A classe ‘Niterói’ foi destaque na imprensa internacional
A entrada em serviço das fragatas Vosper Mk.10 na Marinha do Brasil no final dos anos 70 atraiu a atenção da imprensa internacional. Os navios foram alvo de várias matérias elogiosas e tiveram destaque em livros especializados como o Modern Naval Combat, de 1986.
Logo na abertura do livro, aparece a fragata Constituição com a legenda: “Fragatas, como a brasileira classe Niterói, tornaram-se os mais amplamente utilizados navios de guerra modernos, com capacidades muito maiores que seus homólogos da Segunda Guerra”.
Na seção de análise dos principais navios de guerra da época, a classe Niterói ganhou um perfil de duas páginas com um desenho em três dimensões e os perfis das variantes A/S e E/G.
O autor apresenta o histórico de exportações de navios de guerra da Vosper Thornycroft e menciona as características modernas das Niterói, como a tripulação reduzida para um navio do seu porte e o robusto sistema de armas.
A revista Flight International de janeiro de 1977 publicou uma reportagem sobre as provas de mar da fragata Niterói na Inglaterra. Uma equipe da revista esteve a bordo durante os testes finais antes da incorporação e pode constatar as excelentes características do navio.
A reportagem diz que mesmo o navio desenvolvendo velocidade máxima de 30 nós com as turbinas Olympus, os níveis de ruído e vibração eram mínimos. Um funcionário da Vosper disse que o navio era o melhor projeto da companhia até aquela data.
A reportagem foi a primeira a mostrar uma foto do paiol de mísseis Ikara da fragata Niterói, destacando que tinha um sistema de manuseio de mísseis mais simples do que o empregado nos navios da Royal Navy. Aparece também uma foto de uma parte do COC da fragata.
Os navios da classe Niterói foram destaque também nas propagandas da Vosper Thornycroft em revistas de Defesa da época e no anuário Jane’s Fighting Ships.
E após todo esse tempo, a idade finalmente está chegando. O projeto foi tão bom que a idade veio lentamente e ainda tem mais alguns anos carregando o piano à espera de substituto à altura. Outra coisa completamente inegável das Niterói é que são navios incrivelmente bonitos. Espero que seja possível que pelo menos uma delas consiga ser preservada como museu quando a hora da desativação chegar. As excelentes matérias aqui publicadas mostram como foram navios importantes para a Marinha e para o Brasil como um todo. Nada mais justo que pelo menos uma consiga permanecer para as próximas gerações… Read more »
Perfeto comentário Leandro, navios espetaculares e, principalmente, muito bonitos. Como você escreveu, esperamos que uma delas seja um museu ali no Boulevard Olimpico ou no Centro Cultural da Marinha, no RJ!!
Sem sombra de dúvidas as “Niterói” são excelentes navios e quando de sua incorporação era um dos melhores projetos de fragata existente no mundo. Infelizmente, como tudo no Brasil, a construção de mais unidades, que poderiam ter sido aprimoradas inaugurando uma linhagem de navios de guerra projetados e construídos no Brasil, não foi levada adiante fazendo com que todo o conhecimento adquirido no programa terminasse por ser lentamente perdido. De igual forma também o programa de modernização das mesmas nos anos 90 seguiu uma linha a meu ver equivocada, visto que deveria ser baseada nas Type 23 britânicas, com a… Read more »
Realmente um classe de navios que fez e marcou história na MB. Como navio museu eu opino que a F40 deve ser conservada. As tripulações dessa classe de navios devem ter orgulho de terem servido nela.
Ampliando é possível ver que na lista de armamentos consta uma calha para cargas de profundidade…que aliás aparece em outras fontes que tenho ou já li, então deduzo que
originalmente pensava-se em dotar as fragatas com uma calha para cargas.
Dalton, essa informação errada sobre uma calha de cargas de profundidade nas Niterói se espalhou em algumas fontes, por culpa do Jane’s, que costuma errar nesses detalhes.
Não faria sentido ter calha de cargas de produndidade nas fragatas, porque o BOROC já fazia essa função.
