O abate do Almirante Isoroku Yamamoto, por Don Hollway

O abate do Almirante Isoroku Yamamoto, por Don Hollway

Um piloto de P-38 narra a missão de ataque contra o famoso almirante japonês

A verdade desconhecida sobre uma das grandes façanhas aéreas da Segunda Guerra Mundial, a caçada efetuada por um grupo de P-38’s Lightning ao avião que transportava o Almirante Yamamoto – Comandante-chefe do Estado-Maior de guerra japonês, é aqui narrada por THOMAS G. LANPHIER JR. Coronel Reformado da Força Aérea dos EUA

Era um dia de chuva fina no Cemitério de Arlington, nos arredores de Washington, e um vento frio sacudia a bandeira norte-americana que envolvia o esquife de meu irmão. A beira da sepultura achavam-se meu pai e minha mãe, meu outro irmão, Jim, e eu. A Segunda Guerra Mundial tinha terminado havia quatro anos, mas o corpo de meu calmo e bravo irmão caçula, Charles, só agora viera do Pacífico Sul. Enquanto eu ouvia as tristes e solenes palavras do capelão, meditei sobre a maneira como a minha vida e a de meu irmão se haviam ligado a uma remota ilha do Arquipélago de Salomão – a sinistra Bougainville, em forma de violino – e a um homem que nenhum de nós jamais viu: o Almirante Isoroku Yamamoto, Comandante-Chefe da Marinha de Guerra Japonesa.

Quando Pearl Harbor mergulhou os Estados Unidos na guerra, era quase inevitável que Charlie e eu nos tornássemos pilotos, uma vez que papai fora um dos oficiais aviadores pioneiros do Exército na Primeira Guerra Mundial. Charlie ainda estava treinando como piloto de caça para o Corpo de Fuzileiros Navais, quando fui mandado para Guadalcanal com um esquadrão de P-38 do Exército. Então, num dia de março de 1943, guando voltava de uma patrulha de combate, ouvi uma voz conhecida no rádio. Era Charlie! Ele também estava no ar sobre Guadalcanal, regressando de uma missão. Durante as semanas seguintes nossos caminhos se cruzaram frequentemente. Uma vez chegamos a lutar com a mesma formação de Zeros; de outra feita ajudei a recolhê-lo quando teve de saltar de paraquedas sobre Santa Isabel, outra das Ilhas Salomão, em poder dos japoneses. Mas essa é outra história . . .

Guerra ou Assassinato?

Isoroku Yamamoto

No fim da tarde de 17 de abril de 1943, recebi ordem de me apresentar ao abrigo de operações do Campo Henderson. Cheguei com o Major John Mitchell, comandante do 339º Esquadrão de Caça e o maior ás em Guadalcanal. Ao penetrarmos no abrigo bolorento, percebemos instantaneamente que algo de grande se preparava. A maioria do pessoal mais graduado da ilha estava ali. Com uma expressão no rosto que traía o seu estado de tensão, um Major dos Fuzileiros Navais entregou-nos um telegrama marcado “ultrassecreto”. Yamamoto e oficiais superiores de seu Estado-Maior deviam chegar a Bougainville em 18 de abril, dizia a mensagem. “O 339º Esquadrão de P-38 deve, a todo custo, localizar e destruir. O Presidente atribui importância extrema a esta operação”.

Prosseguia dizendo que Yamamoto e seu Estado-Maior estariam voando em dois bombardeiros escoltados por seis Zeros, e depois dava um horário minucioso de voo. Estava assinado “Frank Knox” – o Ministro da Marinha dos Estados Unidos. Não era de admirar que houvesse tensão no ar. Yamamoto não era somente o chefe da Marinha Imperial Japonesa: era também o arquiteto do traiçoeiro ataque a Pearl Harbor que invalidara a esquadra norte-americana do Pacífico e custara cerca de 2.000 vidas. Mitchell e eu entreolhamo-nos. Bougainville ficava a 500 quilômetros. Nossos Lockheed Lightnings eram os únicos aviões em Guadalcanal com alcance suficiente para interceptar o Almirante.

