Marinha do Vietnã faz o 1º lançamento de um míssil desde um submarino submerso
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Aconteceu na sexta-feira passada (22.12).
Durante uma longa reportagem sobre o 73º aniversário de fundação do Exército Popular do Vietnã, o telejornal das 7 da noite da emissora VTV-1, de Hanói, noticiou, pela primeira vez, o disparo do míssil de procedência russa Club-S 3M-54E, a partir de um dos (seis) novos submarinos classe Kilo, adquiridos à Rússia pela Marinha do Povo Vietnamita (Hải quân nhân dân Việt Nam).
A matéria da VTV ressaltou: parte das forças navais vietnamitas – “os punhos do mar” – constituem a força de dissuasão da Marinha “diante de forças hostis lá fora”. E os “punhos” mais proeminentes são os mísseis de cruzeiro 3M-54E, que vem sendo instalados na moderna classe Kilo de submarinos de ataque diesel-elétricos.
Segundo os registros do Instituto Internacional de Pesquisa Para a Paz de Estocolmo, em 2009 o governo de Hanói encomendou à indústria russa um lote de 40 mísseis de cruzeiro antinavio do modelo 3M-54E Club-S.
Na noite da última sexta, a VTV-1 informou que essas armas voam para seus alvos à velocidade de Mach 2.9, superando fases distintas.
Em um estágio inicial, o míssil irá se valer de uma impulsão de ar comprimido sob alta pressão a bordo do submarino, permitindo que ele saia pelo tubo lança-torpedos, emerja completamente e se distancie das ondas por alguns metros, antes que uma nova propulsão comece a queimar o combustível (sólido) do voo propriamente dito.
O vetor 3M-54E cortará os ares a uma altitude baixa, em torno dos 30 m acima da superfície do mar. A última etapa esse deslocamento geralmente começa quando o míssil se encontra a uns 15 km do alvo – distância que será coberta em não mais do que 20 segundos.
“Soberania no mar” – A reportagem da tevê vietnamita sublinhou: “após cinco anos de desenvolvimento, as forças de superfície e submarinas da Marinha vietnamita alcançaram fortalecer a soberania nacional sobre o mar. Helicópteros antissubmarinos e hidroaviões da Força Aérea Naval operam dia e noite, contribuindo para garantir a salvaguarda das ilhas em mar aberto”.
A VTV-1 mencionou ainda, na noite da sexta, as fragatas classe Gepard e as corvetas porta-mísseis tipo Molniya (todas embarcações de construção russa), que a reportagem definiu como “os navios-capitânia da Marinha vietnamita”.
Nas imagens que mostraram o lançamento do míssil Club, corvetas Molniya são vistas disparando, de ambos os bordos, o míssil antinavio tipo Uran-E – variante de exportação do modelo russo de mísseis superfície-superfície Kh-35 –, cujo alcance, carregando uma ogiva de 145kg de alto teor explosivo, pode ser ajustado para distâncias de até 300 km.
Cada navio Molniya está apto a transportar até 16 vetores Uran-E.
BOooommmm diiiiiiiiiiaaaaaaaa Viiiiiieeeeeetnannnnn! (Robin Williams)
Perdão! Digo, Vietnã, Vietname ou Vietnam; menos “Vietnan”.
A primeira imagem é do lançamento a partir do submarino? Se for, não condiz que o míssel irá se deslocar a 30 metros da superfície do mar.
O lançamento do míssel é horizontal, através dos tubos de torpedos. Beleza! Existem padrões de tubos de lançamento? No caso dos classe Kiko citado, podem existir mais de um diâmetro?
E a MB de algum míssel similar? Seria possível lançar l míssel russo em questão de um nosso submarino?
Esses aí sim, ao contrário do pessoal do oriente médio, os vietnamitas sabem tirar o máximo do equipamento russo.
O Vietnam dando recado a aventura expansionista chinesa.
marcos 27 de dezembro de 2017 at 21:41
da uma olhadinha como funciona o lançamento, ele sobe pra dar tempo de ligar o motor de cruzeiro e abrir as asas….
https://www.youtube.com/watch?v=7IZ4Ac0duP4
Os submarinos da classe Kiko não se misturam com essa gentalha. 😛
Perdoem, mas foi impossível resistir à essa piada. Mas enfim, os vietnamitas estão mostrando que continuam sendo pragmáticos e que estão atentos ao que anda acontecendo à sua volta.
Já conversei muito com os Vietnamitas radicados no paraguai. O ranso não é com militares chineses mas com o empresariado que tentou na década de noventa controlar a economia. Comprar por exemplo madeira de laranjeiras para esportar para uso em lareiras como jeito de erradicar os laranjas de lá. No campo militar estão mais unidos do que pensamos. Já perceberam o quanto de agências de desenvolvimento estrangeiras existem em assuncion. Japonesas, Coreanas, Americanas, etc.
