1822 - NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS - Hoje |
Almirante Henrique Aristides Guilhem
Nome
O NOME
O Almirante Henrique Aristides Guilhem, filho do Sr. Domingos Aristides Guilhem e de dona Teresa Francisco Fontes Guilhem, nasceu no Distrito Federal em 26 de dezembro de 1875.
Sentou praça como Aspirante a Guarda-Marinha em 19 de novembro de 1891.
Obteve as promoções a todos os postos de oficial superior por merecimento.
Em 1893 cursava o seu segundo ano, com excelentes notas, quando, a 6 de dezembro, eclodiu a Revolta da Armada, chefiada pelo Almirante Custódio de Melo. Aluno e admirador do Almirante Saldanha da Gama, diretor da Escola Naval à época, acompanhou-o quando este resolveu aderir ao movimento revolucionário. Com a anistia concedida aos rebelados, em 1895 Guilhem retornou à Escola Naval, onde concluiu o curso, sendo declarado Guarda-Marinha em 23 de novembro de 1896.
Desempenhou sempre com brilho todas as comissões que lhe foram confiadas, sobressaindo-se na de limites e na de levantamentos hidrográficos.
Em 1910 foi designado para estudar torpedos, minas e submersíveis na Europa, onde tomou parte, representando o Brasil, no Congresso de Pesca em Bordeaux, na França.
Como dirigente, prestou assinalados serviços como Diretor da Imprensa Naval em 1911, no posto de Capitão-Tenente; Diretor-Geral de Aeronáutica; Diretor da Escola Naval e Diretor-Geral de Fazenda da Armada.
Em 1908 realizou a viagem de circunavegação a bordo do Navio-Escola Benjamin Constant.
Promovido por merecimento a Capitão-de-Corveta e a Capitão-de-Fragata, nos meses de dezembro de 1912 e de 1917, respectivamente, quando, dentre inúmeras funções, comandou o Contratorpedeiro Pará. Foi Diretor do Depósito Naval, comandou o Cruzador Barroso, foi Diretor da Escola de Aviação e Comandante da Flotilha de Aviões de Guerra, comandou o Navio-Mineiro Carlos Gomes, e, em 1920, foi designado para servir às ordens do rei Alberto I da Bélgica quando da visita deste ao Brasil, trazendo da Europa os restos mortais de D. Pedro II e de Dna. Teresa Cristina Maria de Bourbon.
Em 1921 foi promovido por merecimento a Capitão-de-Mar-e-Guerra. Neste posto, entre outras realizações, comandou o Encouraçado São Paulo, a Flotilha de Navios-mineiros, a Flotilha de Contratorpedeiros, a Força Naval em Operações no Norte, além de exercer funções privativas de Almirante, como as de Diretor da Escola Naval (por duas vezes), Diretor Geral de Aeronáutica e Diretor Geral de Fazenda da Armada.
Foi promovido a Contra-Almirante em 10 de março de 1932. Neste posto, em 11 de janeiro de 1934, assumiu o cargo de Chefe de Estado-Maior da Armada, onde estava quando foi convidado pelo governo para assumir a pasta da Marinha; sendo promovido a Vice-Almirante por decreto de 2 de agosto de 1934, sendo nomeado Ministro de Estado dos Negócios da Marinha a 19 de novembro de 1935, cargo que ocupou até 29 de outubro de 1945.
As suas realizações na pasta da Marinha, representam um marco de progresso na nossa administração naval.
Grande impulsionador da Aviação Naval viu com certa tristeza sua passagem para o Ministério da Aeronáutica.
Mandou construir campos de pouso ao longo do litoral do país; iniciador da instrução de vôos noturnos na Escola de Aviacão Naval; construção e aparelhagem das Bases de Aviação Naval no Rio Grande do Sul e em Santos; prosseguimento das obras da Base de Mato Grosso, em Ladário; ampliação das oficinas da Aviação Naval, no Rio de Janeiro; construção do aeródromo da Base do Rio Grande; construção de inúmeros faróis e faroletes ao longo da costa; remodelações do Encouraçado Minas Gerais e do Submarino Humayta; intensificação das obras de conclusão e aparelhamento do Arsenal de Marinha da ilha das Cobras e inicio das construções navais; construção de navios da classe "C"; construção de Contratorpedeiros condutores de flotilha da classe "M" e inúmeras outras realizações de vulto.
A respeito da administração do Almirante Guilhem na pasta da Marinha, escreveu o Dr. Vladimir Bernardes, ao ensejo do quinto ano de gestão: "Nos cinco anos de sua fecunda administração, o Almirante Guilhem fez ressurgir em moldes grandiosos, firmados em bases sólidas, a construção naval de guerra. Nossos estaleiros oficiais tiveram a dita de movimentar-se dando ao operariado brasileiro oportunidade para demonstrar as suas raras qualidades de inteligência e de dedicação ao serviço. Na sua nova fase os estaleiros dos nossos arsenais já deram aos mares da pátria dois Monitores para a navegação fluvial, seis Navios-Mineiros e um grande Destroyer – o Marcilio Dias, tendo batido as quilhas de mais quatro: o Greenhalgh, o Mariz e Barros, o Amazonas e o Araguaia, estando já em estudos a construção de mais seis Destroyers, para substituir os que haviam sido encomendados na Inglaterra.
Além desse formidável surto de vida e de trabalho em nossos arsenais, o Almirante Guilhem construiu novos departamentos de clinicas para o pessoal da Marinha, sendo obra de relevo o pavilhão "Carlos Frederico", na Boca do Mato, Quartel Central do Corpo de Marinheiros e uma infinidade de melhoramentos disseminados pelas bases navais, nos Estados, empreendimentos esses destinados a dar uma forte estrutura orgânica aos serviços da Marinha, quer na sua parte material, como, também, na sua parte administrativa. Também criou os Quadros Auxiliares da Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais (com essa denominação) e o Serviço de Documentação Geral da Marinha. Além dessas realizações, introduziu, na Escola Naval, os cursos de Formação de Oficiais Fuzileiros e de Intendentes da Marinha.
No dia de hoje, o Almirante Guilhem, modesto e justiceiro, como sabe ser, distribuirá com os seus colegas de classe, com o dedicados operários e artífices dos arsenais, os quinhões que lhes cabem por terem compreendido os desejos do chefe, quando ele os incitou a trabalhar pela grandeza do Brasil criando, exaltando uma Marinha forte, material e espiritualmente, de modo a que a nação brasileira possa traçar no mar, como todos os grandes povos, os rumos do seu progresso e as seguranças da sua independência.”
Faleceu em sua residência no Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 1949.
Foi promovido Post-mortem a Almirante-de-Esquadra em 1951 e a Almirante (Cinco Estrelas) em 1958. -
Andréa, Júlio. A Marinha Brasileira: florões
de glórias e de epopéias memoráveis. Rio de Janeiro,
SDGM, 1955. |
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