Yamamoto, então com 59 anos, era um oficial atarracado, de rosto impenetrável, o homem que construíra a moderna armada japonesa. Ele aperfeiçoara as técnicas de combate noturno e de lançamento de torpedos que tanto custaram em navios norte-americanos perdidos. Pioneiro da aviação, ajudou a criar o mortífero Zero, e sua confiança no navio-aeródromo contribuíra muito para revolucionar a guerra naval. Ironicamente, Yamamoto era fervoroso admirador dos Estados Unidos. Ele fora excelente aluno na Universidade de Harvard e um adido naval muito popular em Washington. Falava inglês fluentemente, gostava de pôquer e de baseball. De fato, elementos ultra militaristas do Japão consideravam-no tão pró Estados Unidos que, de certa feita, foi ameaçado de assassinato. No entanto, quando o Exército obrigou o Japão a guerrear os Estados Unidos, Yamamoto dirigiu a Marinha com habilidade e devotamento característicos.

P-38 Lightning

A decisão de atacar o avião dele não foi tomada irrefletidamente. A oportunidade apareceu como resultado de um dos maiores segredos da guerra – o fato de os criptógrafos norte-americanos terem desvendado o código japonês, permitindo-nos decifrar as mensagens secretas do inimigo. Quando se soube que Yamamoto viria colocar-se ao alcance de um ataque, o Presidente Roosevelt foi consultado. Assim também o Chefe de Operações da Marinha, Almirante Ernest J. King. Aquilo seria guerra ou assassinato? A verdadeira questão, todos concordaram, foi levantada pelo Almirante Chester W. Nimitz: ‘O Japão tem alguém para substituí-lo?’ O consenso foi que não tinha. Uma vez que Yamamoto era elemento vital no esforço de guerra inimigo, tinha de ser eliminado.

No abrigo de Guadalcanal houve uma discussão acesa quanto a melhor maneira de cumprir a missão. Yamamoto era esperado na grande pista de pouso de Kahili, em Bougainville, às 9h 45m da manhã seguinte; finalmente decidimos interceptá-lo em voo 10 minutos antes, num ponto 56 quilômetros ao norte dali. Era uma jogada com escassas probabilidades. Tínhamos apenas 18 aviões para a missão e os nipônicos tinham mais de 100 em Kahili. Ademais, mesmo com tanques de gasolina suplementares, nossos aviões não poderiam levar gasolina suficiente para ficar à espera, sobrevoando a área visada.

A missão exigiria precisão cronométrica para ter a mínima probabilidade de sucesso. Mais tarde, numa elevação de terreno relvado perto do campo de aviação, o Major Mitchell deu instruções ao nosso grupo. “A decolagem será às 07h25”, disse. “Minha seção de 14 aviões ficará a 6.000 metros para tomar conta dos caças de Kahili. A seção de Lanphier, com quatro aviões, ficará a 3.000 metros para a interceptação.”

Um oficial do serviço de informações do Exército explicou-nos quanto Yamamoto era importante para a Marinha Japonesa, e que golpe seria a sua perda para o moral do inimigo. “Ele é um perfeccionista”, acrescentou o oficial. “Nosso serviço de informações chama atenção para a pontualidade dele. Vocês têm de ser pontuais”. Domingo, 18 de abril, amanheceu claro mas úmido em Guadalcanal. Enquanto eu taxiava sobre a enlameada esteira de aço da pista recebi um aceno e um sorriso do meu ala, o Tenente Rex Barber. Exatamente às 7h25, Mitchell partiu pela pista afora e elevou-se no céu. Eu e Barber seguimo-lo.

Mas dos outros aviões do meu grupo, um estourou um pneu na pista e os tanques da barriga do segundo não estavam alimentando bem. A missão começara havia apenas minutos e já tínhamos perdido dois aviões. Com um aceno de mão Mitchell mandou seu segundo elemento – os Tenentes Besby Holmes e Raymond Hine – reunir-se a mim. Rumamos todos para o norte, voando quase rente às ondas para escapar à localização pelo radar japonês. Voávamos num arco em ziguezague, dirigindo-nos para o nosso ponto de encontro em Kahili.

Sentindo Frio Sob o Sol

Enquanto voávamos sob o ofuscante Sol da manhã, nossos 16 Lightnings bem agrupados mantinham o rádio sob rigoroso silêncio. Durante a maior parte de duas horas não avistamos terra. Eu sentia na boca do estômago o frio que é comum antes do combate. Aprendera, em quase 100 missões de guerra, que há graus de coragem; há certos dias em que o piloto está mais disposto a arriscar a vida do que em outros. Nesse dia, eu sentia que todos nós estávamos decididos a arriscar tudo. Finalmente vimos as Ilhas do Tesouro no horizonte, a noroeste. Então Bougainville apareceu em frente, uma ilha grande cuja selva emaranhada se debruçava sobre a água. Ao transpormos o contorno do litoral, Mitchell colocou seu avião num voo cabrado a toda velocidade, conduzindo sua seção para 6.000 metros: Meu grupo, logo atrás, subiu até 3.000 metros.

