1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

Brigue Real Pedro

 

 

D a t a s

 

Batimento de Quilha: ?
Lançamento: ?

Incorporação: ?
Baixa: ?

 

 

C a r a c t e r í s t i c a s

 

Deslocamento: ?
Dimensões: ? m de comprimento, ? m de boca e ? m de calado.

Propulsão: a vela.

Velocidade: ?

Raio de ação: ?
Armamento: 14 ou 16 canhões

Tripulação: ?

 

 

H i s t ó r i c o

 

O Brigue Real Pedro, ex-Brigue português de mesmo nome, foi o primeiro e único navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil. Foi construído na Bahia durante o Governo do Conde dos Arcos. Com a Independência foi incorporado a Marinha Imperial do Brasil, permanecendo com o mesmo nome.

 

1823

 

Em janeiro, sob o comando do 2º Tenente José Guilherme Rodrigues de Sousa, partiu do Rio de Janeiro, conduzindo o Capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Antônio Nunes, nomeado comandante da Esquadra do Rio da Plata.

 

Em 3 de abril, a Esquadra comandada pelo Almirante Lorde Thomas Alexander Cochrane, composta além do Brigue Real Pedro, pela Nau D. Pedro I (capitânia), pelas Fragatas Ypiranga e Nichteroy, pelas Corvetas Maria da Glória e Liberal, pelo Brigue Guarany, partiu do Rio de Janeiro para enfrentar a resistência portuguesa na Bahia.

 

Logo que teve conhecimento da presença da esquadra brasileira, o Almirante português Felix Pereira de Campos fez-se ao mar com uma esquadra composta pela Nau D. João VI, pelas Fragatas Constituição e Pérola, pela Charrua Princesa Real, pela Escuna Príncipe Real, pelas Corvetas Calipso, Dez de Fevereiro, São Gualter, Regeneração e Princesa Real, o Brigue Audaz e a Sumaça Conceição. Porém, durante a saída, a nau D. João VI encalhou, pelo que só a 30 de abril a esquadra portuguesa conseguiu deixar a Baía. Nessa altura já a esquadra de Cochrane tinha desaparecido, só voltando a ser avistada, muito ao longe, ao entardecer de 3 de maio.

 

Ao nascer do Sol do dia 4 de maio, as duas esquadras estavam novamente à vista uma da outra. A brasileira encontrava-se a cerca de 24 milhas a ESE da ponta de Santo António, a navegar com a proa sensivelmente a oeste; a portuguesa encontrar-se-ia aproximadamente a 12 milhas a SW daquela ponta, a navegar para sul. Ao ser avistado o inimigo a esquadra portuguesa virou imediatamente por d'avante, por movimentos sucessivos, e dirigiu-se para norte, a rumo de interceptação com ele, com os navios formados em duas colunas paralelas. A coluna de barlavento era composta pela Nau D. João VI, de 74 peças, seguida pela Fragata Constituição, de 50, pela Escuna Príncipe Real, de 26, pela Charrua Princesa Real, de 28, e pelas Corvetas Calipso, de 22 peças, e Dez de Fevereiro, de 26; a coluna de sotavento era encabeçada pela Fragata Pérola, de 44 peças, seguida pelas Corvetas São Gualter, de 26, Regeneração, de 22, e Princesa Real, de 24. O Brigue Audaz, de 18 peças, e a Sumaça Conceição, de 6, haviam sido destacados para reconhecer o inimigo, sendo mandados regressar à formatura pelas sete horas da manhã. Em conjunto, a esquadra portuguesa totalizava 366 canhões.

 

A esquadra brasileira encontrava-se formada numa única coluna. À frente vinha a Nau D. Pedro I, seguida pelas Fragatas Ypiranga e Nichteroy, pela Corveta Maria da Glória, e por fim, consideravelmente atrasados em relação a esta, a Corveta Liberal, e o Brigue Real Pedro; a BE da coluna, pela alheta da Pedro I, navegava o Brigue Guarany, com a missão de repetir os sinais daquele. Em conjunto, a esquadra brasileira dispunha de 242 canhões, ou seja, menos 124 que a esquadra portuguesa, o que representava indiscutivelmente uma diferença considerável.

