Npa Guajará

Para garantir fiscalização, primeiro navio do comando deve chegar ao porto em outubro

Por Egle Cisterna

O Grupamento de Patrulha Naval Sul-Sudeste, que será responsável por intensificar a fiscalização das águas brasileiras na região, já tem data para começar as suas atividades. O comandante da Marinha do Brasil, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, anunciou, na última sexta-feira (13), durante visita à Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), que o novo órgão será instalado no próximo dia 6.

Hoje, o trabalho de patrulha é feito por um núcleo, mas, a partir de agosto, ele passará a ser um comando, com uma equipe, que deve chegar inicialmente a cerca de 80 marinheiros. A motivação para esse reforço deve-se ao crescimento da exploração de petróleo e à importância da movimentação do complexo portuário santista.

Para garantir o trabalho de fiscalização, na segunda quinzena de outubro, o futuro grupamento deve receber seu primeiro navio-patrulha. A embarcação tem capacidade para atuar em até 200 milhas náuticas, o que equivale a distância de 370,4 quilômetros. Outras duas embarcações de menor porte, conhecidos como avisos de patrulha, foram reformadas e recebem os últimos detalhes para dar suporte ao trabalho de fiscalização da Marinha.

Além do trabalho de inspeção naval, esses navios devem garantir a segurança no entorno das operações de extração de petróleo na camada pré-sal da Bacia de Santos. Além de defender as riquezas do País, no caso da extração do petróleo, a unidade militar fará a patrulha nas regiões próximas às plataformas, onde há um perímetro de 500 metros que deve ser protegido.

Um dos problemas que poderão ser evitados pelas patrulhas é a ação de barcos pesqueiros próximos às plataformas. Isto acontece porque, em alguns casos, o equipamento de exploração descarta material orgânico triturado no mar, o que acaba atraindo peixes e, consequentemente, pescadores.

“Nós não chegamos com a velocidade que queríamos, pois temos problemas de recursos orçamentários. A Marinha já teve uma participação maior aqui, mas a evolução da tecnologia fez com que a gente saísse um pouco. Mas estamos voltando, porque Santos e Marinha têm uma ligação muito grande”, afirma o comandante.

Visita

Um dos objetivos da visita do comandante da Marinha foi conhecer de perto o trabalho que é desenvolvido pelo Instituto Oceanográfico (IO), da Universidade de São Paulo (USP), nos navios de pesquisas oceanográficas Alpha Crucis e Alpha Delphini.

Além de ir a bordo das embarcações e observar alguns dos projetos desenvolvidos, apresentados pela diretora da unidade, Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva, e pelo vice-diretor, Paulo Yukio Gome Sumida, Leal Ferreira fez um passeio até a entrada da Barra do Porto de Santos no Alpha Crucis.

Esta foi a primeira vez, em cerca de 70 anos de parceria com a USP, que o alto comando da Marinha faz um percurso em navio de pesquisa civil.

“O Instituto Oceanográfico é uma das instituições de ponta da pesquisa da oceanografia e faz um trabalho muito importante, uma vez que o mundo vai ter que se voltar cada vez mais para o mar, principalmente por conta dos fenômenos das mudanças climáticas”, entusiasma-se o almirante.

Segurança de navegação

A visita do comandante aconteceu no primeiro dia de implantação do novo calado no canal de navegação do Porto de Santos, que ganhou 30 centímetros e passou a ser de 13,5 metros em quase toda a extensão, com exceção do trecho final a partir do píer da Alemoa.
O calado é a altura da parte do casco do navio que fica submersa (medida entre a quilha e a linha d´água). Essa medida recebe um limite de modo a garantir a segurança da navegação, para impedir que o navio afunde demais e acabe encalhando.

A nova medida foi sugerida pela Autoridade Marítima, atendendo uma solicitação da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), depois de análise de um estudo elaborado pela Praticagem de São Paulo.

