1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

Cv Mearim - V 22

Classe Imperial Marinheiro

 

 

D a t a s

 

Batimento de Quilha: 19 de novembro de 1953
Lançamento: 26 de agosto de 1954
Incorporação: 3 de agosto de 1955
Baixa: 4 de dezembro de 1998

 

C a r a c t e r í s t i c a s

 

Deslocamento: 911 ton (padrão), 1.025 ton (carregado).
Dimensões: 55.72 m de comprimento, 9.55 m de boca e 3.6 m de calado.
Propulsão: 2 motores diesel Sulzer 6TD36 de 6 cilindros e 1.080 bhp cada, acoplados diretamente a 2 eixos com hélices de passo fixo.

Tração Estática: 18 toneladas; e cabo de reboque de 500 metros e esta aparelhada para efetuar o lançamento do sistema "Beach Gear".

Eletricidade: 2 geradores diesel de 160 kW e 1 gerador diesel de reserva de 75 kW.  alternadores.

Combustível: 135 tons.

Velocidade: máxima de 16 nós; máxima constante 14 nós.

Raio de Ação: 15.000 milhas náuticas.
Armamento: 1 canhão de 3 pol. (76,2 mm/50) Mk 26, 4 metralhadoras Oerlikon Mk 10 de 20 mm/70 em reparos singelos.
Sensores: 1 radar de navegação.

Equipamentos: Maquina de reboque instalada no convés principal; equipamento de Combate a Incêndios e Controle de Avarias fixo e móvel.

Código Internacional de Chamada: PWDO.
Tripulação: 64 homens, sendo 6 oficiais e 58 praças.

 

 

H i s t ó r i c o

 

A Corveta Mearim - V 22, é o quarto navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio Mearim(1), que deságua na Baia de São Marcos, em Itaquí-MA. As Corvetas classe Imperial Marinheiro foram idealizadas e mandadas construir pelo Almirante Renato de Almeida Guillobel, em sua gestão a frente do Ministério da Marinha. Foi construída pelo estaleiro N.V. Scheepswenven v.h. H.H. Bodewes, Holanda. Teve sua quilha batida em 19 de novembro de 1953, foi lançada ao mar em 26 de agosto de 1954 e foi incorporada em 3 de agosto de 1955. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Osvaldo Pinto de Carvalho.

 

As Corvetas classe Imperial Marinheiro, foram originalmente concebidas, como navio guarda-costas, rebocador, mineiro e varredor. Já nos anos noventa, as unidades remanescentes mantinham apenas as características de unidade de patrulha (guarda-costas) e salvamento (rebocador). Seus trilhos para lançamentos de minas e paravanas de varredura não existem mais a bordo. Atualmente a maior restrição das Corvetas nas missões de patrulha é a sua baixa velocidade em relação às velocidades atuais dos navios mercantes. A Corveta tem uma velocidade máxima mantida de apenas 12 nós.

 

Contribuiu para realização de levantamentos hidrográficos da Bacia Amazônica e da Baia de São Marcos-MA, onde atuou inclusive como Navio Faroleiro e Navio Balizador.

 

Foi o primeiro navio da MB a navegar de Manaus-AM à Belém-PA sem prático a bordo, fato considerado como o início da liberdade operativa dos meios navais da MB no trecho compreendido entre as duas capitais.

 

Participou de inúmeras operações ribeirinhas, de busca e salvamento, patrulhas costeiras e ações de presença nas áreas marítimas de interesse do País, mostrando a bandeira nacional em portos estrangeiros.

 

1960

 

Em março, concluiu os serviços de sondagem nas proximidades de São Luís-MA e Itaquí-MA, que permitiram a construção da 1ª edição da carta n.º 412.

 

1961

 

Nesse ano, a Mearim, fez aquele que até hoje (2006) é o maior socorro marítimo da área do 4º Distrito Naval, o do N/M "Guaíba", que encalhou na altura do Farol do Espardate. Após cerca de 45 dias de faina o navio partiu-se ao meio, e a Mearim rebocou a sua seção de popa para o porto de Belém. Já a seção de proa, continua no local do sinistro até hoje. A oficialidade por ocasião dessa faina, era composta pelos CC Cancio (Comandante), CT Heraldo Egger (Imediato), 1º Ten. Edmundo Amaral (CheMaq), 1º Ten. Edson Jupy (Enc. de Convés) e 1º Ten. Paulo Hees (Enc. de Comunicações e Gestor).

 

1962

 

O "Ilha Grande" partiu do Rio de Janeiro em 27 de fevereiro, com destino a Belém e escala em São Luís, transportando 50.000 barris de óleo combustível. Em 2 de março recebeu ordem da Fronape para suprimir a escala e prosseguir direto a Belém.