 

Por volta da 10:00 horas, o Almirante Pereira de Campos ordenou à coluna de sotavento que fizesse força de vela e se coloca-se a vante da coluna de barlavento e no prolongamento dela. A idéia seria, possivelmente, depois de iniciado o combate, mandar virar por d'avante os navios da vanguarda e meter a esquadra inimiga (brasileira) entre dois fogos. No entanto, parece que, por volta das 11:30 horas, mudou de idéia. Tendo constatado que o grosso da esquadra brasileira era constituído por uma Nau e duas Fragatas e que para enfrentar o seu primeiro choque só dispunha de uma Nau e uma Fragata, ordenou à Fragata Pérola para se deixar descair e entrar na coluna, talvez a ré da Constituição. Assim fez aquela, mas, tendo perdido seguimento, abateu muito para sotavento e não chegou a ocupar o lugar que lhe havia sido destinado antes de a batalha ter começado.

 

Pelas 12:00 horas as duas esquadras estavam relativamente próximas uma da outra, mas o vento era cada vez mais fraco, depois de ter mudado para ENE, o que fez com que a aproximação fosse vagarosa. Entretanto os navios brasileiros tinham içado o pavilhão verde e ouro por entre os vivas das guarnições.

 

Lentamente, muito lentamente, as duas longas colunas de navios continuavam a aproximar-se, tudo fazendo crer que ao chegar ao alcance de tiro Cochrane, como lhe competia por estar a barlavento, orçaria de modo a ficar com os seus navios dispostos segundo um alinhamento paralelo ao dos portugueses. Mas não foi isso que aconteceu. Cochrane, como aliás a maior parte dos oficiais ingleses da sua geração, era um fervoroso discípulo da escola de Nelson, que, em vez da velha táctica do duelo de artilharia entre duas colunas, que raramente conduzia a resultados decisivos, preferia a táctica de cortar deliberadamente a coluna inimiga, embora à custa de um elevado risco, a fim de obter marcada superioridade no ponto de ruptura e assim ter a possibilidade de capturar um número significativo de navios inimigos.

 

Tendo Cochrane notado que entre a Escuna Príncipe Real e a Charrua Princesa Real havia um intervalo considerável não hesitou em aproveitá-lo para cortar a coluna portuguesa nesse ponto e tentar aniquilar a sua retaguarda antes que o centro e a vanguarda pudessem socorrê-la. E, por volta da 16:00 horas da tarde, tendo chegado à distância de tiro, em vez de orçar, como seria de esperar, arribou em cheio e passou com a Nau D. Pedro I entre aqueles dois navios disparando furiosamente a sua artilharia e mosquetaria por ambos os bordos!.

 

Respondeu a Princesa Real arribando um pouco, de forma a conservar a D. Pedro I dentro do campo de tiro da sua bateria, enquanto a Escuna Príncipe Real continuava em frente, acompanhando o movimento da coluna em que se achava integrado. Minutos depois a Fragata Ypiranga tomava posição pela alheta de BE da Charrua Princesa Real, juntando o fogo de seus canhões com a D. Pedro I. Nesta luta desigual de um fraco contra dois fortes o navio português sofreu graves avarias no aparelho e no costado e teve dois mortos e quinze feridos, alguns dos quais viriam a falecer pouco depois. Não obstante, ao ser intimado por Cochrane a render-se recusou-se a fazê-lo, continuando a responder animosamente ao fogo dos seus adversários.

 

A Fragata Nichteroy atacou a Corveta Calipso. Mas esta, não estando disposta a bater-se sozinha contra um navio muito mais forte, arribou e fez força de vela, afastando-se para sotavento. O mesmo fez a Corveta Dez de Fevereiro quando se sentiu ameaçada pela aproximação da Corveta Maria da Glória. A batalha se resumiu ao violento embora curto combate travado entre a Charrua portuguesa Príncipe Real e os dois navios brasileiros que a atacaram, a Nau D. Pedro I e a Fragata Ypiranga.