Exportar e outros
Sei que o Brasil lança mísseis encapsulados, é possível a MB criar mini submarinos drones e usalos sob comando de fragatas ou outros subs.
Pergunta: nossos submarinos estao capacitados a lançamento de mísseis anti navio? E os scorpene, tem essa capacidade?
“FAB em 28/12/2018 às 8:30
Pergunta: nossos submarinos estao capacitados a lançamento de mísseis anti navio? E os scorpene, tem essa capacidade?”
Os atuais não, seria preciso adaptar tubos de torpedo para isso. Já os futuros S-BR (versão do Scorpene para a MB, em construção em Itaguaí) serão capazes de lançamento de mísseis SM-39 a partir de seus tubos de torpedo, e um primeiro lote desses mísseis foi encomendado no final de 2014:
http://www.naval.com.br/blog/2014/10/29/marinha-do-brasil-compra-misseis-am39-e-sm39-exocet-da-mbda/
Essa foi uma semana de péssimas noticias para a China! kkkk
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Primeiro o Japão com os F-35B e agora os “Gooks” com isso.
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Esse Kilo seria ideal para o Brasil, deslocam o dobro dos alemães e dos scorpene. Nem precisaria de SubNucs.
sub-urbano 28 de dezembro de 2017 at 8:42
Cuidado ao elogiar equipamentos russos aqui, os filhotes de um ou de outro estado que pouco se importam com o Brasil (não que a Russia se importe tb haha) irão se doer e vir com a ladainha de disponibilidade dos equipamentos russos…
Enquanto isso, o esquadrão Poti, da FAB, está com 100% de disponibilidade, usando equipamentos russos…. há alguns meses!!
(informado pelo próprio esquadrão no facebook oficial destes)
A foto abaixo é somente ilustrativa, pois é de 2015 e a noticia foi de 2017.
http://www.fab.mil.br/sis/enoticias/imagens/pub/26285/i151015154450173975.jpg
Prezado FAB,
Os submarinos da classe Tupi e o Tikuna (IKL 209) não tem capacidade de lançamento de mísseis.
Por outro lado, os submarinos da classe Riachuelo (Scorpene ) poderão lançar o míssil Exocet.
Abraços
O Nunao respondeu enquanto eu escrevia. Só vi depois.
Abraços, Nunao
Bom dia, Luiz Monteiro. Abraços!
Aproveitando, na matéria do link abaixo um leitor (Rommelqe) colocou uma questão importante e procurei respondê-lo com minha opinião. A sua visão sobre o assunto seria de grande valia para a discussão:
http://www.naval.com.br/blog/2017/12/22/impressionado-com-itaguai-nao-e-de-hoje-que-marinha-busca-uma-base-na-regiao/
Fab 28 de dezembro de 2017 at 8:30
“FAB em 28/12/2018 às 8:30
Pergunta: nossos submarinos estao capacitados a lançamento de mísseis anti navio?
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Fernando “Nunão” De Martini 28 de dezembro de 2017 at 9:29
Nunão, pergunta de leigo, mesmo: qual a diferença de um míssil para um torpedo como armas ‘anti navio’? Perdoem-me o raciocínio simplista, mas um torpedo não é uma ‘espécie de míssil que se desloca dentro d’água’ até o alvo?…
Abraços!
André Luiz, basicamente ambos são meios de levar cargas explosivas até o alvo. O míssil, deslocando-se pelo ar, visa atingir o alvo acima da linha d’água. O torpedo, deslocando-se submerso, visa atingir o alvo abaixo da linha d’água. Vale lembrar que, no passado distante, torpedo era o nome dado a uma carga explosiva qualquer cujo objetivo era atingir um navio rente à superfície ou abaixo da linha d’água, seja por fixação ao casco ou por colisão. Depois (último quarto do século XIX) criaram o que foi chamado “torpedo autopropelido”, que depois foi simplesmente abreviado para torpedo, e as cargas explosivas… Read more »
sub-urbano, Observe as águas restritas onde os vietnamitas irão atuar ( Golfo de Tonkin em particular ). Para eles, submarinos convencionais portadores de mísseis de cruzeiro são excelentes; e realmente não haveria uma real necessidade de submarinos nucleares para impor dissuasão. Já para nós, voltados para águas tão vastas, está longe do ideal. Veja que não estou levando em consideração se o submarino russo seria melhor ou não que o Scorpenè; não estou entrando no mérito do vaso em si. Ocorre apenas que um submarino convencional não substitui um submarino nuclear. A autonomia virtualmente ilimitada e a capacidade de sustentar… Read more »
Esse míssil é de um conceito completamente inédito onde durante a fase de cruzeiro ele utiliza um turbojato e segue em velocidade subsônica de modo a maximizar o alcance e permanecer discreto. Quando chega à distância de detecção surgindo no horizonte radar do navio ele libera um estágio de ataque supersônico propulsado por foguete sólido e chega a Mach 3.