Galante e Dalton,
Alguém deve ter visto as calhas para lançar os contêineres de balsas salva-vidas, que parecem bombas de profundidade, e confundiu Jesus com Genésio.
Gonçalo Jr. 22 de Janeiro de 2018 at 11:22
Eu transformaria as seis em navios museu ao final de suas vidas, cada uma em um porto (Belém, Recife, Salvador, RJ, Santos e Florianópolis ou Porto Alegre)
E depois de 40 anos elas estão aí ainda, óbvio que bem desgastadas pelo tempo, mas eu penso o seguinte: se na época a Marinha optasse por “compras de oportunidade”, de navios usados se houvessem à disposição obviamente, estes provavelmente não durariam os 40 anos das Niterói. E neste meio tempo com certeza a Marinha teria que ter ido atrás de outra “compra de oportunidade” para suprir os navios pra lá de desgastados da primeira. Minha dúvida: pensando em um prazo bem longo, não seria mais negócio planejar agora uma classe nova para o lugar das Niterói do que esperar… Read more »
Andrigo, o Programa PROSUPER (Programa de Obtenção de Meios de Superfície) da MB previa a aquisição de 5 escoltas de 6.000 toneladas para substituir as Niterói. Com duração prevista de 12 anos, contados da assinatura dos contratos comerciais, o PROSUPER previa a construção de 5 Navios-Patrulha Oceânicos de 1.800 toneladas, 5 Navios-Escolta de 6.000 toneladas e 1 Navio de Apoio Logístico de cerca de 23.000 toneladas. A construção destes navios seria feita a partir de projetos já existentes e testados, adaptados para atender os requisitos da MB. O PROSUPER requeria que a construção fosse feita no Brasil, por meio de… Read more »
“E depois de 40 anos elas estão aí ainda, óbvio que bem desgastadas pelo tempo, mas eu penso o seguinte: se na época a Marinha optasse por “compras de oportunidade”, de navios usados se houvessem à disposição obviamente, estes provavelmente não durariam os 40 anos das Niterói.” Andrigo, Na época do início da construção da classe Niterói, por volta de 1972 (e que obedeciam a um programa naval estabelecido no fim da década anterior), houve sim compras de oportunidade. Foram adquiridos naquele início de década pouco mais de meia dúzia de contratorpedeiros dos excedentes da Marinha dos EUA (USN), recebidos… Read more »
HMS TIRELESS 22 de Janeiro de 2018 at 11:40
Quem dera. Merecem.
Galante…
.
entendo…mas…outras classes de navios complementavam um morteiro dianteiro com cargas de profundidade a ré e como as fragatas foram projetadas nos anos 60 pensei que pudesse
haver algum resquício dessa forma de pensar…mesmo algumas fragatas russas dos anos 60 apresentavam calhas de cargas de profundidade “internas” sem mencionar corvetas.
Caros boa tarde
Entrei hoje aqui e desejo a todos tudo de bom
Trabalho a muitos anos na área naval notadamente em
Propulsão Naval e Motores Marítimos de Grande porte.
Gostaria de que alguns de vocês me explicasse porque com
Mais de 11.000 km de Costa e a Maior braçal hidrográfica a Marinha planeja verdadeiros Navios e número que não vão
Somar emanada a defesa nacional
Existe uma luz no final do túnel ou querem passar essa imagem negativa ??
Digo Bacia Hidrográfica
Desculpem
Alexandre Galante 22 de Janeiro de 2018 at 12:07
Você sabe quais foram os projetos oferecidos no PROSUPER?
Vão deixar saudade.
Agora, à exceção do Bofors 375mm, o qual não sei se na década de 70 ainda era uma arma efetiva ASW, as MK 10 poderiam sim ser consideradas subkillers. O conjunto de 6 tubos de torpedo + ikara + Heli (o qual poderia ser dedicado ASW) deveria ser objeto de temor por parte de qualquer força submarina.