Olhei o relógio no painel de instrumentos – 9h33 da manhã. Faltavam dois minutos. 9h34 – um minuto para o objetivo. Enquanto subíamos, vasculhei a imensidão do céu, nada vendo senão algumas nuvens cúmulos. A qualquer momento certamente seríamos descobertos por aviões japoneses chegando ou saindo de Kahili. Onde estava o pontual Almirante? Um instante depois um piloto da seção de Mitchell rompeu o silêncio. “Inimigo. Oitavado à esquerda e no alto”, disse calmamente. Com efeito, a distância havia uma formação de pontinhos pretos em V. Ao se aproximarem, distingui: dois bombardeiros bimotores, camuflados de verde, escoltados por seis Zeros. Meu relógio indicava 9h35 – o Almirante estava exatamente no horário! E nós também. O esforço conjugado de inúmeras pessoas tinha-nos posto naquele ponto preciso do vasto céu do Pacífico no momento justo. Agora dependia de nós.

Torrente de Balas

Larguei meus pesados tanques de barriga e preparei-me para atacar. A frente e acima, a formação japonesa voava em nossa direção, ainda alheia à nossa presença. Subitamente a nossa sorte sofreu um contratempo: Holmes, o líder do meu segundo elemento, não conseguia soltar seus tanques de barriga. Com safanões e guinadas no avião tentou desprendê-los, fez uma curva ao longo da costa; seu ala, Hine, não teve outro jeito senão ficar com ele. Agora Barber e eu teríamos de executar a missão sozinhos.

Estávamos a uns 1.500 metros em frente da formação japonesa e aproximando-nos rapidamente quando os Zeros nos descobriram. Largando seus tanques de barriga, eles subiram e vieram sobre nós para obrigar-nos a nos desviarmos. O bombardeiro da frente mergulhou rumo à selva, enquanto o segundo subia em chandele diretamente contra nós. Quando mergulhei sobre o primeiro bombardeiro, três Zeros caíram verticalmente em cima de mim. Puxei para trás a coluna de comando, apontando minhas armas contra o Zero da frente. Quase colidimos de frente antes de a torrente de balas das minhas armas arrancar uma das asas dele.

O Zero rodopiou abaixo de mim, deixando um rasto de labaredas e fumaça. Nesse momento, numa subida quase vertical, pus meu avião de dorso e procurei o bombardeiro que eu perdera de vista na confusão. O pânico total faz maravilhas com a visão da gente. Num relance vi Barber trocando tiros com uns Zeros enquanto outros dois Zeros apontavam para mim. Depois vi uma sombra verde riscando por cima da selva lá embaixo o bombardeiro, quase raspando nas árvores.

Segui-o até ao nível da copa das árvores e comecei a disparar uma longa rajada constante. A asa e o motor direitos do bombardeiro começaram a arder.

Um P-38G Lightning do 339th Squadron do 347th Fighter Group, derruba um bombardeiro G4M1 que levava o Almirante Isoroku Yamamoto em 18 de abril de 1943 (2013 Jack Fellows/ASAA)

Então a asa caiu e o bombardeiro espatifou-se na selva. Nessa altura, Barber tinha abatido o outro bombardeiro no mar. Era hora de abandonar o campo. Parti por cima da selva aos ziguezagues, tentando despistar os Zeros que vinham no meu encalço. De repente fui cegado pelo pó – sem querer eu tinha passado por cima de um canto do campo de pouso de Kahili. O pó estava sendo levantado pelos enxames de caças japoneses que decolavam às pressas. Então imprimi ao meu Lightning a velocidade de subida para a qual fora construído e aos poucos afastei-me dos Zeros.

Penas de Pavão

Foi um voo de regresso cheio de ansiedade, com alguns aviões atingidos por balas e todos nós com a gasolina acabando. Fui o último do grupo a pousar e meu tanque de combustível estava vazio quando parei. Uma multidão de pilotos, mecânicos, fuzileiros navais e soldados subiu pelo avião, arrancando-me da nacela e dando-me tapas nas costas, a tal ponto que me senti como o jogador de futebol que acaba de fazer o gol da vitória. Barber também fora bem sucedido. Além do outro bombardeiro ele derrubara dois Zeros. Perdemos um homem: Ray Hine, bom amigo e piloto de primeira.