 

Entretanto durante o combate, surgiram problemas nas guarnições dos navios da Esquadra de Cochrane. Os marinheiros da Corveta Liberal e dos Brigues Real Pedro e Guarani, todos eles portugueses, recusaram-se abertamente a entrar em ação, declarando que “portugueses não se batem contra portugueses!”. Nos outros navios, em que os marinheiros portugueses estavam misturados com ingleses não tomaram aqueles uma atitude tão frontal mas iam fazendo toda a resistência passiva que podiam. No ponto alto do combate, o fiel da artilharia, o escoteiro e um cabo da D. Pedro I fecharam à chave o paiol da pólvora e declararam peremptoriamente que dali não haveria de sair mais pólvora para atirar sobre portugueses! Dominados pela força, foram todos detidos.

 

Surpreendido pela inesperada manobra de Cochrane, o Almirante Pereira de Campos nada mais pôde fazer do que mandar virar em roda a sua vanguarda e o seu centro e ir em socorro da retaguarda. Mas o Almirante inglês não esperou por ele. Tendo perdido a confiança nas suas guarnições não estava disposto a envolver-se numa batalha em clara inferioridade numérica. Por isso, cortou a Princesa Real pela proa, e depois de a ter acertado com mais uma salva, orçou e seguiu para o sul, procurando abrigo na baia do morro de São Paulo e João Feliz. Os outros navios da esquadra brasileira acompanharam os movimentos da capitânia.

 

Encontrando-se com a sua esquadra completamente desorganizada, o Almirante Pereira de Campos, só conseguiu organizar a perseguição as unidades brasileiras algumas horas depois, já ao cair da noite do dia 4 de maio.

 

Ao amanhecer do dia 5 de maio a esquadra de Cochrane já não era mais avistada. A força naval portuguesa continuou em patrulha ao largo de Salvador até o dia 21 de maio, quando recolheu-se ao porto para reabastecimento, sem que os navios de Cochrane fossem novamente avistados.

 

1826

 

Tomou parte no bloqueio de Buenos Aires, e, na defesa da Colônia de Sacramento quando foi bloqueada pelas forças argentinas comandadas pelo Almirante Guillermo Brown.

 

Em 26 de fevereiro, tomou parte no primeiro combate contra as forças argentina que bloqueavam a Colônia de Sacramento.

 

Em 1º de março, foi incendiado pelo inimigo no segundo combate da Colônia de Sacramento, quando do ataque de uma força naval argentina, dividida em duas colunas sob o comando de Espora e Rosales. Nesse combate perderam a vida os Tenentes Carlos Robinsón e Juan Curry, e, o Subtenente Félix Chavarria, todos da Armada Argentina. Era comandante do Real Pedro, o Capitão-Tenente Frederico Mariath.

 

Em 13 de março, terminou o cerco argentino a Colônia de Sacramento.

 

 

R e l a ç ã o    d e    C o m a n d a n t e s

 

Comandante Período
2º Ten. José Guilherme Rodrigues de Sousa __/__/182_ a __/__/1823
CT Frederico Mariath __/__/182_ a __/__/1826

 

 

B i b l i o g r a f i a

 

- Mendonça, Mário F. e Vasconcelos, Alberto. Repositório de Nomes dos Navios da Esquadra Brasileira. 3ª edição. Rio de Janeiro. SDGM. 1959. p.220.

 

- Andréa, Júlio. A Marinha Brasileira: florões de glórias e de epopéias memoráveis. Rio de Janeiro, SDGM, 1955.

 

- Efemérides Navales Argentinas, Gazeta Marinera.

 

- A.N.C.- Associação Nacional de Cruzeiros - www.edinfor.pt/anc/ancnomenct.html.