Ou seja, ele combina o melhor dos dois conceitos, o subsônico e o supersônico.
Outra pergunta de leigo, de repente já foi feita e me passou batido Qual a vantagem de utilizar um míssil ao invés do torpedo? Creio que o torpedo, como explode embaixo do navio ou abaixo da linha do mar mas no navio, tendo uma carga maior de explosivo, deve ser bem mais destrutivo que o míssil. No mais, o submarino tem que saber onde está o alvo, ou seja, se for lançar o míssil, tem que estar a uma distancia muito maior para evitar ser descoberto, então, em tese, necessita receber dados externos para lançar o míssil. Em qual cenário… Read more »
Humberto,
Sem prejuízo da resposta do Nunão, mas um submarino utilizando o sonar consegue detectar um navio numa distância maior que um navio consegue detectar outro navio utilizando o radar.
Um navio não detecta outro se não a distâncias menores que 30 km mais ou menos, já um submarino detecta um navio a distâncias que chegam a 80 km.
Mas para aproveitar todo o potencial de mísseis OTH de longo alcance seria sim necessário a indicação de alvos por meio de alguma plataforma externa.
Humberto,
Um míssil alcança o alvo muito mais rápido que um torpedo. Dependendo da distância, enquanto um torpedo pode levar 20 minutos pra alcançar o alvo, um míssil leva apenas segundos. Faz muita diferença para o alvo tentar uma contra-medida
André,
É preciso um torpedo de 1,5 t para colocar uma carga de 300 kg a no máximo 25 km de distância a 90 km/h (ou 40 km a 50 km/h). Já um Tomahawk pesando o mesmo (só pra citar um exemplo) coloca uma carga de 450 kg a 1800 km de distância a 850 km/h.
Bosco 28 de dezembro de 2017 at 11:27
Obrigado.
Fernando “Nunão” De Martini 28 de dezembro de 2017 at 10:34
Bosco 28 de dezembro de 2017 at 11:36
Nunão e Bosco, obrigado! 🙂 Agora já temos, eu o o Humberto!, uma ideia mais clara da diferença de cenários para uso de uma arma ou outra na guerra marítima!
Abraços!
Bosco
Este míssil comprado pelo Vietnam tem pode atacar alvos em terra também? Quando ele atinge velocidade super sônica ele continua voando perto do nível do mar ou precisa subir?
Grato
Bem… Tão melhor que a nossa Marinha 🙁
Pessoal, e o projeto do torpedo pesado brasileiro com o fechamento da mectron, como ficou ?
Leo, Nunca li nada a respeito dele atacar alvos em terra mas não é impossível. O “problema” é a guia terminal por radar que não seria utilizada contra alvos em terra. Muito provavelmente ele pode ter uma opção de não liberar o estágio de ataque, que também não é um processo muito útil contra alvos em terra. Se não tiver, aí provavelmente o estágio tem que subir e mergulha sobre o alvo. Em relação ao estágio de ataque ter que subir contra navios, não precisa não. Até onde sei consegue atingir velocidade próxima de Mach 3 próximo ao nível do… Read more »
https://en.wikipedia.org/wiki/3M-54_Kalibr
Amigos Bosco e Leo!
3M54E – AN
3M14E – contra alvos terrestres..
Ou seja – pode sim.
Um grande abraço!
Scud,
Mas o Leo se referiu especificamente à versão 3M54E, com estágio terminal supersônico.
Após a guerra com os EUA, o Vietnam deu um grande salto na área militar.
Bom saber que a MB adquiriu os mísseis SM-39 Exocet, e os futuros sub Scorpenes terão a capacidade de lançar mísseis anti-navio. Será que os mísseis anti-aéreo das nossas Niteróis tem capacidade anti-navio ou só prá alvos aéreos mesmos?