Naquela noite foram-nos servidos bifes, brotos de bambu e cerveja gelada com os cumprimentos do General ‘Lightnin’ Joe’ Collins. Houve uma mensagem do Almirante ‘Bull’ Halsey, comandante das forças navais norte-americanas no Pacífico Sul: “Parabéns Major Mitchell e seus caçadores”, dizia ela. “Parece que um dos patos era um pavão.”

Capitão Tom Lanphier Jr., tenente Besby Holmes e tenente Rex Barber, três dos quatro do “Killer flight” em frente a um P-38 do 339th FS um dia depois da missão. O tenente Raymond Hine não retornou e nunca foi encontrado (National Archives)

Ironia da Guerra

Só depois da guerra soubemos dos resultados completos da nossa missão. O bombardeiro abatido por Barber caíra no mar, e os Almirantes Ugaki e Kitamura foram recolhidos, gravemente feridos, do meio dos destroços. O outro bombardeiro foi encontrado na selva e nele o corpo do Almirante Yamamoto, ainda agarrado à espada protocolar. Quando suas cinzas foram devolvidas a Tóquio, milhões de japoneses compareceram ao enterro oficial. Foi a maior exibição de luto nacional por um Almirante desde o sepultamento, em Londres, do Visconde Horatio Nelson, que morreu em Trafalgar.

Um mês após a morte, a Rádio de Tóquio finalmente admitiu que ele havia sido morto. Mas durante o resto da guerra os Estados Unidos não revelaram pormenores. Houve duas razões para esse silêncio. Uma, a de temer-se que a interceptação meticulosamente planejada fizesse o inimigo perceber que seu código havia sido desvendado. A outra foi, para mim, pungentemente pessoal. Exatamente dois meses depois daquele acontecimento, meu irmão Charlie, que então tinha quatro Zeros a seu crédito, comandou uma esquadrilha de oito Corsairs numa incursão de metralhamento contra o mesmo campo de Kahili, em Bougainville.

Ele foi abatido quase no local onde eu derrubara Yamamoto. Charlie, entretanto, sobreviveu, e foi enviado para um campo de prisioneiros em Rabaul. Nosso governo não revelou que eu matara Yamamoto por temer que os japoneses usassem represálias contra Charlie. Ele morreu em Rabaul de gangrena – apenas duas semanas antes de os fuzileiros navais libertarem a prisão.

Enquanto estive ali com minha família sob a chuva em Arlington, durante os serviços fúnebres de Charlie, compreendi melhor do que jamais compreendera a tragédia e a futilidade da guerra. Que ironia, pensei, eu ter abatido o Almirante Yamamoto sobre Kahili – e Charlie ter sido abatido quase no mesmo lugar. E perguntei-me, tristemente, se a Humanidade, que pelo raciocínio chegou ao átomo, não poderia um dia descobrir pelo mesmo raciocínio um caminho para uma paz de verdade.

FONTE: Thomas G. Lanphier Jr. – texto compilado por Vitor Albuquerque

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Renan Lima Rodrigues

Bela estratégia americana, maior erro foi o Japão cometer tal ataque. Mas fico com pena de Isoroku Yamamoto, pois mesmo ele tendo ordenado o ataque a Pearl Harbor, ele estudou em academias americanas, estava totalmente contra uma guerra entre Japão e Estados Unidos, por questões de Hideki Tojo e extremistas loucos pelo imperador, era praticamente impossível dizer “Não atacarei”, e se escapar vivo dos extremistas japoneses. Questão de vida ou morte! Ele foi contra a construção dos super encouraçados classe Yamato, por questões do preço altíssimo. Eu não sou do lado de aliados ou eixo, mas tenho respeito ao Almirante… Read more »

LucianoSR71

Excelente matéria! Um fato interessante é que os americanos nunca conseguiram quebrar o código do exército japonês. Como o teatro do Pacífico era dominado por ilhas espalhadas por uma vasta região as operações dependiam sempre da marinha e portanto se pudessem escolher um dos códigos p/ decifrar certamente esse seria o naval.

Jorge Alberto

se nunca quebraram…. como sabiam tao precisamente os detalhes do voo?

