Navios da Combined Task Force 150

Navios da Combined Task Force 150

Navios da Combined Task Force 150
Navios de diferentes Marinhas formam a Combined Task Force 150

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

O Comando de Operações Navais (CON) da Marinha do Brasil (MB) elevou o nível de sua cooperação com as Forças Marítimas Combinadas (Combined Maritime Forces, ou CMF), organização militar liderada pelas marinhas dos Estados Unidos e do Reino Unido sediada no estado insular do Bahrein (a leste da Arábia Saudita e bem defronte à costa iraniana).

A CMF é formada por mais de 30 países, que controlam a navegação em áreas consideradas de alto risco do Oceano Índico, do Golfo Pérsico e do Chifre da África.

Até aqui, os relatórios recebidos pelo CON sobre os espaços aquáticos vigiados pela CMF – que incluíam diferentes alertas sobre incursões de piratas, disparos de mísseis defronte à costa do Iêmen, narcotráfico, contrabando de armamentos sofisticados (patrocinado pelo Irã) e outras ameaças ao tráfego naval – eram produzidos por oficiais de ligação brasileiros destacados para servir no Oriente Médio. Mas no mês passado o Brasil tornou-se, oficialmente, o 33º país a se juntar ao CMF, por meio de um capitão de fragata designado “Representante Nacional Sênior” no Estado-Maior da entidade.

O oficial em questão é o comandante João Orlando Enes Prudêncio, que no posto de capitão de corveta comandou o Rebocador de Alto-Mar Tritão, do Grupamento de Patrulha Naval do Sul, e, em dezembro de 2016, foi promovido a fragata.

A 5 de abril de 2018, a Portaria Nº 81/MB, estabeleceu:

“O COMANDANTE DA MARINHA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso VII do art. 1º do Decreto nº 8.798, de 4 de julho de 2016, combinado com os art. 4º e 19 da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela Lei Complementar nº 136, de 25 de agosto de 2010, resolve:

Art. 1º Designar o Capitão de Fragata JOÃO ORLANDO ENES PRUDENCIO para a seguinte missão no exterior:

Missão – Realizar intercâmbio como membro do Estado-Maior da Combined Maritime Forces.

Local – Manama (Bahrein).

Período – de 18 de julho de 2018 a 18 de julho de 2019, podendo se ausentar do País a partir do dia 25 de junho de 2018 e retornar ao País até o dia 20 de agosto de 2019.

Art. 2º A referida missão é enquadrada como transitória, militar, com mudança de sede, com dependentes e superior a seis meses, de acordo com a alínea b do inciso I e alínea b do inciso II do art. 3º e inciso V do art. 5º da Lei nº 5.809, de 10 de outubro de 1972, regulamentada pelo Decreto nº 71.733, de 18 de janeiro de 1973.

Art. 3º Após o intercâmbio, o referido oficial deverá ser movimentado para o Comando de Operações Navais, onde deverá servir, por um período mínimo de dois anos, a fim de aplicar e disseminar os conhecimentos adquiridos, vínculo esse que poderá ser interrompido, temporariamente, para o cumprimento de requisito de carreira ou por autorização do Comandante da Marinha, devendo ser reiniciado após cessado o motivo da interrupção.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na presente data.

EDUARDO BACELLAR LEAL FERREIRA

A Fragata Independência da Marinha do Brasil
Fragata Independência da Marinha do Brasil

Empecilhos – A adesão do Brasil à coalizão representada pela CMF significa que a MB tem, agora, participação em um agrupamento de forças navais que (dividido em três forças-tarefas) opera em uma vastidão de 3,2 milhões de milhas quadradas. E, além disso, reúne potencial – meios e recursos humanos adestrados – para ser considerada uma “força-tarefa marítima global”, como a US Navy gosta de definir.

Formalmente integrada às Forças Marítimas Combinadas e dotada de navios importantes, com o porta-helicópteros Atlântico e o navio-doca de assalto anfíbio Bahia, a Esquadra Brasileira poderia, em tese, reivindicar a oportunidade de participar das patrulhas internacionais na jurisdição do CMF.