Recentemente neste mês, a Marinha Chinesa executou um grande exercício, em que um míssil anti-aéreo HQ-10 lançado de uma corveta da classe Type 056 ( classe Jiangdao ) , atingiu um míssil anti-navio YJ-83J, lançado pela fragata Type 053H3.
https://youtu.be/mjL0zEOJIPg
* míssil anti-aéreo das Niteróis – atingir mísseis anti-navio
Seal, Em tese se o míssil antinavio pode ser detectado pela radar de busca das Niteróis, fornecendo o alerta precoce de sua aproximação e se o radar de direção de tiro/iluminação pode rastreá-lo e focar nele um feixe de RF cujo eco pode ser percebido pelo seeker passivo do Aspide, ele poderá passar dentro do raio de ação da espoleta de proximidade e consequentemente do raio letal da ogiva de pré-fragmentação e lançar sobre o míssil antinavio uma “chuva” de fragmentos com potencial de fazê-lo perder o controle e cair no mar ou mesmo de causar danos a ponto de… Read more »
Mísseis táticos de submarinos simplesmente podem mudar completamente a capacidade dessa arma oculta, sem bem aproveitados claro, principalmente em relação a seus alcances. Os atuais mísseis táticos lançados de dentro da água são bons para determinadas missões aumentando a segurança do submarino pela enorme distância do alvo, e por poder permanecer sempre em águas profundas, sem se aproximar de litorais e águas rasas… O submarino com mísseis táticos pode, agora, promover um ataque a várias dezenas de quilômetros de uma base naval, da saída de uma baia, de um estreito, de um porto, de uma rota, de uma frota, inimigos.… Read more »
Farroupilha, Não entrando no mérito dos mísseis cruise lançados por submarinos visando alvos em terra, mas tão somente a dos mísseis cruise antinavios, há fatores que pesam em favor do torpedo, como por exemplo o maior poder de destruição devido à possibilidade dela detonar abaixo da quilha, com potencial de quebrar um cruzador ao meio e de fazer um enorme estrago, muito provavelmente ao ponto de neutralizar mesmo um NAe, com um único tiro. Outro fator favorável ao torpedo é a menor possibilidade dele ser desviado ou interceptado tendo em vista que os sistemas defensivos antimísseis estão muito mais desenvolvidos… Read more »
Entendido Bosco, obrigado. Se a varsão naval da MB do sistema albatroz do Aspide for da versão 2000 , é bem provável que seja da versão MK-3 , que usa sensor semi-ativo e a mesma ogiva do MK-1. O Albatros pode ser integrado em sistemas já existentes de acompanhamento e iluminação de alvos como o Alenia-Elsag NA-21 e NA-30 ou o Hollandse (Mk 2 Mod 9). O Radar Alenia Orion RTN-30X é dos mais usados e também equipa o sistema Spada(Versão ar-ar). Está equipado com uma câmera de TV que ajuda na identificação dos alvos e avaliação dos disparos. O… Read more »
Eu uso pouco mas acho o termo “vetor” bem apropriado. Esse termo foi pego emprestado da microbiologia para se referir a uma plataforma móvel que tenha como missão lançar uma arma do ponto A ao ponto B sem se destruir no processo, assim como o mosquito Aedes Aegypti que não causa nenhum mal por si só mas é vetor do vírus da dengue, enquanto ele mesmo não fica doente com o vírus em seu interior.
Há quantos quilômetros um submarino consegue detectar um navio com precisão suficiente para um ataque com missil? Porque mesmo que em tese um sonar de submarino consiga ouvir navios “do outro lado do oceano”, creio que a capacidade real para individualizar, classificar, triangular e acompanhar um navio seja muito limitada em termos de distancia.
Ozzy, vai depender até das condições do mar se se tratar de usar o periscópio. Um ataque de submarino seja com torpedos ou mísseis é tarefa complexa e pode ser bem demorada, como o Bosco citou acima. – Quanto a ataques específicos de mísseis, há alvos, como baias, estreitos, bases, portos, etc, que caso o submarino tenha a informação de que um um NAe, por exemplo, está lá estacionado, atracado, facilita a ação dos mísseis. Nem todo ataque dos submarinos é contra alvos navegando em alto mar. E, ainda tem os alvos fixos em terra, agora em 2017, na Síria,… Read more »
Ozzi, sendo mais específico,
No mar, de dezenas de quilômetros com seus próprios sensores, foi falado de até 80km.
Ou de centenas de quilômetros com informações da inteligência que lhe são transmitidas contra alvos no mar, ou simplesmente com as coordenadas de alvos pré-estabelecidos em terra, aí vai depender do alcance dos seus mísseis só isso.
Os russos fizeram uns testes de lançamentos de mísseis cruzeiros a partir de submarinos na Siria. Eles estão testando todos os tipos de lançamentos. Fragatas relativamente pequenas, bombardeiros estratégicos e submarinos. Possivelmente a Siria serviu de exposição de armas para exportação. Eles tem um torpedo da década de 70 muito rápido (Shkval) e estão desenvolvendo um substituto. Mas acho que estes eles não vendem.