1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

Submarino F 1

Classe Foca

 

 

D a t a s

 

Batimento de Quilha: 23 de março de 1912
Lançamento: 11 de junho de 1913
Incorporação: 11 de dezembro de 1913
Baixa: 30 de dezembro de 1933

 

 

C a r a c t e r í s t i c a s

 

Deslocamento: 250 ton (padrão), 370 ton (carregado).
Dimensões: 45.72 m de comprimento, 4.20 m de boca e 2.98 m de calado leve e 3.65 m de calado máximo.
Propulsão: diesel-elétrica; 2 motores diesel Fiat de 2 ciclos e 6 cilindros de 325 hp cada; 2 motores elétricos de 260 hp cada, acoplados a dois eixos acionando dois hélices de três pás cada.

Velocidade: máxima de 13.5 nós (superfície) e de 8.5 nós (imersão).

Raio de ação: na superfície 800 milhas náuticas à 13.5 nós; 1.600 milhas à 8.5 nós, ou submerso 18 milhas à 13.5 nós; 100 milhas à 4 nós.
Profundidade máxima de mergulho: 40 metros (testes).
Armamento: 2 tubos de torpedos de 18 pol. na proa. Capacidade para 4 torpedos Whitehead.
Equipamentos: 2 periscópios italianos do tipo Gallileo, estação radiotelegráfica do tipo Marconi.

Código Internacional de Chamada: PXWB (GBHV)(1)

Código Radiotelegráfico: SOW(1)

Distintivo Numérico: 91(1)

Tripulação: 23 homens, sendo 2 oficiais e 21 praças.

 

 

H i s t ó r i c o

 

O Submarino F 1, foi construído pelo Cantieri Navale Fiat San Giorgio, em La Spezia, Itália. Teve sua quilha batida em 23 de março de 1912, foi lançado ao mar em 11 de junho de 1913, tendo como madrinha a Sra. Alberto Fialho, e foi incorporado em 11 de dezembro de 1913. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Mário de Oliveira Sampaio.

 

1911

 

Em 30 de dezembro, pelos Avisos n.º 6439 e 6441, o então Ministro do Negócios da Marinha, Vice-Almirante Joaquim Marques Baptista de Leão, designou o Capitão-de-Corveta Felinto Perry, Chefe da Sub-Comissão Naval na Europa, com sede em La Spezia(2), encarregado de fiscalizar a construção dos submarinos F 1, F 3 e F 5. O Comandante Perry tinha como auxiliares o CT Américo Ferraz e Castro, 1º Ten. (Comissário) Lindozo Marinho Guimarães, o Escrevente de 2ª classe Gastão Urbino de Souza Guimarães, e como fiscais os CT Paulo Pires de Sá (Construção Naval) e 2º Ten. Leopoldo Antônio Ribeiro (Maquinas), mais tarde se juntando o CC José Machado de Castro e Silva.

 

1913

 

O F 1 realizou provas de mar na superfície e em imersão no Golfo de La Spezia, que se prolongaram até 12 de novembro, sendo entregue à Comissão de Recebimento em 11 de dezembro, quando foi incorporado.

 

A oficialidade de recebimento, era composta pelos:

 

     - CT Mário de Oliveira Sampaio - Comandante

     - 1º Ten. Raul Rademaker Grünewald - Imediato

 

Sobre a dificuldade da MB em manter seus meios, no livro - A vida nos FF (1914 - 1934) -, o Almirante Castro e Silva cita: "entenderam os nossos governantes que, para salvar as finanças do Brasil, deviam vender os navios de guerra que, pouco tempo antes, eles mesmos haviam julgado absolutamente necessários à defesa nacional. E devido à resistência, energia e firmeza do CF Felinto Perry, a venda dos nossos submarinos não se efetuou."

 

1914

 

Em 4 de junho, partiu de La Spezia, a bordo do navio doca "Kanguroo", chegando ao Rio de Janeiro em 4 de julho, sendo logo visitado pelo Presidente da Republica e grande comitiva.

 

Em 14 de julho, foi criada pelo Aviso n.º  3447, de 17/07/1914 MM (OD 84/1914/507, do EMA), a Flotilha de Submersíveis composta pelos submarinos F 1, F 3 e F 5 e com sede no Comando da Defesa Móvel na Ilha de Mocanguê Grande, Rio de Janeiro.

 

Ainda em 1914, foi instituído o "Prêmio Independência" (precursor dos nossos atuais TORPEDEX e ECHO) pelo CT Alberto Lemos Basto. Era agraciado o navio que maior número de acertos obtivesse em lançamentos de torpedos, de acordo com o regulamento da época. O troféu alusivo, um brasão em prata de lei, hoje decora a galeria de peças históricas do Edifício Almirante Felinto Perry, sede do comando da Força de Submarinos na Ilha de Mocanguê. Nele, acham-se inscritos os nomes dos submarinos e os respectivos anos do concurso.

 

Os submarinos classe F dedicavam-se basicamente ao adestramento da tripulação no manuseio e manutenção dos equipamentos, operando na maioria das vezes dentro da Baia da Guanabara. Foram  realizadas também algumas comissões na Baia da Ilha Grande, e nas áreas de Cabo Frio e São Sebastião, sempre com o apoio de navios de superfície(3). Ao que se sabe,  único porto visitado fora dessa área, foi o de Santos-SP.

 

1917

 

Em 26 de setembro, com a declaração do estado de guerra contra o Império Alemão, proclamada pelo Presidente Wenceslau Braz, os submarinos classe F tomaram parte em comissões de vigilância e patrulhamento nas proximidades do porto do Rio de Janeiro.