 

No dia 8 de março navegava de modo a passar a 12 milhas ao norte dos recifes de Manoel Luís, ao largo da costa do Maranhão. Foram feitas observações astronômicas e também tentativas de marcações  radiogoniométricas dos aerofaróis de Parnaíba e São Luis, estas sem sucesso. O navio era comandado por um primeiro piloto de carta que possivelmente fazia quarto. À meia-noite, o comandante passou o serviço ao primeiro piloto mas voltou duas vezes ao passadiço, para certificar-se de que o navio ia bem navegado. Cerca de 01:10hs do dia 09, o navio encalhou, ficando assentado sobre a região da praça de máquinas, à meia nau, que logo começou a alagar. Foi emitido pedido de socorro e às 03:30hs a FRONAPE informou que providências estavam sendo tomadas com esse fim.

 

Às 21:00hs do mesmo dia 9, o navio "Rio Jaguaribe" aproximou-se a 10 milhas do "Ilha Grande" e como este começou a mergulhar a popa, foi decidido seu abandono e solicitado ao "Rio Jaguaribe" que enviasse uma baleeira a motor para recolher a tripulação. As baleeiras do "Ilha Grande" não dispunham de motor. No dia 10, pela manhã, foi feita a transferência da tripulação para o navio da Costeira.

 

O "Rio Jaguairbe" prosseguiu viagem para Belém mas às 19:30hs do mesmo dia 10, recebeu, por sinais luminosos,  ordem da Corveta Mearim - V 22 para parar. O comandante da corveta, Capitão-de-Corveta Cancio foi a bordo e decidiu voltar ao local do encalhe, levando consigo o comandante e dois oficiais do "Ilha Grande".

 

Às 08:30hs do dia 11, a corveta aproximou-se a 2,5 milhas do "Ilha Grande" e, em uma lancha,  seu comandante, o comandante e oficiais do navio encalhado e dois mergulhadores, foram a bordo. O comandante da corveta tinha ainda esperança de poder salvar o "Ilha Grande". Às 17:00hs, a lancha voltou à corveta, após concluírem todos que o salvamento era impossível.

 

A Mearim regressou a Belém onde, ao chegar, no dia 12, já encontrou a tripulação do "Ilha Grande". No dia seguinte, o comandante e tripulantes voaram para o Rio de Janeiro, onde foi realizado o inquérito de Capitania.

 

Sendo considerado perda total, seus destroços permaneceram no local na posição Lat. 00º 50' 00'' S e Long. 44º 15' 5'' W.

 

1970

 

Em 26 de julho, esteve na cidade de Iquitos, participando das comemorações do dia Nacional do Peru.

 

1974

 

Foi criado o Grupamento Naval do Norte, desmembrado da Flotilha do Amazonas, pelo Aviso n.º 0373/74 de ??/??/1974, sendo formado então pelas Cv Angostura – V 20, Iguatemi – V 16, Mearim – V 22 e Solimões V 24, e, os NPa Pampeiro – P 12, Parati – P 13 e Piratini – P 10.

 

1975

 

Representou o Brasil, junto com o CT Maranhão - D 33 nas cerimônias da Independência do Suriname, em Paramaribo.

 

1978

 

Cento e quarenta estudantes, que participaram neste ano do Projeto RONDON na área do 4º Distrito Naval, embarcaram na Cv Mearim e no NPa Pampeiro, para serem distribuídos nas localidades de Breves, Portel, Melgaço, Bagre, Oeiras do Pará, Curralinho e São Sebastião da Boa Vista.

 

1980

 

No primeiro trimestre, foi colocado como navio de prontidão permanente do SALVAMAR-Sueste na área do 4º Distrito Naval (Com4ºDN).

 

Em 5 de julho, prestou socorro ao N/T "Titipor", de bandeira grega, que encontrava-se avariado defino a forte explosão e incêndio ocorrido na costa norte do Brasil, rebocando-o para reparos no Dique seco da Base Naval de Val-de-Cães, em Belém.

 

1982

 

Em 14 de abril, suspendeu de Manaus integrando um GT composto também pelo NPaCo Pampeiro e NaPaFlu Raposo Tavares e Roraima, sob o comando do CMG Mauro Ângelo Maia para realizar uma Operação RIBEIREX na região de Parintins.

 

1984

 

Em janeiro e fevereiro, integrando junto com o NPa Pampeiro - P 12 o GT 40.1, sob o comando do Capitão-de-Corveta Anibal Azevedo Pinheiro da Silva, realizou adestramento e visita a paises amigos, escalando nos portos de Bridgetown (Barbados) e Fort-de-France (Martinica).