LucianoSR71

O código do exército era outro, eles só conseguiram quebrar o da marinha e como era uma operação dela, souberam de tudo, entendeu?

burusera

Guarnições afastadas, isoladas e espalhadas pelo Pacífico expunham as comunicações da marinha. Geravam muito material para os criptógrafos trabalharem. Assim como comunicação diplomática japonesa, devido as enormes distâncias entre o Japão e suas embaixadas. Diferente do exército japonês que não dependia apenas de comunicação via rádio…Mas como a diplomacia japonesa era firmemente controlada pelo exército, a leitura de mensagens diplomáticas fornecia uma luz sobre o pensamento e objetivos do Exército Imperial Japonês!

Jaori

Ótima matéria recomendo o filme Yamamoto, conta a trajetória do Almirante desde o plano de ataque a Pearl Harbor até a sua morte.

Rafael M. F.

Deve ser desconfortável você ter que guerrear contra um inimigo com quem até ontem você convivia e tinha profunda admiração.

Surpreende a preocupação ética da ação. Pessoalmente, não vejo como assassinato, pois ele também é um combatente, ainda que em posto de comando. Houve caso na IGM de um general austro-húngaro que foi morto em ação – única morte de um oficial general em combate.

Pangloss

Nelson era Vice-Almirante – portanto, oficial general – quando morreu combatendo, em Trafalgar.

Rafael M. F.

Aliás, conta a História que Yamamoto era veementemente contra uma guerra contra os norte-americanos. O que, nas palavras dele, seria “acordar um gigante”.

Estava tragicamente certo, e ainda assim cumpriu seu dever. Que Homem!

LucianoSR71

Isso era real, pois ele sabia muito bem do poderio industrial e científico dos EUA. Desde o início ele foi contra o ataque e quando se viu obrigado a preparar o ataque ele disse que as vitórias iniciais ( estimou que garantiriam uns 6 meses até que os americanos se reorganizassem e passassem ao ataque ) seriam p/ dar uma condição vantajosa ao Japão p/ negociar a paz, pois uma guerra longa só favoreceria os americanos. Outra coisa, destacou que a declaração de guerra fosse entregue antes do ataque ( na verdade só foi entregue após ), pois se não… Read more »

Max

A declaração de guerra só foi entregue ao governo dos Estados
Unidos após o ataque, porque, segundo os autores do livro, The
Inside Story of Japan’s Air War In The Pacific ZERO, Masatake
Okumiya e JiroHorikoshi, deveu-se a uma indisculpável demora na
tradução do ultimato pela Embaixada Japonesa em Washington
o que resultou na entrega do documento depois que os aviões
haviam iniciado o ataque.

André Bueno

Melhores trechos:

“[…] compreendi melhor do que jamais compreendera a tragédia e a futilidade da guerra.”

“[…] se a Humanidade, que pelo raciocínio chegou ao átomo, não poderia um dia descobrir pelo mesmo raciocínio um caminho para uma paz de verdade.”

Rato Marczak

Já se sabe há muito tempo que não foi ele. Ele mentiu descaradamente, não tem um único furo no lado do Betty que ele disse ter acertado, como pode ser comprovado em loco, fora a impossibilidade fisica dele ter perseguido um Zero da escolta, voltado e alcançado o avião do almirante que mergulhava na direção oposta . O Rex Barber foi o responsável pelo abate. Isso foi esclarecido há tempos. Infelizmente a comissão que analisou o caso foi dissolvida, pois ambos já faleceram.
Isso é requentar notícia velha incorreta.

Alexandre Galante

Rato, não foi esclarecido, os dois pilotos morreram reivindicando o abate do Yamamoto. A justiça acabou dando meio kill para cada um.

burusera

Durante a guerra, os americanos tiveram muito mais sucesso que os japoneses em ler o tráfego de informações diplomática e militar do inimigo. Fato que ajudou muito na condução da guerra por parte dos policy makers americanos! Já no final da guerra, os americanos decifravam e liam uma quantidade enorme de informação produzida pelos japoneses. Informação diplomática circulava pelas mãos de policy makers sob o nome de “MAGIC Diplomatic Summary” enquanto o tráfego de informações decifradas dos militares japoneses era chamado pelo codinome “ULTRA”.