“A partir de agora, haverá um acompanhamento permanente da Capitania das condições de profundidade do canal a cada três meses. A Codesp terá que apresentar novas medições para garantir que não vamos ter nenhum problema. Será uma questão de manter o que foi conquistado”, avalia.

FONTEA Tribuna

Subscribe
Notify of
guest

34 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
ECosta

Galante,
Gostaria de sugerir um artigo sobre quais navios protegem quais regiões e no Poder Aéreo quais caças protegem quais regiões também.

Abraços.

Fernando "Nunão" De Martini

ECosta, Sobre os navios, há uma extensa matéria do final do ano passado com todos os 102 da MB, quais são e onde estão, a qual tem uma cópia no menu da página inicial aqui do Poder Naval: https://www.naval.com.br/blog/2017/12/18/onde-ficam-e-quais-sao-os-102-navios-da-marinha/ Boa leitura! PS – Sobre a FAB, há várias matérias no Poder Aéreo tratando da reestruturação da FAB em Alas, processo em andamento e que também leva em conta a chegada do F-39 e do KC-390, mas já adianto que, quanto à Aviação de Caça especificamente, os quatro esquadrões de caças supersônicos F-5M estão em Canoas (RS), Santa Cruz (RJ), Anápolis… Read more »

ECosta

Muito obrigado, Nunão !

Você saberia o por que do nordeste se desprovido de defesa aérea ?

Fernando "Nunão" De Martini

ECosta, isso é assunto para o Poder Aéreo. Tem comentário seu feito lá, a esse respeito, que eu já respondi.

ECosta

Ok. Obrigado !

Luiz Floriano Alves

Toda capitania deve ter suas embarcações em suporte a suas atribuições. Chamar navios no Rio de Janeiro não é a resposta mais pronta para emergências navais.

Fernando "Nunão" De Martini

Luiz, Quem mora ou visita Santos pode ver frequentemente navios-patrulha operando a partir do cais da Capitania, mais vezes em alguns anos, menos em outros, mas isso acontece há décadas. Eu, que vou só de vez em quando à cidade, já vi diversas vezes. Periodicamente são desdobrados para Santos, a partir do 1ºDN do Rio de Janeiro, navios-patrulha da classe Grajaú e, eventualmente, o NPa Macaé. A diferença é que, agora, haverá finalmente um navio-patrulha operando sempre a partir de Santos, e não apenas desdobrado periodicamente. Acredito que mais pra frente, caso a frota de navios-patrulha e rebocadores de alto-mar… Read more »

alexcg

Nunão pelo que vi no seu comentário força aérea para o nordeste não existe acho que a fab acha que a região nordeste é outro pais, pq foi desativado bem dizer tudo que tinha aqui no nordeste.

Fernando "Nunão" De Martini

alexcg,

Claro que tem Força Aérea no Nordeste. Tem vários esquadrões baseados em Natal, que está concentrando os esquadrões da região. O que não tem, como já falei, é esquadrão de caça supersônico no Nordeste. E nunca teve.

Mas, como também já falei, esse é um assunto para discutir no Poder Aéreo, não aqui.

Paulo Costa

Com a chegada do Atlantico,com o radar 3d embarcado,a movimentação da MB na área vai aumentar,sabemos que a área petrolífera no litoral de SP,aumentou e muito,e com a exploração de petróleo,aumenta também o controle de área.O Bahia tem alcance e capacidade de patrulha de longa distancia,mas não tem um bom radar,e com o Atlantico com capacidade maior com ,helicópteros e principalmente um bom radar,e alcance,vai poder controlar melhor a área.

Fernando "Nunão" De Martini

“O Bahia tem alcance e capacidade de patrulha de longa distancia”

Paulo,

Nem o NDM Bahia nem o PHM Atlântico têm missão de fazer patrulha naval. É certo que são navios de propósitos múltiplos, mas a missão principal é o apoio a desembarques anfíbios e outras típicas de uma Esquadra. Não são navios de operação econômica para atividades de patrulha, para as quais existem os navios-patrulha de 200 a 2000 toneladas.