 

1986

 

Em 5 de setembro, a Cv Mearim e a Angostura, subordinadas ao Grupamento Naval do Norte, desencalharam, o Navio Catamarã "Roraima", da Empresa de Navegação da Amazônia, que estava preso nas margens do rio amazonas, em frente a cidade de Prainha, com 550 passageiros e 400 toneladas de carga.

 

1987

 

Foi-lhe outorgado o titulo de "Navio de Socorro Distrital" do 4º Distrito Naval, relativo ao ano de 1986.

 

1988

 

Entre 23 e 29 de janeiro, realizou comissão de reboque à contra-bordo da Barca-Oficina Alecrim, da Estação Naval do Rio Negro (Manaus) para a Base Naval de Val-de-Cães (Belém). A comissão foi realizada em GT com a Cv Angostura – V 20, que rebocava o DFl Jerônimo Gonçalves – G 26, com o NaPaCo Parati – P 13 na escolta, abrindo caminho entre o grande trafego de embarcações nessa região.

 

1989

 

Próximo ao final do ano, efetuou o desencalhe do M/V "Suvretta", de bandeira panamenha, de 64.461 toneladas e 223 metros de comprimento e que transportava 48.124 toneladas de bauxita. O "Suvretta", encalhou sobre o Banco Madureira, na Barra Norte do Rio Amazonas, e a faina de salvamento foi executada em quatro dias e quatro noites.

 

1992

 

Entre 12 de janeiro e 9 de fevereiro, formando o GT-10.1 com a Cv Angostura - V 20, participou da Operação CARIBEX-I/92. Nessa comissão, foram realizados 19 dias de mar e 4.397,0 milhas navegadas, visitando os portos de Georgetown (Guiana), Santo Domingo (Republica Dominicana) e Bridgetown (Barbados).

 

Entre 22 e 29 de maio, participou da Operação LEÃO, como navio do Grupo de Controle. A Operação foi realizada no Rio Grande, Arquipélago das Anavihanas e o Município de Novo Airão, pela Força-Tarefa Ribeirinha 44, composta pelos NPaFlu Pedro Teixeira, Roraima e Amapá, e o NAsH Carlos Chagas, além de 2 helicópteros UH-12 do DAeFlotAM, uma Companhia do Grupamento de Fuzileiros Navais de Manaus (CiaGptFNMa), uma equipe de medicina operativa do Hospital Naval de Belém. A Força de Oposição foi composta pelo NaPaCo Parati e elementos do Grupamento de Fuzileiros Navais de Belém (GptFNBe).

 

1994

 

Junto com a Cv Iguatemi - V 16, e com o auxilio de mergulhadores da Base Almirante Castro e Silva, e material cedido pelos Comandos do 1º e 2º Distritos Navais, realizou a faina de reflutuação do N/M "Camacan", que há mais de uma década se encontrava encalhado as margens da Baia do Guajará, em área, que depois de desobstruída, foi construído o heliponto da Base Naval de Val-de-Cães.

 

1996

 

Em agosto, participou da Operação RIBEIREX-AMAZONAS-II/96, nas proximidades da cidade de Coari, às margens do rio Solimões, distante cerca de 230 milhas de Manaus. A Força-Tarefa ribeirinha era formada pelo NTrT Custodio de Mello, NPaFlu Raposo Tavares e Rondônia, Cv Mearim e Angostura, NAsH Carlos Chagas e os NPa Pampeiro, Piratini e Penedo, três aeronaves UH-12 Esquilo do Esquadrão HU-3, assim como tropa da Força de Fuzileiros da Esquadra, Grupamentos de Fuzileiros Navais de Manaus e Belém.

 

1997

 

Em janeiro, participou da Operação ADERIB-I/97, realizada na região de Manacapuru-AM, integrando uma Força-Tarefa Ribeirinha formada pelas Cv Solimões - V 24 e Mearim - V 22, NPaFlu Roraima - P 30, Rondônia - P 31 e Amapá - P 32, NPa Parati - P 13 e Piratini - P 10 e o NAsH Carlos Chagas - U 19, além de destacamento do Grupamento de Fuzileiros Navais de Manaus e Belém.

 

Resgatou o veleiro francês "Grenadines", com três tripulantes, que estava a deriva a seis dias. O veleiro que realizava travessia do Senegal para Caiena (Guiana Francesa), foi resgatado em águas internacionais a 520 milhas do litoral do Pará.

