1822 - NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS - Hoje |
Dom Antônio Felipe Camarão
Nome
O NOME Por diversos anos, historiadores nacionais discutiram e fizeram especulações acerca da naturalidade do índio Poti, mais tarde Antônio Felipe Camarão. Queriam uns que o índio tivesse nascido no Ceará, outros o davam como natural de Pernambuco, muitos elegiam o Rio Grande do Norte como sua terra natal. Num ponto, entretanto, estavam todos de acordo: trata-se de um dos mais legítimos heróis brasileiros. Atualmente, a versão mais aceita é a de que ele tenha nascido, por volta de 1580, no Rio Grande do Norte. Filho de um chefe potiguar, Poti foi convertido ao cristianismo e batizado com o nome de Antônio Felipe Camarão em 1612. No mesmo dia, casou-se com Clara Camarão, na aldeia Igapó, Rio Grande do Norte. Em 1630, quando a Companhia das Índias Ocidentais – organização mercantil criada por capitalistas holandeses e judeus – empreendia a segunda invasão holandesa ao Nordeste brasileiro, o bravo Felipe Camarão apresentou-se, à frente dos guerreiros de sua tribo, ao então governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque. A partir daí, passou a lutar junto à resistência nativa contra o exército invasor, reconhecido como um dos melhores do mundo à época. Recebeu e cumpriu missões das mais arriscadas. Armou ciladas e infligiu perdas severas ao inimigo. Combateu-o valendo-se, sabiamente, de técnicas de emboscada e guerrilha – solução bélica engenhosa e inteligente utilizada por índios, negros e brancos para resistirem e vencerem o aguerrido e bem equipado exército batavo. A lealdade do chefe indígena foi posta à prova após a queda do Arraial do Bom Jesus – momento delicado para a resistência pernambucana. Revelou nobreza de sentimentos ao recusar, com altivez e determinação, grandes vantagens que lhe foram oferecidas pelos holandeses para abandonar as fileiras dos insurgentes e lutar contra os companheiros de armas. Mas a História soube recompensar o bravo guerreiro, consagrando-o na 1ª Batalha dos Guararapes. Na ocasião, à frente de um terço – grande unidade de combate –, lutou, abnegadamente, até cair mortalmente ferido. A própria Coroa Portuguesa, reconhecendo-lhe a fidelidade e a relevância dos serviços prestados, concedeu-lhe o título honorífico de Dom e o hábito de Cristo, investindo-o na honrosa e singular função de Governador e Capitão-Mor dos índios brasileiros. Felipe Camarão, um dos grandes heróis da guerra de restauração de Pernambuco, deixou-nos legado exemplar de bravura e determinação. O mérito desse herói e de sua gente foi descrito pelo próprio inimigo. Netscher, escritor holandês, em seus relatos, transcreve as palavras do Coronel Artichofsky sobre a situação deprimente em que se encontravam os soldados “de um exército civilizado” diante daquelas tropas irregulares, mal equipadas, mas aguerridas: “aqui um só índio tem poder para nos fazer retirar muitas vezes”. Por sua trajetória de luta contra o exército invasor e por representar os primeiros habitantes dessa terra – uma das três raças formadoras do povo em armas, que constituiria, mais tarde, o Exército Brasileiro –, Dom Antônio Felipe Camarão é considerado um dos “Patriarcas da Força Terrestre Brasileira”. Fonte: Verde-Oliva, Brasília, DF - Ano XXXI - Nº 181 |
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