Patrulha naval é com os meios distritais, os meios da Esquadra só realizam atividades afeitas à patrulha naval como oportunidade durante suas missões.

Paulo Costa

Nunão,na foto em que aparece o aviso,tem uma lancha da MB,utilizada para o porto em si,o aviso é para navios em espera,que estão mais longe para evitar o ataque de piratas,
é o que passa na TV.Coincidencia a chegada do Atlantico,e o patrulha em nova função.
Sabemos que a MB passa por renovação dos meios,e muitas compras de oportunidade
aparece ,e usamos o que temos,helis com exocet para alvos maiores e helis com penguim
para alvos menores.Para Dissuação convence e muito.

Fernando "Nunão" De Martini

“Coincidencia a chegada do Atlantico,e o patrulha em nova função.”

Não endendi, Paulo.

nonato

Não sei se já existe mas acho que deveria existir.
Lanchas rápidas de deslocamento rápido e tamanho razoável para fazer Patrulhamento.
seria um barcos menores não militares no sentido de muito protegidos mas faria um trabalho básico de proteção E se precisar se chamavam reforços de barcos maiores e helicópteros.
Menores seriam mais baratos e podia haver em maior quantidade

Fernando "Nunão" De Martini

Serve essa, Nonato?
comment image

Tem raio de ação de 660 milhas náuticas, velocidade máxima de 25 nós, e leva duas metralhadoras leves. É classificado como Aviso de Patrulha, sua área de atuação é costeira e a matéria diz que dois deles permanecerão no grupamento, junto com o navio-patrulha aguardado para outubro.

Abaixo, mais uma foto, durante uma visita de meios da Esquadra a Santos, em que se vê no indicativo a designação do Grupamento de Patrulha Naval do Sul-Sudeste:
comment image

Joao Moita Jr

Off topic.

Dica para um bom post.

Death of USS Racine/RIMPAC

https://youtu.be/sOC4yNkIttQ

Roger

Queria só fazer um adendo aos comentários escritos acima, mais precisamente sobre a segurança do Porto de Santos. Tenho sido testemunha a anos (sempre que desço para Santos) do noticiário veiculado pela TV Tribuna, dando conta dos crescentes problemas de falta de segurança das embarcações não só na região do cais do porto, como também em alguns casos de “piratas” que estão invadindo navios de diversos tipos, roubando toda tripulação, até na área da barra de atracação, enquanto precisam ficar ancorados aguardando autorização para aproximação. Nem vou entrar aqui no campo pertinente ao tráfico de drogas, que utilizando do transporte… Read more »

Marcos Paulo

Bem como sou de Santos e e exerço funções em terminal, posso garantir que este grupamento poderá ter função chave para coibir pesca ilegal, acidentes ambientais e fiscalização preventiva na área do porto mas dificilmente impactará em um assunto de polícia como os “piratas” que eventualmente atacam embarcações atracadas ( para subtrair pertences de tripulantes ) e os que eventualmente atacam passageiros para ilha das Palmas (p.ex.) que não são tão frequentes, aliás…o maior problema certamente estará no tráfico e seus correlatos que só PF pode garantir com mais eficácia alguma solução. Mas que Santos carecia a muito desta condição… Read more »

DOUGLAS TARGINOO

Sabem dizer se aqui na região do nordeste, mas especificamente em PE, PB, RN se tem alguma embarcação do tipo fazendo a segurança da costa nordestina?

Fernando "Nunão" De Martini

Douglas,

Você quer dizer se existem ou se tem algum nesse momento fazendo patrulha? A pergunta ficou ambígua.

Se for a primeira opção, tem distritos navais com navios-patrulha em Salvador e Natal para patrulhar as costas dos estados mencionados.