 

1998

 

Entre 2 e 20 de janeiro, acompanhada dos NPa Penedo - P 14 e Piratini - P 10, participou de uma operação em apoio ao Programa Amazônia Solidária. Partindo de Manaus, os navios transportaram 95 toneladas de mantimentos para a distribuição à população carente das cidades de Santarém, Jacareacanga, Belterra, Aveiro, Monte alegre, Jarilândia, Vitória do Jarí, Munguba, Laranjal do Jarí, Macapá e Mazagão.

 

Entre 2 de junho e 1º de julho, participou da Operação CARIBE 98, integrando um Grupo-Tarefa sob o Comando do Comandante do Grupamento Naval do Norte, também composto pela Cv Solimões - V 24, e pelos NPa Pampeiro - P 12, Piratini - P 10 e Graúna - P 42. A Operação, foi realizada na área marítima entre Belém e La Guaira. Foram visitados os portos de Caiena (Guiana Francesa), La Guaira e Puerto La Cruz (Venezuela) e Georgetown (Guiana).

 

Em 4 de dezembro, deu baixa do serviço ativo. Em 43 anos de bons serviços prestados à Marinha, atingiu as marcas de mais de 3.000 dias de mar e 560.000 milhas náuticas navegadas. Ao longo desses anos, realizou operações ribeirinha, de patrulha costeira e de pesca, busca e salvamento, levantamentos hidrográficos da Bacia Amazônica e da Baía de São Marcos, ação de presença e, inclusive, atuou como navio-balizador e navio faroleiro em apoio as ações da DHN na região.

 

 

 

F o t o s

 

A Mearim, atracada com a Solimões - V 24 a contrabordo. (foto: SRPM) A Mearim, na região amazônica onde operou a maior parte de sua vida operacional. (foto: SRPM)

 

R e l a ç ã o    d e    C o m a n d a n t e s

 

Comandante Período
CC Osvaldo Pinto de Carvalho 03/08/1955 a __/__/19__
CC Vicente de Paulo Galvão França __/__/1966 a __/__/1967
CT Hélio Miranda Quaresma (interino) __/__/1967 a __/__/1967
CC Haroldo Basto Cordeiro Júnior __/__/1967 a __/08/1968
CC Sérgio Tavares Doherty __/08/1968 a __/__/1969
CC Mauro Guimarães Carvalho Leme __/__/197_ a 11/11/1977
CC Edson Pinho Sobrinho 11/11/1977 a __/__/197_
CC Edmundo de Luna Freire Filho __/__/198_ a __/__/1982
CC Júlio Cesar de Oliveira Laus __/__/1987 a __/__/1988

 

B i b l i o g r a f i a

 

- Mendonça, Mário F. e Vasconcelos, Alberto. Repositório de Nomes dos Navios da Esquadra Brasileira. 3ª edição. Rio de Janeiro. SDGM. 1959. p.179-180.

 

- Baker III, A.D. Combat Fleets of the World 1998-1999. Annapolis, MD: Naval Institute Press, 1998.

 

- Moore, John. Jane's Fighting Ships 1980-1981. London: Jane's Publishing Company Limited, 1980.

 

- NOMAR - Noticias da Marinha, Rio de Janeiro, SRPM, n.º 389, dez. 1975; n.º 417, mar. 1978; n.º 440, fev. 1980; n.º 459, set. 1981; n.º 519, nov. 1986; n.º 523, mar. 1987; n.º 530, out. 1987; n.º 536, abr. 1988; n.º 569, jan. 1991; n.º 584, abr. 1992; n.º 587, jul. 1992; n.º 620, ago. 1994; n.º 654, jan. 1997; n.º 658, abr. 1997; n.º 659, mai. 1997; n.º 673, abr. 1998; n.º 677, ago. 1998; n.º 682, jan. 1999.

 

- Confraria do Bode Verde - http://www.bodeverde.hpg.ig.com.br

 

- Folheto Bem-Vindo à Bordo da Corveta Purus - V 23.

 

- Revista Tecnologia & Defesa, n.º11, janeiro de 1984.


Nota: Nosso agradecimento especial ao CMG Edmundo Amaral Baptista, Presidente da Confraria do Santa Catarina.

(1) corruptela da palavra indígena "mbia-r-y", que significa "o rio da gente navegar", tem como origem um importante rio do Estado do Maranhão que deságua na Baía de São Marcos, naquele Estado; uma via de larga utilização nos primórdios da ocupação francesa e portuguesa na região. O rio Mearim constituía, com o rio Pintaré, parte da ligação terrestre-fluvial entre São Luís e Belém, indispensável à colonização da costa norte, em face do regime de ventos reinantes dificulta a navegação a vela de oeste para leste, nessa região.