 

Durante demonstrações para um navio argentino fundeado na Baia da Guanabara, o F 1, quase foi abalroado pelo Vapor Mercante Gurupy, do comandante Teixeira de Souza.

 

1928

 

Em 22 de agosto, pelo Decreto 18.365, a Flotilha de Submersíveis teve sua denominação mudada para Flotilha de Submarinos.

 

1933

 

Em abril, depois de concluir uma grande docagem, fez a sua primeira imersão com o novo Comandante, o CT Mattoso Maia. A imersão foi feita sem problemas, mas depois de ter navegado por cerca de duas horas no interior da Baia da Guanabara, o Comandante quis vir a superfície pelo meio usual de "ar ao valvolão"; feita a manobra, o navio que navegava a 10 metros subiu a cerca de 2 metros, e em vez de continuar em ascensão, desceu novamente a 10; deu-se novamente "ar ao valvolão" e assim se fez mais duas vezes e cada vez com maior pressão, mas sempre com o mesmo resultado: o navio tomava á mesma profundidade de dez metros, só se conseguindo que ele pusesse a torreta fora d’água. Supôs-se haver alguma ruptura de encanamentos ou má vedação do valvolão. Não sendo prudente gastar-se mais ar, porque não se previa o tempo que levaria essa imersão, abandonou-se logo a idéia de emergir dando "ar á superestrutura", mesmo porque esse meio não oferecia segurança, devido ao mau estado em que ela se encontrava.

 

Lançou-se prudentemente mão das bombas elétricas de esgoto dos fundos duplos, procedendo-se assim com toda a cautela, para que não houvesse uma nova avaria, desta vez talvez irremediável. Para alivio do Comandante e de sua guarnição, no fim de dez minutos estava o F 1 na superfície.

 

O pessoal da lancha que fazia a escolta relatou que, quando o navio se aproximava da superfície, uma enorme coluna d’água era projetada a uma altura de mais de 20 metros, assemelhando-se a uma enorme baleia esguichando água. Na superfície então constatou-se que tal acidente fora motivado pela entrada, na sede do valvolão, de uma pequena haste de ferro, impedindo a vedação de ar, e por conseguinte o recalcamento da água para o esgoto dos duplos fundos".

 

Em 28 de dezembro, em virtude da desativação dos três submarinos da classe F, a Flotilha de Submarinos foi extinta pelo Decreto 23.656, passando a funcionar apenas os serviços do Tender Ceará e do Submarino de Esquadra Humaytá.

 

Em 30 de dezembro, deu baixa do serviço ativo, segundo o Aviso n.º 4232, de 18/11/1933 MM (Bol. 47/33/1987 MM). Na cerimônia de baixa dos submarinos F 1, F 3 e F 5 foi realizado desfile naval e todos os tripulantes prestaram continência ao MM Almirante Protógenes Pereira Guimarães e demais autoridades a bordo do Tender Ceará, que se encontrava atracado no cais norte do AMRJ, onde atracaram a contrabordo ao final do desfile. Na ocasião era comandante da Flotilha o CF Adalberto Landim, que foi o primeiro imediato do submarino F 3 e ex-comandante do F 1 e do F 3.

 

Durante seu serviço na MB fez 454(4) horas de mergulho, lançando 48 torpedos.

 

Partes do casco do F 1, foram usadas para alicerce dos pilares da ponte dos escaleres da Escola Naval na Ilha de Villegagnon.

 

 

O submersível F 1, ainda em testes na Itália. (foto: Ansaldo San Giorgio Co./JFS 1931, Coleção de Pedro Caminha) O submersível F 1, fundeado com outros navios da Esquadra. (foto: SDM)

 

 

R e l a ç ã o    d e    C o m a n d a n t e s

 

Comandante Período
CT Mário de Oliveira Sampaio 23/06/1914 a 23/07/1915
CT Adalberto Landim 04/09/1915 a 17/09/1918
CT Eduardo Henrique Weaver 17/09/1918 a 23/09/1918
1º Ten. Átila Monteiro Aché 23/09/1918 a 10/09/1920
CT Fernando Cochrane 17/12/1920 a 01/12/1922
CT Caetano Taylor da Fonseca Costa 01/12/1922 a 05/01/1924
CT Nelson Simas de Souza 28/01/1924 a 21/01/1925
CT João Paiva Azevedo 21/01/1925 a 13/11/1925
CT Nelson Noronha de Carvalho 01/12/1925 a 02/03/1926
CT Agenor Corrêa de Castro 02/03/1926 a 14/05/1928
CT Francisco de Souza Paquet 15/05/1928 a 13/02/1930
CT Armando Belfort Guimarães 13/02/1930 a 02/02/1932
CT Mário de Faro Orlando 02/02/1932 a 30/03/1933
CT Jorge do Paço Mattoso Maia 30/03/1933 a 21/12/1933

 

 

B i b l i o g r a f i a

 

- Souza, Marco Polo Áureo Cerqueira de; Nossos Submarinos - sinopse histórica; 1ª edição; Rio de Janeiro; SDGM; 1986; pág.: 25-32.

- Submarinos do Brasil - www.planeta.terra.com.br/relacionamento/submarinosbr.

 

- Jane's Fighting Ships 1931. London: Jane's Publishing Company Limited, 1931.

 

- Colaboração Pedro Caminha.


(1) As designações dos distintivos não correspondem aos usados hoje.

(2) A Comissão Naval na Europa na época, era sediada em Newcastle-on-Tyne, Inglaterra.

(3) Além do Tender Ceará, o Tender Cuiabá, a Torpedeira Goyaz e o Rebocador Laurindo Pita realizaram serviços de apoio aos submarinos classe F.
(4) Dados computados a partir de 1921, por falta de documentação anterior.