De acordo com o que o Poder Naval pôde apurar, tal proposta teria até boas chances de ser considerada pelo Comando das Forças Combinadas, mas sua execução esbarraria em ao menos três grandes óbices:

  • A falta de unidades de escolta e de um navio de apoio logístico aptos a acompanhar o Atlântico ou o Bahia em uma eventual incursão pelo Índico e o Golfo Pérsico;
  • A necessidade de as tripulações dos navios brasileiros receberem treinamento específico para atuarem dentro dos padrões operacionais adotados pelas embarcações do CMF; e
  • O custo elevadíssimo, na casa das centenas de milhões de Reais, para que uma comissão dessas, ainda que breve (seis meses), possa ser realizada.

Parceria internacional – Em Manama, capital do Bahrein, a CMF está sob o comando do vice-almirante Scott A. Stearney, um piloto naval americano com mais de 4.500 horas de voo e cerca de 1.000 pousos em porta-aviões, que serve há vários anos no Oriente Médio. Antes de assumir as Forças Marítimas Combinadas, no início de maio passado, ele chefiava uma força-tarefa multinacional sediada em Cabul, capital do Afeganistão.

O segundo de Stearney é o Comodoro Steve Dainton, que além de figurar como Comandante Adjunto do CMF, serve também como Comandante do Componente Marítimo do Reino Unido na organização multinacional do Bahrein.

Na Royal Navy há 31 anos, Dainton comandou a fragata Type 23 St. Albans, época em que viajou pela primeira vez ao Golfo Pérsico. Em junho do ano passado ele assumiu as funções de subchefe do CMF.

“Estou muito feliz em receber o Brasil em nossa crescente organização”, declarou o comodoro em um pronunciamento oficial, depois que, a 31 de julho, a Marinha do Brasil formalizou sua adesão ao CMF. “Isso mostra que as questões de segurança marítima, como pirataria e atividades terroristas, são uma preocupação global e esperamos que a Marinha do Brasil contribua para nossa parceria internacional”.

A parceria a que Dainton se referiu foi posta em prática há mais de 16 anos, em fevereiro de 2002, como um instrumento apto a fornecer operações de Coalizão coordenadas nos diferentes teatros de operações.

Objetivo geral: prover segurança para o tráfego marítimo civil, por meio da realização de missões de combate à pirataria e antiterrorismo nas águas do Médio Oriente, África e Sul da Ásia, incluindo o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico, o Golfo de Aden, o Mar Arábico e o Oceano Índico em geral.

Com tal intuito, o pessoal e os navios da CMF estão organizados em três grandes forças-tarefa:

  • Força-Tarefa Combinada 150 (CTF-150) – Segurança Marítima e Contra-Terrorismo;
  • Força-Tarefa Combinada 151 (CTF-151) – Contra-pirataria; e
  • Força-tarefa combinada 152 (CTF-152) – Cooperação na segurança específica das águas do Golfo Pérsico.

A CTF-150 foi criada em fevereiro de 2002, entre as medidas de defesa adotadas pelo governo de Washington depois do ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Com o tempo, seu foco em assuntos marítimos, de segurança e contra-terrorismo foi sendo renovado, até alcançar suas metas atuais, de envolvimento no combate ao aumento da incidência da pirataria na Somália.

A Força-Tarefa Combinada 151 foi criada em janeiro de 2009 especificamente para tratar de operações de combate à pirataria, e ganhou o apoio da Marinha do Exército de Libertação Popular da China.

A CTF-152 é liderada por oficiais dos Estados Unidos e da Marinha Real Saudita, que priorizam o combate ao terrorismo e aos traficantes de tóxicos.

NOTA DO EDITOR – O grifo em negrito é de responsabilidade do articulista, e visa chamar a atenção dos leitores para um trecho especialmente importante da Portaria Nº 81/MB.