Leandro Costa

burusera, na verdade ‘ULTRA’ era o código dado pelos ingleses às mensagens alemãs que foram interceptadas e decifradas. ‘MAGIC’ era para a mesma coisa, só que o código fora dado pelos americanos para mensagens japonesas interceptadas e decifradas, fossem elas diplomáticas ou navais, como o JN-25.

burusera

Não, Leandro! Gera confusão mesmo. Você pode ver no terceiro parágrafo deste texto uma explicação básica sobre Ultra e Magic! Abs…
http://pwencycl.kgbudge.com/C/o/Codes.htm

Leandro Costa

Burusera, você está absolutamente correto! Desculpe a minha falha e obrigado pelo link. É FANTÁSTICO! Ele inclusive explica a falha das minhas fontes! Obrigado mesmo, leitura fascinante 🙂

burusera

Sem problemas.Foi um prazer ajudar!

LDK

Sina de todo guerreiro é morrer em combate!
Não quer dizer que no combate haja regras, ou méritos!
Na vida do guerreiro, o importante é ver o próximo amanhã, sabendo que deve lutar para estar vivo!

Delfim

Os revoltosos americanos abatiam comandantes ingleses com rifles Kentucky. Achei estranha esta preocupação moral com Yamamoto.
.
Por outro lado, usar o G4M Betty, conhecido como “isqueiro infalível” devido aos seus enormes tanques de gasolina sem proteção antichamas, como transporte VIP, foi irresponsável.
.
Talvez os japoneses não soubessem do imenso raio de ação do P-38. Era um caça com deficiência em manobrabilidade, como todo bimotor, mas tinha desempenho e armamento respeitáveis. mesmo na Europa onde podia ser presa dos Me-109 e Fw-190, era o “diabo de duas caudas”.

LucianoSR71

Não me lembro de nenhuma aeronave japonesa daquele período que tivesse tanques auto-selantes, além disso eles julgavam ser uma área segura e ainda quem poderia adivinhar que o Yamamoto estaria a bordo ( raciocínio deles, já que nunca descobriram a quebra do código que acreditavam ser indecifrável ).

Jorge Alberto

se ha a preoculpaao moral, eh pq sabem q foi assassinato….. e foi!

atacar um aviao desarmado? Com um Oficial de alto escalao?

Leiam as leis de guerra antes Srs…

XO

Jorge o Almte estava a bordo de uma aeronave militar, ostensivamente caracterizada como tal… a meu ver, não cabe o questionamento… abraço..

Hammer

Tão bom que no complicado ataque a Midway estava a kilometros do ponto de decisão num encouracado O exercito obrigou o Japão a lutar??

Leandro Costa

Hammer, sim, o exército obrigou à lutar. E de acordo com as informações disponíveis, Yamamoto agiu de forma correta em Midway. Estava com a força principal que efetivamente chegaria durante a invasão de Midway em si.

Agora Nagumo…

LucianoSR71

Só completando, o governo militar sempre foi dominado pelo exército. A assinatura do pacto que criou o Eixo foi determinado por ele, boa parte da marinha era contra, destacavam o lado racista de Hitler que também achava os orientais seres inferiores. Aproveitando esse gancho, os japoneses também eram supremacistas, acreditavam serem superiores aos coreanos e chineses, por exemplo, e demonstraram claramente isso quando esses povos estiveram sob seu julgo. Existe uma figura que poucos conhecem e que foi fundamental no pensamento nazista, inclusive no livro Mein Kampf: Karl Haushofer. Além de tudo ele foi um elo c/ os japoneses, possibilitando… Read more »

Dalton

Nimitz permaneceu em terra todo o tempo…em Pearl Harbor…assim não precisava temer que o navio em que estivesse navegando fosse rastreado…já, Yamamoto, até por força de tradição encontrava-se no mar e assim mais limitado.
.
Quanto a Nagumo ele não era marinheiro de NAe…muitos dizem que se o comando tivesse recaído ao Almirante Yamagushi que comandava dois dos 4 NAes em Midway, o resultado
poderia ter sido diferente, mas, Nagumo era senior de Yamagushi e pouco se podia fazer
na engessada cadeia de comando, além da humilhação que teria caído sobre Nagumo caso
Yamagushi fosse colocado no comando.

Delfim

Yamaguchi era contra a troca de armas quando os porta aviões americanos foram descobertos em Midway, querendo que se atacasse imediatamente. Mas Nagumo, excessivamente cauteloso, insistiu na troca, e com isso foi pego pelos Dauntless americanos.
O Hiryu estava um pouco afastado, o que salvou Yamaguchi naquele momento. Seus abnegados pilotos deram golpes mortais no Yorktown, mas no final o Hiryu foi atingido e Yamaguchi escolheu afundar com o navio.