JagderBand44 22 de Janeiro de 2018 at 12:37
Na modernização dos anos 90 eu teria substituído o Bofors de 375mm por um conjunto VL Seawolf
Na verdade, como admirador de tecnologia/história naval, nunca havia dedicado tempo para aprender mais sobre as MK10, uma vez que sabia que eram derivadas das Amazon. No entanto esta série do PN a respeito da classe foi muito boa no sentido de adquirir conhecimento sobre, e por que não, admirar este projeto. Parabéns Editores.
JagderBand44, o BOROC era efetivo contra submarinos pousados no fundo em águas rasas, onde os torpedos acústicos são inefetivos.
Houve estudos na Suécia para uma nova versão do BOROC nos anos 90, por causa das ameaças dos novos submarinos em guerra litorânea e também para ser usado como arma anti-torpedo. O sistema ainda é usado por muitas Marinhas, incluindo a JMSDF.
HMS Tireless, talvez a disposição construtiva, tanto do Mk10 quanto do VL Seawolf, não permitisse tal substituição.
Att.
O modfrag foi objeto de uma competição de fornecedores, e um dos pacotes que concorreram propunha uma fileira (não lembro se chegava a uma dúzia) de lançadores verticais de Sea Wolf entre o Boroc e o passadiço, sem precisar retirar o Boroc. Mas era uma oferta mais cara do que a selecionada.
Mais sobre o assunto na parte da série que vai tratar do Modfrag. Aguardem.
HMS TIRELESS 22 de Janeiro de 2018 at 11:40
Gonçalo Jr. 22 de Janeiro de 2018 at 11:22
Eu transformaria as seis em navios museu ao final de suas vidas, cada uma em um porto (Belém, Recife, Salvador, RJ, Santos e Florianópolis ou Porto Alegre)
Pergunta aos entendidos. A classe Niterói consegue navegar e fundiar em Porto Alegre? Dado ser um porto fluvial?
Chico Novato,
o porto de Porto Alegre pode receber, salvo engano, navios com até 17 pés de calado.
Florianópolis não há cais/porto para navios.
Att
Tireless, não sei dizer se algo parecido foi pensado… mas posso pensar que demandaria não somente obras nos compartimentos internos (em que pese o provável aproveitamento do paiol do Boroc), como também uma verificação quanto à energia/resfriamento necessários para sustentar o funcionamento de um radar 910 e lançador… o fato é que não seria possível instalar dois lançadores (um no local do Boroc e outro na popa), pois isso demandaria 2 radares 910… e ficar com Aspide a ré e Seawolf avante, não ia rolar… mas Seawolf avante e CIWS a ré, talvez, quem sabe… abraço…
Oi, XO, a proposta que me lembro de ter visto em ilustração da época (e que foi corroborada em conversa com pessoa ligada ao proponente anos depois) era de lançadores verticais do Sea Wolf, instalados sobre o convés B. Ocupavam o pequeno espaço atrás do lançador do Boroc, um pouco mais para as duas laterais do mesmo, que é centralizado, com as saídas das células verticais quase na altura das janelas do passadiço. Mas não lembro mais da disposição dos pesados diretores de tiro, se era diferente da dos velhos RTN10 da classe Niterói. E, se não me engano, no… Read more »
Alexandre Galante As Fragatas da Classe Niterói, sempre vão fazer parte da minha infância no fim dos anos 70 e inicio de adolescencia na segunda metade da década de 80, moro a uma quadra do comando do 5º Distrito Naval, e sempre tive contato com a Marinha e seus navios, visitei algumas no Porto de Rio Grande, eram as menina dos olhos da Marinha na época, lembro de uma visita da esquadra em 1985, e lembro nos detalhes do Ikara na popa, e o sargento guia explicando como funcionava. Vai ser duro ver elas dando baixa, seu desing não deixa… Read more »
Fernando “Nunão” De Martini 22 de Janeiro de 2018 at 14:34 Valeu, Nunão, não tinha a menor idéia dessa proposta… sobre o radar DT, o único local que vislumbro seria acima do passadiço, se é que a estrutura aguenta aquele monstro do 910… A título de curiosidade, na minha época de XO na F49, chegamos a receber pessoal da DSAM para estudar a possibilidade de substituir os Sewolf por Barak, tal qual os chilenos fizeram… eu até me assanhei e “sugeri” um canhão avante e um CIWS a ré, no lugar dos GWS 25… acabou que não rolou nada (principalmente… Read more »
“XO em 22/01/2018 às 15:16” De fato, XO, as DTs das Tipo 22 são gigantes pra um sistema de defesa de ponto. Na modernização das Tipo 23 elas dão lugar a transmissores ou algo do gênero para datalink de atualização de curso dos novos Sea Ceptor. Dois grandes pesos altos a menos. Gostei da sua sugestão na ocasião pra eventual modernização da antiaérea da F49. Só a troca pelo Barak já seria fantástico, e sobraria peso e espaço pelo menos pra um 76mm na proa. Mas acho que, como quase sempre ocorre, fizeram as contas e viram que o custo-benefício… Read more »
HMS TIRELESS 22 de Janeiro de 2018 at 11:40
Gonçalo Jr. 22 de Janeiro de 2018 at 11:22
Eu transformaria as seis em navios museu ao final de suas vidas, cada uma em um porto (Belém, Recife, Salvador, RJ, Santos e Florianópolis ou Porto Alegre)
Onde assino?
