento teria, entretanto, sido outro: a presença de cinco cidadãos americanos entre os 39 homens da tripulação do Perdana.
A Força de Defesa da Guiana possui apenas aviões de transporte leves e helicópteros. Em 2013, a Guarda Costeira guianesa pediu à Marinha do Brasil que orientasse e treinasse seu pessoal na operação e manutenção do único navio de maior porte que a corporação possui: o GDFS Esequibo, de 638 toneladas (carregado), um ex-navio mineiro britânico, construído em 1985, da classe River – no Brasil conhecida como classe Bracuí (de navios-patrulha).
O Essequibo está armado com um canhão de 40 mm na proa e duas metralhadoras pesadas nos costados da popa.
A Guiana é como o Kuwait: não tem forças armadas, mas tem “amigos poderosos”… 😉
Se for esperto, o governo do homem que psicografa passarinhos ficará bem longe daquelas águas.