LucianoSR71

Lembrando que o Yorktown não deveria estar em combate. Ele foi danificado na batalha do Mar de Coral, estimava-se que seriam necessárias pelo menos 2 semanas mas foram feitos reparos emergenciais ( operários continuaram trabalhando enquanto ele navegava p/ a batalha ), partindo em 2 dias. Mesmo ‘meia boca’ não foi afundado na batalha, estava sendo rebocado quando foi torpedeado por um submarino japonês e só após várias horas, finalmente foi ao fundo. Lutou até o fim.

bitten

Essa história não é tão “desconhecida” – o Museu Nacional de História Americana (NAHA, na sigla em inglês) possuí uma gravação que é quase igual a esse depoimento, mas acho que é de outro cara – creio q o ala dele – pq não cita a história do irmão morto em cativeiro. De fato, a questão levantada sobre se “é guerra ou assassinato” foi introduzida nos anos 1950, pelo grande historiador naval Edward B. Potter, durante muitos anos chefe de história da Academia Naval dos EUA. Nenhum militar seria imbecil o suficiente para colocar tal questão, e mto menos seria… Read more »

Julio Conte

Estória, fantasiosa e mentirosa. Ou ainda “quem conta um conto aumenta um ponto”. A saber: 1) Quem na realidade abateu Yamamoto foi o Lt. Rex T. Barber, “pelas 6”. 2) O Cap. Thomas G. Lanphier Jr. não abateu nenhum caça de escolta Zero naquele dia, teve inclusive esse abate fantasioso alegado no livro posteriormente retirado da sua ficha perdendo o título de Ás, por ter somado somente 4 abates durante a guerra. 3) A tal manobra “invertido”, de 180 graus e alto angulo de ataque que Lanphier Jr. afirmou ter feito ao mergulhar na lateral do bombardeiro que voava perto… Read more »

Dr. Mundico

O Almiarante Yamamoto era uma voz solitária e isolada no alto comando militar japonês, quase todo preenchido por militares da “velha-guarda” com aspirações imperialistas. Predominava o nacionalismo radical e extremado em oposição ao então nascente comunismo mundial. Para piorar as coisas, o Japão quis assumir papel preponderante no Pacífico e para isso teve que peitar “apenas” Inglaterra, Rússia e Estados Unidos. Fica fácil adivinhar onde isso ia dar… O Japão era dominado por uma elite militar que envolvia e tutelava o imperador Hiroito, uma figura basicamente decorativa com funções meramente religiosas e culturais. Hiroito era o “pai” da nação mas… Read more »

JT8D

Ora vejam, “herois” de guerra mentindo descaradamente. Isso é apenas um lembrete de que nossos irmãos do norte não são criaturas do Olimpo, mas seres humanos como todos nós

JT8D

Galante, você é uma pessoa muito generosa

bitten

Cabe acrescentar ao Galante – como dizia não lembro quem, “na guerra, a primeira baixa é a verdade”. Não acho que os caras fossem “heróis” – eles cumpriram uma missão para a qual foram designados, e não poderia ser diferente – eram profissionais e patriotas. Faziam o que se espera de um soldado. O problema é que o espírito individualista e altamente competitivo da sociedade americana cria casos assim, se não piores, como é o caso do comandante do grupo, um major de nome Mitchell, que “vazou” um resumo do relatório de missão para a revista “Time”, que inventou o… Read more »

Nilson

Mais um excelente debate propiciado pelo Poder Naval, parabéns ao blog e a todos os participantes. Agora, porque os caças de Kahili não foram encontrar a tão importante comitiva de Yamamoto, deixando-o apenas com a escolta cansada que provavelmente vinha também de Rabaul, é mais um dos erros japoneses, que aceleraram o fim de seu império no Pacífico.