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Washington Menezes

É difícil entender o porquê de querer participar agora destas missões se o momento não é apropriado para nossa Marinha.

Agnelo

Excelente oportunidade.
Conhecimento Operacional frente a uma ameaça q nos é comum.
Ameaças tanto pros nossos navios q navegam naquelas águas, quanto no nosso Atlântico q tem vivenciado isso no nosso entorno estratégico.
Se operarmos com o Atlântico ou o Bahia, as escoltas podem ser da Força Combinada, por exemplo.

wwolf22

a MB nao consegue nem controlar a baia de gauanabara…. agora quer dar uma de “marinha global”… menos eh mais… mania de grandeza…
nao consigo entender certas coisas…

jagderband#44

hehehehehe
famosa marinha da Guanabara.
Vamos melhorando…

Guizmo

Poderíamos inicialmente conseguir vencer os piratas do Porto de Santos, munidos de barcos de alumínio;

Agnelo

A Marinha da Inglaterra… sabe… aquela q já foi a maior do mundo… não coibiu entrada de armas pro IRA em uma ilhazinha…. vcs querem q esse litoral gigante será patrulhado como?
o mais importante não é o tipo de missão, é como se faz, como se planeja, coordena, se faz Inteligência etc

J.Neto

Confundir Marinha com Polícia é o mesmo que confundir alho com bugalhos…na dúvida, não comente o que não sabe…aliás em Santos não existem “piratas” mas traficantes assim como nos EUA existem coyotes que mesmo com toda vigilância, conseguem eventualmente entrar e sair do país…menos…menos…

Guizmo

Kkkkk de fato, ta bom entao, valeu!!

JAYME BAROSA NETO

Caros, não há confusão, os tráficos de drogas e armas 0fronteiras para o tráfico, como nunca existiram para o contrabando, essa relação criminosa internacional sempre ameaça a segurança dos cidadãos e a experiência em ações conjuntas, apesar de óbvias diferenças regionais e de situação, ajudam a estabelecer estratégias de ação e esclarecer as influencias dessas relações no nosso “mare nostrum” e nosso território como um todo. Isso irá ajudar Santos e Rio, pois desenvolve o espírito combativo e modus operandi antecipando ações contra a criminalidade em territorio brasileiro.

Joao Moita Jr

Que bom. Quando começarão a atuar em Santos, e no RJ?

EricWolff

Mais um jabá…

737-800RJ

Realmente seria ótimo este tipo de experiência internacional, mas como o próprio texto diz, seria incrivelmente caro; algo na casa das centenas de milhões de reais, mesmo que dure menos de 1 ano. A prioridade da MB agora são os NPa 500 Br, escoltas e, quem sabe, um novo lote de Scorpene. Temos que nos concentrar nos nossos problemas, pra depois pensar no dos outros — sim, são experiências operacionalmente enriquecedoras, se aprende bastante, mas, ainda assim, ficando distante geograficamente e sendo muito diferente de nossa realidade local.

Enes

737, mercantes brasileiros navegam por todos esses mares, portanto não é problema só dos outros.

Mauro Padilha

Humildemente acho que a MB tem que se focar e colocar todo o investimento disponível em equipamentos e qualificação de pessoal, terminar os projetos como dos Sub’s e Corvetas para posteriormente pensar em ações deste tipo!!!

Delfim

participar da CTF-151 (combate a pirataria) parece oferecer menor envolvimento político. E para esta tarefa os NaPOc Classe Amazonas devem ser mais que suficientes.

sergio ribamar ferreira

Poderia dar certo se a MB recebesse alguns navios de guerra oriundos dos EUA para começar. Só assim poderia a MB participar ativamente da combinação destas forças. (Uma hipótese). Caso contrário, por que entrar nesta aventura; outra situação é a questão de instrução( caso os EUA possam optar em fornecer tais naus para servir de escoltas. Conjecturas que poderiam ser tornarem realidade se houvesse negociação entre as forças. dou como exemplo algumas fragatas ou dois destróiers. Bem estou penas especulando, visto que nossa MB precisa de apoio , dinheiro e parcerias e dependendo do governo atual, esperemos próximo presidente. Gratos… Read more »