Sugiro a leitura:

https://www.naval.com.br/blog/2017/12/18/onde-ficam-e-quais-sao-os-102-navios-da-marinha/

Sérgio Cintra

Nunão
Se vc souber, quem ( posto ) comanda uma guarnição dessas (L ancha P atrulha p/ leigos, Aviso de Patrulha )?
Raciocíno da seguinte forma: o Comandante de uma Guarnição, se depara com uma “encrenca”, ele tem autonomia para acionar outros meios superiores?
Se vc conseguir o posto já estarei ( com a curiosidade) grato!
Admiro vsa paciência.
Abraços

Fernando "Nunão" De Martini

Não sei.

Marcio

ja passou a hora de termos uma guarda costeira totalmente independente

sergio ribamar ferreira

Excelente postagem. Gostaria e muito que a MB assumisse também a Patrulha Aeronaval.

Ivan BC

Ótimas respostas, Nunão!

Burgos

Já não era sem tempo !!!
É uma área com trânsito intenso de embarcações !!!
Além do Patrulhamento tem também o SAR que cada minuto para agilizar o seu atendimento ele é de uma preciosidade imensa !!!
Pois a probabilidade de se resgatar pessoas com vida também vai ser muito maior !!!
Era um projeto que tava a muitos anos no papel que finalmente voltou a andar !!!
Deve ficar subordinado ao Com 8º Dn esse Grupamento !!!

Fernando "Nunão" De Martini

“Deve ficar subordinado ao Com 8º Dn esse Grupamento !!!”

Evidentemente.

Andrew Martins

Off topic Bom dia pessoal, eu fiquei com dúvida com relação a canhões navais e queria a opinião de vocês sobre alguns. Inicialmente o canhão que me chamou a atenção foi o 100mm modèle 100 TR francês. Ele é interessante porque tem uma grande cadencia de tiro com uma munição pensada. Mas eu não sei se ele é muito caro de manter e se compensaria em relação ou canhão OTO Melara 76 mm . Um adendo seria se existisse uma versão similar no calibre 105mm pra padronizar com as outras peças que já usam esse calibre. O outro é o… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Andrew, o 100mm francês não é mais fabricado. Os novos navios franceses estão recebendo canhões de 76mm, que são bons para ameaças de superfície e aéreas, mas fracos no apoio de fogo. Já os atuais canhões de 127mm não focam no emprego antiaéreo, e sim de superfície, em especial apoio de fogo.

Andrew Martins

Nunão, obrigado! É uma pena, eu assisti alguns vídeos dele em ação é aparenta ser um ótimo canhão. Então, já que o 76mm não é bom em apoio de fogo e o 127mm não foca no emprego antiaéreo, defendo então a criação do 105mm pra todo tipo emprego rsrs
Brincadeira a parte, eu só daqueles que prefere uma ideia original do que só seguir a tendência rs

Parabellum

Para este Distrito, os meios a operar seriam transferidos de outros Distritos, viriam por aquisição ou construção?

Fernando "Nunão" De Martini

Parabellum,

Conforme a matéria, em outubro o grupamento passará a operar um navio-patrulha, então é evidente que será um navio já existente e em serviço em outro Distrito Naval.

Salomon

Difícil descolar do RJ, razões práticas e políticas envolvidas. Mas, antes tarde do que nunca.

Fernando "Nunão" De Martini

De fato, levou bastante tempo para o 8º Distrito Naval finalmente ter seu próprio grupamento de patrulha. Mesmo a implantação levou bons anos desde as reformas no cais e nos edifícios da capitania. Publicamos algumas matérias aqui, como esta abaixo:

https://www.naval.com.br/blog/2014/10/11/obras-do-nucleo-do-comando-do-grupamento-de-patrulha-naval-do-sul-sudeste-sao-iniciadas/

Mas vale frisar que, quando se pensa em distritos navais, estamos falando de uma parte da Marinha que é bem descolada do Rio de Janeiro, com realidades muito próprias em cada distrito.