Concordo plenamente.
Sei que não dá, mas fica aquela vontade de se sair um MOD-FRAG II.
Nova propulsão, VLS aproveitando o espaço do BOROC e seu paiol, novos sonares, radar com antena fixa, canhão de 76 mm (mais leve), etc. Sonhar não custa.
6 novos museus?
Não querem fechar logo o CFN e passar a Armada para o ministério da cultura?
Tem em português no face : https://www.facebook.com/photo.php?fbid=311051022281626&set=oa.291794800886220&type=3&theater
História.
Acertos e erros, fazem parte, Importante olhar os dois lados.
Agora é só bater um papo com o Doc Brown pra ver se ele empresta o DeLoren, depois voltamos para 1986, e teremos uma marinha moderna.
O livro ‘Modern Naval Combat’ fazia parte de uma série inglesa de livros de 1986. Outros títulos da série eram: Modern Air Combat. Fighting Helicopters. Modern Land Combat. A série mais tarde iria ser desmembrada, dando origens a outros títulos específicos. Muito bem ilustrada, com ótimos desenhos coloridos e textos técnicos que tratavam de táticas e teorias encontradas somente na literatura acadêmica. A coleção chegou a ser publicada no Brasil, com boa qualidade gráfica e fiel tradução, era, contudo, incompleta em cada um de seus números, faltando vários capítulos quando comparada ao original inglês. O Brasil, sempre prestigiado pelos ingleses,… Read more »
Roberto, eu tenho os 4 livros, muito bons, os melhores até hoje do assunto.
Modern Air Combat Modern Naval Combat Modern Land Combat Modern Fighting Helicopters Modern Submarine Warfare, Esses 5 títulos foram lançados pela Salamander Books entre 1983 e 1988. A editora também lançou uma série de outros títulos, como US War Machines, Soviet War Machines, Advanced Technology Warfare etc.., além dos Guides, os livros de capa amarela sobre aviões, helicópteros e o Shuttle Challenger e por aí vai! (Foguetes e mísseis, inteligência, aviões, navios!) Nos anos 90 foi relançado Warfare inf The Classical World, lembro de ter lido que era uma reedição do título lançado em 1980 , pois a Salamander havia… Read more »
Bem lembrado Ivano, eu tenho o Modern Submarine Warfare também, excelente!
Prezado Alexandre Galante.
Muito bom.
Eu adquiri somente o volume que trata da aviação de combate.
Gostaria de lhe pedir um favor, existia uma bela lancha de combate italiana – creio que da década de setenta – era equipada com hidrofólios e era torpedeira de alta velocidade, muito bonita.
Caso ela conste nessa coleção, com belos e coloridos desenhos, você poderia publicá-los aqui no Poder Naval?
Sim Roberto, vou procurar e se achar, publico. Abs!
Acho que não era bem “torpedeira”, era a Sparviero-class patrol boat.