Ozawa

Problema 1: A falta de unidades de escolta e de um navio de apoio logístico aptos a acompanhar o Atlântico ou o Bahia em uma eventual incursão pelo Índico e o Golfo Pérsico. Solução no texto: “Isso mostra que as questões de segurança marítima, como pirataria e atividades terroristas, são uma preocupação global e esperamos que a Marinha do Brasil contribua para nossa parceria internacional, e, para tanto, disponibilizaremos em 2019 a venda de alguns excedentes possíveis da nossa esquadra à MB, sem que os súditos da Coroa tenham surtos reais, tais como duas unidades das “Type 23” e uma… Read more »

sergio ribamar ferreira

Sr. Ozawa. Perfeito na sua exposição. Mesmo assim é plausível a possibilidade de uma interação e por que não supor uma “busca diplomática” por belonaves oriundas do Reino Unido ou EUA, pois estes, caso tenham interesse que a MB participe, desta missão conjunta deveria ser suprida de meios navais(poucos navios, mesmo de segunda mão, bom estado ). No mais, agradeço. por ser o Sr. uma pessoa educada e de bons argumentos.

Dalton

Sergio… . embora à US Navy esteja anos luz da marinha brasileira em quantidade e qualidade, falta navios à ela, tanto que ela está aumentando gradualmente de tamanho para tentar corresponder às inúmeras necessidades e responsabilidades dos EUA, portanto não há nenhuma chance que eles venham à aposentar navios mais cedo para que possam ser utilizados por outras marinhas. . Recentemente, foi determinado que os DDGs da classe “Arleigh Burke” deverão servir de 35 a 40 anos dependendo do tipo e agora fala-se em estender a vida de todos para 40 ou mesmo 50 anos…e independente disso…os navios são muito… Read more »

Fernando Pereira

Saudações a todos.
O lençol do Tio Sam começa a ficar apertado.
Influencia Chinesa incensante na America do Sul , Russia querendo participar da IBSAMAR e por aí vai.

Não seria de se estranhar os Estados Unidos e por que não a inglaterra, começar a “ceder” material a preços mais acessíveis (ex Ocean atual Atlantico) ou “incentivar” outras Nações ovidentais fazer o mesmo com materiais de defesa para a nossa marinha. Não fiz uma analise de materiais a serem colocadas a venda por essas Nações, mas a trilogia sempre está publicando “possibilidades” que possam ser aproveitadas.

Dalton

Fernando… . essa “influência chinesa incessante na América do Sul” e a Rússia querendo participar da “IBSAMAR”, não irá mudar o fato de que os EUA sempre tiveram e continuarão tendo o Pacífico como principal interesse, seguido pelo Atlântico Norte, Oriente Médio, Mediterrâneo, portanto mesmo que houvesse grande preocupação com o Atlântico Sul, não haveria navios para serem enviados muito menos disponibilizados para venda, pois como escrevi acima, à US Navy está prolongando a vida útil de todos os seus navios inclusive logísticos para 40 anos ou mais ! . E a menos que a marinha chinesa um dia venha… Read more »

Mahan

Será que a RN e USN apoiarão o policiamento no alto Solimões, lago de itaipu, porto de Santos e Baia da Guanabara?

Ricardo Bigliazzi

A Marinha não pode perder a oportunidade de se atualizar. Ação interessante. Mesmo com a real falta de recursos é interessante a nossa participação.

Nesses últimos 20 anos os nossos políticos fizeram um trabalho com uma perfeição nunca antes vista na historia desse Pais para roubar tudo o que fosse possível, como diz um Amigo meu: “Só restaram uma moedinhas em cima da mesa pois faltava um dedo mindinho”.

sergio ribamar ferreira

Obrigado Sr. Dalton pelos esclarecimentos.