Soldat

Sensacional essa matéria a trilogia ta de parabéns…adoro esses tipos de historias…
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Opinião concordo que o Japão fez besteira em ter atacado os EUA, mas de certa forma erá o que o governo americano estava esperando infelizmente para o EIXO….O Japão deveria ter a atacado a União Soviética e com isso ajudando os Alemães a vencerem e a Inglaterra seria a próxima a cair….. e hoje certamente o mundo seria muito diferente!!!!

bitten

Caro Soldat, não sei se vc sabe, a URSS tinha vencido, em 1939, uma curta guerra não declarada na fronteira com a Manchúria, que é conhecida pelos especialistas como “Incidente Nomotan”, entre maio e setembro, que resultou nas batalhas do rio Kalkhalin. Essa guerra é pouco estudada, mas geralmente se considera que os soviéticos fizeram, pela primeira vez no mundo, o uso massivo de blindados apoias por aviação, numa adaptação feita pelo então general de exército Zhukov das táticas elaboradas pelo marechal Tukhachevsky dentro da doutrina de “frente profunda”- esta uma adaptação muito bem pensada das táticas ofensivas da Primeira… Read more »

Julio Conte

Como surgiram algumas dúvidas e mal-entendidos, peço aos editores oportunidade de retornar ao tema uma última vez. Desculpem, infelizmente é longo. Porquê CAP. Lamphier Jr falseou a verdade? Porque o que ele clama ter feito é uma façanha impossível ao equipamento que ele usava e porque houveram diversos testemunhos que contradisseram ele. Ele mesmo entra em contradição no seu depoimento e posteriormente no livro. Se eu chegasse aqui no site e relatasse ter pego meu P3 Orion e mergulhado atrás de um submarino inimigo, atingindo heroicamente Mach 3.0 nesse processo. E retornado à base em segurança com a kill. Teria… Read more »

André Gomide

política…sempre ela.

Obrigado pela aula de lobby que deste.

JT8D

Muito obrigado pela aula. Creio que você poderia escrever um artigo sobre esse assunto (se bem que sua contribuição aqui já vale por um artigo)

bitten

Parabéns, Conte! Argumentação digna de perito. Como deixei claro, conheço da parte técnica das aeronaves apenas o suficiente para entender como se aplicam as doutrinas. Aprendi muito sobre o P-38, e, sobre o “caso Yamamoto”, imagino que vc esteja certo. Pessoalmente, acho que esses casos devem ser resolvidos assim mesmo: por especialistas, em foruns especializados, e para o público em geral, que fique a coisa envolvida na aura de romance e aventura que envolve as guerras, e disfarça sua real natureza, esta muito bem expressa, acho que por Thomas Hobbes: uma demonstração “do mal que um homem é capaz de… Read more »

andrepoa2002

Tem um belo filme japonses contando a vida do Yamamoto no Netflix. Vale a pena ver.

andrepoa2002

Correção: japonês..

No filme a descoberta do voo do almirante foi uma transmissão de rádio aberta e não criptografia descoberta. Deve ser uma licença poética..

Jeff

Parabéns pela matéria, história muito boa. A HBO que fez as séries Band of brothers e The Pacific deveria explorar outros acontecimentos relevantes da WWII e transformar em séries semelhantes, como Pearl harbour, por exemplo.

JT

São matérias como essa, com comentários como esses acima, que fazem valer a pena a visita ao site. Parabéns e muito obrigado ao Naval e aos comentaristas.

EdsonFN

Foi lamentável a atitude do do CT trazer pra si o sucesso da missão.

Ozawa

RIP, Rengô Kantai Shirei Chôkan (Comandante-Em-Chefe da Frota Combinada), Ysoruku Yamamoto, companheiro de alma e de arma …

Felicitações ao compilador dessa envolvente versão.

A magnitude do alvo é percebida pelo prosseguimento do combate em seu encalço agora na arena retórica …

Rodrigo

“Enquanto estive ali com minha família sob a chuva em Arlington, durante os serviços fúnebres de Charlie, compreendi melhor do que jamais compreendera a tragédia e a futilidade da guerra. Que ironia, pensei, eu ter abatido o Almirante Yamamoto sobre Kahili – e Charlie ter sido abatido quase no mesmo lugar. E perguntei-me, tristemente, se a Humanidade, que pelo raciocínio chegou ao átomo, não poderia um dia descobrir pelo mesmo raciocínio um caminho para uma paz de verdade.”

Essa foi para todos refletirem

Adevonzir

Este relato ta na “Seleções do “Readers Digest”, de junho de 1967, pag.90, li quando tinha quinze anos, me comoveu o meu coração, senti -me no meio desta guerra, sempre quando posso releio esta História, sempre lembrando no almirante, que foi adotado por uma família em seu pais, em homenagem fiz até um Haiku para o mesmo, quando leio o relato sinto-me que vivi nesta época…..